Cidades

RELATÓRIO

MS lidera ranking de indígenas presos e terá de adaptar presídios

Estado tem a maior população carcerária indígena do País, superando o Amazonas, e deverá seguir novas diretrizes que garantem intérpretes e alimentação tradicional

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Mato Grosso do Sul é o estado brasileiro com o maior número de indígenas sob custódia do sistema penal, segundo dados revelados pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

A secretaria emitiu nota técnica revelando os dados, que integra o novo Plano Pena Justa e que estabelece uma série de mudanças obrigatórias para garantir os direitos da população indígena, pressionando a administração penitenciária sul-mato-grossense a adaptar suas rotinas de segurança e acolhimento.

“Ao relacionar as 10 unidades federativas com o maior número de pessoas indígenas custodiadas no Brasil, nota-se que há diferença se comparados com os estados que têm a maior quantidade de população indígena no País”, revela o documento.

De acordo com o levantamento federal, Mato Grosso do Sul tem 510 indígenas presos, no primeiro semestre de 2025.

O número coloca o Estado na liderança do ranking nacional, muito à frente de Roraima (2º lugar, com 304 detentos) e Rio Grande do Sul (3º lugar, com 234 detentos).

O dado chama atenção pela desproporcionalidade quando comparado à população total. Embora o Amazonas tenha a maior população indígena do País (quase 491 mil pessoas), ele ocupa apenas a 6ª posição no ranking carcerário, com 126 presos indígenas.

Já Mato Grosso do Sul, que tem a 3ª maior população indígena (cerca de 116 mil), encarcera quatro vezes mais indígenas que o estado do Norte.

A nota técnica da Senappen impõe “desafios logísticos e culturais” para a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).

O governo federal determinou que a identidade cultural dos detentos não pode ser apagada pela máquina prisional.

O levantamento do Ministério da Justiça alerta ainda para um problema crônico que mostra que os números de MS podem ser ainda maiores: a classificação errônea de indígenas como pardos no momento da prisão.

A Senappen critica a prática de definir a raça/cor pela percepção do policial ou do agente penitenciário. A nova regra exige a pergunta direta: “Você se considera indígena?” Se a resposta for sim, deve-se perguntar o povo e a aldeia de origem, acionando imediatamente a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) da região.

Saúde e rituais

A nota técnica cita especificamente a estrutura de saúde de Mato Grosso do Sul como um ponto de atenção e potencial.

O documento destaca que a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) no Estado conta com profissionais capacitados, mas exige que o atendimento médico dentro dos presídios seja intercultural.

Isso inclui permitir a entrada de pajés e rezadores para assistência religiosa e espiritual, equiparando-a à assistência dada a padres e pastores.

As determinações da nota visam, de acordo com o Ministério da Justica, que o sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul cumpra o Plano Pena Justa, visando retirar o Brasil do que o STF classificou como estado de coisas inconstitucional (ECI) nas prisões.

>> Mudanças nos presídios

Proibição do Corte de Cabelo > A administração não pode mais invocar higiene para cortar o cabelo de indígenas compulsoriamente. O corte é considerado uma violação da personalidade e identidade cultural.

Intérpretes Obrigatórios > Se o preso tiver dificuldade com o português, o Estado deve garantir um intérprete da sua etnia para todos os atos processuais e administrativos.

Alimentação Tradicional > Os presídios deverão permitir a entrada de alimentos tradicionais levados por familiares ou adequar o cardápio, respeitando hábitos alimentares da etnia.
 
Respeito aos Nomes >
O registro de entrada deve respeitar a autodeclaração, incluindo o nome indígena e a etnia, e não apenas o nome de registro civil aportuguesado.

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É DE MS!

Cidade de MS é nomeada como a melhor do Brasil para se viver

Entre os estados, MS ocupa a 6ª posição entre os melhores do Brasil

31/12/2025 11h00

Jateí é o 2º município com menos habitantes de MS e com maior nota do Brasil

Jateí é o 2º município com menos habitantes de MS e com maior nota do Brasil Divulgação

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O pequeno município de Jateí, com uma população estimada de 3.596 habitantes foi considerada a melhor cidade do Brasil para se viver, segundo uma pesquisa realizada pelo veículo Gazeta do Povo. 

O município é o segundo menos populoso de Mato Grosso do Sul, ficando atrás apenas de Figueirão, que tem 3.539 moradores de acordo com o último censo. 

De acordo com o jornal paranaense, o ranking foi elaborado com base em 27 indicadores, como segurança, economia, boas escolas, população, arborização e cultura, aplicados a todos os 5.570 municípios do País. 

