Polícia

DELEGACIA

Cocaína furtada pode ter rendido
meio milhão de reais

Delegado é acusado de peculato e tráfico de drogas

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O plano que resultou no furto e na venda de 101 quilos de cocaína que estavam apreendidos na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana, cidade distante 142 quilômetros de Campo Grande, pode ter gerado uma receita de R$ 500 mil aos envolvidos, todos, agora, acusados de tráfico de drogas. Entre os denunciados, está o delegado de polícia Éder Oliveira Moraes, autor da ideia. Foi ele que procurou a advogada Mary Stella Martins de Oliveira e o companheiro dela, o traficante Ronaldo Alves de Oliveira, para a execução do plano.

O golpe de meio milhão de reais só foi descoberto porque um escrivão que trabalha na 1ª Delegacia percebeu o furto, ocorrido nos primeiros dias de junho deste ano. O caso foi desvendado pelo Ministério Público Estadual e pela Corregedoria da Polícia Civil. O delegado, acostumado a prender os que praticam crimes, agora é acusado de tráfico (duas vezes) e peculato (duas vezes) e está sujeito a uma pena, em caso de condenação, que poderá chegar a 60 anos de prisão. 

Éder foi o único policial envolvido no plano para furtar a cocaína. Os promotores Antenor Ferreira de Rezende Neto, Gerson Eduardo de Araújo, Thalys Franklyn de Souza eTiago di Giulio Freire, concluíram que ele, além de ter procurado os outros traficantes, ao constatar grande quantidade de cocaína dentro da delegacia, escondeu sua intenção dos demais servidores que trabalham no local e facilitou a entrada dos criminosos no prédio, ao deixar a maçaneta da janela aberta. 

COBIÇA

Conforme os promotores de Justiça, a cobiça dodelegado foi grande fator de motivação para o crime. Os 94 tabletes de cocaína, que totalizaram 101 quilos da droga, apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal em 30 de maio deste ano, com o caminhoneiro Eliseu Simões, seduziram Éder de Oliveira Moraes. A cocaína, que saiu de Corumbá, tinha São Paulo (SP) como destino. 

Como o flagrante dos policiais rodoviários ocorreu na BR-262, a cocaína acabou levada para a Delegacia de Aquidauana. Neste distrito policial, não há um depósito específico para drogas e armas apreendidas e, sim, uma sala improvisada, cuja segurança é apenas a única fechadura da porta. O protocolo para entrar no local, entretanto, é restritivo: sempre deve ser feito por dois ou mais policiais.

“Ocorre que a presença de tamanha quantidade de cocaína pura na delegacia, droga de alto valor e raramente encontrada nesta cidade, levantou a cobiça do denunciado Éder, então delegado de polícia titular da 1ª Delegacia de Polícia de Aquidauana, em subtrair a referida carga ilícita e de sua venda auferir dinheiro”, argumentaram os promotores na denúncia.

Ao se deparar com o grande volume de cocaína, Éder procurou a advogada Mary Stella. Ela já era conhecida do delegado, até porque, conforme o Ministério Público, ambos praticaram juntos crime de corrupção passiva no início do ano. O executor para a venda dos 101 quilos de cocaína, porém, foi o companheiro de Mary, o traficante Ronaldo Alves de Oliveira. 

COTAÇÃO

Para os promotores de Justiça, Ronaldo é um “exímio conhecedor do tráfico de drogas” e, inclusive, já foi condenado anteriormente. O companheiro da advogada foi quem avaliou a cocaína que estava na delegacia: R$ 5 mil o quilo. A meta do grupo seria arrecadar aproximadamente R$ 505 mil com a venda da droga. 

Ao ser convidado para o plano, Ronaldo estabeleceu o preço que cobraria para organizar a empreitada: R$ 100 mil. E ainda avisou que precisaria de mais R$ 23 mil para recrutar outros comparsas. A droga foi retirada do depósito, nos dias 6 e 10 de junho, sempre durante a madrugada. 

A primeira invasão à delegacia foi feita por Mário Márcio Duarte Navarro, o Baré, e o por Alex Sander dos Santos, conhecido como Gado à Jato. A segunda invasão foi executada pelo próprio Ronaldo, Kleiton de Souza Silva e um adolescente. 

