Cidades

SUCCESSIONE

Operação do Gaeco expõe guerra entre famílias Name e Razuk pela Lotesul

Inquérito mostra que grupo de Dourados criou até empresa de fachada em nome de laranja para concorrer à loteria estadual

Continue lendo...

A quarta fase da Operação Successione, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na terça-feira, expôs uma guerra entre as famílias Name e Razuk pela licitação da Loteria Estadual de Mato Grosso do Sul (Lotesul), avaliada em R$ 1,4 bilhão de receita anual ao vencedor.

O interesse de ambos pela loteria estadual ficou escancarado quando ambos ingressaram com pedido para impugnar o texto do edital da licitação da Lotesul. Os pedidos afirmavam que o texto estava direcionado para favorecer uma empresa, apesar de não dizer diretamente, a referida seria a paranaense chamada PayBrokers.

No caso de Jamilzinho, ele mesmo, por meio de seu advogado, ingressou na Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) com o pedido de impugnação do edital. Porém, no caso da família Razuk, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) afirma que eles criaram uma empresa de fachada para concorrer ao certame.

Isso porque quem entrou contra o edital foi a empresa Criativa Technology LTDA, com sede em Dourados, que estava no nome de Sérgio Donizete Balthazar. Entretanto, o Gaeco afirma que o suposto empresário seria apenas um laranja para a família Razuk, que seriam os verdadeiros donos da empresa fantasma.

“Apurou-se por ocasião da interceptação telefônica autorizada judicialmente que Jorge Razuk utiliza pessoalmente uma linha telefônica registrada em nome de Sérgio Donizete Balthazar e, ainda, ser este sócio-administrador da empresa Criativa Technology LTDA, que protagonizou a batalha travada com seus concorrentes, entre os quais Jamil Name Filho, dentro do processo licitatório milionário da chamada nova Lotesul, cujo edital vai conceder autorização para exploração de loterias oficiais dentro do estado de Mato Grosso do Sul”, diz trecho do documento.

“Afirmou o MPMS ser a empresa Criativa Technology LTDA apenas uma empresa fictícia, existente só ‘no papel’, tão somente para viabilizar a concorrência da organização criminosa, na referida licitação milionária da Lotesul, o que ficou demonstrado pela ausência de estrutura física ou de pessoal que justificasse a concorrência em licitação tão valiosa como a Lotesul, e o financiamento das custas processuais por Roberto Razuk, que fora inclusive noticiado pela imprensa”, completa a juíza.

A licitação, que deveria ter sido realizada em fevereiro deste ano, não chegou a ter a fase de proposta concluída e foi paralizada.

Meses depois, em agosto deste ano, o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) concluiu que o edital violava “os princípios da legalidade, proporcionalidade, motivação e economicidade”, por meio de exigências e cláusulas desproporcionais.

Em setembro, a Sefaz anulou parcialmente o pregão eletrônico para novas adequações.

FAMÍLIAS

Conforme consta no documento que decretou as prisões preventivas dos 20 alvos da operação, do qual o Correio do Estado teve acesso, a família Razuk é “conhecida há décadas pela exploração ilegal do jogo do bicho e com expertise nas negociatas relacionadas ao ilícito”.

O texto diz ainda que eles “tem praticado crimes de toda ordem, entre os quais assaltos à mão armada e lavagem de dinheiro”, mais especificamente na região de Dourados.

Inclusive, a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna deixa claro em seus argumentos que a organização criminosa que seria liderada pelo deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk, intensificou suas práticas em Campo Grande após a prisão de Jamil Name Filho durante a Operação Omertà, deflagrada em 2019 pelo Ministério Público contra milícias armadas.

A família Name é amplamente conhecida no Estado por ter comandado, durante muitos anos, o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul, com ênfase na Capital, por meio das figuras de Jamil Name e Jamil Name Filho, apelidados de Jamilzão e Jamilzinho, respectivamente.

Em 2021, o pai morreu enquanto estava preso no presídio de segurança máxima de Mossoró (RN), em função de complicações da Covid-19. Dois anos depois, o filho foi condenado a 73 anos de prisão, entre diversas penas, das quais uma, por matar por engano Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos.

