Cidades

Problema antigo

Obras paralisadas agravam situação de 'usuários' e afastam clientes na região da antiga rodoviária

Comerciantes alegam que movimentação atinge outras regiões da capital

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Desmotivados com as vendas e o baixo número de clientes, os comerciantes localizados  na região da antiga rodoviária, culpam a administração municipal pela baixa procura do comércio local.

Situados no bairro Amambai, os lojistas entre a rua Barão do Rio Branco e a Rua Joaquim Nabuco, disputam os olhares dos clientes em meio ao fluxo de trânsito, pessoas em situação de rua e dependentes químicos, que se abrigam nas dependências das obras de revitalização do Complexo Empresarial Terminal do Oeste Heitor Eduardo Laburu, iniciadas em julho do ano passado.

A Prefeitura Municipal pretende revitalizar a região até o fim deste ano, entretanto apesar das proximidades com o prazo de entrega, as obras haviam avançado apenas 6% até março deste ano, fator que preocupa os comerciantes do local. 

Há 10 anos no mesmo lugar, o vendedor Alexandre Kauê (29), disse ao Correio do Estado que a progressão lenta das obras é o principal agravante para os lojistas da região, uma vez que, segundo o comerciante, o espaço serve para abrigar dependentes químicos e pessoas em situação de rua.

"Apesar de tudo, neste período as vendas permaneceram estáveis, espero que melhore com o fim da reforma da rodoviária, tenho a ideia de que as coisas devem melhorar bastante porque com o término das obras, a administração tende a  retirar os moradores de rua da região", disse.

Esposa de Alexandre, Maria Custódia (60), ajuda o marido no brechó que administra há pelo menos 15 anos. Conhecida na região, ela não se preocupa com o vai e vém dos muitos moradores do local. Para ela, as dificuldades estão principalmente no avanço lento das obras.

"As coisas começaram a ficar assim há uns seis, sete anos, e a responsabilidade é da prefeitura, da administração em tirar eles dali", destacou. Para ela, a maioria dos transeuntes da região é formada por gente tranquila, entretanto as coisas se desestabilizam rapidamente entre eles em alguns momentos. "Brigam com pau, lincham uns aos outros no meu da rua,  e inclusive já houve morte aqui na porta do comércio", frisou. 

Com as portas abertas de segunda à domingo, a vendedora disse que atualmente não há perspectiva de melhora. "Se as coisas não se resolverem teremos que ir até a porta da prefeitura, todo mundo quer trabalhar", finalizou Maria Custódia. Além dela e do marido Alexandre,  a comerciante possui outras três filhas vendedoras, que trabalham nas proximidades da antiga rodoviária. 

Com 25 anos, o vendedor de roupas Felipe Alexandre trabalha na venda familiar desde os 10 anos de idade. Conhecido dos moradores da região, ele e o irmão migraram parte das vendas para a internet, mudança ocasionada, segundo eles, pela pandemia de Covid-19.

"A prefeitura trouxe a obra até aqui, paralisou a região, fecharam tudo, e acabaram com o comércio local. A ação só priorizou e manteve o crescimento de pessoas no bairro, para o comércio só piorou", pontuou o jovem. 

Apesar das críticas, o vendedor destacou que de início,a revitalização da região, fez com que vendedores de outras localidades buscassem prospectar as vendas por ali, o que não tem se sustentado até o momento. "Nossas vendas acontecem muito mais por clientes que conhecem o trabalho e buscam a loja física, mas dizer que existem novos clientes, isso não, o movimento é quase inexistente", falou. 

Proprietário de uma loja de consórcio e financiamento, Anderson Rigoni (34) busca equacionar as contas há cinco anos. Para ele, além das obras não avançarem de acordo com o prazo de entrega previsto, o espaço, já precário, pode fomentar, inclusive, uma nova disputa política na capital, visto que as eleições municipais - para prefeitos e vereadores -, acontecem já em 2024.

"Tudo o que está em curso é parte de um palanque político para as eleições de 2024. A prefeitura não vai conseguir retirar a população da região. A obra afetou o nosso trabalho em cerca de 90%, eu tinha mais de 20 funcionários, hoje tenho três. Estou empurrando com a barriga e gastando mais do que lucrando, pensando em me deslocar daqui para ter renda novamente", disse. 

"Invisíveis"

Dependente químico, o campo-grandense Kelvin dos Santos (28) vive há três anos  na região. Perguntado sobre o fim das obras, o jovem disse que não há muita perspectiva de melhora para os moradores que se abrigam em meio aos entulhos das obras e restos de lixo nas vias da região.

"Vamos sair daqui e vamos para as ruas vizinhas, é um problema muito maior que a obra em si não pode resolver. Talvez um projeto poderia arranjar as coisas, mas isso não é garantia de que a grande maioria vá sair daqui", disse. 

A perspectiva de Kelvin se estende a Roneverson França, outro dependente químico que trabalha com a venda de pinturas no cruzamento do sinal de trânsito entre as avenidas Manoel da Costa Lima e Pres. Ernesto Geisel.

