Cidades

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Papa não veio a Campo Grande, mas fiéis fizeram caravana para vê-lo no Paraguai há dez anos

Em 2015, Papa Francisco celebrou missas no Paraguai e centenas de sul-mato-grossenses foram ao país vizinho e relataram emoção de ver o pontífice de perto

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O Papa Francisco, que faleceu na madrugada desta segunda-feira (21) após 12 anos de papado, fez apenas uma visita ao Brasil, na Jornada Mundial da Juventude, de 23 a 28 de julho de 2013, no Rio de Janeiro. Diferente do Papa João Paulo II, Francisco nunca veio a Campo Grande, mas mobilizou dezenas de fiéis campo-grandenses que saíram de caravana para vê-lo no Paraguai, que faz fronteira com o Estado, em 2015.

Na ocasião, o Correio do Estado acompanhou um grupo de 52 fiéis de Campo Grande que acompanhou as missas do papa Francisco em Caacupé e Assunção.

O líder religioso desembarcou no país vizinho no dia 10 de julho de 2015 e uma das caravanas saiu de Campo Grande no mesmo dia, chegando até Caacupé no dia 11, onde foi realizada na missa pelo papa.

A funcionária pública Edy Firmina Pereira, que tinha 47 anos na época, foi uma das participantes da excursão. Católica praticante, ela afirmou que se programou para a viagem desde quando soube da vinda do sumo pontífice.

Com ela, viajaram o sobrinho, Rafael Pereira Bolson, a irmã Maria José Pereira, e a mãe Edite Simões Pacheco da Silva, todos em busca de bençãos. 

"Ele [papa Francisco] é um líder religioso. É um símbolo de amor, paz e harmonia, aberto ao diálogo e que transmite a paz. Vou pedir muitas bênçãos", disse, na ocasião.

O fotógrafo Roberto Higa, acompanhado da esposa Sandra Higa, também participou da caravana, levando câmera fotográfica para registrar a emoção dos fiéis.

"Fotografei o papa João Paulo II quando ele veio em Campo Grande nos anos 90 e agora quero fotografar o Francisco", disse ao Correio do Estado, na ocasião.

Emoções falaram mais alto

A primeira missa celebrada pelo papa Francisco, em Caacupe, no entanto, causou emoção e frustração nos fiéis, que não conseguiram vê-lo de perto. Milhares de fiéis se reuniram nas proximidades da basílica de Nossa Senhora de Caacupe para aguardar a  passagem do líder religioso no papa móvel antes da celebração.

Com faixas, terços e camisetas, o grupo de religiosos que saiu de Campo Grande aguardava a passagem em uma das barreiras montadas para impedir que a multidão passasse pelo caminho onde chegaria o papa. Quando, por fim o papa cruzou a rua no papa móvel,  a passagem foi rápida e sem muitos acenos. Os fiéis,  que aguardaram no sol e "espremidos" nas grades, se sentiram desapontados.

"No Rio de Janeiro, ele tirou foto com crianças, pegou na mão, aqui foi muito rápido" disse uma das peregrinas.

Romênia Batista, disse que era a primeira vez que viajava para ver o papa e gostaria que o trajeto fosse mais lento. Sem conseguir chegar perto da basílica, ela reclamou também do telão,  que foi disponibilizado, mas não estava funcionando.

"Foi um pouco frustrante,  mas também é muito emocionante. Para nós católicos é um momento único, de muitas bênçãos", ponderou.

As emoções dos católicos falaram mais alto do que as possíveis frustrações. Na bagagem, os peregrinos trouxeram as emoções de compartilhar de um momento de oração junto ao papa.

A professora Iza Bezerra Lopes não escondeu a emoção de um encontro inesperado com o sumo pontífice. Com três celebrações previstas no roteiro da excursão, Iza foi surpreendida quando saía para jantar e viu Francisco passando no papa móvel pelas ruas de Assunção.

“Vi ele em Caacupé e em Assunção estava parada esperando o trânsito e ele passou, foi um momento único na minha vida”, disse, na época.

“Foi emocionante, maravilhoso e prazeroso. Tocou na alma da gente. Psicologicamente me renovou, parece que vim outra pessoa e senti isso no grupo também”, acrescentou a professora.