LOTESUL

A licitação da Lotesul buscava uma empresa para gerir a loteria estadual, que poderia retornar à ativa após quase 20 anos de sua extinção.

O vencedor do certame deverá repassar, pelo menos, 16,17% da receita bruta para o governo de Mato Grosso do Sul. A vencedora poderia ficar à frente do negócio milionário por até 35 anos, caso o contrato fosse prorrogado.

Isso porque, o contrato com a vencedora inicialmente duraria 10 anos, entretanto, se todos os aditivos legais de tempo fossem aplicados, a empresa poderia ficar 35 anos no comando da Lotesul.

OPERAÇÃO

A quarta fase da Operação Successione teve como alvo familiares e empresários próximos ao deputado Neno Razuk (PL). Ao todo, foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão simultaneamente em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, as equipes estiveram na residência do ex-deputado Roberto Razuk, pai de Neno Razuk.

Outro alvo é Marco Aurélio Horta, o Marquinho, chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há quase duas décadas. Os irmãos do parlamentar também foram presos.

Durante o cumprimento dos mandados contra a família Razuk foram apreendidos mais de R$ 300 mil, além de armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Outro motivo para a realização desta quarta fase foi a iminente expansão da organização criminosa dos Razuk para o Estado de Goiás, principal na Capital.

Assine o Correio do Estado

CNH

Congresso derruba veto de Lula e retoma exigência de exame toxicológico para primeira CNH

O veto é derrubado dias após a aprovação de uma reformulação no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para eliminar a obrigatoriedade de aulas

04/12/2025 21h00

Foto: Divulgação

Continue Lendo...

O Congresso Nacional rejeitou, em sessão conjunta realizada na tarde desta quinta-feira, 4, um veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que barrava a exigência de exame toxicológico para os candidatos à primeira habilitação de condutores nas categorias A (motos e ciclomotores) e B (veículos de passeio).

O veto é derrubado dias após a aprovação de uma reformulação no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para eliminar a obrigatoriedade de aulas;

A exigência do exame toxicológico representa, na verdade, uma ampliação: a realização do exame já é obrigatória para motoristas das categorias C, D e E (transporte de cargas e passageiros).

Na justificativa do veto, de junho deste ano, o governo Lula argumentou que a exigência do exame para as categorias A e B aumentaria os custos para tirar a CNH, o que poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação - estimativas indicam que há cerca de 20 milhões de pessoas nessas condições.

"Em que pese a boa intenção do legislador, a inclusão do artigo para prever que os condutores de todas as categorias de veículos sejam obrigados a realizar exame toxicológico para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) contraria o interesse público, pois importaria em aumento de custos para a sociedade e poderia influenciar que mais pessoas optassem por dirigir sem a devida habilitação, o que comprometeria, por consequência, a segurança viária", justificou o Planalto, no veto.

Parte dos parlamentares entendeu que o argumento, porém, ficou ultrapassado, uma vez que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editou recentemente uma resolução autorizando regras menos rígidas para acesso à CNH sem precisar cursar escolas de trânsito.

Em nota, a Associação Brasileira de Toxicologia (ABTox) afirmou considerar a "derrubada do veto ao exame toxicológico obrigatório para a primeira habilitação um avanço decisivo para a segurança viária no País".

"A medida reforça uma política pública que comprovadamente tem impacto positivo na sociedade: desde 2016, quando passou a ser obrigatório para motoristas das categorias C, D e E, o exame evitou ao Brasil uma perda estimada de R$ 74 bilhões em sinistralidades apenas em seu primeiro ano e permitiu que mais de 28 mil condutores inicialmente reprovados retornassem às atividades após tratamento e reabilitação", estima a entidade.

Conforme a ABTox, a decisão também reflete a vontade da sociedade: segundo pesquisa Ipec de fevereiro de 2025, 83% dos brasileiros apoiam a exigência do exame para novos condutores.