Ex-morador de rua, hoje vive junto da esposa em um quartinho cedido por um comerciante de uma loja de tintas na região. Na mesma situação em que os outros moradores abrigados junto à antiga rodoviária, Roneverson França não tem muitas perspectivas de melhora para as pessoas em situação de rua da capital. "A prefeitura vem aqui só em período de eleição. Chegam junto com a Guarda Metropolitana e nos dão cerca de 5 a 10 minutos para sair. Nos ajudam com documentos, auxiliam com abrigos às vezes. Acontece que na correria a gente acaba perdendo além do documento, cesta básica", destacou. 

As obras

Questionados pelo Correio do Estado, a Prefeitura de Campo Grande destacou que as obras da antiga rodoviária devem ser entregues até dezembro de 2023.

De acordo com a administração municipal, a Prefeitura de Campo Grande disse que o curso das obras está dentro do cronograma previsto. "Já executamos os serviços de demolição, recorte da laje na Rua Vasconcelos Fernandes e retirada do asfalto antigo". Sobre as rondas policiais, a administração destacou que a Guarda Civil Metropolitana realiza rondas diárias no local. 

Projeto

No dia 1º de julho do ano passado, a prefeita Adriane Lopes (Patriota) assinou a ordem de serviço para o início das obras.

A revitalização do espaço não inclui espaços e salas privadas, e contará com a construção de um prédio de dois pavimentos de 1.070 metros quadrados para a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat). 

O projeto orçado com o valor máximo de R$ 19.009.702,44, deve contar com uma adaptação. Em um dos pontos, o espaço deve para ser um corredor de acesso à galeria e ao edifício público, transformado em um grande calçadão com jardins contemplativos. 

De acordo com a prefeitura, a proposta arquitetônica propõe a reabertura das duas claraboias do projeto original, que foram fechadas ao longo dos últimos anos, prejudicando a iluminação e a ventilação do prédio. 

O antigo ponto de ônibus será transformado em área de estacionamento no horário comercial, e o piso será nivelado para se tornar um grande platô, e espaço multiuso para eventos.

Uma outra solução urbanística serão as calçadas alargadas, faixas de pedestres elevadas e uma fachada moderna. 

Os jardins verticais previstos, além de serem um componente estético da fachada, devem melhorar o isolamento térmico do local, iniciativa que visa reduzir gastos com energia. De acordo com a prefeita, o prédio, que está inutilizado desde 2009, seria entregue reformado neste ano, antes do aniversário de Campo Grande. 

Porém, em dezembro do ano passado, com o ritmo lento das obras, o antigo titular da Sisep Rudi Fioresi reconheceu o atraso e afirmou que a revitalização continuava no cronograma inicial. 

Na época, Fioresi comentou que o atraso teria ocorrido em razão da necessidade de revisão de detalhes do projeto, entretanto não esclareceu quais seriam estes detalhes e, apenas disse que as alterações se aplicavam à estrutura e à cobertura do local. 

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trágico

Mulher de 27 anos e rapaz de 28 morrem em acidente no interior de MS

A mulher conduzia um carro que atingiu o motociclista próximo ao Hospital Regional de Três Lagoas

16/12/2025 08h39

Na colisão que ocorreu na madrugada desta terça-feira morreram Fernando Ramos e Fernanda da Silva

Na colisão que ocorreu na madrugada desta terça-feira morreram Fernando Ramos e Fernanda da Silva (foto 24hnewsms)

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Duas pessoas morreram e três sofreram ferimentos em uma acidente que ocorreu no começo da madrugada desta terça-feira (16) próximo ao Hospital Regional, na BR-158, em Três Lagoas (MS), na região leste de Mato Grosso do Sul.

Morreram Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, que conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, que trabalhava como moto-entregador. A colisão ocorreu pouto antes da uma hora da madrugada em um trecho urbano da BR-158, conhecido também como anel viário Samir Tomé. 

As circunstâncias do acidente ainda não haviam sido divulgadas até o começo da manhã. No Palio conduzido por Fernanda estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas. 

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora, o que ajuda a explicar por que ela teve morte instantânea, apesar de estar no interior do veículo. 

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

CAMPO GRANDE

Sem salário, motoristas de ônibus resistem a retornar ao trabalho

Sindicato decidiu descumprir decisão judicial que determina 70% da frota em circulação e vai arcar com multa de R$ 20 mil

16/12/2025 08h00

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite de segunda-feira (15)

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite de segunda-feira (15) Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

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Os motoristas de ônibus de Campo Grande seguirão firmes na posição de greve e a frota continuará parada hoje, como ficou decidido em reunião do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTU-CG), mesmo diante de decisão judicial que impõe a retomada de 70% das atividades.

Ontem, horas depois do começo da greve por parte dos motoristas, o desembargador César Palumbo Fernandes, do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT24), emitiu uma decisão judicial favorável ao Consórcio Guaicurus que determinou que, no mínimo, 70% da frota de ônibus deveria estar circulando, mesmo sob efeito de greve dos funcionários, o que não foi seguido pelo sindicato.

“Em serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”, consta no documento da decisão judicial.

