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Justiça determina o fim dos bloqueios em rodovias federais

Até o início da noite de ontem eram 35 trechos fechados, 27 deles localizados em estradas do governo federal

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Um dia depois de o resultado das urnas eletrônicas ser conhecido pela população, Mato Grosso do Sul amanheceu com vários pontos de bloqueio em rodovias federais e estaduais.

Até o início da noite de ontem, havia pelo menos 35 pontos com o trânsito de veículos impedido. Ainda no início da noite, no entanto, a Justiça Federal da 3ª Região determinou que todas as estradas federais fossem liberadas.

O juiz federal Daniel Chiaretti concedeu liminar na ação ingressada pelo governo federal e determinou que os organizadores do protesto desobstruíssem as rodovias.

“Determino a expedição de mandado proibitório, nos termos do art. 567 do Código de Processo Civil, notificando os réus para que se abstenham de ocupar, obstruir ou dificultar a passagem em quaisquer trechos das rodovias federais no Estado de Mato Grosso do Sul, ainda que possam exercer o direito de reunião e se manifestar às margens das rodovias de forma segura e pacífica”, diz Chiaretti em trecho da decisão.

O magistrado ainda autorizou que as forças de segurança, tanto a Polícia Rodoviária Federal (PRF) como Polícia Federal (PF), “e demais órgãos competentes” adotem as medidas necessárias para cumprir a decisão, “inclusive, mediante o emprego da força pública”.

Além disso, o desrespeito à decisão da Justiça Federal também será passível da aplicação de multa de R$ 10.000,00 por pessoa física participante e de R$ 100.000,00 por pessoa jurídica que mantiver o bloqueio.

PROTESTOS

A manifestação começou durante a manhã desta segunda-feira, feita por caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), em protesto contra o resultado das eleições, que deram a vitória ao canditado do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

Em vários pontos onde foram registradas as interdições houve impedimento para os veículos de passeio deixarem os locais. Isso ocorreu em ao menos 13 pontos até o início da noite de ontem, de acordo com a PRF.

Além de trechos bloqueados em rodovias de Campo Grande, também havia manifestações em Eldorado, Bandeirantes, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim, Coronel Sapucaia, Cassilândia, Chapadão do Sul, entre outras cidades.

Em Campo Grande, o caminhoneiro Antônio Carlos Nascimento, que estava com o caminhão carregado de cimento, aderiu ao protesto por acreditar em fraude no resultado das eleições.

“Teve um boicote nas urnas, tem maracutaia. Eu vi o deboche do [William] Bonner ontem, debochou da cara dos brasileiros. O brasileiro que viu ontem tem que estar ciente que teve alguma coisa nas urnas, teve manipulação”, disse.

Segundo Nascimento, os manifestantes aguardam um parecer do presidente Jair Bolsonaro (PL) ou uma entrevista para decidir os próximos passos ou quando se encerra o protesto, além de pedir intervenção militar.“Estamos aguardando o Exército na rua para ver o que está acontecendo”.

José Antônio, caminhoneiro há 10 anos, está parado desde as 21h de domingo e também disse que quer uma resposta e não sairá do local enquanto não obtê-la.

“Estamos esperando um posicionamento do Bolsonaro para ver o que vai acontecer, porque a gente não pode admitir um ladrão colocar a mão no nosso País de novo. Se precisar, nós vamos ficar aqui o tempo que for”, garantiu.

Durante a manifestação, a PRF enviou equipes aos locais de interdição para acompanhar os bloqueios. Segundo a corporação, há conversas com os motoristas para que liberem veículos de emergência e cargas perecíveis.

CONFUSÃO

Um homem que tentou furar um bloqueio de caminhoneiros e atirou para cima para evitar agressão acabou preso pela Polícia Rodoviária Federal em flagrante pelo crime de disparo de arma de fogo.

O caso ocorreu em um dos dois bloqueios localizados entre as cidades de Campo Grande e Sidrolândia. 
“Quando iniciada a retirada dos pneus, um homem, que dirigia um Hyundai HB20, ultrapassou as barreiras e atingiu alguns manifestantes que ainda estavam na pista”, informou a PRF. 

“Alguns desses manifestantes que estavam mais próximos do veículo se exaltaram e começaram a desferir chutes e lançar objetos no automóvel. O condutor sacou uma arma de fogo e realizou três tiros para cima. O motorista foi preso por disparo de arma de fogo em via pública”, complementou a PRF em nota.

