Cidades

PAIXÃO DE CRISTO

Mais do que encenação, a reflexão

Mais do que encenação, a reflexão

THIAGO ANDRADE

22/04/2011 - 00h02
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Um dos ritos mais tradicionais da Igreja Católica, a encenação dos últimos dias de Jesus Cristo é prática comum entre as comunidades cristãs de Mato Grosso do Sul. Desde apresentações em escalas espetaculares como a realizada anualmente no município de Glória de Dourados, ao sul da Capital, que conta com média de 250 atores, até as encenações mais populares organizadas por paróquias de bairros como Cidade Morena ou Centenário.

Assim como outros elementos litúrgicos, foi na Idade Média que se começou a encenar a Paixão de Cristo. "Havia uma ligação muito forte com a representação nesse período. Isso se estendeu até a contemporaneidade. No Brasil, a colonização portuguesa trouxe a tradição que logo se popularizou", descreve o professor de Antropologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Antônio Hilário Urquiza. Segundo ele, as encenações que acontecem em tantas igrejas é fruto de uma tradição anterior, a Via Crúcis. "Os fiéis começaram a teatralizar o martírio de Cristo no caminho da cruz", explica.

Os evangelhos biblícos narram os últimos momentos de Jesus Cristo desde retorno a Jerusalem, a última ceia, a traição de Judas, até a prisão pelos romanos, o julgamento, a flagelação, a crucificação e, finalmente, a ressureição, como prova maior do amor de Deus pelos homens. O martírio se encerra na sexta-feira, com a morte do principal personagem cristão, e a Páscoa é tida como a ressurreição, na qual ele retorna da morte. Esta é tida como a principal data do calendário cristão. Para as igrejas, encenar este momento é uma maneira de celebrar e lembrar o que significa a crucificação.

Há 22 anos, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida das Moreninhas, no Bairro Cidade Morena, promove anualmente a encenação dos últimos momentos da vida de Jesus na tarde da Sexta-Feira Santa. Responsável pela direção do espetáculo desde sua criação, João Marculino da Silva, de 42 anos, nunca teve outra experiência teatral. "Todos os atores são da igreja, principalmente, do grupo de jovens. São poucos os que já fizeram teatro. Mas, com comprometimento, é possível fazer algo bonito para o público", considera. Em sua montagem, 32 atores contam a história baseada nos Evangelhos, em filmes e livros sobre a morte de Cristo.

Para atualizar a montagem, João procura relacionar a história ao tema da Campanha da Fraternidade, que neste ano é "Fraternidade e a vida no planeta". "Atualmente, existe uma grande preocupação ecológica. Não podemos deixar isso de fora do espetáculo", aponta o diretor. Os ensaios, que tiveram início ao final de 2010, incorporam estes elementos a medida que vão aparecendo. Ao final, a apresentação tem como principal objetivo fazer com que o público reflita sobre os atos de Jesus e sobre sua própria relação com a fé. "É um momento em que muitos católicos retornam à igreja. Temos o papel de evangelizá-los", descreve. Antes da encenação, os fiéis se concentram na Igreja São Pedro e São Paulo, localizada no Bairro Moreninhas III, às 15h, de sexta-feira. De lá, partem em direção a Igreja Matriz onde acontecerá a apresentação.

Em outra montagem que acontece na Capital, a Paixão de Cristo se transforma em musical. A Universidade Católica Dom Bosco, por meio da Pró-reitoria de Pastoral, apresenta na Praça do Papa, sexta-feira às 19h30min, a adaptação do espetáculo italiano "O ressuscitado – Além da dor e da cruz", criado por Daniele Ricci. A montagem contará com 50 pessoas, entre atores, cantores e bailarinos do Ballet Auxiliadora e Amor Maior, além do Grupo de Dança Jesus Bom Pastor, da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. A encenação cria uma ópera rock baseada nos últimos dias de Cristo e vem sendo produzida pela universidade há dois anos. Com uso de elementos multimídia, esta versão procura modernizar a Paixão de Cristo, permitindo que públicos mais jovens conheçam a história.

Na Praça

Hoje também haverá a encenação da Paixão de Cristo da Associação dos Amigos da Praça do Papa e Igrejas Católicas da Região. O evento será na Praça do Papa, das 19h às 23h.

