No mesmo dia em que informou que estava em andamento Procedimento Preparatório, o Ministério Público Estadual (MPE) firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com Estevão Petrallas e, agora, a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) está livre para receber repasses públicos.
Assim como reportado pelo Correio do Estado no último sábado (19), o recém-eleito chefão do futebol sul-mato-grossense foi condenado a devolver R$ 117,7 mil aos cofres estaduais, após investigação concluir que houve prestação de contas fajuta em 2016, quando ele assumiu interinamente a entidade .
Porém, Petrallas não efetuou o pagamento da dívida e por conta disso seu nome foi parar em uma espécie de lista suja. Com isso, a FFMS ficou impedida de receber repasses públicos, entre eles um com a Sanesul de R$ 200 mil para ajudar nas despesas do Operário na Série D do Campeonato Brasileiro, firmado em maio deste ano.
A fim de acelerar o recebimento do valor da dívida, o MPE instaurou Procedimento Preparatório e, nesta segunda-feira (21), foi anunciado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as partes.
Nele, Estevão Petrallas promete pagar o valor atualizado da pendência, que é R$ 128.477,24, sendo uma parcela inicial de R$ 12.847,72 e os outros R$ 115.629,52 divididos em 47 parcelas mensais e sucessivas, que devem ser pagas até o dia 10 de cada mês. Ainda, com a assinatura deste termo, a federação está apta a voltar a receber repasses públicos.
Caso haja o descumprimento desses requisitos impostos pela 49ª Promotoria de Justiça ou inadimplência, será aplicado uma multa de R$ 15 mil ao presidente da FFMS, além da possibilidade de rescisão do TAC.
Lembrando que, segundo reportagem da Revista Piauí feita em abril, os presidentes de todas as federações estaduais tiveram seus salários mensais aumentados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para R$ 215 mil. Dito isso, Petrallas não teria motivo para ficar inadimplente com a Justiça, já que a dívida corresponde a 67% de seu vencimento mensal.
No dia 8 de abril, ele foi eleito de forma definitiva para o cargo mais alto do futebol sul-mato-grossense, após vencer André Baird - 2º colocado - com 48 votos e amplo apoio dos clubes amadores, que foram decisivos no pleito. A previsão é de que fique no cargo até 2027.
De onde veio a pendência?
A dívida é relativa a um repasse da Fundesporte de R$ 51,6 mil no começo de R$ 2016 para que o Operário participasse do Estadual de Futebol. O convênio foi assinado pela Liga de Futebol Profissional de Mato Grosso do Sul, presidida por Petrallas. Ele também já foi presidente do Operário.
Porém, quando ele foi prestar contas dos gastos, seus documentos não foram aceitos por conta de uma série de fraudes explícitas, conforme entenderam os técnicos à época.. Uma delas, segundo o Ministério Público, é que ele apresentou uma série de orçamentos suspeitos relativas a despesas com alimentos, hospedagem e confecção de uniformes.
Ocorre que em todos os orçamentos apresentados como se fossem de empresas ou fornecedores diferentes, estava escrito erroneamente a palavra MAÇO, sendo que o correto seria maRço. Esta coincidência indicou que os orçamentos eram forjados e por conta disso, recusados.
Mas, o mais grave, segundo o MP, é que ele gastou R$ 27,13 mil em diferentes tipos de carne. Comprou, conforme as notas apresentadas por Petrallas, 1,050 quilos. A quantidade, segundo ele alegou, teria sido consumida por 30 pessoas durante 23 dias. Isso equivale a 1,52 quilo por pessoa a cada dia. Isso, segundo o MP, é praticamente impossível. Seria com o se uma família com cinco pessoas consumisse 7,5 quilos de carne por dia.
*Colaborou Neri Kaspary


