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O desajuste social por Kennedy e Babenco

O desajuste social por Kennedy e Babenco

Redação

15/08/2010 - 06h55
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Antonio Gonçalves Filho, AE

Parece clara a razão de o escritor norte-americano William Kennedy, de 82 anos, ter escolhido o cineasta Hector Babenco, de 64, para assinar a adaptação cinematográfica de seu livro “Ironweed”,  ambos foram formados lendo os existencialistas franceses e os americanos da Geração Perdida. Sobre eles, Kennedy e Babenco, a convite do Estado, tiveram uma longa conversa na casa ocupada pela editora Cosac Naify durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), encerrada semana passada.
Kennedy e Babenco têm muito em comum além das preferências literárias pelos livros de Albert Camus (1913-1960) e Saul Bellow (1915-2005), de quem o primeiro foi grande amigo desde que vivia em Porto Rico e lá encontrou seu mestre, que o incentivou a escrever. Kennedy também tem muito a ver com Hunter S. Thompson (1937-2005), criador do jornalismo gonzo, que cruzou a fronteira entre ficção e realidade ao abolir a distinção entre sujeito e objeto de sua pesquisa. O chamado Ciclo de Albany, ao qual pertence “Ironweed”, série de sete romances que está sendo publicada pela Cosac Naify, trata de uma família problemática da cidade natal de Kennedy. O romance representou para seu autor uma oportunidade de rever o próprio passado por meio da saga de seu personagem Francis Phelan. Seu protagonista é um andarilho dependente de álcool que um dia volta para o velório da mãe e acaba na cadeia, sendo solto por seu filho, que abandonou há 22 anos, ao deixar cair o bebê do berço em estado de embriaguez.
A exemplo de Francis, Kennedy, com a morte do pai, também voltou para a Albany que detestava após ter vivido fora dos EUA, mas, longe de renegar seu provincianismo, tentou entender como viviam seus habitantes. Empregou-se como jornalista do Times Union e assinou uma série de reportagens investigativas sobre os desocupados de sua cidade, material que lhe serviu para escrever “Ironweed”. Babenco identificou-se imediatamente com o livro, pois teve igualmente experiências dramáticas como deslocado social antes de se tornar um diretor internacionalmente conhecido e premiado.
“O beijo da mulher aranha” (1985), foi esse filme que fez Kennedy acionar seu agente literário e dar o sinal verde para Babenco, que logo conseguiu a adesão do ator Jack Nicholson. “Ele considera esse o seu melhor papel no cinema”, garantiu o escritor, que escolheu Babenco por sentir firmeza e delicadeza no tratamento de “O beijo da mulher aranha”, história criada pelo argentino Manuel Puig (1932-1990) sobre um guerrilheiro seduzido por um homossexual na prisão. Essa é outra característica que aproxima os dois: tratam de personagens socialmente desajustados com um olhar que rejeita o julgamento moral da sociedade. Ambos se recusam a aceitar que se tratam de outsiders. Defendem que eles não foram expulsos dessa sociedade, mas pularam fora dela por não concordar com suas regras de conduta. Seriam, em suma, autoexilados. E são os preferidos tanto de Kennedy como de Babenco, pois espelham justamente a crise de uma sociedade que recusa reconhecer a força moral de personagens como Francis Phelan ou Molina, o gay contador de história de “O beijo da mulher aranha”, que abdicaram de um lugar social em busca da afirmação de suas identidades.
“Você tem de viver à margem do mundo se o quiser mudar”, observa Kennedy, recordando Bellow e citando Phelan como exemplo de um personagem obrigado a se reinventar o tempo todo, “alguém, enfim, destinado a usar sua experiência existencial para se transformar”, conclui, referindo-se ao mais conhecido livro do amigo Saul Bellow, “As aventuras de Augie March” (1953). “Ele escolhe ser um vagabundo, não foi compelido pela miséria, o que me fascinou desde o início em ‘Ironweed’”, diz Babenco a respeito do personagem de Kennedy. “Não há melodrama nele, mas até uma certa ironia”.
Talvez por isso a primeira obra literária a provocar Babenco na juventude tenha sido Nadja, do surrealista francês André Breton (1896-1966), romance publicado em 1928 sobre um narrador que inventa uma mulher para perseguir pelas ruas de Paris. A personagem deslocada assume dimensão real no delírio de seu criador e acaba internada num hospício.  “Sempre admirei mais a prostituta do que a pessoa que ganha dinheiro decentemente”, resume Babenco, justificando a razão de os personagens de seus filmes estão sempre à margem, como os de Kennedy. “O importante é dar voz a quem não é considerado pela sociedade”, conclui.

