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Missionário dos EUA é interrogado pela Funai após entrar ilegalmente em terra de índios isolados

Missionário dos EUA é interrogado pela Funai após entrar ilegalmente em terra de índios isolados

FOLHAPRESS

01/01/2019 - 20h00
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A Funai interrogou nesta segunda-feira (31) um missionário norte-americano após ele ter entrado ilegalmente na terra dos índios isolados da etnia hi-merimã, perto de Lábrea, no sul do Amazonas. O órgão indigenista acionará o Ministério Público Federal e a Polícia Federal para investigar o caso. 

Steve Campbell, financiado pela Greene Baptist Church, fez uma incursão no mês passado à Terra Indígena Hi-Merimã, habitada por cerca de cem indígenas isolados. Ele esteve em acampamentos abandonados que haviam sido recém-localizados pela Funai, na região do igarapé Canuaru.

Para conseguir chegar até o local, o missionário usou ao menos um dos índios da etnia jamamadi que haviam participado da expedição mais recente da Funai, em setembro. 

A visita coincide com sinalizações do governo Jair Bolsonaro (PSL) de que haverá mudanças na atual política de não contato com índios isolados. Em 7 de dezembro, a ministra de Mulheres, Família e Direitos Humanos, a pastora Damares Alves, disse que o objetivo será que eles se integrem à sociedade. 

Há três décadas, a Funai mantém a diretriz de não contato com os isolados. Foi uma revisão da estratégia adotada pela ditadura militar, quando vários povos indígenas perderam até dois terços de sua população ao contraírem doenças como sarampo, ao mesmo tempo em que foram forçados a se deslocar para dar lugar a estradas e projetos de colonização. 

"Caso se configure, na investigação, que existiu interesse de fazer contato, de se utilizar da relação dele com outros índios para se aproximar dos isolados, ele pode ser imputado por crime de genocídio ao expor deliberadamente a segurança e a vida dos hi-merimãs", afirma Bruno Pereira, coordenador geral de índios isolados e de recente contato da Funai.

"A memória imunológica deles não está preparada para uma simples gripe ou conjuntivite", explica Pereira. "Um outro ponto são contatos conduzidos por pessoas que não respeitam a autodeterminação desses povos e suas formas de vida. Historicamente, isso tem acarretado em interferências violentas  em suas relações vitais com o ambiente, com as relações familiares, com aquilo que acreditam."

De teologia conservadora, Campbell é bastante conhecido na região de Lábrea, cortada pelo rio Purus e habitada por cerca de 9.000 indígenas de oito etnias, entre os quais os hi-merimãs, o único povo isolado.

Ele convive com os jamamadis desde 1963, quando chegou à região ainda criança trazido pelos pais, também missionários cristãos. 

O norte-americano tem uma casa na aldeia São Francisco, a mais populosa, onde vive parte do ano com a mulher, Robin Campbell. As filhas do casal também são missionárias.

As três gerações estão fazendo a tradução da Bíblia para a língua jamamadi, segundo o site oficial da igreja, onde se lê que "somente confiando em Jesus Cristo como a oferta do perdão de Deus alguém pode ser salvo do pecado".

O mais de meio século de presença da família Campbell mudou a rotina dos jamamadis, etnia com cerca de 400 pessoas. Sem fiscalização, os missionários contam com um vôo regular entre a aldeia e Porto Velho, pelo qual, segundo relatos, costumam levar jamamadis para períodos longe da terra indígena, trazer norte-americanos para visitas e transportar mercadorias, além de fazer o deslocamento de pacientes indígenas acompanhados de funcionários da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). 

Por dominar a língua jamamadi, Steve tem grande influência na entrada de outros não indígenas ao território. A sua presença tem dificultado o ingresso de alguns funcionários da Sesai e de professores Secretaria Municipal de Educação. O missionário já teve até um comércio na aldeia, onde vendia produtos como sabão e arroz.

Recentemente, o missionário chegou a solicitar à Funai um Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (Rani) para que fosse considerado jamamadi, mas o pedido foi negado. À época, ele dizia ser "fofoca" o fato de de que é norte-americano.

