Cidades

Ludibriação

Mulheres de Uganda estão sendo escravizadas no Iraque

Mulheres de Uganda estão sendo escravizadas no Iraque

BBC

01/04/2011 - 13h33
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Um programa de rádio da BBC afirma que mulheres de Uganda estão sendo escravizadas no Iraque, após serem ludibriadas com ofertas de emprego. Quatorze delas foram resgatadas em uma recente operação.

Ao menos cem mulheres que partiram de Uganda com destino ao Iraque em 2009 estão desaparecidas.

Uma das histórias relatadas no programa é a de Prossie, que trabalhava como professora.

Ela ouviu um anúncio de rádio em Uganda a respeito de uma oferta de emprego de uma companhia baseada na cidade de Kampala chamada Uganda Veterans Development Ltd. O anúncio afirmava que a companha estava recrutando mulheres para trabalhar por altos salários em lojas situadas em bases militares americanas no Iraque.

Ela, assim como outras 146 mulheres, se candidataram para a vaga.

Mas quando chegou a Bagdá, Prossie descobriu que havia sido 'comprada' por um iraquiano pelo equivalente a US$3.500 (cerca de R$ 5.700). O verdadeiro trabalho que lhe havia sido destinado era o de ser empregada doméstica de uma família iraquiana.

Assim como muitas outras, ela era submetida a longas horas de trabalho, que por muitas vezes iam das 5h até a meia-noite. Muitas vezes, ela recebia pouca comida ou água e ficava trancada dentro de casa.

"É muito trabalho porque no Iraque existe essa poeira, que vem das tempestades de areia. Ela não para de cair, então você precisa limpar desde a manhã até a hora em que vai dormir", afirmou Possie.

Quando ela resolveu protestar, seu empregador lhe disse: "Nós pagamos muito dinheiro por você. E nos disseram que pessoas como você não ficam doentes e não se cansam. Então, você vai ter que trabalhar".

Possie também foi estuprada pelo dono da casa. Muitas das outras mulheres ugandenses ludibriadas pelo mesmo esquema com as quais a BBC conversou também foram estupradas.

"Me senti tão triste e não tinha como sair. Eu odiava tudo na casa. Foi um tortura psicológica", conta Possie.

AUXÍLIO

Do outro lado de Bagdá, em uma base militar americana, um ugandense que trabalhava como funcionário autônomo do setor de segurança, chamado Samuel Tumwesigye, soube do calvário que mulheres de seu país vinham enfrentando no Iraque.

Tumwesigye conseguiu telefonar para uma delas, Agnes, que usou um telefone celular que havia conseguido esconder. Ele prometeu que iria ajudá-la.

"A primeira coisa que eu fiz foi ir para meu quarto e rezar. Pensei: "Por favor, vou começar isso. Me ajude a ter êxito.""

Tumwesigye contou com a ajuda do comandante local, o tenente coronel Theodore Lockwood, que se comoveu com o drama das ugandenses.

Ele disse a Agnes que se ela conseguisse escapar da casa e chegar à estátua do Homem Voador, perto do aeroporto de Bagdá, ele iria resgatá-la.

Agnes não tinha passaporte, contava com pouco dinheiro e não falava árabe. Ela aproveitou um dia em que a família da casa em que vivia tirou um cochilo na parte da tarde para fugir.

Foram resgatadas ao todo 14 mulheres ugandenses. Muitas estavam doentes ou severamente traumatizadas. Uma delas havia sido estuprada e estava grávida, e temia-se que ela cometesse suicídio. Outra não conseguia falar, devido ao trauma mental que sofrera. Muitas delas tiveram de receber tratamento devido à desidratação e à exaustão.

Lockwood conseguiu oferecer a elas cuidados médicos e até mesmo dentários na base militar. Ele gastou um total de US$ 5 mil do seu próprio dinheiro e coletou mais US$ 2.500 de colegas em roupas e outros mantimentos para as mulheres.

A empresa que recrutou as mulheres, a Uganda Veterans Development Ltd possui fortes vínculos com o partido atualmente no poder em Uganda e continua a exportar mão de obra local para o exterior.

O gerente da companhia, o coronel Mudola, disse não ser responsável pelas mulheres após o recrutamento.