Marlene Correia Porto de Oliveira destacou a hospitalidade dos paraguaios para com os visitantes brasileiros e com o papa. “O papa Francisco é bastante carismático e o povo paraguaio é muito fervoroso, acolhedor, são bem atenciosos e prestativos, tem uma grande devoção a Nossa Senhora. As celebrações foram muito ricas e eles prepararam tudo com muito carinho”, contou.

Marlene ressaltou a fé e alegria dos colegas de excursão. “Foi uma benção, meu coração está cheio de alegria por tantas maravilhas que o senhor preparou para nós”, resumiu.

O casal João Valter Vasconcelos e Iolanda Ottoni de Vasconcelos também ressaltou a importância do encontro com o papa para os católicos. “É mais um reforço para nossa fé ter um encontro com nosso para em um país vocacionado, de muita fé. O papa foi muito bem acolhido”, disse João.

Mais jovens do grupo, os amigos Rafael Bolson e Luiz Antônio Rocha Amaral, de 18 e 22 anos naquela ocasião, também compartilharam experiências únicas com o papa e com os paraguaios. A dupla enfrentou adversidades, como o lamaçal no parque Ñu Guasu e ter se perdido no país vizinho, mas não desanimou.

Rafael, que participou da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013, não perdeu a oportunidade de ter um novo encontro com o papa. “Apesar de ser parecido com a jornada, cada encontro com o papa é diferente. O povo paraguaio é muito acolhedor e vale a pena cada sacrifício e aventura pela fé”.

Já para Luiz, este foi o encontro com o líder religioso. “Achei uma experiência muito boa, principalmente para nós católicos, é um sinal de comunhão com a igreja e com o papa. Renova a fé”, afirmou.

Papa no Paraguai

O Papa Francisco visitou o país vizinho pela primeira vez no seu pontificado, onde realizou três celebrações. A primeira missa foi celebrada na basílica de Nossa Senhora de Caacupé, na cidade de Caacupé, no dia 11 de julho de 2015.

No dia seguinte, o sumo pontífice celebrou uma missa para milhares de pessoas no Parque Ñu Guasu,em Assunção, mesmo local onde o Para João Paulo II celebrou missa em sua visita ao país em 1988. No mesmo dia, Francisco celebrou outra missa na Costaneira de Assunção para os jovens.

Falecimento

O Papa Francisco, líder da Igreja Católica desde 2013, morreu nesta segunda-feira (21) aos 88 anos, às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local do Vaticano.

Um boletim médico oficial divulgado pela Santa Sé informa que o papa Francisco foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), seguido por coma e colapso cardiovascular irreversível.

A Santa Sé ainda não divulgou detalhes sobre as cerimônias fúnebres nem sobre os próximos passos do Vaticano com relação à sucessão papal.

Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, veio ao mundo em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, capital da Argentina. Filho de imigrantes italianos, cresceu em uma família católica de classe média e desde jovem demonstrou interesse pela vida religiosa.

Antes de ingressar no seminário, chegou a estudar química e trabalhou brevemente em um laboratório. Em 1958, entrou para a Companhia de Jesus (os jesuítas), ordem religiosa conhecida por seu rigor intelectual e dedicação às causas sociais. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, ao longo das décadas seguintes, ocupou diversos cargos de liderança dentro da Igreja na Argentina, incluindo o de arcebispo de Buenos Aires, nomeado em 1998.

Francisco foi sucessor do papa emérito Bento XVI que, em fevereiro de 2013, aos 78 anos, renunciou ao pontificado em razão de problemas de saúde. Francisco chegou a presidir o funeral de Bento XVI, em janeiro de 2023, com uma homilia em que o comparava a Jesus.

CUIDADO

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Agência emitiu alerta sobre compra e consumo desses medicamentos

21/12/2025 22h00

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas Divulgação

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Popularizadas por influenciadores e celebridades, as chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, vêm sendo cada vez mais buscadas por pessoas que desejam emagrecer de forma rápida, muitas vezes sem orientação médica e sem nenhum critério.

