Cidades

TRANSPORTE COLETIVO

Novos ônibus são entregues, mas ainda há indefinição de contrato e tarifa

Em anos anteriores, reajuste ficou entre R$ 0,25 e R$ 0,30, vigente em dezembro

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Mais 35 novos ônibus passaram a circular ontem, em Campo Grande. A quantidade se soma a outros 20 veículos entregues para substituir os que deixaram de cumprir a cláusula contratual que fixa a idade média dos veículos em cinco anos. Enquanto isso, o usuário do transporte coletivo vive indefinição sobre o reajuste anual da tarifa e a judicialização do contrato do Consórcio Guaicurus.

Originalmente, o documento previa para o mês de março a data-base para o reajuste, mas houve adiamento para outubro, após termo aditivo assinado em 2013. Ontem, na entrega dos veículos novos, tanto representantes da prefeitura como do Consórcio Guaicurus disseram que ainda não há definição do reajuste deste ano.

Um dos índices da fórmula que define o aumento, referente ao salário dos funcionários da concessionária, ainda é objeto de negociação, o que prolonga o atraso. “Não vamos fazer um exercício de adivinhação, é algo delicado, então vamos aguardar”, disse o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende.

O diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos (Agereg), Vinícius Campos, informou que o índice relativo aos salários é um dos que mais pesam no reajuste, além do preço dos combustíveis. “Pelo fato de o reajuste salarial impactar muito no cálculo do reajuste tarifário, ainda não há uma definição”, explicou.

Já o prefeito Marcos Trad (PSD) voltou a reforçar que a cobrança do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) sobre a tarifa não vai impactar no passe de ônibus, apesar de ser absorvido  pelos usuários. “A concessionária dá o reajuste aos motoristas entre 20 e 22 de dezembro. E isso vai ser mensurado na hora em que o Consórcio enviar a planilha. Mas uma coisa é certa, o retorno da cobrança do ISSQN não vai impactar na majoração da tarifa”, disse.

HISTÓRICO

O Correio do Estado noticiou em novembro de 2018 a mesma indefinição sobre o aumento da tarifa como ocorre neste ano. O Consórcio Guaicurus alegou na época que o novo valor deveria entrar em vigor no mês de outubro. “De verdade, a data-base original da tarifa não é dezembro, e sim outubro. Sistematicamente, a prefeitura tem alterado. Mas no contrato é estabelecido o dia 25 de outubro. Ao longo dos anos, foi passando para 11 de novembro, depois 18 de novembro e, por último, dia 3 de dezembro”, explicou o diretor-presidente do Consórcio.

Os últimos aumentos aplicados na tarifa em Campo Grande têm seguido padrões de elevação mais ou menos previsíveis. Em 2014, o reajuste foi de R$ 0,30 (quando o valor da tarifa passou para R$ 3); em 2015, foi de R$ 0,25 (R$ 3,25); em 2016, de R$ 0,30 (R$ 3,55); 2017, de R$ 0,25 (R$ 3,70); e em 2018 – de novo – R$ 0,25 (R$ 3,95).

SITUAÇÃO

Os 35 veículos entregues ontem completam a leva de 55 veículos que deveriam repor 47 vencidos, ou seja, que superaram a idade média de uso. Em outubro, 20 ônibus chegaram a Campo Grande. No total, os novos ônibus custaram ao Consórcio R$ 16,5 milhões.

A concessionária responsável por 20 anos pela administração do transporte coletivo da Capital, foi a vencedora da licitação realizada em 2012, com valor de outorga de concessão de R$ 20 milhões, sendo R$ 8,75 milhões maior do que o disponibilizado pela paranaense Auto Viação Redentor.

O contrato prevê que os ônibus devem ser trocados após cinco anos de uso e alguns dos carros em circulação já ultrapassam esse período, o que levou a Agereg a ameaçar o Consórcio de multa no valor de R$ 2,7 milhões por conta de quebra de contrato. Após isso, a empresa anunciou a renovação da frota. 

Os novos carros têm layout padronizado para garantir que a frota, de 555 ônibus, seja uniforme tanto para os veículos novos quanto para os que futuramente serão reformados. Nenhum veículo novo tem ar-condicionado.