Diante disso, o desembargador determinou a retomada das atividades do mínimo exigido em contrato, sob multa diária de R$ 20 mil pelo descumprimento da ordem. Mesmo com divulgação às 22h de domingo, a decisão chegou nas mãos do STTU-CG às 13h de ontem, quase nove horas depois do início da greve.

À reportagem, Demétrio Freitas, presidente do sindicato, disse que uma reunião de urgência foi convocada para decidir o que a classe faria diante da ordem judicial, motivada também pela multa. Sem tempo para realizá-la de forma presencial, o debate foi feito por WhatsApp e chegaram a uma decisão no fim da tarde.

Em suma, a categoria disse que a greve vai continuar como está, ou seja, com 100% da frota fora de circulação. Sobre a multa, Demétrio disse que os motoristas estão dispostos a arcar com o valor.

“O trabalhador está disposto a pagar esses R$ 20 mil, porque o que não pode é ficar sem receber, sem nenhuma perspectiva de quando vai receber”, reforça.

Em nota enviada à reportagem, o desembargador do caso disse que “a Justiça do Trabalho reconhece a importância do direito de greve, constitucionalmente assegurado aos trabalhadores e também a gravidade da situação, ante ao não recebimento dos seus vencimentos. Entretanto, a população também tem constitucionalmente garantido o acesso a serviço público de transporte urbano, caracterizado como essencial e por esse motivo não se pode aceitar a paralisação de 100% dos serviços”.

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite de segunda-feira (15)Veículos do Consórcio Guaicurus permaneceram na garagem durante toda a segunda-feira na Capital - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

Por causa da greve, acontecerá hoje, às 15h45min, na sede do TRT da 24ª Região, uma audiência de conciliação entre as partes – Consórcio Guaicurus, sindicato e Prefeitura Municipal de Campo Grande. O objetivo deste encontro é que todos os lados entrem em um acordo para que o transporte coletivo da Capital seja restabelecido o quanto antes.

A intenção e exigência dos motoristas é que sejam efetuados os pagamentos de três valores: o salário vencido no quinto dia útil, o qual apenas metade foi pago; a segunda parcela do 13º salário, que ainda vai vencer no dia 20; e pagamento do “vale” (adiantamento), que também vai vencer no dia 20. Sem isso, a classe reforça que não voltará a trabalhar.

NARRATIVAS

Após o começo da greve, representantes da Administração Municipal convocaram uma coletiva de imprensa para esclarecer pontos sobre a crise financeira no setor do transporte coletivo da cidade.

Sem a presença da prefeita Adriane Lopes (PP), representaram o Executivo Municipal: Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg); Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município. 

A prefeitura reforçou que não está em débito com o Consórcio Guaicurus e que foram repassados cerca de R$ 35 milhões somente este ano à concessionária, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. Segundo estimativa apresentada na coletiva, cerca de 110 mil campo-grandenses foram prejudicados pela paralisação.

Em contrapartida, o diretor-presidente do Consórcio, Themis Oliveira, afirmou em entrevista que o Executivo Municipal deve R$ 39 milhões à empresa, valor do acumulado de três anos, e reforçou que os vencimentos pedidos pelos funcionários só serão quitados após o pagamento desta quantia milionária.

“Nós estamos desde 2022 com uma tarifa pública e uma técnica e sem receber essa diferença. Só nos últimos 12 meses, essa diferença já dá R$ 8,5 milhões. Se eu levar desde o começo de 2022, esse valor chega a R$ 39 milhões. Agora, chegou no ponto em que nós não conseguimos recursos para pagar, nós estamos devendo fornecedor, estamos devendo ao banco, e não conseguimos os recursos para pagar 100% da folha”, explica Themis.

Entre a dívida alegada pelo consórcio está a diferença entre as tarifas e também uma parte do subsídio às gratuidades, valor que é pego tanto pela Prefeitura como pelo governo do Estado.
Responsável por uma parcela do repasse, o Governo afirmou apenas que “não mantém relação contratual com o Consórcio Guaicurus”.

INTERVENÇÃO MUNICIPAL

No relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou a crise no transporte público de Campo Grande, apresentado em setembro deste ano, os vereadores chegaram a sugerir uma intervenção municipal na concessão, caso as medidas recomendadas pela comissão não fossem adotadas pelo Consórcio Guaicurus. Com a crise instaurada no setor, a questão voltou ao debate.

Em conversa com a reportagem, o vereador Doutor Lívio (União Brasil), que foi presidente da comissão, afirmou que os parlamentares envolvidos na CPI se reuniram com a Prefeitura há cerca de duas semanas, para debater sobre uma possível intervenção municipal na concessão, mas que foi descartada pela prefeita Adriane Lopes (PP).

“Nós conversamos com a prefeita e ela foi questionada diretamente se teria condição de intervir, e ela disse que não tem condição de intervir porque não tem pernas para isso. Então, esse é um posicionamento que parece que ficou muito claro, a questão da prefeitura é financeira”, diz o vereador.

*SAIBA

Esta foi a segunda greve dos motoristas de ônibus que impactou diretamente a circulação do transporte coletivo campo-grandense. A última vez havia sido no fim de 2021, quando os funcionários pararam alegando falta de reajuste salarial e de outros benefícios.

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