As cinzas das queimadas de 2020 foram substituídas pela beleza dos ipês-rosa em 2023.
O ipê-rosa abriu a temporada das cores na Serra do Amolar, região localizada nas imediações de Corumbá, próximo a divisa com a Bolívia e o estado de Mato Grosso.
A árvore, símbolo da flora sul-mato-grossense, colore a Serra do Amolar, efeitando a paisagem com tons de rosa e verde.
De acordo com a zootécnica e técnica de campo da região da Serra do Amolar, Cristiane Brigipti dos Santos, é possível visualizar as árvores por mais de 20 quilômetros de extensão.
“É possível visualizar que [os ipês] realmente estão presentes nessa parte [da Serra do Amolar] e se propagam ali, eles são auto semeantes”, explicou a zootecnista ao Correio do Estado.
De acordo com a assessoria de imprensa do Instituto Homem Pantaneieo (IHP), em 2020, a região foi totalmente destruída pelo fogo e não houve nenhuma floração. Em 2021, houve poucas queimadas e houve florada intermediária dos ipês. Em 2022, houve uma florada perceptível e, em 2023, a florada dos ipês é intensa.
O vídeo mostra uma imensidão rosa e verde nos morros banhados pelo Rio Paraguai. Confira:
Os vídeos foram gravados na penúltima semana de junho de 2023, na Serra do Amolar, às margens do rio Paraguai, pelo médico veterinário e coordenador do programa Felinos Pantaneiros do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Diego Viana.
Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, Diego Viana afirmou que estava ansioso para ver os ipês floridos.
"Eles florescem em uma determinada época do ano e é muito rápida a floração. Logo cai as flores e logo já se perde a oportunidade [de tirar foto]. Eu sempre fico torcendo para que eu esteja no Amolar esta época e esse ano eu consegui ver essa floração. Foi uma coisa bem marcante", disse à reportagem.
Em novembro de 2022, 500 mulheres plantaram 500 mudas de ipês-rosa, no Pantanal sul-mato-grossense, às margens do Rio Paraguai, durante a iniciativa “Anzol Rosa”, da Joice Tur Pesca & Tur, em parceria com o IHP.
De acordo com o presidente do IHP, o objetivo foi plantar as mudas exatamente nas cinco áreas atingidas pelos incêndios de 2020.
“Daremos todo o suporte técnico para que estas mudas plantadas se desenvolvam. É uma atitude louvável. São 500 mudas. Ou seja, cada mulher irá plantar um ipê, às margens do Rio Paraguai, em áreas atingidas pelo fogo. É uma forma de contribuirmos de forma assertiva com a recuperação da mata ciliar, tão importante para os nossos rios”, afirmou Rabelo em novembro do ano passado.
A ação contou com o apoio do Exército Brasileiro, que fez a limpeza das áreas, e do Grupo Rio da Prata e Instituto das Águas da Serra da Bodoquena (IASB), responsáveis pela doação das mudas.
IPÊ
O ipê é uma árvore do gênero Handroanthus, Tabebuia e Cybistax e da família Bignoniaceae. É comum florescer na estação de inverno.
Possui altura que varia de 5 a 20 metros, carregadas de flores coloridas e desprovidas de folhas. Em boas condições, pode passar de 100 anos de vida com facilidade.
Suas características são:
- Cascas rugosas
- Folhas substituídas por flores coloridas na estação de inverno
- Deciduidade de folhas, que é quando as folhas caem na estação seca
- Folhas palmadas, que são folhas em forma de uma mão aberta
O Ipê é comum nas estações de outono e inverno. A temporada de floração começa em junho e vai até setembro. O ipê rosa floresce em junho/julho; o amarelo em julho/agosto e o branco em agosto/setembro.
Chama a atenção porque as folhas são totalmente substituídas por flores, em cachos, na maioria de suas espécies durante a estação de seca.
Por causa de sua beleza, atraem insetos e vertebrados como abelhas e pássaros, especialmente beija-flores que tem papel fundamental na polinização.
"É uma época em que há menor concorrência com outras plantas floríferas, então os polinizadores podem visitar os ipês com mais frequência. Como as sementes são dispersas pelo vento, também, a época em que os frutos ficam maduros coincide também com a de vento", explicou o biólogo Pedro Isaac Vanderlei de Souza, em entrevista ao Correio do Estado.
As cores mais comuns em Campo Grande são rosa, amarelo e branco. Também existe a cor verde, incomum na Capital. Além desses, existe o falso ipê, que é o lilás, do gênero Jacaranda.
Ao Correio do Estado, o biólogo afirmou que os Ipês são predominantes em todo o país, com ocorrência na Mata Atlântica, Caatinga, Amazônia, Cerrado e em alguns países da América do Sul.
Existem três espécies de Ipê-rosa, quatro do amarelo, uma do branco e uma do verde em Campo Grande.
“A mais comum de rosa é Handroanthus impetiginosus. De amarelo a gente tem bastante Handroanthus ochraceus, que é o ipê amarelo do cerrado, e Tabebuia aurea, que é o ipê amarelo do Pantanal ou paratudo, além de Handroanthus chrysotricha, que é aquele ipê amarelo pequeninho", explica Pedro.
"O branco é Tabebuia roseoalba e o verde é Cybistax antisyphilitica”, acrescentou.
Questionado pela reportagem porque algumas árvores tem mais folhas do que flor e vice-versa, o biólogo explicou que "geralmente, plantas mais novas não florescem todas de uma vez e as mais velhas tem uma tendência a perder mais folhas, mas não é regra. De forma geral, uma planta maior e saudável vai perder todas as folhas e florescer de vez, mas fatores como umidade e nutrientes podem levar alguns ramos a manter folhas".




