Cidades

CASO SOPHIA

"O descaso com a Sophia permanece", diz pai afetivo da menina sobre demora no processo judicial

Processo não tem novidades há três meses e juiz está impedido de dar continuidade por falta de relatório pericial

Continue lendo...

Lutando por justiça desde as primeiras tentativas de  denunciar os maus-tratos sofridos por Sophia Ocampo, morta aos dois anos de idade, o pai da menina, Jean Carlos Ocampo e seu marido Igor de Andrade, considerado pai afetivo da vítima, agora sofrem com a lentidão do processo judicial sobre o  caso. 

Parado há três meses por falta do relatório pericial das mídias encontradas nos celulares de Stephanie de Jesus da Silva e de Christian Leitheim, réus pelo crime, o processo não tem data prevista para voltar a tramitar, já que nada pode ser feito enquanto este documento não for anexado com os outros já existentes. 

Ao Correio do Estado, Igor disse que a demora é mais uma atitude de descaso da Justiça sul-mato-grossense com o caso da menina, que já tinha sido negligenciada anteriormente tanto pelo judiciário quanto pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), que é responsável pela perícia, bem como COnselho Tutelar Municipal.

"Na nossa visão o que falta é força de vontade. Toda essa demora só confirma o que sempre falamos sobre o descaso. Para eles a Sophia foi apenas mais uma vítima, mas, nós sentimos a dor todos os dias", disse Igor, ressaltando que sempre lutaram para que a guarda da criança fosse passada para o casal,  já que era evidente que ela sofria vivendo com a mãe e o padrasto. 

Ainda de acordo com Igor, a lentidão de dar seguimento ao caso pode ser uma estratégia adotada para que o crime caia no esquecimento e esse seria apenas mais um dos transtornos que o casal está passando pela indiferença dos órgãos que trabalham na investigação. 

"O descaso só permanece: antes, durante e depois", desabafou, acrescentando que ele e Jean estão apenas sobrevivendo e tentando manter a cabeça no lugar por meio do trabalho. 

Igor também adiantou que está organizando, junto com Jean, um novo protesto para cobrar resposta ao crime que matou a filha. 

"Lutaremos até que tudo esteja resolvido, os autores e os co-autores sejam penalizados.", concluiu. 

DEMORA NO RELATÓRIO 

Conforme já divulgado pelo Correio do Estado, o processo judicial a respeito da morte da menina Sophia, de apenas dois anos, não teve qualquer encaminhamento desde a última audiência no caso, realizada há três  meses.

Verificando os registros virtuais por meio do sistema do Judiciário (E-saj) é possível notar que o prazo para juntar o relatório de perícia se esgotou no dia 10 de agosto, contudo, nenhuma providência foi tomada para dar continuidade na solicitação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP/MS), que foi quem pediu para que uma análise detalhada fosse realizada nos celulares dos réus. 

O pedido foi feito na audiência de três meses atrás, quando foram ouvidas as testemunhas de defesa de Stephanie e Christian. Ambos seriam ouvidos nesta mesma ocasião, contudo, o juiz encerrou a oitiva para que a solicitação ministerial fosse atendida, já que os aparelhos telefônicos podem conter provas essenciais para a acusação ou defesa dos investigados. 

Agora, resta apenas o juiz ouvir os réus para que a fase de instrução criminal seja encerrada, mas ainda não tem data para acontecer, uma vez que o juiz só pode marcar nova audiência é necessário que o relatório esteja anexado com as outras partes da ação. 

Além dos investigados, o juiz responsável pelo caso intimou para depoimentos as médicas que atenderam Sophia, quando ela chegou já sem vida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Coronel Antonino. 

Assine o Correio do Estado.

Cidades

STF mantém regra da reforma que reduziu aposentadoria por incapacidade permanente

Valor mínimo do benefício será de 60% da média dos salários, com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que ultrapassar 20 anos

18/12/2025 22h00

Gerson Oliveira / Correio do Estado

Continue Lendo...

O Supremo Tribunal Federal decidiu, por 6 votos a 5, manter a mudança da reforma da previdência de 2019 na aposentadoria por incapacidade permanente causada por doença grave, contagiosa ou incurável. Em julgamento na tarde desta quinta-feira, 18, a maioria dos integrantes da Corte máxima validou regra que alterou o cálculo de tal tipo de aposentadoria, estabelecendo que o valor mínimo do benefício será de 60% da média dos salários, com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que ultrapassar 20 anos.

Foi estabelecida a seguinte tese: "É constitucional o pagamento do benefício de aposentadoria por incapacidade permanente, nos termos fixados pelo artigo 26, parágrafo segundo, inciso terceiro da Emenda Constitucional 103 de 2019, para os casos em que a incapacidade para o trabalho seja constatada posteriormente à reforma da Previdência."