INTERIOR

Os bloqueios em rodovias de Mato Grosso do Sul geraram o fechamento completo do acesso a Corumbá. O município, que tem sua ligação com o Brasil a partir da BR-262, ficou bloqueado no meio da manhã, a partir da região do posto fiscal estadual Lampião Aceso. 

A cidade também passa por outro bloqueio, do lado de Puerto Quijarro (Bolívia), que completou 10 dias. Em razão de ventos fortes, o aeroporto também ficou fechado.

Pelo Rio Paraguai, por conta do baixo nível, a navegação encontra dificuldade para ser realizada em alguns trechos que levam à Ponte Manoel de Barros, que é o caminho para Miranda. Por conta dessa situação, depois das 17h, houve início de filas em postos de combustível em várias partes da cidade.

A reportagem do Correio do Estado esteve no local do bloqueio, que fica logo após o trevo que leva à Estrada Parque, no sentido Corumbá-Miranda, e não conseguiu conversar com um representante legal dos manifestantes. 

O grupo, formado por empresários e empresárias donos de caminhões de transporte, relatou que havia apenas uma pessoa que seria o líder, mas ele não estava no local. 

As coordenadas sobre como o bloqueio deveria seguir ocorriam a partir de grupos virtuais e mensagens enviadas pelos celulares dos participantes. Na BR-262, no período da tarde, pelo menos 10 pessoas estavam participando do protesto.

Na BR-262, além do trecho no Lampião Aceso, foram montados bloqueios em Miranda, Aquidauana e Terenos.

ENTIDADES 

De acordo com o diretor-presidente do Sindicato de Empresas do Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS), Cláudio Cavol, as manifestações são espontâneas. “Esses caminhoneiros não são de MS nem de Campo Grande, são pessoas que passavam por aqui e não concordaram com o resultado da eleição”, justificou. 

Apesar disso, a reportagem constatou que a fila de caminhões recebia auxílio de simpatizantes, como doações de comida, água e banheiros químicos. 

Segundo Cavol, o Setlog-MS ainda fará um pronunciamento oficial, mas ele adiantou que a posição do sindicato é de cumprimento da legislação. “Concordando ou não com o resultado, esperamos que o atual governo privilegie a classe produtiva e os trabalhadores, para que, como uma só nação, possamos trabalhar para crescer”, declarou. 

Já o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros em Mato Grosso do Sul (Sindicam-MS), Osni Belinati, afirmou que esses protestos são incentivados pela classe empresarial. “São as empresas que pararam. Os autônomos estão tranquilos. Achamos que quem perde deve aceitar o resultado das urnas. Aqui no Sindicam somos apartidários. Cada um tem suas opiniões. Temos que aceitar todas”, disse. 

O presidente do Sindicam-MS, que responde principalmente pelos caminhoneiros autônomos, disse que não há orientação determinada por parte do sindicato. “A nossa ideia é que os autônomos fiquem quietos. Cada um é dono de sua atitude”, finalizou. (Colaborou Naiara Camargo) 

