Cidades

MATO GROSSO DO SUL

MP quer mais de 200 anos de prisão para prefeito de Terenos acusado de corrupção

Além de Henrique Budke (PSDB), empresários e um policial do Choque estão entre os 25 acusados de integrar o esquema criminoso

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O prefeito de Terenos – cidade distante 20 quilômetros de Campo Grande –, Henrique Budke (PSDB), foi enquadrado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) em quatro crimes: corrupção passiva, organização criminosa, fraude em licitação e lavagem de dinheiro. Ele está sujeito a uma pena que pode chegar a 260 anos de prisão.

Henrique Budke integra um esquema de corrupção generalizado na cidade próxima a Campo Grande. Ele foi enquadrado em corrupção, por pelo menos 10 atos diferentes, o mesmo para corrupção passiva (10 vezes) e para lavagem de dinheiro (pelo menos quatro vezes), além de organização criminosa, o que explica a possível pena elevada, uma vez que os crimes foram denunciados no chamado concurso material, em que as penas previstas para os crimes praticados são somadas.

Além do prefeito de Terenos, que está preso desde o mês passado, quando a Operação Spotless foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), outras 25 pessoas foram enquadradas em vários crimes, como corrupção ativa e passiva, organização criminosa, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.

Pelo fato de o prefeito de Terenos ter foro especial, a denúncia foi assinada pelo procurador-geral de Justiça Romão Ávila Milhan Júnior. O documento, de mais de 600 páginas, descreve em detalhes o suposto esquema criminoso, mostra fotos de envolvidos na prefeitura da cidade negociando propina e apresenta dezenas de prints de conversas de WhatsApp entre os acusados.

Os envolvidos

O valor total dos contratos sob análise, concedidos a empresas ligadas à organização, ultrapassava R$ 14,5 milhões no fim de 2024 e início deste ano, com um total atualizado superior a 
R$ 16,5 milhões, após dois novos aditivos em maio de 2025.

O prefeito teria usado sua posição para garantir ganhos financeiros ilícitos, com provas que mostram o envolvimento direto na orquestração de licitações fraudulentas e no recebimento de propinas.
Por exemplo, na Tomada de Preços nº 002/2021, para a reforma da Escola Rosa Idalina Braga Barboza, o prefeito recebeu R$ 60 mil em propina.

Entre os 25 denunciados estão: Arnaldo Godoy Cardoso Glagau, Arnaldo Santiago, Cleberson José Chavoni Silva, Daniel Matias Queiroz, Edneia Rodrigues Vicente, Eduardo Schoier, Fábio André Hoffmeister Ramires, Felipe Braga Martins, Fernando Seiji Alves Kurose, Genilton da Silva Moreira, Hander Luiz Correa Grote Chaves, Isaac Cardoso Bisneto, Leandro Cícero Almeida de Brito, Luziano dos Santos Neto, Maicon Bezerra Nonato, Marcos do Nascimento Galitzki, Nádia Mendonça Lopes, Orlei Figueiredo Lopes, Rinaldo Cordoba de Oliveira, Rogério Luís Ribeiro, Sandro José Bortoloto, Sansão Inácio Rezende, Stenia Sousa da Silva, Tiago Lopes de Oliveira e Valdecir Batista Alves.

Policial do Choque

Fábio André Hoffmeister Ramires, policial militar que integrou o Batalhão de Choque, em Campo Grande, está implicado na organização criminosa. Ele é acusado de participar da fraude na Carta Convite nº 001/2022, para a reforma da Escola Isabel de Campos Widal Rodrigues, usando a empresa de sua esposa, a Tercam Construções Ltda. Fábio é acusado de integrar uma organização criminosa (uma vez) e de frustrar o caráter competitivo das licitações (uma vez).

“Balcão de negócios”

A investigação revelou que o grupo montou um “revezamento entre empresas” para vencer licitações de obras públicas em Terenos, como reformas de unidades de saúde, escolas, calçadas e pavimentação asfáltica.

Das 17 tomadas de preço realizadas entre 2021 e 2023, 16 foram vencidas por empresas ligadas à organização criminosa, segundo a denúncia do MPMS. O número equivale a 94% das contratações.

Em muitos casos, apenas empresas do grupo participaram, simulando concorrência ou disputando apenas entre si.

O processo fraudulento seguia um roteiro: antes da publicação do edital, já havia definição de quem venceria. Depois, os empresários trocavam abertamente documentos e propostas, ajustando os valores de modo a aparentar competição. O contrato era adjudicado e, em seguida, parte do pagamento retornava como propina ao prefeito Henrique Wancura Budke.

