Cidades

TRATAMENTO ADEQUADO

Julgamento no STJ dá aval para que planos de saúde cortem terapias a autistas

Sem vincular Tribunais Estaduais, decisão poderá servir de base para futuros julgamentos

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Será retomado amanhã (08) - no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) - o julgamento que analisa se as operadoras de saúde podem ou não ser obrigadas a arcar com procedimentos não incluídos no rol da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).  

Apesar de não vincular os Tribunais Estaduais, a decisão poderá servir de base para futuros julgamentos, o que gera um incerteza jurídica, como explica a advogada Especialista em Direito da Saúde e Tutelas de Urgência contra Planos de Saúde , Raíssa Duailibi Maldonado Carvalho.  

"É um importante precedente onde os Tribunais podem utilizar o julgamento como referência nas decisões, Caso o Rol da ANS seja considerado taxativo poderá ter um impacto catastrófico colocando milhares de beneficiários de planos de saúde em situação de extrema vulnerabilidade", diz.

Presidente da Comissão de Defesa do Direito da Pessoa com Autismo da OAB/MS e Membro da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo do Conselho Federal da OAB, Raíssa aponta que, se o Rol da ANS for considerado taxativo, o impacto poderá ser catastrófico.  

"Colocando milhares de beneficiários de planos de saúde em situação de extrema vulnerabilidade. Este julgamento pode significar um verdadeiro retrocesso e teremos inúmeras decisões equivocadas causando grandes prejuízos a toda população que depende do Poder Judiciário para conseguir garantir o devido Acesso à Saúde", comenta.  

entenda

Com o rol exemplificativo, a lista ANS passa a funcionar  só como referência mínima, sendo que outras demandas podem ser atendidas sob solicitação médica.

Já no modelo taxativo, defendido por planos de saúde, não há possibilidade da inclusão de terapias ou exames não listados pela agência regulatória.  

Importante frisar que, conforme agência Folhapress, nos últimos meses planos de saúde de ao menos quatro estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Norte) suspenderam terapias já concedidas a crianças com autismo, inclusive algumas garantidas por meio de liminares.

"No momento devemos fazer mobilizações defendendo que o Rol taxativo da ANS mata", destaca a advogada especialista.  

Ela faz questão de mencionar que,  caso o rol seja considerado taxativo, ainda que não tenha efeito vinculante, haverá um novo cenário no Poder Judiciário.  

"acredito também que haverá algumas exceções na taxatividade, porém, nós como defensores da saúde teremos que estar mais preparados para futuras decisões dos Tribunais, pois, com certeza, será mais difícil conseguir o deferimento da tutela do jurisdicinado  caso o rol seja considerado taxativo", explica.

na pele

Conforme a diretora de patrimônio da Associação de Pais e Amigos do Autista de Campo Grande, Flávia Caloni Gomes, as dificuldades para os pais e pessoas com graus mais leves do Transtorno do Espectro Autista, começa já no diagnóstico, que pode ser "demorado e estressante".  

"Envolve a análise total, comportamental, é uma avaliação clínica e que envolve conversa com pais, avaliação da criança. Então, o próprio diagnóstico é muito estressante para os pais. E quando se consegue, nem sempre ele é claro o suficiente para que o tratamento possa ocorrer de maneira adequada e seja realizado de forma plena, né?", comenta ela, que é mãe de criança autista.  

Flávia expõe que essa dificuldade se dá tanto com os convênios, quanto no próprio SUS, e que nem sempre há profissionais com conhecimento do autismo.  

"O autismo quanto mais cedo foi feito o diagnóstico. Mais cedo também a gente tem que entrar com os tratamentos, o processo todo de intervenção. Na criança, ele precisa de um acompanhamento multidisciplinar, que envolve neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e, em alguns casos, parafisiologistas, quando a locomoção é prejudicada", comenta.

Nesse caso que passa pelo STF, ela destaca que o principal ponto é sobre o ABA  (do inglês, "applied behavior analysis"), que se baseia em análise de comportamento e de intervenções para estimular linguagem, independência diária e diminuir comportamentos de risco, como agressões.

Ela conta que nessa situação é um outro profissional que vai na casa e faz a aplicação do tratamento, que dura no mínimo 40 horas semanais.  

"Para nós vai ser complicado, porque hoje o que está sendo atendido é a quantidade que está sendo atendido. talvez não vá ser abrangido pela ANS. O ABA mesmo, a análise do comportamento, não está no rol taxativo para tratamento do autismo - e tem algumas doenças que vão perder muito também com essa situação", comenta.  

Exemplo de quem enfrenta a situação, ela fala que os pais e mães de autistas estão bricando mais pela causa por entenderem da situação.  

"nos filhos mexe com toda a questão de comportamento, ficam agressivos, eles se recolhem mais ainda. Tem toda uma questão de perda daquilo que você conseguiu fazer, que seu filho tenha autonomia, um comportamento mais dentro do adequado", revela.  

Por fim ela lembra do caminho percorrido, relatando que, famílias que tentam esse tratamento adequado, às vezes não conseguem no plano de saúde.  

"Tem que ter uma negativa e entrar com pedido na ANS e, na maioria das vezes, tem que judicializar, conseguir liminar. Acabando o rol exemplificativo, a gente vai perder essas ações. O ABA é um tratamento caro e a maioria dos pais vai ter sem esse atendimento que é fundamental para evolução dos nossos filhos", finaliza. 

Ribas do Rio Pardo

Motorista ignora parada e capota carro roubado no interior de MS

Homem confessou aos policiais que veículo era produto de furto e que receberia R$ 1,5 mil para levar carro até Minas Gerais

24/12/2025 15h45

Foto: Divulgação / PRF

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Um motorista foi preso em flagrante pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na tarde desta terça-feira (23), após desobedecer a uma ordem de parada, fugir em alta velocidade e capotar um carro roubado na BR-262, em Ribas do Rio Pardo, no interior do Estado. Apesar da gravidade do acidente, o condutor saiu ileso.