A discussão sobre o pagamento da aposentadoria, se integral ou seguindo as regras da reforma, foi finalizada em sessão plenária realizada nesta tarde. No julgamento, os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes acompanharam o voto do relator, Luís Roberto Barroso (aposentado). Já haviam seguido tal corrente os ministros Kassio Nunes Marques, Cristiano Zanin e André Mendonça Ficaram vencidos Flávio Dino, Edson Fachin, Alexandre Moraes, Dias Toffoli e Carmen Lúcia.

Os ministros analisavam um recurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra decisão do Juizado Especial do Paraná que determinou o pagamento integral de aposentadoria a um beneficiário com incapacidade permanente. Em abril de 2024, a Corte máxima reconheceu a repercusssão geral do caso - que a decisão do STF valeria para outros casos semelhantes em todo o país. Com a finalização do julgamento nesta tarde, foi reformada a decisão que beneficiou o segurado paranaense.

O voto de Barroso, que restou vencedor, rejeitou as alegações de que a mudança proporcionada pela reforma da previdência de 2019 ofenderia os princípios constitucionais da isonomia, à dignidade humana e à irredutibilidade do valor dos benefícios. O ministro assinalou, por exemplo, que não havia inconstituionalidade na diferenciação dos benefícios de incapacidade temporária e incapacidade permanente.

Também não viu violação de isonomia na diferenciação da aposentadoria por incapacidade permanente, de uma forma geral, e a aposentadoria por incapacidade permanente decorrente de acidente de trabalho.

Quem abriu divergência no julgamento foi o ministro Flávio Dino, que votou pela inconstitucionalidade da mudança. A avaliação foi a de que a forma de cálculo da reforma fere diversos princípios estruturantes do Estado Democrático de Direito e que não é possível a distinção de aposentadoria "lastreada na origem da deficiência". "O segurado confronta-se com o mesmo risco social e com um quadro de saúde severo, frequentemente associado à maior dependência e à consolidação da inaptidão para o trabalho", apontou.

 

 

Cidades

Em crise financeira, Hospital Alfredo Abrão terá contratos analisados pelo MPMS

Os documentos analisados pela Promotoria de Justiça apontam um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal

18/12/2025 19h20

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado Divulgação: Hospital do Câncer Alfredo Abrão

Continue Lendo...

O Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA) vive cenário de desequilíbrio financeiro, agravado por limitações orçamentárias e pela crescente demanda por serviços oncológicos de média e alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Diante das circunstâncias, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou procedimento administrativo para acompanhar a contratualização e o financiamento do local.

De acordo com os documentos analisados pela 76ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, há um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal, além de perdas adicionais decorrentes da não cobertura de produção excedente desde novembro de 2024. 

O hospital também enfrenta atrasos no pagamento de procedimentos já realizados, redução temporária do teto MAC (Média e Alta Complexidade), pendências de liberação de emendas parlamentares e insuficiência de repasses para custear cirurgias, quimioterapias, radioterapias, exames de imagem e manutenção de leitos clínicos. 

Como o HCAA atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado, qualquer interrupção representa risco imediato de desassistência em larga escala.

Em resposta às requisições, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou repasses mensais que totalizam R$ 1.738.005,52, distribuídos entre incentivos de custeio e projetos específicos.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), por sua vez, reconheceu o excedente de produção e informou que o pedido de majoração do teto MAC está protocolado no Ministério da Saúde desde 2023, aguardando disponibilidade orçamentária federal.

O Ministério da Saúde confirmou que os pleitos permanecem em análise, tendo havido apenas um repasse pontual de R$ 2.999.840,00 ao Município para ações de média e alta complexidade.

Diante desse quadro, o MPMS expediu portaria e edital tornando pública a instauração do procedimento e notificou formalmente o Ministério da Saúde, a SES, a Sesau e a direção do HCAA.

Entre as diligências determinadas, estão pedidos de informações sobre repactuações contratuais, recomposição financeira, cobertura da produção excedente, valores recebidos em 2025, déficit acumulado e providências adotadas para garantir a continuidade dos atendimentos.

O MPMS destaca que sua atuação é preventiva, institucional e colaborativa, voltada para preservar a continuidade do atendimento oncológico e a promover soluções coordenadas entre Município, Estado e União. O objetivo é assegurar estabilidade financeira ao HCAA, evitar a interrupção de tratamentos que não podem ser suspensos e garantir que a assistência oncológica permaneça integral, resolutiva e acessível à população.

Com o procedimento instaurado, a Promotoria de Justiça seguirá monitorando respostas, prazos, repasses e eventuais reprogramações orçamentárias, além de fomentar pactuações que permitam ampliar a oferta de serviços com segurança, transparência e qualidade. A atuação ministerial busca prevenir o colapso assistencial e assegurar a efetividade do direito fundamental à saúde dos pacientes oncológicos de Mato Grosso do Sul.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).