Este foi o segundo ano em que a pesquisa foi realizada e a versão de 2025 utilizou seis indicadores a mais que a do ano passado, mostrando uma complexidade maior de avaliação dos dados coletados. 

Na categoria “melhores cidades para morar”, todas as 10 cidades que estão no topo do ranking são do interior e têm uma população menor, sendo apenas uma com mais de 10 mil habitantes. 

Para o jornal, o tamanho reduzido da população geralmente vem acompanhado de baixos índices de violência, o que resulta em boas notas. 

“Nenhuma das dez melhores cidades registrou homicídios ou suicídios nos bancos de dados consultados, apenas uma tem moradores de rua. Além disso, essas cidades têm em comum boas notas nos índices de educação, infraestrutura e saúde fiscal das gestões municipais. No entanto, todas apresentam opções modestas de lazer. Nenhuma delas possui sala de cinema, por exemplo”, ressaltou o Gazeta. 

Confira abaixo as líderes do ranking e suas notas: 

  1. Jateí (MS) - 8,72
  2. Montauri (RS) - 8,53
  3. Paraí (RS) - 8,45
  4. Nova Bréscia (RS) - 8,24 
  5. Coqueiro Baixo (RS) - 8,24
  6. São Bento do Sapucaí (SP) - 8,21
  7. Cruzália (SP) - 8,21
  8. Santa Salete (SP)  - 8,19
  9. Barra Funda (RS)  - 8,18
  10. Guabiju (RS) - 8,18

A líder sul-mato-grossense

Localizada a 250 quilômetros da Capital, Jateí pode não ser famosa, mas possui indicadores “excelentes”. Segundo o jornal, as ruas bem arborizadas e calçadas limpas da cidade são “sinais externos de outros indicadores menos visíveis”. 

No período analisado para o cálculo da nota, de 2019 a 2023, Jateí não registrou nenhum homicídio. Também não haviam moradores de rua, nem moradores internados por uso de drogas, mortes em acidente de trânsito e suicídios no ano de 2024. Não foram encontradas moradias com características de favela na cidade. 

A média salarial entre todos os municípios brasileiros foi de R$ 2.635 e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita médio foi de R$ 33,871. Em Jateí, o salário médio superou a média brasileira, de R$ 3.679 e o PIB per capita foi de R$ 119.162,85. 

Com relação à infraestrutura, 99,72% das residências contam com coleta de lixo domiciliar, 97,61% das vias são pavimentadas e 98,87 possuem iluminação pública. 

A economia jataiense gira em torno da suinocultura, tem o 9º maior PIB per capita e o 6º maior salário médio do Estado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 

Ranking entre os estados

Entre as 27 Unidades Federativas brasileiras, Mato Grosso do Sul ocupa a 6ª colocação entre as melhores notas. 

Confira a lista em ordem abaixo: 

  1. Rio Grande do Sul - 6,18
  2. Santa Catarina - 6,17
  3. São Paulo - 6,16
  4. Paraná - 5,76
  5. Minas Gerais - 5,65
  6. Mato Grosso do Sul - 5,62
  7. Mato Grosso - 5,43
  8. Goiás - 5,26
  9. Rondônia - 5,22
  10. Rio de Janeiro - 5,17
  11. Piauí - 5,05
  12. Espírito Santo - 5,03
  13. Rio Grande do Norte - 4,76
  14. Tocantins - 4,68
  15. Paraíba - 4,64
  16. Maranhão - 4,51
  17. Bahia - 4,48
  18. Ceará - 4,43
  19. Alagoas - 4,29
  20. Acre - 4,29
  21. Pernambuco - 4,25
  22. Sergipe - 4,21
  23. Pará - 4,18
  24. Amapá - 4,15
  25. Amazonas - 4,08
  26. Roraima - 4,04

  27.  

SAÚDE

Acordo tira Santa Casa do sufoco, mas inicia pente-fino em suas contas

Termo prevê auditoria custeada pelo governo do Estado para fiscalização operacional, financeira e contábil do hospital

31/12/2025 08h15

O valor total do acordo feito entre prefeitura, governo do Estado e bancada federal para a Santa Casa é de R$ 54,1 milhões

O valor total do acordo feito entre prefeitura, governo do Estado e bancada federal para a Santa Casa é de R$ 54,1 milhões Marcelo Victor/Correio do Estado

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A Santa Casa de Campo Grande e o poder público fecharam um acordo aos “45 do segundo tempo” de 2025 para garantir o retorno integral de todos os atendimentos do hospital a partir de repasses adicionais, mas mediante uma auditoria terceirizada que será custeada pelo governo do Estado para fiscalizar setores internos da entidade filantrópica.

