Cidades

CASO CHOCOU O BRASIL

Mãe de Eliza quer manter goleiro Bruno longe da Capital

Sônia quer entrar na Justiça para impedir aproximação de goleiro com neto

RAFAEL RIBEIRO

24/07/2019 - 12h23
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No que depender da mãe da modelo Eliza Samudio, Sônia de Fátima Moura, de 53 anos, o goleiro Bruno vai ficar longe do filho de 9 anos e, por consequên cia, de Campo Grande. Ela decide nesta quarta-feira (24) com seus advogados se entrará na Justiça com pedido de medida cautelar para o condenado por homicídio mantenha distância da criança.

A medida, para Sônia, se torna necessária após Bruno conseguir o direito à progressão ao regime semiaberto, em benefício concedido em decisão publicada na quinta-feira (18) pela 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Varginha (MG), onde ele cumpre pena. Desde o dia 19 ele está em liberdade.

O goleiro foi condenado a 20 anos e nove meses de prisão pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samúdio e pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido de Bruno, de quem foi amante. Natural de Campo Grande, sua família mora atualmente no distrito de Anhanduí.

"Ainda não sei se vou tomar essa medida (medida cautelar), vou conversar com minha advogada para decidir o que é melhor, quais os caminhos que iremos tomar daqui para a frente pensando na segurança do meu neto", disse Sônia.

No que depender da boa vontade de Bruno, contudo, a decisão pode soar exagero, visto que o goleiro só buscou contato com o herdeiro nos primeiros dias após o sumiço da mãe. Desde então, sequer telefonou. Mas deu declarações à imprensa mineira que tentaria alguma forma de se reaproximar da criança. Seus advogados chegaram a alegar que poderiam conseguir autorização judicial para ele vir a Mato Grosso do Sul

Melhor assim, define Sônia. Bruninho sabe de toda a brutal história envolvendo Eliza e na última semana, ao descobrir a soltura do pai que não reconhece, demonstrou medo. "Ele tentou se esconder, fazia força para não chorar", contou a avó.

Sônia Moura, na época dos desdobramento do crime (Valdenir Rezende/Correio do Estado)

O CASO

Para entender por que o benefício foi adquirido agora talvez seja necessário relembrar todo o caso envolvendo o caso de Bruno. 

O goleiro, que na época dos crimes atuava pelo Flamengo, foi detido em julho de 2010 e levado para a Penitenciária Nelson Hungria. Pouco depois, o clube anunciou a demissão do jogador, que seguiu preso e foi condenado em primeira instância em março de 2013.

"Sabia e imaginava", disse Bruno durante a audiência que terminou em sua condenação.

Ele também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu que o crime prescreveu. As penas somadas, que eram de 22 anos e 3 meses, caíram, então, para 20 anos e 9 meses de prisão.

Saída temporária da prisão

O caso, no entanto, ficou parado na Justiça, sem ser julgado no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Com isso, os advogados de Bruno entraram com um pedido de habeas corpus, que foi deferido em uma liminar expedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 24 de fevereiro de 2017.

À época, Mello entendeu que os recursos apresentados pela defesa deveriam ser julgados para determinar se o réu continuaria preso ou não. Bruno deixou a prisão no mesmo dia.

A partir daí, começaram as especulações sobre qual seria o destino de Bruno, que ainda tinha um contrato com assinado com o Montes Claros FC, mas procurava um time para retomar sua carreira. O suspense começou a ser encerrado quando o goleiro foi visto almoçando com a diretoria do Boa Esporte em 10 de março e e disse: "Não vim à toa".


Goleiro Bruno em atuação pelo Boa Esporte, na rápida passagem pelo clube após a condenação (Divulgação)
Passagem pelo Boa Esporte

O que começou como especulação - e até com o clube negando interesse - foi concretizado poucas horas depois. No mesmo dia, o Boa Esporte confirmou a contratação do goleiro para a disputa do Módulo 2 (na prática, a segunda divisão) do Campeonato Mineiro de 2017.

O plano de retomada da carreira seguia a todo vapor, mas junto com a contratação veio uma sequência de polêmicas.