Como funciona o fim da obrigatoriedade de aulas para obter a CNH

Como mostrou o Estadão, a nova resolução para facilitar a obtenção de CNH prevê um curso teórico gratuito e digital, maior flexibilidade nas aulas práticas e permissão para que candidatos sejam acompanhados por instrutores credenciados dos Detrans, e não apenas por autoescolas.

O processo também poderá ser iniciado online, pelo site do Ministério dos Transportes ou pela Carteira Digital de Trânsito (CDT).

A mudança mira os altos custos e a burocracia que afastam milhões de brasileiros. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que cerca de 20 milhões de pessoas dirigem sem habilitação, e outras 30 milhões têm idade para tirar a CNH, mas não conseguem arcar com despesas que podem chegar a R$ 5 mil O governo estima que o novo modelo pode reduzir em até 80% o custo total da habilitação.
 

EMPREENDIMENTO

Terceiro porto em município de MS terá investimento acima dos R$ 180 milhões

O novo complexo de Porto Murtinho planeja atender três cadeias estratégicas: grãos, fertilizantes e cargas diversas

04/12/2025 20h18

Continue Lendo...

A partir de 2026, Porto Murtinho terá um novo Terminal Multifuncional à beira do Rio Paraguai, com investimento previsto acima dos R$ 180 milhões. A empresa responsável pelo empreendimento será a PTP Group. O projeto recebeu o licenciamento ambiental e a licença de instalação para construção, emitidas pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), durante reunião no gabinete do governador Eduardo Riedel, na quarta-feira (3).

O terceiro terminal portuário do município será construído no quilômetro 2.322 do Rio Paraguai, em uma área total de 352,5 hectares, com 9,9 hectares dedicados à fase inicial das operações. 

A estrutura foi planejada para atender três cadeias estratégicas e prevê uma capacidade de movimentação anual em torno de:

  • 1,15 milhão de toneladas de grãos;
  • 1 milhão de toneladas de cargas diversas;
  • 700 mil toneladas de fertilizantes. 

O complexo também contará com infraestrutura para expansão de silos, armazém de 20 mil toneladas e área offshore para atracação e operação de barcaças.

Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), destacou que o PTP Group já atua ao longo da hidrovia do Paraguai com portos na Argentina, Uruguai e Paraguai, o que reforça a integração regional. 

“Estamos falando de um investimento que inicia obras no ano que vem e que, em um ano, já deve estar em operação. É o terceiro porto em implantação em Porto Murtinho, ampliando a capacidade da nossa hidrovia e conectando a produção sul-mato-grossense a mercados do Atlântico e do Pacífico”, afirmou o secretário.

O projeto executivo prevê execução físico-financeira distribuída em dez meses, com Capital Expenditure (CAPEX) total de R$ 181 milhões, incluindo obras civis, infraestrutura portuária e implantação dos sistemas de armazenagem e movimentação de cargas. A Licença Prévia do empreendimento já teve todo o estudo ambiental apresentado ao Imasul, e o processo segue em análise técnica.

Reunião do governador Eduardo Riedel com a delegação de Entre Ríos e a PTP / Crédito: Governo do Estado

Durante a reunião, também foi discutida a ampliação da cooperação internacional com a província de Entre Rios, na Argentina, onde o PTP Group mantém operação portuária. A intenção é fortalecer o corredor logístico entre Mato Grosso do Sul, portos argentinos e o hub de Nueva Palmira, no Uruguai, ampliando as rotas de exportação e criando alternativas de importação via hidrovia. Verruck ressaltou que essa integração também favorece o mercado boliviano, que tem aumentado sua utilização do Rio Paraguai.

O governador Eduardo Riedel propôs que os estados e províncias vizinhas criem um modelo de governança para a hidrovia similar ao desenvolvido na Rota Bioceânica. A ideia é instalar um fórum de governadores subnacionais para tratar conjuntamente de infraestrutura, regulação e expansão das operações ao longo do Rio Paraguai.

Paralelamente, Brasil e Paraguai avançam nas tratativas finais para permitir que, já no próximo ano, seja lançada a primeira licitação hidroviária do trecho entre Corumbá e Porto Murtinho, medida considerada essencial para elevar a navegabilidade e garantir sustentabilidade ao corredor logístico.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).