"Elas não são nossas empregadas. Nós as recrutamos e elas firmam um contato com as companhias do outro lado (no Iraque). Nós cuidamos delas e fazemos questão de garantir que elas são bem tratados, mas na realidade o contrato é entre os agentes e as meninas", disse.

FONTE DE RENDA

A exportação de mão de obra é considerada a maior fonte de divisas estrangeiras de Uganda, rendendo ao país um total de US$ 500 milhões ao ano.

A licença da empresa Uganda Veterans havia sido revogada pelo Ministro do Trabalho, após a mídia local ter denunciado as práticas a que as mulheres vinham sendo submetidas.

Mas em dezembro do ano passado, a licença foi renovada e as exportações de mão de obra foram retomadas.

Quando questionado sobre o tema, o ministro do Trabalho, Gabriel Opio, afirmou: "Nós os encontramos em diversas reuniões políticas, ele é um membro da hierarquia partidária, portanto é preciso lidar com ele de modo que a atmosfera para reuniões políticas de alto nível não seja comprometida".

Cidades

Cadela Laika encontra corpo de idoso que desapareceu em Campo Grande

O idoso Joaquim Gonzales, que sofria de Alzheimer, foi localizado sem vida na tarde desta terça-feira (14), no Jardim Itamaracá

14/01/2025 18h00

Reprodução Redes Sociais

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O idoso Joaquim Gonzales, de 78 anos, natural da Espanha, que desapareceu no último domingo (12), foi encontrado morto na tarde desta terça-feira (14), nas proximidades do pontilhão do Jardim Itamaracá, em Campo Grande.

A vítima, que sofria de Alzheimer, estava desaparecida desde domingo, segundo relatos de familiares. De acordo com eles, Joaquim deixou a residência de madrugada. O corpo foi encontrado com o auxílio da cachorra Laika, do Corpo de Bombeiros.

Imagens de câmeras de segurança ajudaram a orientar as buscas. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, Joaquim foi identificado nas gravações, e a partir disso, os militares delimitaram um perímetro de buscas.

Na região, que possui mata, foram localizados próximos a uma estrada de terra o chinelo, o boné e até um cinto que pertenciam ao idoso.

O trabalho da cachorra Laika foi fundamental para encontrar o local onde o corpo de Joaquim estava. Após a localização, os militares confirmaram que se tratava do desaparecido.

Equipamentos como drones com sensor de calor também foram utilizados durante as buscas. Durante todo o processo, familiares permaneceram mobilizados, espalhando cartazes pela cidade em busca de Joaquim.

Cadela que auxiliou nos resgates

A cadela de busca Laika do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMS), que atua ao lado do sargento Thiago Kalunga, levou poucos minutos para localizar o corpo da vítima. Em outubro de 2023 recebeu a Certificação Nacional de Cães de Busca e Resgate.

Laika, que é da raça pastor holandês, foi aprovada na prova de ‘busca urbana’ realizada nos dias 4 a 6 de outubro durante a 21ª edição do Seminário Nacional de Bombeiros (Senabom), em Gramado no Rio Grande do Sul. 

Além de estar apta para atender todos os municípios de Mato Grosso do Sul, após a certificação nacional, a cadela também está autorizada a atuar em ocorrências em todo o Brasil.

Posteriormente, no dia 13 de maio de 2024, Laika fez parte da  1º equipe especializada em busca e resgate juntamente com outros cães e militares do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul para auxiliar no resgate das vítimas na tragédia que assolou o Rio Grande do Sul. A equipe do Estado atuou no município de Encantado.

 A equipe formada pelo sargento Thiago Kalunga e os soldados Jéssica Lopes e Humberto permaneceu em torno de  10 dias atuando nos locais com as estruturas colapsadas pela enchente e inundação.

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Transtorno

Briga na Justiça: passageiros de MS sofreram 1 atraso de voo por dia em 2024

Cenário acarretou em 435 ações judiciais contra empresas aéreas no estado

14/01/2025 17h45

Saguão do Aeroporto Internacional de Campo Grande

Saguão do Aeroporto Internacional de Campo Grande Gerson Oliveira, Correio do Estado

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Os passageiros do setor aéreo em Mato Grosso do Sul sofreram com um número médio de 1 atraso de voo por dia em 2024. 

