Cidades

Racismo

Motociclista chama PMs de "macacos", "cheiradores de pó" e acaba preso

Mãe do rapaz acionou a polícia porque ele estava embriagado e fazendo manobras perigosas na rua, próximo a crianças que brincavam no local; irmã que tentou impedir a prisão também foi detida

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Na tarde do último domingo (8) um homem foi detido em Campo Grande por dirigir uma motocicleta embriagado, fazer manobras de risco próximo a crianças e por desacatar as autoridades policiais, com ameaças e falas racistas.

A Polícia Militar foi acionada pela mãe do indivíduo, que ligou 190 para informar que o homem estava visivelmente alcoolizado e agressivo, realizando manobras perigosas em via pública com uma motocicleta, o que causava incômodos à vizinhança e representava risco às crianças que brincavam na rua.

Ao chegar no local, os policiais identificaram o autor, que conduzia uma Honda Titan na cor vermelha sem capacete. Ao notar a abordagem, o homem acelerou e fugiu do local. Conforme consta no Boletim de Ocorrência, a PM não conseguiu acompanhar ele, já que havia um grande número de pessoas na rua.

Os vizinhos, porém, informaram onde o sujeito morava. A polícia foi até a residência, e pouco depois o homem foi visto saindo do local, já utilizando outra roupa, possivelmente com a intenção de despistar a polícia. Durante a abordagem, ele resistiu passivamente, desobedecendo às ordens e desferindo ofensas contra a equipe, utilizando expressões como "cheiradores de pó" e "filhas da puta".

Ainda segundo o registro policial, os agentes tentaram acalmar a situação, principalmente devido a presença de crianças e vizinhos, que observavam a ocorrência. No entanto, o autor continuou ofendendo os policiais com xingamentos raciais e injúrias, como "macacos" e "pretos filhos de macumbeira".

Foi dada voz de prisão ao autor, momento em que seus familiares se aproximaram da equipe policial para tentar impedir que ele fosse detido, tornando-se necessária a solicitação de apoio de outras viaturas devido à aglomeração, se fazendo presente a Força Tática da unidade.

O autor entrou em sua residência e trancou o portão, mas foi visto pulando para a casa de um vizinho, iniciando-se, então, o cerco policial. Após alguns minutos de buscas, localizaram o autor a aproximadamente 50 metros de sua residência.

Novamente, o homem investiu contra a equipe policial, sendo necessário o uso progressivo da força para contê-lo e algemá-lo.

Durante o momento da prisão, a irmã dele tentou impedir o trabalho da polícia, puxando o autor. Diversas ordens foram dadas para que ela se afastasse, mas ela insistiu em intervir, investindo contra a equipe policial. Foi dada voz de prisão à mulher, que foi contida de forma a resguardar sua integridade física.

O autor estava visivelmente com sinais de embriaguez, tais como odor etílico, olhos avermelhados, desorientação e torpor. Foi-lhe ofertado fazer o teste do bafômetro, que foi recusado. Sendo assim, foi feito o termo de capacidade psicomotora alterada.

A motocicleta do autor foi retirada do local por terceiros durante a ocorrência, sendo assim, ela não pôde ser apreendida pela polícia. O autor e a irmã foram presos.

Ainda conforme o B.O., mesmo na delegacia, o homem continuou fazendo ofensas à equipe policial, e chegou a ameaçar os agentes e suas famílias, dizendo que iria "procurar a família e matar filhos" dos integrantes da guarnição, assim como se encontrasse a viatura na rua, iria partir para morte, desferir tiros na equipe PM. 

A ocorrência foi registrada como resistência, desobediência, desacato, injúria racial, dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão para dirigir ou habilitação e dirigir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa.

Injúria racial

Em 2023, foi sancionada a Lei 14.532/23, que aumentava para reclusão de 2 a 5 anos a pena para a injúria relacionada a raça, cor, etnia ou procedência nacional. A pena pode ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas. Antes, a pena era de 1 a 3 anos.

O texto ainda equiparou a injúria racial ao crime de racismo, o que tornou o crime imprescritível e inafiançável.

A injúria racial é a ofensa a alguém, um indivíduo, em razão da raça, cor, etnia ou origem. E o racismo é quando uma discriminação atinge toda uma coletividade ao, por exemplo, impedir que uma pessoa negra assuma uma função, emprego ou entre em um estabelecimento por causa da cor da pele.

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Greve

Sem ônibus, idosos enfrentam dificuldade com carros de aplicativo

Ao procurar atendimento médico no Centro Especializado Municipal, em Campo Grande, idosos enfrentam alto custo e confusão na hora de solicitar o serviço por aplicativo

16/12/2025 17h15

Crédito: Pagu / Correio do Estado

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Com a greve dos motoristas de ônibus, idosos que tinham consultas marcadas enfrentaram dificuldades para chamar veículos por aplicativo na tarde desta terça-feira (16), na saída do Centro Especializado Municipal, em Campo Grande.

Na ausência de pessoas para ajudar, a reportagem foi abordada pelo auxiliar de pedreiro Davi Soares, de 60 anos, que tentava voltar para casa, mas não conseguia auxílio.

O idoso relatou que iria de ônibus, mas, devido à greve do transporte público, teve de recorrer ao serviço por aplicativo. Ele compareceu ao Cem para uma consulta com o dentista, pois está em processo de confecção de uma prótese dentária.