Veja 10 fatos que marcaram o período:

- em 11 de março, dia seguinte à assinatura do contrato, uma empresa de nutrição rompeu a parceria com o Boa Esporte;
- o anúncio foi o estopim para que outras empresas fizessem o mesmo, e o clube perdeu até o patrocinador master e a fornecedora de material esportivo;
- o site oficial do clube foi hackeado;
- uma petição online contra o acerto foi criada;
- com Bruno no estádio, mulheres protestaram em jogo do Boa Esporte;
- mesmo assim, o goleiro encontrou apoio de parte da torcida e, aos poucos, o clube foi fechando com novos parceiros;
- a estreia de Bruno pelo Boa Esporte foi em um empate marcado por um pênalti cometido por ele mesmo;
- apesar disso, o goleiro foi ovacionado no Estádio Municipal de Varginha;
- se dentro de casa, a recepção da torcida foi boa, fora de casa, Bruno passou a ser provocado;
- a passagem acabou quando a Primeira Turma do STF decidiu mandar Bruno de volta à prisão; o goleiro atuou em cinco partidas e sofreu quatro gols.

Prisão em Varginha

Em 27 de abril de 2017, Bruno se apresentou à delegacia da Polícia Civil em Varginha e foi novamente conduzido à prisão. Por 3 votos a 1, os ministros decidiram derrubar a liminar e negaram o pedido de habeas corpus.

A defesa do goleiro pediu, então, para que ele continuasse na cidade, já que poderia trabalhar e dormir em casa caso conseguisse a progressão para o regime semiaberto.

Em 2 de agosto, Bruno obteve permissão para exercer trabalho externo, dando aulas no Núcleo de Capacitação para a Paz (Nucap), em Varginha.

Já na primeira metade de abril de 2018, o goleiro foi remanejado para o Corpo de Bombeiros da cidade, onde passou a trabalhar na capina e limpeza dos ambientes da unidade. No entanto, poucos dias depois, ele foi dispensado do serviço. O pelotão disse não precisar mais de tantos detentos trabalhando no local.

Bruno completou um ano preso na cidade, com a defesa programando sua saída e projetando uma nova retomada da carreira. Mas um benefício obtido em 20 de junho de 2018 viria a se tornar o ponto chave que dificultaria esse processo.

Punição e reversão

No meio do ano, Bruno passou a trabalhar nas obras da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac). Foi quando exercia esse trabalho que o goleiro foi flagrado em um encontro marcado por celular com duas mulheres, no dia 18 de outubro. O local tinha ainda latas de cervejas e outras bebidas.

Apesar da Apac ter negado que o local fosse um bar e ter absolvido o interno em um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), a Justiça de Varginha entendeu que ele havia cometido um excesso e aplicou uma falta grave, atrasando o direito à progressão de regime para 2023.

A decisão foi publicada no dia 11 de fevereiro de 2019 e, desde então, Bruno mudou a equipe de advogados e a estratégia de defesa, para uma postura mais discreta, buscando reverter a punição, o que aconteceu no acórdão do TJMG assinado pelos desembargadores Doorgal Borges de Andrada, Corrêa Camargo e Eduardo Brum e analisado pelo juiz Tarciso Moreira de Souza, nesta quinta-feira, 18 de julho.

Com a falta sendo anulada e Bruno tendo cumprido cerca de 8 anos e 10 meses de pena em regime fechado, sem contar os dias de remissão atualizados, ele tem o tempo mínimo necessário para a progressão de regime, o que foi observado na decisão.

Agora Bruno deve passar por exame de corpo de delito e audiência de instrução para, por fim, ter cumprido o alvará de soltura, o que deve acontecer durante a tarde desta sexta-feira. Assim, ele deve ser conduzido para o endereço informado à Justiça, onde vai cumprir o regime semiaberto.

sem transporte coletivo

Donos de ônibus atribuem greve a dívida de R$ 39 milhões da prefeitura

Consórcio Guaicurus afirmou que os salários dos motoristas só serão pagos caso o poder público repasse o valor

15/12/2025 10h15

Garagens amanheceram cheias de ônibus

Garagens amanheceram cheias de ônibus MARCELO VICTOR

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Campo Grande está sem ônibus nesta segunda-feira (15). Terminais amanheceram fechados, pontos vazios e garagens cheias. Os motoristas estão em greve por tempo indeterminado. Está é a segunda vez no ano que o transporte coletivo para na Capital.