Conforme levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), esse cenário acarretou em um total de 435 ações judiciais contra empresas aéreas entre os meses de janeiro e novembro do ano passado no estado.

Os processos foram solicitados principalmente por passageiros, em busca reparação por prejuízos causados pela alteração indevida do horário das viagens.

Apesar de alto, o número de ações judiciais em Mato Grosso do Sul apresentou uma leve queda se comparado com 2023, ano em que registrou 440 processos. Em 2022, o número foi ainda maior, com 520 ações judiciais registradas.

Serviço ineficaz

A principal insatisfação dos consumidores é com a falta de resolução eficaz por parte das companhias aéreas. As buscas dos passageiros na Justiça são de valores financeiros por danos materiais e morais.

Segundo Mayra Sampaio, advogada especializada na área, a decisão de processar está diretamente relacionada à incapacidade das companhias aéreas de resolverem essas questões de forma adequada e em tempo hábil.

"Esse alto número acaba não só impactando esses processos a terem uma rápida solução, mas também o consumidor deve ter seus direitos respeitados, e infelizmente, não é o que tem acontecido por parte das companhias aéreas. Desta forma, talvez esse alto número acabe influenciando as companhias a reverem suas políticas para evitarem esses problemas judiciais", afirma.

Já para Henrique Arzabe, advogado especialista em Direito do Consumidor, o alto número de ações evidencia que, apesar da recuperação do setor aéreo após a pandemia, as companhias aéreas ainda enfrentam desafios para oferecer um serviço eficiente.

“O crescimento de casos pode ser um indicador para que as companhias revejam suas práticas e evitem recorrências judiciais, buscando soluções mais rápidas e eficazes para os consumidores”, conclui.

Atraso vs cancelamento

Ainda confome Arzabe, a diferença entre atraso e cancelamento de voo está na execução do serviço. Nesse sentido, as situações impactam o passageiro de maneira diferente.

“O atraso ocorre quando há uma nova previsão de partida e o voo é realizado, mesmo fora do horário inicial. O cancelamento, geralmente, implica maiores prejuízos para o passageiro, como a perda de compromissos ou diárias de hospedagem, além do transtorno de ter que replanejar toda a viagem”, ressalta.

Brisa Nogueira, advogada especializada em Direito do Consumidor alerta que o tempo de espera é um fator determinante para os direitos do consumidor em casos de atraso de voo.

“Em termos de direito do consumidor em relação ao atraso no voo, nós precisamos pensar quantas horas o consumidor fica ali à disposição da companhia aérea para que seja dada, se for dada, alguma providência. Até duas horas há ali uma pendência de alimentação, especialmente despesas com água e comida. Excedendo-se quatro horas de espera e havendo a necessidade de pernoite no aeroporto, é necessário que a companhia aérea faça o custeio de hospedagem, bem como transporte de deslocamento e retorno ao aeroporto, sem prejuízo do direito do consumidor de ser alocado no próximo voo, havendo disponibilidade”, afirma.

Registre provas

Vale destacar que é importante o consumidor conhecer seus direitos e ficar preparado para buscar reparação em casos de prejuízos causados por atrasos ou cancelamento de voo.

Nesse sentido, ao sentir-se lesado, é importante que o passageiro registre o maior número de provas possível, para assim, conseguir reinvindicar reparação jurídica de maneira mais eficaz.

“É muito importante o consumidor constituir a prova. Primeiro, prova do atraso do voo e, também, dos prejuízos. Se a empresa oferecer algum voucher, é importante registrar isso. Principalmente, se a empresa não o ofereceu, é fundamental ter a prova de que, por exemplo, o atraso gerou outro tipo de prejuízo, como a perda de uma diária de hotel ou reserva de carro. Relembrando que, a partir de quatro horas de atraso injustificado, é devido dano moral ao consumidor”, destaca Brisa Nogueira.

Por fim, o advogado Henrique Arzabe o consumidor não deve pensar duas vezes quando for buscar reparação caso se sinta prejudicado.

“As companhias aéreas têm a obrigação de oferecer um serviço adequado e de prestar assistência, independentemente do motivo do atraso ou cancelamento. Até porque, pequenos atrasos podem causar prejuízos significativos para o cliente, como perder uma conexão ou uma reserva. Por isso, documentar tudo é essencial para garantir que seus direitos sejam respeitados”, conclui.

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