Jerusalém em MS

Um pequeno município ao sul de Campo Grande promove nos dias 21 e 22, às 20h30min, uma das maiores encenações da Paixão de Cristo do Brasil. Em Glória de Dourados, com cerca de 250 atores, o ator e diretor Fábio Germano coordena a montagem que chega este ano a sua sétima edição. A produção que reúne profissionais da Capital e do interior tem média de público que varia entre nove e 10 mil pessoas. "É um espetáculo gigantesco. Começamos a preparação logo depois do Carnaval. A cidade inteira se mobiliza para criar algo majestoso", aponta. A entrada para ambos os dias de apresentação é gratuita.

Todos os atores que participam são voluntários e a maioria nunca teve nenhuma outra experiência teatral. "Mesmo assim, descobrimos grandes talentos aqui. Um deles é Fernando Pelhe, que interpretou Jesus em cinco edições. São verdadeiras revelações", considera Fábio. Segundo o diretor, a montagem de 2011 será feita em homenagem a um desses grandes talentos que apareceram graças ao espetáculo. A figurinista Auta Nobre, que faleceu no ano passado em decorrência de câncer de mama, foi uma das descobertas. "O primeiro trabalho em teatro foi aqui, mas parecia que ela nasceu para isso. Ela criava figurinos como ninguém, batia o olho e já imaginava como isso poderia ser levado para a cena", comenta Fábio.

Movimento estudantil

Após dois meses de denúncia e alunos comendo no sol, UFMS amplia bolsas de auxílio emergencial

A quantidade de aprovados para o recebimento do auxílio subiu de 160 para 354, um aumento de 194 bolsas oferecidas.

10/04/2025 14h31

Alunos convocam para manifestação nesta quinta-feira (10)

Alunos convocam para manifestação nesta quinta-feira (10) Divulgação

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A diretora da UFMS no câmpus Três Lagoas, juntamente com a diretoria de Assistência Estudantil, no câmpus Três Lagoas convocou uma reunião com os alunos ontem (9) para discutir os problemas denunciados, especificamente sobre o fechamento do Restaurante Universitário, falta de estrutura para alimentação dos estudantes e a falta de professores em vários cursos. 

Na reunião, foi comunicado que seriam disponibilizadas algumas salas específicas para que os alunos pudessem fazer suas refeições. A iniciativa da universidade veio após meses de pedidos, já que o RU encontra-se fechado desde o início das aulas a mando do Ministério Público por cassação da empresa responsável. Ainda não há uma data estipulada para nova licitação e reabertura do restaurante. 

Em primeira resposta aos alunos, em fevereiro, a UFMS abriu um edital com 160 vagas para auxílio emergencial no valor de R$300 para alimentação até a reabertura do restaurante, sendo que, no câmpus Três Lagoas estão matriculados quase 3 mil alunos e grande parte faz uso do restaurante. 

Após a reunião e em novo edital divulgado hoje (10), a quantidade de aprovados para o recebimento do auxílio subiu de 160 para 354, um aumento de 194 bolsas oferecidas.  

“Foram mais de dois meses de alunos comendo no chão, no sol quente e de movimentação dos estudantes para a universidade pensar em alternativas. A gente não pode ficar parado, estamos cansados de promessas vazias”, afirma o estudante Gabriel de Oliveira Dias. 

Segundo o movimento estudantil do câmpus, o ato marcado para acontecer hoje permanece, às 20h30 em frente ao RU e a convocação é para todos os alunos.

“Estamos enfrentando uma série de problemas que afetam diretamente nossa permanência e a qualidade da nossa formação. Por isso, vamos fazer barulho com as seguintes pautas: reabertura do espaço (RU); ampliação das vagas para auxílio alimentação; contratação urgente de professores; e alternativas mais eficazes para lidar com a falta do RU que afeta alunos, professores e técnicos”, diz a convocação e finaliza com o apelo “Nosso futuro não pode esperar!”. 

A diretoria do câmpus afirmou ainda que não tem investigação sobre a investigação da antiga empresa do restaurante, que segue em sigilo e que a estrutura do mesmo só será liberada após a conclusão das investigações. 
 

