Sílvio Andrade
Um filhote de onça parda macho mobilizou os órgãos ambientais, a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e até o Ministério público numa operação de resgate do animal, que ficou mais de 15 horas no alto de uma árvore Sete Copas, no bairro Aeroporto. Centenas de pessoas acompanharam a ação de risco, nesta tarde, que foi um sucesso e preservou o animal.
O felino entrou no quintal de uma residência, situada entre as ruas Gonçalves Dias e Joaquim Wenceslau de Barros. Quando o morador, identificado como Nelson, foi ao banheiro, fora da casa, às 23h de sábado, deu de cara com o animal sob uma caixa de água no chão. Recuperado do susto, chamou os bombeiros. Acuada, a onça subiu na árvore.
Segundo os moradores, o animal, de aproximadamente dois anos e pesando 45 quilos, já rondava a região nos últimos três dias e estava matando galinhas para se alimentar. Ontem, ela resistiu a fome e sede no topo da árvore, a cerca de dez metros de altura, assustada com a presença de muitas pessoas atraídas pela novidade.
O resgate foi difícil e arriscado: o animal, estressado, poderia descer e atacar as pessoas, causando um tumulto generalizado. As pessoas não respeitavam a área de isolamento e a polícia. O Ministério Público entrou no caso pedindo muita cautela e uma ação planejada para não colocar em risco a vida do filhote. Foi uma operação de muita adrenalina.
Dardo certeiro
O pesquisador Walfrido Tomás, da Embrapa Pantanal, especialista em fauna silvestre, estava em Campo Grande e retornou de avião para coordenar o resgate. Experiente em captura de onça e integrante do Projeto Onça Pantaneira, João Batista Elias Silva, 47, foi trazido da fazenda São Bento, situada na Estrada-Parque, para atirar o dardo com anestésico.
"Onça parda é menos perigosa que a pintada. Se ela descer (da árvore), vai fugir. Se é a pintada, ela ataca o primeiro cachorro ou pessoa que estiver na sua frente", conta João Batista, que trabalha na captura de onça há dez anos. "Já ajudei a pegar umas 30 onças", conta. Antes de atirar o dardo na paleta da parda, ele confessou: "tô emocionado".
Com a ajuda de uma escada, João Batista se aproximou da onça e a cerca de uma distância de oito metros disparou o dardo de um rifle do Ibama. O animal pulou de galho e minutos depois, sob efeito do medicamento, foi empurrada pelos bombeiros, caindo numa rede próximo ao solo. Depois de medicada na Embrapa Pantanal, foi solta no início da noite no Pantanal.