Conforme o termo de acordo assinado na noite de segunda-feira, ao qual o Correio do Estado teve acesso, a quinta cláusula deixa explícito que o Executivo estadual se comprometeu a pagar a realização de uma auditoria independente para analisar as ações operacionais, financeiras, contábeis e finalísticas da entidade.

“O governo do estado de Mato Grosso Do Sul se compromete a custear a realização de auditoria independente operacional, financeira, contábil e finalística da Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande, indicada pelo estado de Mato Grosso do Sul, com o objetivo de avaliar a gestão dos recursos públicos, identificar irregularidades, verificar o cumprimento das obrigações contratuais relacionadas à assistência, bem como propor medidas de melhoria operacional, abrangendo não só o objeto do presente acordo, mas toda a administração do hospital”, informa o documento.

Ainda segundo o acordo, serão feitas, pelo menos, seis avaliações na auditoria: análise da aplicação dos recursos públicos repassados à Santa Casa; verificação da conformidade das despesas com as normas de contabilidade pública e privada; avaliação do modelo de gestão e da estrutura organizacional; análise da terceirização (contratos) e quarteirização de serviços; verificação do cumprimento das metas de atendimento pactuadas; e recomendações para melhoria da eficiência operacional e financeira.

Inclusive, é destacado que a implementação das sugestões de melhorias expostas nos documentos será de responsabilidade da Santa Casa. Os relatórios da auditoria serão apresentados aos representantes da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), da Secretaria de Estado de Saúde (SES), e às Promotorias de Justiça de Saúde de Campo Grande.

A auditoria será realizada por uma empresa especializada, que deverá ser credenciada e com experiência em outras auditorias de instituições de saúde.

Além do pente-fino nas ações do hospital, a Santa Casa deverá prestar contas da utilização dos recursos previstos no acordo ao Estado, ao Município e ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), em 30 dias após cada pagamento.

O valor total do acordo feito entre prefeitura, governo do Estado e bancada federal para a Santa Casa é de R$ 54,1 milhõesProcurador-geral de Justiça falou sobre o acordo em coletiva - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

Caso não seja feito dentro do prazo determinado, o documento prevê consequências aos gestores da entidade.

“A não comprovação da correta aplicação dos recursos implicará a suspensão imediata dos repasses subsequentes e na apuração de responsabilidade civil e administrativa dos gestores da Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande”, reforça a quarta cláusula do acordo.

FÔLEGO

O acordo prevê o repasse adicional de R$ 54,1 milhões à Santa Casa que serão parcelados pelos próximos quatro meses (R$ 24 milhões em janeiro, R$ 16 milhões em fevereiro, R$ 16 milhões em março e R$ 4,8 milhões em abril), dos quais R$ 23 milhões são do governo do Estado, R$ 15,1 milhões do Executivo Municipal e R$ 16 milhões da bancada federal.

Com isso, o hospital terá 100% dos seus serviços oferecidos retomados, após, nos últimos meses, 15 atendimentos chegarem a paralisar por causa da crise financeira da entidade.

“Com a assinatura do presente termo, a Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande se compromete a restabelecer de imediato todos os serviços médicos e hospitalares das equipes médicas (pessoas jurídicas) com as quais mantém contrato”, diz o documento.

Em conversa com o Correio do Estado, João Carlos Marchezan, diretor de Negócios e Relações Institucionais da Santa Casa, disse “que o acordado é começar imediatamente a urgência a 100% e eletivas num cronograma de retorno”, mas que ainda não há precisão de quais serviços vão ser retomados primeiro.

Ademais, R$ 9 milhões dos R$ 54,1 milhões serão usados para pagar o 13º salário dos funcionários e médicos celetistas até o dia 10 de janeiro, benefício que está em atraso desde o dia 20 de dezembro. Alguns setores do hospital chegaram a entrar em greve no fim de ano.

Para garantir que o acordo será cumprido de forma integral, uma comissão formada por representantes de ambas as secretarias de Saúde e do MPMS vai fiscalizar e acompanhar as ações durante os quatro meses.

Na manhã desta terça-feira, o procurador-geral de Justiça, Romão Ávila Milhan Junior, esclareceu que tanto o Estado quanto a prefeitura sofrerão uma multa de R$ 6 milhões caso descumpram os cronogramas de repasses.

Vale destacar que o acordo não substitui a contratualização entre a Santa Casa e o poder público para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS), sobre o qual o hospital alega que o repassado atualmente (R$ 32,9 milhões) não é suficiente para cobrir as despesas operacionais e pede reajuste para R$ 45 milhões.

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