Protesto

Pontos de interdição ao longo das rodovias em Mato Grosso do Sul

BR-163, km 490, Campo Grande: veículos de emergência e carga viva com livre passagem;
>BR-163, km 466, Campo Grande: completamente interditado;
>BR-163, km 550, Bandeirantes: veículos de emergência e carga viva com livre passagem;
>BR-163, km 614, São Gabriel do Oeste: veículos pequenos passando por dentro da cidade;
>BR-163, km 679,9, Rio Verde de Mato Grosso: veículos de emergência e carga viva com livre passagem;
>BR-163, km 767, Coxim: veículos de emergência e carga viva com livre passagem;
>BR-060, km 368, Campo Grande: completamente interditado;
>BR-060, km 191,7, Camapuã: completamente interditado;
>BR-262, km 383,7, Terenos: veículos pequenos passando por dentro da cidade;
>BR-267, km 364, Maracaju: veículos de emergência, de passeio e carga viva com livre passagem;
>BR-158, Km 95, Paranaíba: não interditado;
>BR-158, Km 4, Cassilândia: fechado para veículos de carga, apenas passando veículos de passeio e emergência;
>BR-163, km 256, Dourados: veículos de passeio, ônibus, carga viva e perecíveis estão passando normalmente;
>BR-163, km 206, Caarapó: livre passagem para veículos de emergência, passeio, carga perecível e viva e produto perigoso;
>BR-060, km 63, Paraíso das Águas: completamente interditado;
>BR-163, km 730, Coxim: completamente interditado;
>BR-163, km 837, Sonora: completamente interditado;
>BR-267, km 477, Jardim – trevo para Bonito: veículos de passeio com livre passagem;
>BR-262, km 765, Corumbá – Lampião Aceso: a cada 30 minutos, veículos pequenos são liberados;
>BR-262, km 486, Anastácio: interdição total;
>BR-262, km 557, Miranda: liberação a cada 30 minutos;
>BR-163, km 117, Naviraí: completamente interditado;
>BR-060, Km 544, Nioaque: apenas veículos de emergência com livre passagem;
>BR-060, Km 675, Bela Vista: completamente interditado;
>BR-463, Km 115, Ponta Porã: liberação a cada uma hora;
>BR-163, Km 0, Mundo Novo: completamente interditado;
>BR-060, Km 430, Sidrolândia: completamente interditado;

Rodovias estaduais:
>MS-386, entre Ponta Porã e Amambai;
>MS-156, entre Amambai e Caarapó;
>MS-289, perto de Coronel Sapucaia;
>MS-306, Chapadão do Sul;
>MS-306, Cassilândia;
>MS-080, entre Corguinho e Rochedo;
>MS-164, Ponta Porã;
>MS-178, entre Bonito e Guia Lopes da Laguna

*Em Rio Brilhante, na BR-163, km 324, veículos de carga estão parados em posto de combustível e não fecharam a rodovia.

PARALISAÇÃO DOS ÔNIBUS

Audiência termina sem conciliação e greve dos motoristas continua em Campo Grande

Motoristas ficaram indignados com a decisão judicial, a qual determina que 70% da frota volte a funcionar em horários de pico.

16/12/2025 19h22

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Motoristas do transporte coletivo urbano de Campo Grande lotaram o plenário do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, na tarde desta terça-feira (16), para acompanhar a audiência que debateu sobre a greve que paralisou os ônibus desde segunda-feira (14).

A audiência terminou sem conciliação e possibilidades entre o Consórcio Guaicurus, Município de Campo Grande e os profissionais da categoria. No entanto, o desembargador César Palumbo Fernandes determinou que 70% da frota voltasse a funcionar nos horários de pico.

"Não pode existir greve de 100% dos serviços essenciais. A determinação judicial deve ser cumprida. Amanhã, no primeiro período, a categoria vai estar trabalhando. Amanhã, pela manhã, o sindicato vai garantir que haja no período compreendido entre 6h e 8h30, 70% da frota funcionando. De 8h30 a 17h, 50% da frota atendendo a população. Entre as 17h e as 20h, 70% da frota. E após, 50% da frota no horário normal.", disse o desembargador.

Além disso, a multa, caso os ônibus não voltem a circular na manhã de quarta-feira (17), imposta ao Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande, aumentou de R$ 100 mil para R$ 200 mil por dia de descumprimento da decisão.

Apenas metade da folha salarial de novembro foi paga, sendo que a outra parte não tem previsão de pagamento. Ao todo, a dívida em aberto chega a R$ 1,3 milhão líquidos a serem repassados aos trabalhadores.

Diante da decisão do desembargador, os profissionais da categoria se indignaram, levantaram e saíram da audiência. Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STCU-CG), disse que a greve está mantida por decisão dos próprios motoristas.

"A gente tá muito chateado com a Justiça do Trabalho por entender que quem paga a conta é sempre o trabalhador. No nosso entendimento, 70% ele simplesmente acabou com a greve. Infelizmente, vai continuar parado. Não é o que a gente quer, a população tá sofrendo muito, vai para três dias sem ônibus em Campo Grande, mas o trabalhador também precisa receber, todo mundo que trabalha precisa receber seus vencimentos", concluiu Demétrio Freitas.

O que disse o Município?

Na audiência, representando a Prefeitura de Campo Grande, a procuradora-geral do Município Cecília Saad afirmou que os repasses foram feitos pelo Executivo e, devidamente, depositados na conta do Consórcio Guaicurus.  De acordo com a representante, o valor destinado, na última sexta-feira (12), foi de R$  3.074.148,73.