De acordo com a PRF, a equipe realizava fiscalização de rotina no km 150 da rodovia quando deu ordem de parada a um Nissan/Versa. A sinalização foi feita por meios físicos, sonoros e luminosos, mas o motorista ignorou a determinação e iniciou a fuga.

Durante a perseguição, o condutor passou a dirigir de forma extremamente perigosa, com manobras em alta velocidade, ultrapassagens pela contramão e também pelo acostamento, colocando em risco outros usuários da via. Já no km 165, ao tentar ultrapassar um veículo pelo acostamento, ele colidiu lateralmente com o retrovisor de outro automóvel.

Após a colisão, o motorista perdeu o controle da direção, saiu da pista e capotou o veículo. Com o carro imobilizado, os policiais se aproximaram e deram voz de prisão ao condutor, identificado como Régis Yuri do Nascimento. Ele não sofreu ferimentos e foi algemado por precaução, diante do receio de nova tentativa de fuga.

Ainda no local, o homem confessou aos policiais que sabia que o veículo era produto de furto e que receberia R$ 1.500 para transportá-lo de Uberlândia (MG) até Campo Grande. Os agentes também constataram que o Nissan/Versa, modelo 16SL CVT, de cor cinza, estava com as placas adulteradas.

Durante a ocorrência, a PRF apreendeu o automóvel e um telefone celular da marca Samsung. A princípio, foram constatados os crimes de adulteração de sinal identificador de veículo automotor e desobediência. O caso foi encaminhado à Polícia Civil de Ribas do Rio Pardo.

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CRISE

Santa Casa "esquece" de médicos em acordo e incerteza sobre o 13º continua

Hospital anunciou fim da paralisação dos enfermeiros, farmacêuticos e parte administrativa na manhã desta quarta-feira (24), mas 'acordão' não contempla os médicos celetistas

24/12/2025 14h30

Santa Casa e médicos celetistas ainda não entraram em acordo sobre o 13º salário

Santa Casa e médicos celetistas ainda não entraram em acordo sobre o 13º salário Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A Santa Casa de Campo Grande e os médicos celetistas da entidade ainda não entraram em acordo sobre o pagamento do 13º salário e a previsão é incerta.

Nesta quarta-feira (24), o hospital anunciou que entrou em acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem do Estado de Mato Grosso do Sul (Siems), Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de MS (Sintesaúde), Sindicato dos Técnicos e Tecnólogos em Radiologia de MS (Sinterms) e Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de MS (Sinfarms).

Na proposta feita pela Santa Casa e aceita pelas classes acima consta o pagamento de 50% do benefício na manhã desta véspera de Natal e o restante no dia 10 de janeiro, que será feita com dinheiro da 13ª parcela que o Governo do Estado transfere aos hospitais filantrópicos de MS e não está prevista em contrato. Com isso, a paralisação parcial chegou ao fim.

Porém, dentro deste ‘acordão’ feito entre o hospital e os sindicatos não estão contemplados os médicos celetistas. Segundo o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed-MS), não houve sequer uma proposta da instituição para a classe, que, até o momento, não ameaça entrar em greve para que os serviços essenciais à população não parem.

Para garantir o pagamento do 13º, o sindicato entrou com pedido de liminar na Justiça na última terça-feira (23), pedindo para que o benefício fosse quitado integralmente dentro de 48 horas. Além disso, o Sinmed-MS pede indenização por danos morais no valor de R$ 500 mil, que seria revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

ACUSAÇÃO

Nesta terça-feira, o Sinmed enviou uma nota à imprensa acusando a Santa Casa de lockout, ou seja, que o hospital estaria pressionando uma greve da classe para gerar pressão no poder público.

Ainda no comunicado, o Sinmed-MS disse que os ofícios do hospital chegaram após o sindicato convocar uma assembleia com a categoria, na noite de segunda-feira, para debater sobre uma proposta feita pela instituição de como seria feito o pagamento do 13º salário. 

Na oferta, constava o parcelamento do benefício com início em janeiro de 2026, sem a inclusão de juros ou correções pelos atrasos.

Firmes na posição de não parar com as atividades, os médicos celetistas decidiram por não acatar a sugestão da Santa Casa. Além de entrar com pedido de liminar determinando o pagamento imediato do benefício, o sindicato também pede responsabilização de gestores e audiência de conciliação entre as partes para que o problema seja resolvido logo.

“Nunca vimos esse tipo de atitude na história da Santa Casa. O problema da falta de pagamentos e do 13º salário é de responsabilidade exclusiva deles como empregadores. Eles nos chamaram apenas um dia antes do vencimento do prazo para dizer que não pagariam, demonstrando total falta de gestão e de respeito com os médicos celetistas”, esclarece o presidente do Sinmed-MS, Marcelo Santana.

GREVE

Com duração de cerca de dois dias, a greve dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa impactou a população campo-grandense logo na semana de festividades natalinas, já que 30% dos funcionários das áreas citadas ficaram sem trabalhar, afetando atendimento e alguns serviços considerados essenciais.

Os serviços afetados pela paralisação dos funcionários foram: consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto-socorro e unidade de terapia intensiva (UTI), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros e corredores), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha.

Esta foi a segunda greve no setor de serviços essenciais em Campo Grande nos últimos sete dias. Na semana passada, todos os motoristas de ônibus ficaram quatro dias parados também por causa de atraso em pagamentos salariais, situação que foi resolvida somente no final da tarde de quinta-feira (18), após audiência de conciliação selar acordo entre as partes.

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