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Mais de 48 mil indígenas vivem em áreas de MS que podem ser contestadas

Marco temporal, que está na pauta do STF e do Congresso, pode restringir território dos povos para oito áreas no Estado

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O Supremo Tribunal Federal (STF) não bateu o martelo sobre qual vai ser a questão jurídica que vai nortear a definição de território indígena no Brasil. Houve votação na semana passada, mas o ministro André Mendonça pediu vistas, o que adia por até 90 dias a análise do julgamento, mantendo um cenário de indefinição sobre os territórios indígenas e suas demarcações.

Para o estado de Mato Grosso do Sul, isso representa a perspectiva que mais de 48 mil indígenas poderão ficar de fora dos territórios que atualmente ocupam.

O marco legal em análise no STF, por meio do Recurso Extraordinário (RE) nº 1.017365, poderá estabelecer que os territórios indígenas só poderão ser definidos no caso de haver comprovação de que a área já estava regularizada para uma etnia antes da promulgação da Constituição Federal de 1988.

Nessa circunstância, em Mato Grosso do Sul, só estariam validadas oito áreas, que são: Aldeia Limão Verde, Amambai, Dourados, Jaguapiré, Pirajuí, Porto Lindo, Sassoró e Taquaperi. Elas foram regularizadas antes de 1988, conforme apontou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Nesse território, de cerca de 16,3 mil hectares, vivem pouco mais de 34,1 mil pessoas. Caso o marco temporal seja consolidado, esses indígenas estariam fora de possíveis disputas judiciais. As demais áreas ficariam sem sustentação jurídica para continuarem existindo.

“A partir do marco temporal vai poder haver a suspensão da demarcação, e cada fazenda poderá ingressar com uma ação pedindo a revisão. Será uma enxurrada de ações de despejo”, previu Matias Hempel, funcionário do Cimi que acompanha de perto a situação indígena no Estado.

Ele acrescentou que, mesmo sem a definição do marco temporal, já existe a discussão na Justiça Federal do Tribunal Regional Federal da 3ª Região e na Justiça Estadual de MS sobre os territórios que estão regularizados.

O secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Luiz Eloy Terena, que é de Mato Grosso do Sul, sustentou que o marco temporal é um precedente para criar mais tensão na zona rural.

“Faz-se necessário refutar o marco temporal e reafirmar o direito já consagrado na Constituição, que foi categórica ao conceber o direito originário às terras indígenas”, escreveu em sua conta no Twitter.

No Estado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 82.811 indígenas vivendo em uma área que equivale a cerca de 2% do território estadual. 

Se o marco temporal validar que os territórios indígenas que podem estar regularizados correspondem aos definidos antes de 1988, há uma área de mais de 888 mil hectares passíveis de questionamentos e pedidos de reintegração de posse.

O debate no STF em torno da definição das demarcações de terras indígenas começou em 2009, portanto, uma problemática que já se arrasta há 14 anos.

Nessa ação, figura a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina, além de envolver uma dezena de outras instituições.

Nesse recurso, há o julgamento sobre a definição do estatuto jurídico-constitucional das relações de posse das áreas de tradicional ocupação indígena e desde quando deve prevalecer essa ocupação (justamente o marco temporal).

A Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (Fatma) requereu posse de uma área declarada administrativamente como de tradicional ocupação indígena, localizada em parte da Reserva Biológica Estadual do Sassafrás (SC).

A última vez que o tema foi retomado foi em 2021. Na época, o ministro Edson Fachin afirmou que a data da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988, não pode ser considerada como o marco temporal para a aferição dos direitos possessórios indígenas sobre a terra. Fachin é o relator do RE nº 1017365.

No dia 7, depois que o ministro Alexandre de Moraes se posicionou em acordânça com o relator, deixando o placar do julgamento em 2 a 1, o ministro André Mendonça apontou que o tema ainda precisa de mais análise.

“[Há] necessidade de maior reflexão da matéria, razão pela qual peço vista, ao mesmo tempo, me comprometendo com Vossa Excelência de voltarmos à temática no prazo comum, a tempo para uma reflexão de todos nós”, disse Mendonça, em sessão pública, transmitida pelo canal do STF no YouTube.

A posição do ministro causou reclamação entre os demais presentes no plenário e gerou ainda mais expectativa do lado de fora do STF, pois existia a perspectiva de que se poderia ter uma posição do Judiciário em torno do tema.

A presidente do STF, ministra Rosa Weber, confirmou que pretende voltar com a pauta antes de outubro. “Eu só espero – e tenho certeza que vai acontecer – que eu tenha condições de votar, porque eu tenho uma limitação temporal para proferir o meu voto”, afirmou. Ela vai completar 75 anos em setembro e, por conta disso, recebe aposentadoria compulsória.

O ministro André Mendonça afirmou para Rosa Weber que a pauta deve voltar ao plenário mesmo que ele não tenha o voto definido.

NO CONGRESSO

Parlamentares se anteciparam à votação no STF e aprovaram, no dia 30 de maio, o texto-base do Projeto de Lei (PL) nº 490/2007, que trata do marco temporal. Foram 283 votos a favor e 155 contra.

De acordo com esse texto, a demarcação de terras indígenas valerá somente para as áreas que eram ocupadas por povos tradicionais até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. O projeto já está no Senado desde o dia 1º e tramita como PL nº 2.903/2023.

A senadora por Mato Grosso do Sul Tereza Cristina (PP) já fez manifestação sobre o tema. Ela defendeu o debate e a votação definitiva. “Vai trazer segurança jurídica para os dois lados e vai trazer paz para o campo”, afirmou à Agência Senado.

SAIBA

Matéria publicada no Correio do Estado no dia 1º de junho mostrou que, em MS, segundo dados da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), existem 33 terras confirmadas em posse dos indígenas (4 homologadas e 29 regularizadas, isto é, quando chega ao fim o processo de demarcação).

Desse total, 26 terras poderiam sair da posse dos povos nativos para voltar aos fazendeiros, caso o marco temporal seja aprovado.

PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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