Ela também relatou que, em junho/julho de 2024, foi publicado no Diário Oficial do Estado, que o governo se comprometeu em repassar quatro parcelas em torno de R$ 3 milhões, sendo duas no ano de 2025, e a terceira e a quarta em janeiro e fevereiro de 2026, respectivamente.

Diante destas afirmações, ela solicitou ao juiz o prazo de 24 horas para juntar a documentação e comprovar o pagamento ao Consórcio, o qual foi aceito pela autoridade.

Consórcio afirma que não tem dinheiro

Temis de Oliveira, presidente do Consórcio Guaicurus, confirmou o recebimento por parte da Prefeitura, mas alega que há outras pendências a serem pagas além da folha salarial, como os gastos com manutenção, diesel, mecânico, etc.  

"Hoje, o consórcio não tem caixa para pagar a parcela de 50% de novembro. Desses R$ 3 milhões (recebidos), haviam recursos que eram devidos de meses passados e a gente tinha outros compromissos".

"Sem aporte de alguma dessas verbas (cerca de R$ 4 milhões a serem recebidas pelo Consórcio), não temos mais saúde financeira, crédito nos bancos para poder buscar e resolver esses acordes", disse o prsidente Temis de Oliveira. Ele complementa: "Nós vamos procurar conversar com a Prefeitura para receber o que nós temos a receber ainda e negociar, negociar o tempo inteiro".

O presidente do Consórcio Guaicurus lembra que há o cumprimento do quarto termo aditivo do contrato, que precisa ser apurado mensalmente e um valor a ser recebido, algo que não ocorre desde 2022.

"Tem uma obrigação da AGEREG para, ao final de cada mês, fazer a apuração da diferença da tarifa pública para a tarifa técnica ou tarifa de remuneração e a prefeitura buscar os meios para pagar. Isso não tem sido pago desde 2022. Nós buscamos o recebimento dessas verbas também".

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ALERTA

OMS emite alerta sobre falsificação de medicamento usado no tratamento do câncer de mama

De acordo com a OMS, os medicamentos falsificados foram identificados em países da África, do Mediterrâneo Oriental e da Europa

16/12/2025 19h00

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado Divulgação

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre a circulação de versões falsificadas do medicamento palbociclibe, comercializado sob o nome Ibrance.

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado.

De acordo com a OMS, os medicamentos falsificados foram identificados em países da África, do Mediterrâneo Oriental e da Europa.

Ao todo, nove lotes do produto foram relatados à organização em novembro deste ano, com registros na Costa do Marfim, Egito, Líbano, Líbia e Turquia.

Segundo o comunicado, os produtos falsificados foram oferecidos aos consumidores por meio de plataformas online e também encontrados em farmácias dessas regiões.

Fabricado pela Pfizer, o Ibrance tem alto custo. No Brasil, conforme dados da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a menor dosagem do medicamento pode chegar a R$ 10.182.

Lotes falsificados

Os lotes confirmados como falsificados são: FS5173, GS4328, LV1850 e TS2190.

Já os lotes considerados suspeitos, ou seja, possivelmente falsificados, são: GK2981, GR6491, GT5817, HJ8710 e HJ8715.

A OMS classifica esses medicamentos como falsificados por apresentarem, de forma enganosa, informações sobre identidade, composição e origem.

Testes realizados pela Pfizer indicaram que as amostras analisadas não continham nenhum princípio ativo farmacêutico.

Além disso, foram identificadas discrepâncias nas embalagens. Alguns produtos falsificados chegaram a utilizar números de lote legítimos, mas apresentavam anomalias na embalagem, na serialização e na impressão das cápsulas.

Riscos e recomendações

De acordo com a OMS, o uso de medicamentos falsificados, como no caso do Ibrance, pode resultar em falha no tratamento, progressão descontrolada do câncer e aumento do risco de morte devido à ausência de efeito terapêutico.

A organização orienta que profissionais de saúde comuniquem quaisquer reações adversas inesperadas, ausência de resposta ao tratamento ou defeitos de qualidade às autoridades regulatórias nacionais ou aos sistemas locais de farmacovigilância. Em caso de identificação de lotes suspeitos ou falsificados, a recomendação é notificar a OMS.
 

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