O casal não tem autorização oficial da Funai para morar na terra indígena, mas, devido à relação antiga e próxima com os jamamadis, há um acordo informal de que a presença se limite à aldeia São Francisco, o que Steve não cumpriu.

"Não concordo com a forma como ele atua", diz Zé Bajaga, liderança indígena regional da etnia apurinã e funcionário da Funai. "Ele é independente, não fala com ninguém e usa as crenças dos jamamadis, do que eles têm medo, para perseguir as pessoas contrárias a ele."  

No depoimento à Funai, Steve alegou que fez a expedição a convite dos jamamadis e que o motivo foi ensiná-los a usar GPS. Ele disse que só passou pelo território dos hi-merimãs, vizinho à TI dos jamamadis, porque era o único caminho de chegar ao local de destino. O missionário se comprometeu a não voltar mais a essa região.

A reportagem entrou em contato com a Green Baptist Church, sediado no estado do Maine, nordeste dos EUA. O líder da igreja, o pastor Josh Burden, explicou que apoia o trabalho missionário da família, mas que os Campbell não pertencem à sua denominação.

A reportagem deixou o email e o telefone com Burden, que se comprometeu a repassá-los para a família Campbell, mas ninguém entrou em contato. Foi enviado um email a um irmão de Steve, também missionário, sem resposta.

isenções fiscais

Gigante da saúde consegue série de benesses fiscais em Campo Grande

Empresa ficará livre de IPTU e da Cosip por dois e dez anos, respectivamente. Além disso, terá redução de 60% no ISS e isenção de uma série de taxas

01/04/2025 14h14

Fachada do hospital que o plano de saúde promete construir em Campo Grande. Previsão de investimento é de R$ 100 milhões

Fachada do hospital que o plano de saúde promete construir em Campo Grande. Previsão de investimento é de R$ 100 milhões

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Um dos maiores planos de saúde do país, o grupo Hapvida, criado no Ceará, conseguiu uma série de benefícios fiscais em Campo Grande e promete fazer investimentos milionários na cidade, onde a Unimed domina há décadas o mercado da saúde privada. 

Conforme publicação do diário oficial da prefeitura de Campo Grande desta terça-feira (01), a empresa, em parceria com a Canadá Administradora de Imóveis, promete investir R$ 100 milhões e gerar 456 empregos diretos na prestação de serviços médico-hospitalares. Conforme a previsão, a meta é faturar R$ 55,2 milhões por ano. 

Atualmente, segundo a publicação do Diogrande, a empresa informa que não emprega ninguém na cidade, embora atue há cerca de cinco anos e tenha uma série de prestadores de serviços e alguns laboratórios próprios. 

Para atrair os investimentos da empresa, a administração municipal aprovou isenção de IPTU por dois anos e redução de 60% no ISSQN, que cairá de 5% para 2% sobre o valor dos serviços prestados durante seis anos. 

Além disso, foi aprovada a isenção da tarifa de iluminação pública durante dez anos e isenção de tributos incidentes sobre processos de alvará e licenciamento necessários ao planejamento, instalação e funcionamento, pelo período de 4 anos. 

Os benefícios foram aprovados por unanimidade pelos integrantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico (CODEDON) no encontro da última sexta-feira, 28 de março. 

Criada em 1991 e com capital social de quase R$ 10 bilhões, conforme dados divulgados no Diogrande, a Hapvida se autodenomina “a maior operadora de saúde do Brasil, com mais de 15,8 milhões de beneficiários de saúde e odontologia” e 37 mil colaboradores espalhados em praticamente todos os estados. 

A empresa está em Campo Grande há cerca de cinco anos e encampou os beneficiários do plano de saúde São Francisco, mas não tem hospital próprio. 

A reportagem do Correio do Estado procurou tanto a prefeitura de Campo Grande, que concedeu os benefícios fiscais, quanto a assessoria do plano de saúde, mas não obteve detalhes sobre os planos de investimento do grupo em Campo Grande. 

Porém, no site da empresa de arquitetura  Paula Fiorentini, de São Paulo, que é especializada na projeção de hospitais construídos em vários estados, é possível ver uma maquete de um hospital feito sob encomenda da Hapvida para Campo Grande. 