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Com 2,5 milhões de doses aplicadas, MS é líder nacional de vacinação

Campanhas nas escolas foram o principal meio utilizado para ampliar a cobertura vacinal em crianças e adolescentes

16/12/2025 15h00

Arquivo/SES

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Segundo um levantamento divulgado pelo Centro de Liderança Pública CLP, Mato Grosso do Sul atingiu a marca de 100 pontos, nota máxima, no Ranking de Competitividade dos Estados 2025. Ao todo, foram mais de 2,5 milhões de doses de vacinas aplicadas em todo o estado.

Para atingir esse marco, houve um trabalho integrado entre Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES), municípios e Governo Federal, com campanhas planejadas, profissionais capacitados e gestão estratégica, para garantir a proteção coletiva e o controle de doenças.

“Essa nota máxima em cobertura vacinal é fruto de um trabalho consistente e coletivo. Esse resultado não se explica em um único dado, mas na soma de profissionais preparados, campanhas planejadas com responsabilidade e uma gestão que coloca a saúde pública como prioridade. Cada dose aplicada representa proteção, confiança e futuro para nossa população”, destaca Frederico Moraes, gerente de Imunização da SES.

Metas atingidas

Diversos indicadores positivos na cobertura vacinal de Mato Grosso do Sul foram responsáveis pelo estado se destacar nacionalmente. Veja os dados extraídos da Rede Nacional de Dados em Saúde RNDS, referentes às doses aplicadas até o dia 01/10/25 às 00:00.

  • Cobertura vacinal infantil acima da meta: BCG (104,68%), Hepatite B >30d (103,80%), Pneumocócica 10 (96,23%), Rotavírus (93,51%) e a Tríplice Viral D1 (96,28%).
  • Campanhas sazonais de sucesso: mais de 1 milhão pessoas vacinadas contra Influenza, destas mais de 400 mil em grupos prioritários (crianças, gestantes e idosos).
  • Vacinas especiais e proteção ampliada: imunização contra dengue com mais de 200mil doses aplicadas, atingindo 100% da meta em 23 municípios do estado;
  • Introdução da dose zero contra sarampo; oferta da meningocócica ACWY dose de reforço aos 12 meses em todos os municípios; extensão da vacina contra o HPV para jovens e adolescentes não vacinados de 15-19 anos até dezembro de 2025 e dez anos sem casos humanos de febre amarela

Um ponto chave para a ampla cobertura vacinal foi o programa “Aluno Imunizado”, que intensificou as ações nas escolas para imunizar alunos e professores. A participação das escolas permitiu alcançar públicos estratégicos, reforçando a cultura de prevenção e a importância da vacinação desde cedo. 

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Padronização para horário de entrada e saída de hotéis começa a valer

Portaria do Ministério do Turismo deu 90 dias para estabelecimentos se ajustarem a novas regras para check-in e check-out

16/12/2025 14h00

Foto: Álvaro Rezende / Arquivo

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Começaram a valer nesta terça-feira (16) as novas regras para entrada e saída (check-in e check-out) de hóspedes em hotéis brasileiros. A mudança, promovida pelo Ministério do Turismo (MTur), define que a diária cobre 24 horas, dentro das quais os hotéis têm três horas para a arrumação dos quartos.

