Cidades

Judicialização da saúde

Ministério Público apura omissão do poder público em "esquema" entre médicos e advogados

Denúncia de "jogo combinado" entre advogados e médicos em Mato Grosso do Sul está sob investigação

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Investigação instaurada oficialmente nesta terça-feira (25) pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) aponta a suposta existência de um esquema envolvendo médicos, advogados e uma série de órgãos públicos estaduais e da prefeitura de Campo Grande para superfaturar valores pagos por cirurgias ortopédicas. 

Publicação no diário oficial do MPE-MS informa a abertura de um inquérito civil para “apurar  suposta omissão/inércia/ausência de impugnação do Estado de Mato Grosso do Sul e do Município de Campo Grande/MS, em ações judiciais em que se postulam a realização de procedimentos cirúrgicos ortopédicos, em que médicos distintos, estão apresentando orçamentos com valores expressivos, concernentes ao ano de 2023”.

Ou seja, a suspeita é de que exista uma espécie de esquema em que advogados entram na Justiça com pedidos de indenizações exorbitantes para realização de cirurgias, conseguem decisões favoráveis e os responsáveis pela defesa jurídica das secretarias municipal e estadual de saúde fazem não impugnam os orçamentos e o dinheiro acaba sendo repassado aos autores dos pedidos.

SUSPEITAS ANTIGAS

Em meados do ano passado, a própria Procuradoria-Geral do Município de Campo Grande revelou em peça judicial a existência de um suposto esquema envolvendo médicos e advogados que forçam a judicialização da saúde para aumentar seus rendimentos.

A descrição veio a tona em defesa a uma ação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) que visa acabar com uma fila de espera de 7,7 mil consultas e cirurgias ortopédicas.

Uma procuradora do município afirma, na peça de defesa, que os custos desses procedimentos, solicitados via processos judiciais contribuem para o aumento das filas na saúde pública.

Em contestação à ação civil pública ajuizada pelo MPMS no fim de abril, ela destacou dois processos judiciais em que pessoas demandam procedimentos de quase R$ 600 mil e R$ 50 mil.

“Desde a judicialização da saúde, inúmeros profissionais médicos e empresas encontraram nas ações meios para obter melhores lucros”, afirmou a procuradora.

“Por uma questão lógica, tais profissionais não se interessam em realizar o procedimento no âmbito do SUS, cujo custeio de tais procedimentos é pífio. E por mais que os serviços estejam contratualizados, o Gestor Público não possui finanças suficientes para subsidiar valores equiparados com os que são praticados no âmbito privado”, complementou a procuradora jurídica. 

E, por conta dessa judicialização em massa, mensalmente são sequestrados em torno de R$ 2,8 milhões dos cofres da prefeitura de Campo Grande para ressarcimento a pacientes tratados em hospitais particulares.  Dos cofres estaduais foram sequestrados em torno de R$ 100 milhões em 2023 para atender decisões judiciais. 

E em meio a este cenário que alguns classificam como “farra da judicialização da saúde”, o Centro de Inteligência do Tribunal de Justiça emitiu até uma nota técnica no ano passado para auxiliar os magistrados na hora de tomarem decisões mais acertadas sobre os valores que devem ser sequestrados. 

Só em 2023, ano que agora está na mira do MPE, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul  distribuiu 10.887 procedimentos e realizou 10.153 julgamentos a respeito da saúde no Estado, tanto pública quanto suplementar. Somente a Defensoria Pública ajuizou, em Campo Grande, 1.980 ações individuais naquele ano.

Embora a nota técnica do TJ não diga explicitamente que existe muito exagero nos valores destes sequestros, ela não deixa dúvidas a respeito. 

Ao analisar 35 processos no Estado, alguns deles já concluídos e com o dinheiro sequestrado, o Centro de Inteligência viu que os pedidos dos advogados superaram os R$ 16 milhões em ressarcimentos, o que equivale a cerca de R$ 460 mil por pedido.

Este valor, cita a nota técnica, é superior aos R$ 15 milhões que a União repassou em 2023 ao Estado de Mato Grosso do Sul para encurtar a fila de cirurgias eletivas.

Em ação civil pública ajuizada pelo MPE em abril do ano passado apontou a demanda reprimida de 3.530 consultas iniciais para cirurgias ortopédicas de coluna, 1.667 para cirurgias de ombro, 1.350 para cirurgias de quadril e 1.207 para cirurgias de mão, totalizando 7.754 pacientes na fila.

EXAGEROS

No caso de uma cirurgia de coluna, por exemplo, o autor da ação pedia R$ 605 mil (com pós-operatório). Mas, se o juiz aplicasse o valor definido com base em uma decisão do Supremo Tribunal  Federal de 2021 (Tema 1033), o valor seria de apenas R$ 15.185,94.

Este valor definido pelo STF, porém, está longe de cobrir os custos do hospital. E diante desta diferença, os magistrados enfrentam um impasse praticamente insolúvel, pois precisam definir um valor razoável.

Neste caso específico citado na nota técnica, o juiz buscou um “meio termo”, exigindo um orçamento de um hospital. Com isso, o valor pelo procedimento ficou em R$ 109.281,82 (sem consulta pré-operatória e sem pós-operatório).

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PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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