O Correio do Estado entrou em contato com o escritório, mas a informação foi de que a arquiteta responsável pelo projeto estava em outra ligação telefônica e que retornaria posteriormente, o que não aconteceu até a publicação da reportagem. 
 

SAÚDE

Casos de dengue e Chikungunya aumentam na área rural de MS

Um levantamento apontou que os casos de dengue estão presentes em 19 assentamentos, 17 aldeias e 130 fazendas e sítios

01/04/2025 14h00

O controle do Aedes aegypti depende da colaboração de toda a comunidade

O controle do Aedes aegypti depende da colaboração de toda a comunidade Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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De acordo com um levantamento realizado pela SES - (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul), MS registrou um aumento nos casos de dengue e Chikungunya nas áreas rurais do Estado.

Conforme a gerente de Doenças Endêmicas da SES, Jéssica Klener, a pesquisa teve como objetivo identificar os focos de transmissão, permitindo que as equipes de saúde municipais desenvolvam e implementem medidas de controle mais eficazes e direcionadas, adaptadas às características de cada localidade.

“A identificação precisa dos focos é um passo fundamental para garantir a implementação de ações rápidas e específicas, reduzindo os impactos dessas doenças na população”, explicou.

Cabe ressaltar que, o aumento da incidência de casos em áreas rurais preocupa, tendo em vista que, a extensão territorial dessas regiões é significativamente maior do que nas zonas urbanas, o que dificulta a implementação de medidas de controle eficazes e amplia os desafios no enfrentamento das doenças.

Segundo dados divulgados pelo Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), os casos de dengue estão presentes em 19 assentamentos, 17 aldeias e 130 fazendas e sítios.

Em algumas dessas localidades, a falta de definição precisa de endereços pode dificultar ainda mais a identificação dos focos de transmissão, o que reforça a necessidade de um trabalho de monitoramento mais detalhado e direcionado.

De acordo com o diagnóstico, os maiores números de casos confirmados de dengue na área rural foram registrados nos municípios de Miranda, com 53 casos, Aquidauana, com 19 casos, e Sete Quedas com 11 casos. Chapadão do Sul, Aparecida do Taboado, Paraíso das Águas, Ribas do Rio Pardo, Paranaíba e Brasilândia também estão na lista.

Em Miranda e Aquidauana, a maioria dos casos está concentrada em aldeias indígenas, o que exige um olhar atento para a situação dessas comunidades.

CHIKUNGUNYA

Em relação à Chikungunya, as cidades com maior número de casos confirmados na área rural são Maracaju, com 19 casos, Tacuru, com 8 casos, Dois Irmãos do Buriti, com 7 casos, Bonito com 6 casos e Pedro Gomes, com 5 casos.

No município de Maracaju, 22,6% dos casos notificados foram positivos para a doença. Foram confirmados ainda casos da doença na zona rural de Sonora, Paranaíba, Ponta Porã, Dourados, Vicentina, Amambai e Itaquiraí.

Além disso, foi registrado um óbito por Chikungunya, ocorrido na zona rural de Dois Irmãos do Buriti.

Em nota, a secretária-adjunta da SES, Crhistinne Maymone, enfatizou que é essencial que as equipes de saúde identifiquem os focos de transmissão para desenvolver e implementar estratégias de controle eficazes nessas áreas.

“O mapeamento possibilita uma abordagem mais precisa, permitindo que os recursos de saúde sejam alocados de forma mais eficiente e as intervenções se tornem mais eficazes”, afirmou.

Além disso, ela destacou que o controle do Aedes aegypti depende da colaboração de toda a comunidade, enfatizando a importância da conscientização e engajamento contínuos para prevenir novos surtos.

PREVENÇÃO

A SES orienta os municípios a intensificarem as campanhas de conscientização e a realização de mutirões para eliminação de focos do mosquito Aedes Aegypti, além de reforçar o atendimento nas unidades de saúde, principalmente nas áreas mais afetadas. A secretaria seguirá monitorando de perto a evolução dos casos, reforçando a parceria com as prefeituras para intensificar as ações de prevenção e controle, com o objetivo de minimizar os impactos das doenças e proteger a saúde da população.

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