A greve ocorre por falta de pagamento: os motoristas do Consórcio Guaicurus estão sem salário há 10 dias. Com isso, reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

O Consórcio Guaicurus, prestador do serviço de transporte coletivo urbano em Campo Grande (MS), afirmou que está sem dinheiro para pagar a folha salarial, 13º salário e custos operacionais básicos (combustível, manutenção da frota e encargos).

De acordo com o Consórcio, a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) deve R$ 39 milhões à empresa desde 2022 e que os salários dos motoristas só serão pagos caso o poder público repasse o valor.

“O atraso e o pagamento parcial não decorrem de má gestão, mas sim da inadimplência reiterada do Município de Campo Grande/MS no repasse do subsídio financeiro contratualmente instituído no quarto termo aditivo previsto. O valor devido pelo Poder Concedente, apenas no período compreendido desde 2022, quando foi designada a tarifa técnica no quarto termo aditivo do contrato de concessão, já soma um subsídio superior a R$ 39 milhões ainda não repassados ao Consórcio. A dificuldade financeira é uma consequência direta da quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão pelo Poder Concedente. O pagamento da complementação do salário de novembro, do adiantamento de dezembro de 2025 (vencível em 20/12/2025) e da segunda parcela do 13º salário está condicionado à regularização desses repasses públicos”, explicou o Consórcio Guaicurus por meio de nota enviada à imprensa.

O diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, Themis Oliveira, detalhou o montante de R$ 39 milhões devido pela prefeitura.

“A tarifa técnica é a que a prefeitura tem que pagar a diferença de uma para a outra, é uma maneira da prefeitura decidir ‘olha, eu quero que a população só pague tanto, o resto eu pago’. O quarto termo aditivo coloca que a prefeitura tem que todo mês, via as agências, aferir esse valor e informar a prefeitura para que ela pague esse valor. As agências nunca fizeram esse cálculo, porque na hora que ela conclui o cálculo, a prefeitura passa a dever, então elas nunca fizeram. Nós estamos desde 2022 com uma tarifa pública aqui, uma técnica aqui e sem receber essa diferença. Só nos últimos 12 meses, essa diferença já dá R$ 8,5 milhões. Se eu levar desde o começo de 2022, esse valor chega em R$ 39 milhões”, explicou o diretor-presidente.

“Além disso, eu estou com hoje R$ 4.874.000,00 em aberto do transporte dos alunos. Hoje, de 3 milhões e 200 mil passageiros, mais ou menos, que andam por meio dos ônibus, 1 milhão é gratuidade. Um milhão andando de graça e eu recebo só um pedacinho disso. A maioria desses 1 milhão que anda por mês eu não estou recebendo e isso está quebrando a economia do Consórcio. Então, agora, chegou num ponto que nós não conseguimos recursos para pagar, nós estamos devendo fornecedor, estamos devendo banco, E não conseguimos os recursos para pagar 100% da folha, pagamos 50% da folha", complementou.

 O Correio do Estado entrou em contato com a PMCG pessoalmente e via e-mail, mas, até o fechamento desta reportagem, não foi respondido. O espaço segue aberto para resposta.

GREVE POR TEMPO INDETERMINADO

Campo Grande amanheceu sem ônibus nesta segunda-feira (15). Esta é a segunda vez no ano em que o transporte coletivo para na Capital.

Os terminais Morenão, Julio de Castilho, Bandeirantes, Nova Bahia, Moreninhas, Aero Rancho, Guaicurus, General Osório e Hércules Maymone amanheceram fechados sem nenhuma "alma viva". Em contrapartida, as garagens amanheceram lotadas de ônibus estacionados. 

O transporte coletivo está em greve por tempo indeterminado e deixou usuários “na mão” em pleno início de semana. A greve foi alertada antecipadamente, estava prevista e não pegou passageiros de surpresa.

