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OPERAÇÃO

Investigações sobre incêndios apuram esquemas de grilagem de terras no Pantanal

Polícia Federal faz nova ação em Mato Grosso do Sul e identifica ações criminosas envolvendo o uso de terras da União

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Os incêndios no Pantanal neste ano têm gerado desdobramentos nas investigações da Polícia Federal (PF) para mostrar um outro problema no território: a grilagem de terras da União.

Entre agosto e este mês, foram três operações da PF que identificaram um esquema envolvendo falsificação de documentos, uso de terras que pertencem ao governo federal e até tentativa de utilização dessas áreas para a criação de gado ou para a exploração ilegal de minérios.

Em geral, esses imóveis estão localizados em áreas com certa dificuldade de acesso. Nas três situações já reveladas pela PF, duas áreas eram de difícil acesso, sendo necessária a viagem em embarcação por pelo menos uma hora e meia a partir de Corumbá, Rio Paraguai acima. Outro meio seria por via aérea.

Somente o caso mais recente – e que envolveu a Operação Arraial São João, deflagrada ontem –, o imóvel estava a poucos metros da área urbana de Corumbá, porém, é preciso o uso de embarcação para navegar pelo Rio Paraguai.

Apesar de ainda não estar confirmada, a estiagem no Pantanal pode ter uma relação com o favorecimento desse tipo de crime. Com o nível mais baixo do Rio Paraguai, mais áreas ficam expostas e sem lâmina d’água.

Desse modo, sua viabilidade econômica – mesmo a de viés ilegal – acaba sendo favorecida pelo fato de a terra poder ser manejada. O uso do fogo para limpar essas áreas é uma hipótese, mas as investigações 
da PF ainda estão avançando para identificar essas correlações diretamente.

O uso irregular de área federal próxima a Corumbá que ocasionou um incêndio que se estendeu para um total de 30 mil hectares e que ficou muito conhecida por ter ocorrido em junho, quando era realizado o Banho de São João, está nesse radar de uso do fogo para a limpeza de regiões que antes estavam cobertas por água.

A área usada foi de 6.550 hectares em uma região e outros 2.469,69 hectares em outra terra, porém, mais próxima.

Por conta dos danos ambientais causados pelo fogo, ainda houve neste mês o lavramento de multa no valor de R$ 50 milhões.

Foi lavrada outra multa, de R$ 12,350 milhões, por impedimento da regeneração de vegetação nativa, pois havia ocorrido o embargo em 20 de julho com a presença de gado em área proibida.

A PF também tem averiguado que algumas áreas acabam sendo alvo de fogo ilegal de forma reiterada, como é o caso dessa área próxima à cidade de Corumbá. Esse mesmo local registrou incêndio em 2020, por exemplo, além de outros casos de queimadas em anos posteriores.

Saiba

Os inquéritos em andamento envolvem crimes como provocar incêndios em mata ou floresta, desmatar e explorar economicamente área de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.

“Durante as investigações dos incêndios ocorridos neste ano, dados coletados revelaram que a área queimada é alvo reiterado desse tipo de crime ambiental e, posteriormente, alvo também de grilagem das áreas com a realização de fraudes junto aos órgãos governamentais”, informou a PF, por meio de nota.

Pelo fato de alguns desses imóveis estarem próximos da região de fronteira, um outro crime que vem sendo averiguado é o possível abigeato ou manejo de gado irregular que dá entrada no Brasil pela Bolívia sem documentação.

Na Operação Prometeu, que ocorreu no fim de setembro, agentes da PF conseguiram identificar que um imóvel que apresentava irregularidades envolvendo grilagem tinha 6.419,72 hectares e servia para abrigar em torno de 2,1 mil cabeças de gado na época da fiscalização.

Por conta da investigação, a estimativa foi de que um total de 7,2 mil cabeças de gado chegaram a ser movimentadas pelos grileiros. Essa produção pode ter valores que variam entre R$ 23 milhões e R$ 28 milhões, dependendo da cotação do boi magro.

O projeto fundiário em Corumbá teve início com a portaria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nº 208, de 19 de fevereiro de 1974, e abrangeu as regiões do Bracinho/Castelo, do Jacadigo/Albuquerque, da Nhecolândia, do Paiaguás, de Bodoquena e do Nabileque, totalizando uma área de 3,250 milhões de hectares.

Em 7 de dezembro de 1974, a Lei Federal nº 6.383 determinou que o Incra arrecadasse as terras identificadas como devolutas para o domínio da União.

Em 2018, ano em que há dados disponíveis, 2.250 processos administrativos estavam abertos para tentar a regularização de posses rurais. 

Desses, 500 ocupações apresentavam dados para regularização, apontou um estudo publicado na revista GeoPantanal em dezembro de 2018.

“Há uma estimativa de que existam mais de 100 áreas a ter concluído o procedimento de arrecadação de terras devolutas, totalizando aproximadamente de 200 mil a 300 mil hectares. Entre essas, citam-se a região do Bracinho/Castelo, do Paiaguás, e do Amolar”, apontou o pesquisador Matias Pereira Rodrigues, no artigo “Diagnóstico da situação fundiária: identificação das glebas públicas rurais federais inseridas no Bioma Pantanal em Corumbá”.