Levantamento da Agereg aponta que, para manter a frota dentro da idade média de cinco anos, o Consórcio precisa adquirir cerca de 55 veículos por ano, o que custaria R$ 20 milhões. A empresa move processo na Justiça estadual pedindo ampliação da idade média para sete anos. No documento, o Consórcio afirma que está “no limite de suas forças, especialmente econômicas, enfrentando inúmeras dificuldades, oriundas especialmente de desajustes/fatos novos ocorridos após o contrato/não implementações de obrigações decorrentes da licitação pública/concorrência predatória”.

Ainda segundo o documento, caso a idade média da frota seja mantida em no máximo cinco anos, a empresa deve adquirir 70 ônibus em 2020. No pedido, o grupo quer a mudança para diminuir o impacto econômico negativo.

MEIO AMBIENTE

Pesquisadores investigam 'sumiço' dos tatuís na costa brasileira

Animais podem ser considerados bioindicadores de qualidade das praias

30/03/2025 23h00

Foto: MARIANA TEROSSI/UFRGS

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A ciência está em busca da resposta para o que muitas pessoas que frequentam as praias brasileiras estão perguntando: "cadê os tatuís?" A população dos simpáticos crustáceos está diminuindo, e, em alguns locais, já nem é possível encontrar os bichinhos.

Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão investigando as razões para esse desaparecimento, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). 

"A gente entende que está havendo um problema global sobre as espécies emeritas, que estão sendo severamente impactadas pelas transformações do Antropoceno [período da história atual, em que o ser humano produz modificações no planeta], explica a pesquisadora Rayane Abude, do Laboratório de Ecologia Marinha da Unirio. 

"O que acontece? O tatuí não chega na praia? O tatuí chega mas não sobrevive? São os pormenores que a gente precisa olhar, para cada uma das espécies ou para cada uma das localidades, para tentar destrinchar melhor", acrescenta.

O trabalho se debruça sobre o Emerita brasiliensis, espécie mais frequente do litoral brasileiro, e estuda a presença e o ciclo de vida desses pequenos crustáceos em algumas praias do Rio de Janeiro. Historicamente, o local mais estudado é a Praia de Fora, na Zona Sul da capital, onde a presença de tatuís é observada desde a década de 90, e vem diminuindo de lá para cá. Rayane também fez uma grande revisão bibliográfica e encontrou relatos científicos sobre a redução de outras espécies de tatuí em países como Estados Unidos, México, Irã, Uruguai e Peru. 

Ciclo de vida

A pesquisa parte da hipótese de que algumas praias são "fontes", onde novos indivíduos são gerados e depositados no mar, e algumas praias são "sumidouros": recebem os tatuís, mas não fornecem as condições adequadas para o seu crescimento e reprodução.

"As fêmeas colocam ovos, esses ovos levam entre 10 e 19 dias em desenvolvimento. Depois, eles eclodem na água e liberam larvas. Essas larvas vão para o ambiente marinho, passam entre 2 e 4 meses se desenvolvendo, em diversos estágios larvais, até que eles retornam para a praia. Um ponto que ainda está em aberto na minha pesquisa é se elas chegam na mesma praia de origem ou em praias diferentes. Eu estou tentando encontrar essa resposta a partir de marcadores genéticos", complementa a pesquisadora. 

Uma amostragem sistematizada de 189 fêmeas ovígeras, coletadas ao longo de um ano na Praia de Fora, verificou que a fecundidade média foi de 5.300 ovos por fêmea. No entanto, há uma perda significativa de ovos viáveis durante o desenvolvimento embrionário na areia e de larvas dispersadas no oceano. No final, menos de 1% dos ovos resultaram em novos indivíduos. 

Os tatuís que conseguem perseverar nessa primeira batalha retornam às praias como "recrutas", como são chamados os animais jovens. Eles ainda têm uma carapuça frágil e passam a viver enterrados na areia, principalmente na região de espraiamento, a parte que é constantemente molhada pelas ondas. Por isso, os recrutas estão constantemente vulneráveis ao pisoteamento ou esmagamento, em praias frequentadas por humanos, e as praias menos acessadas registram maior densidade de animais. 