As pessoas que dependem do transporte coletivo tiveram que recorrer a caronas, transporte por aplicativo, táxi ou bicicleta para chegar ao trabalho na manhã desta segunda-feira (15). A greve ocorre por falta de pagamento.

DECISÃO JUDICIAL

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou, em decisão judicial, que 70% dos motoristas trabalhem durante a paralisação, sob multa diária de R$ 20 mil.

A decisão foi desrespeitada, pois 100% dos motoristas estão em casa e declararam greve nesta segunda-feira (15).

Desembargador Federal do Trabalho, César Palumbo, intimou o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano para que cumpra com urgência a decisão judicial em questão.

Audiência de conciliação, entre TRT e sindicato, será realizada nesta terça-feira (16), às 15h45min, na sede no tribunal.

Veja a decisão judicial na íntegra:

Garagens amanheceram cheias de ônibus

INTERIOR

Anel Viário amanhece fechado após retomada de protestos em MS

Novo bloqueio parcial da rodovia MS-156 foi retomado ontem (14) em Dourados

15/12/2025 10h05

Carros de passeio e automóveis mais leves podem desviar ainda na Planacon, já veículos de carga devem retornar pela BR-163

Carros de passeio e automóveis mais leves podem desviar ainda na Planacon, já veículos de carga devem retornar pela BR-163 Reprodução/DouradosNews/ClaraMedeiros

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Após uma breve liberação do trecho entre o fim da tarde de sexta-feira (12), um novo bloqueio parcial da rodovia MS-156 foi retomado ontem (14) em Dourados, com a interrupção em protesto mantendo a via fechada ainda nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (15). 

Carros de passeio e automóveis mais leves podem desviar ainda na Planacon, já veículos de carga devem retornar pela BR-163Trecho perto do Auto Posto Litro foi bloqueado e exige desvio. Reproduçção

O cuidado dos motoristas que trafegam pela rodovia precisou ser redobrado ainda no domingo (14), como bem acompanha o portal local Dourados News, quando um trecho do Anel Viário voltou a ser parcialmente interditado por indígenas em protesto. 

Nas proximidades do posto de gasolina Litro, em trecho que fica localizado próximo à Avenida Guaicurus, os indígenas reacenderam o protesto para levantar a discussão a respeito do Marco Temporal, após sustentações orais recentes de quatro casos sobre o assunto no Supremo Tribunal Federal (STF).

Além desse motivo, a retomada dos bloqueios colocou na lista de pautas a situação envolvendo Magno de Souza, preso desde a tarde de sábado (13), acusado de estupro contra uma jovem de 21 anos em um caso que segue em sigilo. Sem a liberação do ex-candidato a governador, as lideranças pautaram o tema entre as reivindicações. 

Desvio

Importante reforçar a presença constante da Polícia Militar Rodoviária (BPMRv) durante todo o momento, empregada tanto para sinalização e monitoramento da situação, mas também com orientações aos motoristas, já que opcionalmente pode ser preferível seguir por caminhos que desviem do trecho em protesto. 

Ou seja, quem segue pela MS-156 em motocicletas ou qualquer veículo mais leve, pode optar por realizar o desvio ainda pela Planacon, ao invés de contornar pela direita e seguir pela rodovia. 

Em outras palavras, no trecho próximo à construtora é possível cortar em direção ao centro da cidade e, só depois, entrar no acesso da BR-163 ou mesmo seguir na MS-156, em trecho que vai de Itaporã a Dourados e segue com fluxo normal. 

Diferente dos carros menos, os veículos de carga e caminhões estão sendo orientados a retornar para a BR-163, de pode-se seguir rumo ao sul do Estado, em direção a Ponta Porã, Naviraí e para o Paraná, por exemplo. 

Mesmo que os bloqueios tenham começado na quinta-feira (11), logo na primeira noite de protestos houve uma liberação para a passagem de carretas, o que demonstra a colaboração dos manifestantes. 

Reivindica a posse de uma área de retomada onde, atualmente, vivem aproximadamente 300 famílias, o pedido por essa faixa de terra vêm sendo feito há quase uma década. 

 

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