A regra permite que os hotéis definam seus próprios horários de check-in e check-out dentro desses critérios, e essas informações devem ser comunicadas ao hóspede de forma clara e prévia, tanto pelos hotéis como pelas agências de turismo e as plataformas digitais intermediárias de reservas.

A medida foi modificada por meio de uma portaria do MTur publicada em setembro, com prazo de 90 dias para vigorar.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, a prática já era adotada pelas redes de hotéis usualmente, mas havia um pedido do setor para que o assunto fosse regulamentado e incluído nas últimas mudanças promovidas na Lei Geral do Turismo.

“São três horas de intervalo entre as saídas e entradas dos hóspedes, para que nossos colaboradores tenham tempo de preparar a hospedagem e para que a gente possa receber melhor. Isso no Brasil já era de praxe, mas, com a regulamentação exata, serve para tirar qualquer dúvida”, explica.

Além das três horas de intervalo para limpeza da hospedagem, a regulamentação também flexibiliza a cobrança de tarifas diferenciadas para entrada antecipada ou saída postergada e detalha a comunicação sobre horários e frequência dos serviços de arrumação, higiene e limpeza da unidade habitacional.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que reúne agências de viagens e operadoras, avaliou de forma positiva a regulamentação do tema.

“A definição objetiva do período de hospedagem ajuda a alinhar expectativas do viajante no momento da compra e reduz ruídos na comercialização de pacotes turísticos, trazendo mais segurança para toda a cadeia”, destaca.

Além de maior transparência, a flexibilização quanto às tarifas diferenciadas permite ajustes conforme a disponibilidade de cada meio de hospedagem informa a nota da Abav.

“Embora a adaptação possa exigir ajustes, especialmente para pequenos empreendimentos, a entidade entende que a medida acompanha práticas já adotadas internacionalmente e contribui para a modernização e competitividade do turismo brasileiro”, conclui.

Registro de Hóspedes

As mudanças promovidas pelo MTur incluem ainda a adoção do novo modelo digital da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), em substituição ao modelo de papel. A portaria que trata do assunto foi publicada em novembro, com prazo de 90 dias para começar a valer em 13 de fevereiro.

Com a adoção da nova ferramenta, os estabelecimentos terão um QR Code, com link para a página de pré-check-in, que poderão ser preenchidas pelos hóspedes. No momento de entrada, o estabelecimento só precisará conferir os dados com os documentos apresentados.

“Fica o check-in mais tranquilo, tanto para a hotelaria como para o hóspede que, na sua chegada, já vem de um voo cansativo e, às vezes, pega um grupo e fica em uma fila esperando para preencher uma ficha, aquela coisa toda”, afirma Manoel Linhares.

A versão digital da ficha ficará também disponível na Plataforma FNRH Digital, com outras funcionalidades, como elaboração de relatórios analíticos, módulo de reservas e módulo de consulta para os hóspedes.

Demandas

De acordo com Manoel Linhares, as mudanças são regulamentações importantes para o setor, mas ainda há demandas a serem incluídas nas leis que tratam do turismo no país, como a regulamentação de aplicativos de hospedagem, como os que alugam imóveis por temporada.

“Nós, hoteleiros, geramos emprego e temos uma carga tributária muito alta, como é do conhecimento de todos. Nós temos a responsabilidade de dar o melhor aos nossos hóspedes, desde o check-in ao check-out. E o que acontece? Esses aplicativos não ficam nem no Brasil, então a operação é desigual”, avalia.

A demanda é antiga, mas com o surgimento de diferentes plataformas e o impacto sentido pelo setor, a avaliação da ABIH é de urgência.

“Só em Fortaleza, do ano passado para cá, fecharam seis hotéis. Se nós não tivermos essa demanda, vão fechar muitos hotéis, como já estão fechando no Brasil todo”, conclui Linhares.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do MTur sobre a regulamentação das plataformas para locação de imóveis por temporada. Até a publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto.

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