Diante da procura desenfreada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a compra e consumo desses medicamentos. Segundo a Anvisa, a venda e o uso de canetas emagrecedoras falsas representam um sério risco à saúde e é considerado um crime hediondo no país.

A farmacêutica Natally Rosa esclarece que o uso de versões manipuladas ou de origem desconhecida é uma prática perigosa.

"Uma pessoa que ela se submete, que ela é exposta ao uso de um medicamento fora dessas regulamentações, os riscos dela, com certeza, estão exacerbados. Desde a ausência de uma resposta ideal, como as contaminantes."

A farmacêutica destaca o que observar na embalagem e no produto para conferir sua autenticidade:

"Temos alguns sinais. A própria embalagem já chama a atenção, já que as bulas são de fácil acesso na internet. Então, qual é a apresentação física dessa embalagem? De que forma que ela se apresenta? Como está o rótulo? O rótulo está no idioma do Brasil? Do nosso idioma aqui? Não deve estar em outras línguas, por exemplo. Existe lote e validade de fácil acesso? Você consegue identificar? A leitura, a descrição do medicamento, o princípio ativo, ela precisa estar bem legível. Todas as informações precisam estar bem claras."

Ela também chama a atenção para valores: preços muito abaixo do praticado no mercado são sinal de alerta grave. O medicamento só é vendido com apresentação e retenção da receita médica.

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BRASIL

Dilma será indenizada por tortura física e psicológica na ditadura

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

21/12/2025 21h00

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências Comissão da Verdade/Divulgação

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A ex-presidente Dilma Rousseff receberá, da União, uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, em razão de perseguição política e tortura durante a ditadura militar no Brasil. A decisão foi proferida na última quinta-feira (18) pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que também determinou o pagamento de uma reparação econômica mensal, em razão da demissão que ela sofreu na época.

O relator do caso, desembargador federal João Carlos Mayer Soares, afirmou que os atos praticados pelo Estado caracterizam grave violação de direitos fundamentais e ensejam reparação por danos morais.

“Foi evidenciada a submissão [de Dilma] a reiterados e prolongados atos de perseguição política durante o regime militar, incluindo prisões ilegais e práticas sistemáticas de tortura física e psicológica, perpetradas por agentes estatais, com repercussões permanentes sobre sua integridade física e psíquica”, diz Soares.

Ao longo dos anos, a ex-presidente deu diversos depoimentos sobre os interrogatórios violentos que sofreu. A tortura contra Dilma incluiu choques elétricos, pau de arara, palmatória, afogamento, nudez e privação de alimentos, que levaram a hemorragias, perda de dentes, entre outras consequências de saúde.

Dilma Rousseff foi presa em 1970, aos 22 anos, e passou quase três anos detida, respondendo a diversos inquéritos em órgãos militares em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Após deixar a prisão, Dilma mudou-se para o Rio Grande do Sul e, em 1975, começou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado.

Ela continuou sendo monitorada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) até o final de 1988 e perseguida por seu posicionamento político de críticas e oposição ao governo militar. Em 1977, o ministro do Exército à época, Silvio Frota, divulgou uma lista do que chamou de “comunistas infiltrados no governo”, que incluía o nome de Dilma, o que acarretou na sua demissão.

De acordo com o desembargador federal, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, a ser paga pela União, deve ser calculada de modo a refletir a remuneração que receberia caso não tivesse sido alvo de perseguição política.

Anistia política

Em maio desse ano, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu a anistia política à Dilma Rousseff e também fez um pedido de desculpas pelos atos perpetrados pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Para o colegiado, ficou comprovado que o afastamento de Dilma de suas atividades remuneradas, à época, ocorreu por motivação exclusivamente política.

Então, foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de reparação econômica, em parcela única, que é o teto de pagamento previsto na Constituição para esses casos.

Entretanto, para a 6ª Turma do TRF1, é assegurada a prestação mensal, permanente e continuada aos anistiados que comprovem o vínculo com atividade laboral à época da perseguição política, “ficando prejudicada a prestação única anteriormente concedida na esfera administrativa”.

Após a redemocratização de 1988, a ex-presidente também teve a condição de anistiada política reconhecida e declarada por quatro comissões estaduais de anistia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo outras reparações econômicas simbólicas.

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