Qualidade das praias

Os tatuís também são muito afetados pela qualidade do mar, porque se alimentam com a ajuda de antenas, que retém micropartículas orgânicas dispersadas na água, e levam esses nutrientes até o aparelho bucal.

"Os canais de drenagem ou os rios que desembocam nas praias, que podem trazer uma série de contaminantes e poluentes, podem estar afetando diretamente esses organismos. A toxicidade foi bastante experimentada e testada para espécies de tatuí, não só brasileiros, e é um fator que provoca altos níveis de mortalidade nessas populações", alerta Rayane Abude. 

Além de desequilibrar o ecossistema das praias e desfalcar a cadeira alimentar, o desaparecimento desses animais representa um péssimo sinal:

"Eles podem ser considerados bioindicadores de qualidade porque são muito sensíveis a contaminantes. A sua presença é um sinal de boa qualidade do ambiente, mas quando o nível de poluentes é alto, eles estão ausentes".

TECNOLOGIA

Brasil ocupa 15º lugar em ranking de publicações acadêmicas sobre IA

No país, há 144 unidades de pesquisa sobre inteligência artificial

30/03/2025 22h00

Foto: RAWPICK/FREEPICK

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O Brasil conta com 144 unidades de pesquisa relacionadas à inteligência artificial (IA), o que coloca o país como um dos principais polos de IA na América Latina.

O levantamento consta em documento divulgado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), lançado na quinta-feira (27).

Segundo o estudo, a produção científica brasileira sobre IA coloca o Brasil na 15ª posição no ranking mundial de publicações acadêmicas na área, conforme dados de 2000 a 2022. A pandemia fez o país despencar no ranking, caindo para 20º lugar.

Chamado O Panorama Brasileiro da Ciência, Tecnologia e Inovação em Inteligência Artificial, o estudo tem como objetivo mostrar o avanço brasileiro no campo da IA, abordando temas como políticas e regulação, estimativas de investimentos públicos e privados, mapa dos centros de pesquisa, além de dados sobre o conhecimento científico e tecnológico desenvolvido no país.

O estudo aponta que a maior parte das unidades de pesquisa de inteligência artificial do Brasil se encontra nas regiões Sudeste e Nordeste. São Paulo lidera com 41 unidades. O estado do Amazonas, na Região Norte, vem na sequência, com 22 unidades. Os estados do Rio de Janeiro, com 14 unidades; Minas Gerais, com 13, e Pernambuco, com dez, também têm um papel substancial nas pesquisas.

“Esse padrão reflete não apenas as tendências históricas de investimento, mas também os esforços recentes de políticas voltadas ao fortalecimento das capacidades regionais”, apontou o CGEE, organização não governamental (ONG) que desenvolve estudos e projetos com foco em temas relacionados à ciência, tecnologia e inovação.

Entre outros dados, o documento aponta ainda que os investimentos públicos em pesquisas e ações relacionadas a IA no Brasil devem alcançar R$ 22 bilhões até 2028. Segundo o levantamento, para cada real investido pelo setor público em IA, o setor privado contribui com R$ 3,34.

Segundo CGEE, isso evidencia o potencial da IA como multiplicadora e catalisadora de desenvolvimento tecnológico e econômico no país. Em especial, o documento mostra que existem iniciativas em IA com atuação relevante em setores como ciências da vida, energia e agricultura.

“A indústria e a manufatura lideram com 30 unidades, seguidas de perto pelo setor de saúde, com 25. Os aplicativos corporativos e de gerenciamento respondem por 20 unidades, enquanto a mobilidade e a logística são o foco de 15 unidades”, contabiliza o CGEE.

Na avaliação do centro, a liderança dos setores de indústria e manufatura; e de saúde demonstra tanto a centralização geográfica quanto a priorização do domínio estratégico. Além disso, esse padrão “sugere o desenvolvimento de ecossistemas regionais de inovação em que a proximidade geográfica facilita a troca de conhecimento e a colaboração entre instituições acadêmicas, indústria e governo.”

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