Durante visita a Campo Grande, nesta sexta-feira (18), o ex-jogador de futebol da Chapecoense, Jakson Follmann, sobrevivente do trágico acidente de avião ocorrido em 2016, falou sobre o que aconteceu em sua vida depois do trauma vivido.
O ex-atleta veio a Capital para participar do Lançamento do Plano Municipal da Juventude. Durante sua palestra sobre superação, motivações e reinvenção com o público, Jakson relembrou a queda do avião.
Sobrevivente do voo LaMia 2933 que transportava 77 pessoas, onde somente seis sobreviveram, Jakson comenta que em nenhum momento durante o tempo que antecedeu a queda a tripulação emitiu algum tipo de comunicado informando o que estava acontecendo, foram os tripulantes que perceberam algo de errado por conta da perda de altitude que acontecia em pouco intervalo de tempo.
Follmann afirma não lembrar do momento exato da queda, e que só tem alguns flashes do resgate.
"Acordei no meio da mata, era muito escuro, não conseguia ver nada, eu agradeço a Deus por não ver nada. Era um desastre gigantesco, tinha vários corpos ao meu redor", disse.
O jovem foi encontrado pelo Sargento Nelson quando ele foi socorrer outra vítima, que infelizmente não sobreviveu, e em então ouviu alguém chorando, era Jakson.
Os dias após, foram intensos na sua recuperação, com 24 anos na época, além da amputação, teve o tornozelo esquerdo com fratura exposta, 13 fraturas pelo corpo, foi entubado, passou por hospitais da Colômbia, São Paulo, Chapecó e foi o último entre os sobreviventes a receber alta.
Ainda hoje, após cinco anos, ele comenta ter que lidar com dores e desconfortos.
‘’É meu maior medo (viajar de avião), não dá pra fugir disso, é uma necessidade. Eu procuro não viajar a noite, as vezes não tem como escolher os horários, mas quando é viagem a noite eu sofro um pouco mais. Procuro sentar na poltrona da janela, de dia, para ali poder ver o que está acontecendo", declara o sobrevivente.
‘’Dei alta médica numa segunda-feira, e na terça feira já estava voando. E isso me ajudou bastante, porque foi ali passando e tentando superar meu maior medo’’, relembrou ele.
Resiliência
Mesmo sendo difícil, ‘’o segredo para seguir em frente é viver, o principal disso tudo é a vida’’, pontua o sobrevivente, que apesar da perda do membro e dos diversos amigos presentes na fatalidade, não perde a paixão por poder viver cada dia, com muita autenticidade e bom humor.
Resiliência é a palavra que ele leva pra vida justamente pelos acontecimentos que já passou e afirma que é um processo,vivendo intensamente o dia de hoje pois as coisas acontecem muito rápido. ‘’Eu não consigo fazer planos pro futuro’’, diz ele.
Diante de tantas adversidades, comentando que o motivo responsável por fazê-lo se questionar diversas vezes, é que tudo poderia ter sido evitado, visto que o avião foi perdendo força por não ter combustível suficiente para chegar no destino final.
Ainda assim, a sede pela vida e aproveitar cada segundo é sua força diária, ‘’ O ontem já é história, a gente só tem o hoje pra viver e o amanhã não existe’’, diz ele, e ainda complementa que mesmo sendo clichê ‘’O dia de amanhã ele pertence à Deus’’.
O palestrante é grato pela sua segunda chance de vida e diz que sempre a levou de forma leve e bem humorada, na esportiva.
Depois de tudo que aconteceu, esse seu jeito de viver o ajudou a encarar sua nova realidade, criando vídeos engraçados para as redes sociais ele percebeu o quanto aquilo lhe fazia bem, e para todos ao seu redor, que utiliza dessa ferramenta para lidar com tudo da melhor forma possível.
Música no processo de recuperação
Jakson, atualmente com 30 anos, conta que aos 14 saiu de casa e antes disso já se apresentava em festivais na cidade em que morava.
Ele declara que a música sempre teve papel importante em sua vida, e após o acidente algumas em específico ficaram marcadas e fizeram a diferença durante sua recuperação, como a ‘’Tente outra vez’’, de Raul Seixas.
O ex goleiro se demonstra muito feliz em poder disseminar mensagens positivas por meio das suas músicas, ajudando também demais pessoas que estejam passando por dificuldades e buscam refúgio.