A investigação do Gaeco indica que o gestor, filiado ao PSDB, teria transformado a administração municipal em um “balcão de negócios”.

As apurações apontam que Budke foi o maior beneficiário das propinas pagas e, em sua casa, foram apreendidos R$ 11,3 mil em espécie. O esquema, ativo ao menos desde 2021, consistia na manipulação de processos licitatórios e no direcionamento de contratos a empresas ligadas ao grupo criminoso.

Enriquecimento

O enriquecimento ilícito do prefeito é destacado por um aumento significativo em seus bens declarados. Seu patrimônio, declarado à Justiça Eleitoral, subiu de 
R$ 776.210,57 em 2020 para R$ 2.468.418,61 em 2024, um aumento de 318%.

Quando foi preso, prefeito tinha mais de R$ 11 mil em espécie/Reprodução

Uma análise mais aprofundada sugere que sua riqueza real é consideravelmente maior, com propriedades como a Fazenda Ipê Amarelo e a Chácara Curé sendo subvalorizadas em seus registros e declarações, e sua participação na Resilix Ltda, mostrando um aumento inexplicável de 74.490% em seu valor em menos de um ano.

De acordo com os relatórios do Gaeco, apenas em 2023, Budke embolsou R$ 235 mil em propinas. Somando com valores comprovados em outros anos, o MPMS já identificou repasses diretos de pelo menos R$ 255 mil só em uma das tomadas de preço.

Somados, os valores comprovados ultrapassam R$ 500 mil em propinas recebidas pelo prefeito ao longo da investigação, sem contar outros episódios sob apuração.

A denúncia busca a condenação de todos os réus, o perdimento dos ganhos ilícitos e R$ 10 milhões em danos morais coletivos (na peça, há um provável erro de digitação, em que o número mostrado equivale a R$ 10 mil).

Também pede a inabilitação de Henrique Wancura Budke, Eduardo Schoier, Orlei Figueiredo Lopes e Valdecir Batista Alves para o exercício de cargos públicos.

 

Denunciados pelo esquema de corrupção em Terenos: 

  • Henrique Wancura Budke – prefeito de Terenos, apontado como chefe da organização criminosa.
  • Arnaldo Godoy Cardoso Glagau – empresário.
  • Arnaldo Santiago – empresário.
  • Cleberson José Chavoni Silva – empresário.
  • Daniel Matias Queiroz – empresário.
  • Edneia Rodrigues Vicente – empresária.
  • Eduardo Schoier – empresário.
  • Fábio André Hoffmeister Ramires – policial militar.
  • Felipe Braga Martins – empresário.
  • Fernando Seiji Alves Kurose – empresário.
  • Genilton da Silva Moreira – empresário.
  • Hander Luiz Correa Grote Chaves – empresário.
  • Isaac Cardoso Bisneto – empresário e secretário de Obras.
  • Leandro Cícero Almeida de Brito – engenheiro.
  • Luziano dos Santos Neto – empresário.
  • Maicon Bezerra Nonato – funcionário público.
  • Marcos do Nascimento Galitzki – empresário.
  • Nádia Mendonça Lopes – empresária.
  • Orlei Figueiredo Lopes – comerciante.
  • Rinaldo Cordoba de Oliveira – empresário.
  • Rogério Luís Ribeiro – empresário.
  • Sandro José Bortoloto – empresário.
  • Sansão Inácio Rezende – empresário.
  • Stenia Sousa da Silva – empresária.
  • Tiago Lopes de Oliveira – empresário (foragido).
  • Valdecir Batista Alves – servidor público e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico.
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Cidades

TCE suspende licitação para reforma de ponte sobre o rio Paraguai

Inconsistências e riscos de gastos excessivos na licitação levaram o Tribunal de Contas do Estado a suspender o certame

13/12/2025 13h30

Imagem divulgação

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Menos de um mês depois de assumir como conselheiro do Tribunal de Contas, o ex-integrante do governo do Estado, Sérgio de Paula, suspendeu a licitação de R$ 11,7 milhões para obras na ponte da BR-262, sobre o Rio Paraguai.

A decisão foi publicada nesta sexta-feira (12), em edição extra do Diário Oficial do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.

No dia 26 de novembro, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) lançou a licitação prevendo investimento de até R$ 11.728.608,10 para a execução de obras de recuperação estrutural.

Os envelopes com as propostas feitas pelas empreiteiras seriam abertos na segunda-feira (15). No entanto, foi determinada a suspensão do certame após a equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) identificar “inconsistências e lacunas” em informações como:

  • Caderno de desenhos;
  • Relatório de critérios e especificações técnicas;
  • Verificação estrutural;
  • Projeto de recuperação estrutural;
  • Projeto de sinalização temporária;
  • Plano de execução.

