A Justiça aceitou denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) e tornou réu o advogado e empresário Arthur Torres Rodrigues Navarro, que conduzia um Porsche Cayenne e acabou atropelando e matando um motoentregador, em Campo Grande.
A denúncia feita pelo MPMS, a pedido da promotora Suzi D'Angelo, também solicitou a fixação de um valor mínimo para a reparação de danos materiais ou morais causados pelo réu, no montante de R$ 500 mil.
Diante dos fatos, a juíza Eucélia Moreira Cassal aceitou a denúncia e determinou que o réu seja informado da acusação. Assim que receber a citação, terá 10 dias para apresentar sua defesa por escrito.
Entenda
No dia 22 de março de 2024, o entregador do iFood Hudson Oliveira Ferreira foi atingido por um Porsche Cayenne, conduzido por Arthur Torres Rodrigues Navarro.
O acidente, que tirou a vida do entregador, ocorreu na Rua Antônio Maria Coelho, em Campo Grande. Dez dias após o caso ser noticiado pelo Correio do Estado, a Polícia Civil iniciou a investigação.
Cabe ressaltar que, no dia do acidente, a perícia não esteve no local. O motociclista, gravemente ferido, sofreu fratura exposta, teve grande perda de sangue e veio a óbito dois dias depois, em 24 de março de 2024, na Santa Casa.
Após o ocorrido, o veículo de luxo e o autor do atropelamento permaneceram escondidos por alguns dias.
O autor se apresentou à Polícia Civil 14 dias depois do acidente, exatamente 12 dias após a morte do motoentregador.
Em outubro de 2024, sete meses após a morte de Hudson Oliveira Ferreira, a família manifestou preocupação de que o caso terminasse em impunidade.
A apreensão aumentou após a defesa protocolar um pedido de Acordo de Persecução Penal, em uma tentativa de livrar o empresário de responder pelo crime e, consequentemente, de uma eventual condenação por homicídio culposo.
Esta não é a primeira vez que o empresário é alvo de investigações por acidentes no trânsito. Em 2014, ele atropelou outro motocilista, na Avenida Bom Pastor. A vítima, de 64 anos, teve fratura exposta na tíbia e fíbula, que resultou em sequelas físicas irreversíveis.
Cronologia do caso
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22 de março de 2022: a moto em que seguia o entregador foi atingida pelo Porsche; o motorista fugiu sem prestar socorro.
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24 de março de 2022: o motoentregador não resistiu e veio a óbito na Santa Casa de Campo Grande.
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2 de abril de 2022: a família procurou a reportagem e reclamou do silêncio nas investigações.
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5 de abril de 2022: 15 dias após o acidente, o advogado e empresário se apresentou à polícia ( e disse que o carro de luxo percencia ao pai dele).
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Outubro de 2022: a defesa do empresário entrou com um pedido de acordo de não persecução penal (ANPP) junto à Justiça.
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23 de março de 2025: a Justiça tornou o empresário réu.