MEIO AMBIENTE

Por que as magafábricas de celulose estão à beira de grandes rios?

Unidade da Arauco vai cosumir praticamente o mesmo volume de água que é captado para abastecer Campo Grande

10/04/2025 14h27

No pico das obras da fábrica que está sendo erguida às margens do Rio Sucuriú, em Inocência, devem ser gerados 14 mil empregos

No pico das obras da fábrica que está sendo erguida às margens do Rio Sucuriú, em Inocência, devem ser gerados 14 mil empregos

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No lançamento oficial da pedra fundamental da fábrica de celulose da Arauco, em Inocência, nesta quarta-feira (9), o comando da empresa informou que seriam necessários 26 mil litros de água para a produção de cada tonelada de celulose no chamado Projeto Sucuriú. 

Isso equivale a um consumo médio diário de 250 milhões de litros de água, ou 91 bilhões de litros ao longo de um ano, já que a indústria prevê a produção de 3,5 milhões de toneladas anuais de celulose. 

O consumo da indústria praticamente equivale ao volume distribuído pela Águas Guariroba aos cerca de 900 mil de habitantes de Campo Grande, que é da ordem de 280 milhões de litros diários. Em dias de forte calor, a quantidade sobe para 310 milhões de litros captados por dia, segundo a assessoria da concessionária. 

E justamente por conta desta necessidade de água é que todas as indústrias se instalam às margens de algum rio caudaloso. As duas primeiras do setor a se instalarem no Estado, a Suzano (2009) e Eldorado (2012), estão às margens do Rio Paraná, ao sul e ao norte da área urbana de Três Lagoas, respectivamente. 

A terceira unidade, também da Suzano, entrou em operação em julho de 2024 e funciona às margens do Rio Pardo, um dos principais afluentes do Rio Paraná em Mato Grosso do Sul.

O projeto lançado nesta quarta-feira, inclusive com a presença do presidente em exercício, Geraldo Alckmin, está sendo erguido a 50 quilômetros da área urbana de Inocência, na margem esquerda do Rio Sucuriú, que desemboca no Rio Paraná próximo da cidade de Três Lagoas. 

Isso para evitar que este grande volume de água e de efluentes tenha de ser transportado por grandes distâncias. Segundo a empresa, 90% daquilo que é captado volta para o rio posteriormente.  

“Com diretrizes ambientais rigorosas para preservação dos recursos naturais, o Projeto Sucuriú tem como um de seus pilares a operação com eficiência hídrica: o consumo será de 26 m³ de água por tonelada de celulose produzida – um dos índices mais baixos do setor, com 100% do efluente tratado. O volume de água captado será majoritariamente devolvido ao Rio Sucuriú, com cerca de 90% do volume captado de volta pela operação.”

Em Ribas do Rio Pardo, a Suzano informa que capta á água rio abaixo do local em que despeja os efluentes. Isso, segundo a empresa, é uma forma de demonstrar que as partículas orgânicas e químicas resultantes do processo de produção são filtrados e captados antes do despejo dos efluentes no rio. Em Ribas do Rio Pardo são produzidos 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano. 

Uma quinta fábrica de celulose, que deve ser instalada em Bataguassu pela Bracell, também está sendo projetada para uma região com abundância de água. Ele deve ser instalada às margens do Rio Pardo, já na região onde ele desemboca no lago da hidrelétrica de Porto Primavera. 

PROJETO SUCURIÚ

Conforme a previsão da chilena Arauco, a fábrica está exigindo investimentos da ordem de 4,6 bilhões de dólares e a previsão é de que antes do final de 2027 entre em operação. 

A matéria prima para produzir as 3,5 milhões de toneladas virão de 400 mil hectares de florestas de eucaliptos, sendo que a metade disso já está em crescimento desde 2021. 

No pico das obras devem ser gerados 14  mil empregos e depois da conclusão, 6 mil pessoas terão trabalho na área industrial e nas bases florestais. 

A celulose, praticamente toda destinada à exportação, será despachada por uma ferrovia de 47 quilômetros que a própria Arauco promete instalar a partir da fábrica até a Ferronorte, que corta o município de Inocência mais ao norte. Dali, será levada ao porto de Santos. 

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