A justificativa para suspender o processo licitatório da reforma da ponte foram inconsistências no Projeto Básico, que podem gerar gastos acima do necessário. Para isso, foi apontada a necessidade de atualização dos dados técnicos.

“Tais inconsistências podem acarretar riscos de sobrepreço, aditivos contratuais futuros e execução inadequada da obra, comprometendo a economicidade e a eficiência, em desacordo com a Lei nº 14.133/2021. Embora o projeto tenha avançado em sua conformidade com a nova Lei de Licitações, as lacunas técnicas e a necessidade de atualização são significativas. Para uma decisão embasada e para mitigar risos futuros, é crucial que as informações complementares e as atualizações necessárias sejam providenciadas e analisadas”, consta no ato.

Diante dos indícios de irregularidades no Estudo Técnico Preliminar (ETP) e no Projeto Básico, o relator, conselheiro Sérgio de Paula, determinou a aplicação de medida cautelar para suspender o processo licitatório até a regularização dos pontos apontados.

Previsão

Com previsão de início das obras somente no segundo trimestre de 2026, o valor estimado, como adiantou o Correio do Estado, indica que a reforma da ponte pode custar o dobro do apontado pelo ex-secretário de Obras, Hélio Peluffo.

Em 2023, ele previu gastos em torno de R$ 6 milhões na recuperação da estrutura da ponte, que tem sofrido diversas intervenções e situações que resultaram em tráfego em meia pista.

Essa situação ocorreu em 2023, quando a interdição durou mais de um ano, até que os reparos emergenciais fossem concluídos na pista de rolamento.

Além disso, há situação emergencial nos “amortecedores” instalados entre as pilastras e a parte superior da ponte (pista), que apresentam desgaste por falta de manutenção. Essa obra deverá ser bancada, agora, com recursos públicos.

Pedagiada "até ontem"
 

Investimento público em uma ponte seria algo normal não fosse a cobrança de pedágio, feita até setembro de 2022. Pequena fatia da receita era repassada ao Estado e a única obrigação da empresa era fazer a manutenção da estrutura, que tem dois quilômetros e foi inaugurada em 2001.

Porém, em 15 de maio de 2023 a empresa Porto Morrinho encerrou o contrato e devolveu a ponte Poeta Manoel de Barros sem condições plenas de uso, embora tivesse faturamento milionário.

Em 2022,  com tarifa de R$ 14,10 para carro de passeio ou eixo de veículo de carga, a cobrança rendeu R$ 2,6 milhões por mês, ou R$ 21 milhões nos oito primeiros meses daquele ano.

No ano anterior, o faturamento médio mensal ficou em R$ 2,3 milhões. Conforme os dados oficiais, 622 mil veículos pagaram pedágio naquele ano. Grande parte deste fluxo é de caminhões transportando minério. A maior parte destes veículos têm nove eixos e por isso deixavam R$ 126,9 na ida e o mesmo valor na volta.

Esse contrato durou longos 14 anos, com início em dezembro de 2008, e rendeu em torno de R$ 430 milhões, levando em consideração o faturamento do último ano de concessão. 

Em março de 2017, a Porto Morrinho conseguiu um abatimento de 61% no valor da outorga. Na assinatura, em 22 de dezembro de 2008, o acordo previa repasse de 35%  do faturamento bruto obtido com a arrecadação tarifária estabelecida em sua proposta comercial. A partir de março de 2017, porém, este valor caiu para 13,7%. 

Se tivesse de repassar 35% dos R$ 2,6 milhões arrecadados por mês em 2022, a Porto Morrinho teria de pagar R$ 910 mil por mês ao Estado. Com a repactuação do contrato, porém, este valor caiu para a casa dos R$ 355 mil. Em ambos os casos os valores teriam alguma variação porque ainda seria necessário descontar impostos.

Ou seja, a repactuação garantiu R$ 555 mil mensais a mais aos cobres da concessionária, que mesmo assim não cumpriu com sua única obrigação, que era manter a ponte em condições de uso. 

E, mesmo depois de parar de cobrar pedágio, ela continuou cuidando da ponte, entre setembro de 2022 até maio de 2023.  Neste período, recebeu indenização milionária, de pouco mais de R$ 6 milhões. 

O pedágio acabou por causa do fim do acordo do governo estadual, que construiu a ponte, com o DNIT, já que a rodovia é federal. Porém, o governo federal só aceita receber a ponte depois que estiver em boas condições de uso. 

** Colaborou Neri Kaspary

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baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

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