Morador do Jardim Noroeste, Davi passou pela consulta, e o retorno está previsto para fevereiro de 2026. No entanto, ele enfrentava dificuldades para entender o funcionamento do aplicativo.

“Eu tô com dificuldade para chamar um carro e voltar para casa, né?”, disse.

Davi Soares, tentando entender o aplicativo / Crédito: Pagu / Correio do Estado

Além da mudança na forma de transporte, como noticiou o Correio do Estado, a greve dos ônibus aumentou em 140% as viagens por veículos de aplicativo.

Com isso, idosos que não podem perder consultas estão desembolsando valores mais altos. É o caso da artesã Shirley Aparecida Dias, de 64 anos, que levou a mãe para uma consulta.

“A corrida [quando o ônibus não está em greve] fica, em média, uns R$ 17 ou R$ 18, e hoje deu R$ 24”, informou Shirley, em uma situação em que a mãe dela aguardou um ano e meio para passar pela consulta com um médico entomologista.

Greve

Com o transporte parado pelo segundo dia consecutivo e a paralisação sem previsão de término, esta é a maior greve que a Capital enfrenta nos últimos 31 anos.

Hoje, mais uma vez, os terminais Morenão, Julio de Castilho, Bandeirantes, Nova Bahia, Moreninhas, Aero Rancho, Guaicurus, General Osório e Hércules Maymone amanheceram fechados sem nenhuma "alma viva".

Em contrapartida, as garagens amanheceram lotadas de ônibus estacionados. A greve foi alertada antecipadamente, estava prevista e não pegou passageiros de surpresa.

Por conta da chuva, ficou mais difícil recorrer a alternativas nesta terça-feira (16), sendo impossível chegar de bicicleta ao trabalho e complicado pagar o preço sugerido pelos transportes por aplicativo.

A greve ocorre por falta de pagamento. Com isso, os motoristas reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou: Naiara Camargo

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Cidades

Em meio à crise do transporte, comércio antecipa folga de funcionários

Na falta de clientes nas lojas da região central, empresas liberam colaboradores enquanto aguardam a resolução da greve de ônibus

16/12/2025 16h45

Crédito: Pagu / Correio do Estado

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O comércio da região central, que esperava aumentar o volume de vendas a oito dias do Natal, está tendo de antecipar a folga dos funcionários devido ao esvaziamento da região em decorrência da greve dos motoristas de ônibus em Campo Grande.

A reportagem percorreu o entorno da Praça Ary Coelho, onde os pontos de ônibus estão servindo de local de espera para trabalhadores ou consumidores que se aventuraram e aguardavam um veículo por aplicativo.

Na Rua 14 de Julho, vendedores de lojas se ocupam organizando o estoque, formando filas à espera de um ou outro cliente, mas o cenário de incerteza marca a época do ano em que os lojistas esperam faturar mais.

Alguns estabelecimentos estão optando por antecipar a folga dos funcionários, já que, com a ausência da população que acessa o centro por meio do transporte coletivo, o movimento praticamente desapareceu.

É o caso de uma loja de calçados Anita, cuja gerente da unidade, Rayssa Dias dos Santos, relatou à reportagem que, na segunda-feira (15), quando a greve teve início, a loja ainda manteve um movimento tímido.

“Hoje a gente antecipou algumas folgas, primeiro porque o movimento fica mais calmo e, segundo, por ser menos um gasto para ter que trazer o funcionário de Uber.”

Nem a caravana de Natal da Coca-Cola deixa o setor confiante, uma vez que grande parte da população que costuma ir ao local, inclusive para aproveitar as atrações da Praça Ary Coelho, depende do transporte coletivo.

“Hoje vai ter a passeata da Coca-Cola, e eu acredito que muita gente precisa do ônibus para vir até o centro. Então, acredito que a paralisação do transporte público dá uma desequilibrada”, explicou Rayssa, e completou:

“A gente fica preocupada porque, querendo ou não, muita gente depende desse meio de transporte.”

Do outro lado da rua, na loja do Boticário, a gerente Suelen Benites Vieira, de 31 anos, explicou que a alternativa para enfrentar a falta de clientes tem sido a entrega em domicílio, serviço oferecido pela rede.

Entretanto, a greve dos motoristas de ônibus diminuiu de forma significativa o número de clientes no estabelecimento.

14 de Julho vazia, em horário que costuma ter fluxo de pessoas / Crédito: Pagu / Correio do Estado

“Realmente, seria o dobro, porque esta semana e a próxima são decisivas. Estamos vendendo muito para quem possui veículo, porque os que dependem de ônibus não estão vindo”, disse Suelen.

Na loja de vestuário, o gerente da Damyller, Cesar de Araújo, de 23 anos, recebeu a reportagem em um espaço que normalmente teria fluxo intenso de clientes, mas que, devido à chuva e ao custo do transporte por aplicativo, acabou tendo o cenário alterado.

“A greve de ônibus está impactando bastante não só a gente, mas também os outros comerciantes. Por exemplo, fui pegar uma marmita e ouvi reclamações. Isso está afetando tanto a rotina dos funcionários quanto o movimento do centro, e a gente percebe claramente essa diferença no fluxo”, pontuou Cesar.

Além disso, os funcionários só não estão sendo mais afetados e conseguem ir trabalhar porque as empresas se comprometeram a custear o transporte por aplicativo.

“A empresa está dando todo o suporte. Os funcionários pedem Uber e a gente ressarce o valor”, explicou Cleber, iniciativa que outros estabelecimentos também tiveram de adotar para não perder o efetivo.

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