Interceptada pela Polícia Federal, uma carta de próprio punho escrita por Jarvis Chimenes Pavón foi o estopim da Operação Pavo Real, com cumprimento de mandados de prisão de 32 pessoas e busca em 11 empresas paraguaias, revelando o controle exercido pelo narcotraficante no Paraguai mesmo preso em terras brasileiras.
Após a interceptação, as informações foram repassadas pela PF para a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad), mostrando que o filho de Jarvis, Luan Chimenez Nascimento era parte fundamental no controle do pai sobre o crime organizado no país vizinho.
Um primeiro relatório da Senad com informações da "Pavo Real", segundo repassado pelo Secretaria Municipal de Segurança Pública de Ponta Porã, Marcelino Nunes, indicam que Luan era encarregado de distribuir as cartas do pai.
Como explica a Senad, a relação de visitas mais próxima à Jarvis, devido o parentesco, facilitavam a conexão entre o narcotraficante brasileiro e o comando do império no país vizinho.
Francisco Ayala é diretor de comunicação do órgão antidrogas, e esclareceu as informações encontradas na carta de Jarvis. "Onde Pavão afirmava que determinada propriedade pertencia a fulano, outra a outra pessoa", disse.
Estima-se que essas 32 pessoas e 11 empresas, movimentavam cerca de 150 milhões de dólares no Paraguai, e outros U$ 85 milhões no Brasil, conforme a Senad.
Além da operação na manhã de segunda-feira (10), outras 12 mandados de busca e apreensão foram realizados hoje (11) em Pedro Juan Caballero, pela ligação de estabelecimentos com o esquema de lavagem de dinheiro por Jarvis Pavón no Paraguai, segundo o portal ABC Color.
Dos 32 mandados de prisão decretados ontem, pelo menos 12 pessoas foram detidas em Pedro Juan Caballero. Importante frisar que a investigação segue, com autoridades paraguaias e brasileiras empenhadas em desmantelar o esquema.
Pavón na mira
Na mira das investigações há décadas, essa não é a primeira investida contra o patrimônio de Jarvis que, mesmo encarcerado, era tido como o mandante do tráfico de drogas, controlando pelo menos R$ 302 milhões de fortuna.
Além dos vários imóveis listados na operação paraguaia de hoje, ainda em novembro de 2022 uma investida mirava casas de luxo avaliadas em R$ 80 milhões, espalhadas por Mato Grosso do Sul e pelo menos outras quatro unidades da Federação: Rondônia; Bahia; Santa Catarina e Distrito Federal.
Também, em 2022, o Tribunal do Júri da Justiça Federal da 4ª Região absolveu Jarvis Chimenes Pavão da acusação de homicídio qualificado e o condenou por tráfico e associação para tráfico de drogas.
Conhecido como "o Barão das drogas", ainda em 2009 a Senad realizou a prisão de Jarvis no Paraguai, sendo que sua extradição para o Brasil aconteceu em 28 de dezembro de 2017.
Ele foi condenado a 23 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado, que deve começar após o fim da pena que ele já está cumprindo na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO).
Atirou contra policiais
Ainda ontem (10), Daniel Montenegro, marido da promotora Katia Uemura, deu trabalho para os policiais que realizavam o serviço, por disparar contra equipes da Senad.
Após o incidente, a agente fiscal - que culpou o jornalista Humberto Coronel por "se entregar" para a morte - emitiu nota dizendo que "desconhece os feitos atribuídos ao esposo".
Também, ela comenta que as suspeitas que poderiam ter sobre o mesmo "não tem relação" com a promotora, ou com a linha de trabalho desempenhado por ela.
Além de Daniel, em PJC foram detidos: María Cristina González Ibarra, Nancy del Carmen Alfonso, Raquel Amaro González, Jorge Mora Galeano, Renan Gilberto Mora Benítez e Alfredo Duarte.
Já em Assunção, os detidos foram: Adrián Brizuela, Lilian Haydee Ayala de Silva, Gabriela Esther González Jacquet e Carlos Oleñik Memmel, que é processado até mesmo por terrorismo bancário.


Tabletes de crack. Foto: Polícia Civil
Vítima, Maria de Fátima Alves, de 40 anos
Prima, de 32 anos e seu comparsa, de 41 anos