“[...] Há uma ‘vulnerabilidade institucional’ para a proteção do Pantanal, pois não há uma legislação específica para a sua preservação, isto é, uma política nacional de áreas úmidas, embora a Constituição de 1988 o declare patrimônio nacional e preveja a regulamentação dessa proteção”, escreveu o estudioso.

 

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Sorte

Loterias: raspadinha vai voltar com prêmios de até R$ 2 milhões

Caixa Econômica Federal anunciou o relançamento da raspadinha, que agora chega com o nome de "Instantânea"

14/10/2024 17h36

Raspadinha vai voltar, informa Caixa

Raspadinha vai voltar, informa Caixa Arquivo

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A Caixa Econômica Federal anunciou o relançamento da raspadinha, agora chamada “Instantânea”. A nova modalidade traz diversas novidades e promete atrair milhões de apostadores. Confira os detalhes:

Premiação e Valores

  • Faixa de prêmios: de R$ 2,50 até R$ 2 milhões.
  • Premiação imediata: valores de até R$ 2.259 podem ser retirados nas lotéricas.
  • Custo das apostas: entre R$ 2,50 e R$ 20.

Onde e Quando Apostar

  • Início das vendas: a partir de 2 de novembro.
  • Locais: disponível em todas as lotéricas do Brasil.

Temáticas dos bilhetes

A Instantânea traz bilhetes com diversos temas para agradar o público, incluindo:

  • Trevo da Sorte
  • Só o Ouro
  • Roda da Sorte

Histórico da Raspadinha

A raspadinha foi sucesso no Brasil até 2015, e agora volta em formato remodelado.
Em 2023, o governo autorizou a comercialização da modalidade pelo prazo de 24 meses.

Licitação e Expectativas

  • O consórcio vencedor foi formado por empresas chinesas e francesas.
  • Previsão de arrecadação: de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões.
  • Com esse relançamento, a Caixa reforça o papel das loterias como importante fonte de recursos para o governo, contribuindo para as metas de arrecadação.

 

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Descumprimento de Acordo

MPT aciona Justiça para que município pague multa de R$ 320 mil

O Ministério do Trabalho ajuizou ação de execução do pagamento, após ter diversas tentativas de conciliação, que garantiam a segurança do trabalhador, ignoradas

14/10/2024 17h30

Reprodução Prefeitura de Três Lagoas

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Pelo não cumprimento de medidas para assegurar a segurança dos trabalhadores, o Ministério Público do Trabalho (MPT-MS) entrou com um processo na Justiça para que o município de Três Lagoas pague mais de R$ 320 mil em multa.

A ação de execução ocorreu devido ao não cumprimento do ajuste de conduta que o município acertou em 2019, no qual deveria implementar medidas de mitigação de acidentes de trabalho.

Neste acordo, estavam contemplados os trabalhadores que estivessem executando atividades no município, independentemente da natureza jurídica do vínculo entre eles: contratado, celetista, estagiário, terceirizado, entre outros.

Descumprimento

Durante uma inspeção realizada pelo MPT-MS, em julho de 2021, em resposta a uma denúncia de acidente de trabalho em uma torre de armazenamento de água potável, foram verificadas diversas irregularidades relacionadas à segurança do trabalho, tais como:

  • falta de equipamento de proteção individual;
  • ausência de registro em carteira de trabalho;
  • trabalhadores sem treinamento adequado para atuar em espaços confinados.
  • Com relação ao local da atividade laboral, não havia identificação, sinalização nos espaços confinados e outras medidas que poderiam eventualmente proteger os contratados.

Tentativa de conciliação

Ainda, em 2022, com a ideia de resolver a situação, o Ministério Público do Trabalho sugeriu que o município melhorasse o gerenciamento e a fiscalização dos contratos efetuados por seus órgãos e fundações.

Ficou estabelecido que o município deveria publicar um decreto com a explicação do que foi acordado com o MPT, informando como seriam os contratos com empresas terceirizadas.

No decreto em questão, deveriam constar informações detalhadas de atuação que os profissionais de segurança e saúde do trabalho do município deveriam seguir para garantir o cumprimento das normas por parte das empresas, em conformidade com o que prevê a Lei Federal nº 14.133, de 1º de abril de 2021, Lei de Licitações.

Contando com a adequação por parte da gestão do município, o Ministério Público do Trabalho imputou alterações no acordo firmado anteriormente, incluindo outras demandas que deveriam estar no decreto.

Devido ao não cumprimento e ao “desinteresse” apresentado em resolver a situação, o MPT acionou a Justiça para que Três Lagoas efetue o pagamento da multa, que está avaliada em mais de R$ 320.413,27.

Reincidência

Ainda, em abril deste ano, foi verificado que 52 obras estavam em execução sem a capacidade necessária de fiscais especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho para fiscalizar se as regras de segurança estavam sendo cumpridas.

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