Da primeira subtração, o saco com vários tabletes da droga foi embarcado em um carro, cujos ocupantes não foram identificados pela polícia. O veículo deixou Aquidauana só depois do meio-dia do dia 6 de junho. Por esta primeira ação, Ronaldo retirou para a si quatro tabletes. Utilizou três para pagar seu Toyota Corolla usado e o outro deu como prêmio a Mário Márcio e Alex Sander. 

A droga subtraída na segunda invasão foi colocada no Toyota Corolla preto de Ronaldo e levada por ele e Mary Stella para Bonito. Eles voltaram de lá sem os sacos com cocaína, mas os resquícios da droga ficaram no carro e foram identificados pela perícia.

Sobre os valores subtraídos, os policiais e promotores que investigaram o caso detectaram que o ex-delegado de Aquidauana Éder de Oliveira Moraes recebeu, pelo menos, R$ 35 mil em espécie e preferiu o pagamento desta forma, para saldar dívidas com credores. “Aliás, Mary Stella afirmou em seu interrogatório que Éder vivia sem dinheiro e frequentemente lhe pedia empréstimos”, revelaram os promotores na denúncia.

A apreensão de telefones celulares dos envolvidos durante a investigação possibilitou o mapeamento de parte do dinheiro arrecadado com a venda da cocaína furtada. Mary Stella e Ronaldo Alves de Oliveira (companheiro dela, condenado por tráfico), por exemplo, chegaram a trocar comprovantes de transferência bancária (TEDs). Na ocasião de uma transferência de R$ 20 mil, eles chegaram a afirmar que ainda havia cocaína estocada com o grupo. “Mor. Vou sacar e leva ai e pega um pouco com vc ta (sic). Do trem [nome que eles deram à droga furtada]”, afirmou Ronaldo em uma mensagem via WhatsApp à companheira. 

Foi nesta fase do plano que entraram Marcos Aurélio da Silva Carrelo, o Fal, e Gisele dos Santos Galdino, ambos residentes em Campo Grande. Foram eles que fizeram alguns pagamentos aos “ladrões” de cocaína da delegacia. Gisele transferiu R$ 4.070,00 à Mary Stella, enquanto Marcos Aurélio transferiu R$ 43.587,15 à advogada. 

Foram apurados recebimentos e promessas de pagamento de aproximadamente R$ 308 mil. Apenas Ronaldo, o executor do plano, cobrou R$ 100 mil para cada invasão. A denúncia ainda não informa se os três tabletes que usou para pagar seu carro estão nesta contabilidade. 

Kleyton de Souza Silva teria recebido mais R$ 50 mil por ter ajudado Ronaldo na segunda invasão. Mário Márcio Duarte Navarro e Alex Sander dos Santos dividiram R$ 23 mil. Os depoimentos indicam que o delegado pode ter recebido mais dinheiro, além dos R$ 35 mil em espécie. 

Éder, Mary Stella, Ronaldo, Kleyton, Mário Márcio, Alex Sander, Marcos Aurélio e Gisele foram denunciados por tráfico e peculato. 

101 KG DE COCAÍNA 

Os 101 quilos de cocaína, apreendidos com um caminhoneiro na BR-262, no dia 30 de maio, foram furtados da delegacia de Aquidauana nos dias 6 e 10 de junho.

Marido de advogada cobrou R$ 200 mil; delegado recebeu R$ 35 mil em espécie 

Sobre os valores subtraídos, os policiais e promotores que investigaram o caso detectaram que o ex-delegado de Aquidauana Éder de Oliveira Moraes recebeu, pelo menos, R$ 35 mil em espécie e preferiu o pagamento desta forma, para saldar dívidas com credores. “Aliás, Mary Stella afirmou em seu interrogatório que Éder vivia sem dinheiro e frequentemente lhe pedia empréstimos”, revelaram os promotores na denúncia.

A apreensão de telefones celulares dos envolvidos durante a investigação possibilitou o mapeamento de parte do dinheiro arrecadado com a venda da cocaína furtada. Mary Stella e Ronaldo Alves de Oliveira (companheiro dela, condenado por tráfico), por exemplo, chegaram a trocar comprovantes de transferência bancária (TEDs). Na ocasião de uma transferência de R$ 20 mil, eles chegaram a afirmar que ainda havia cocaína estocada com o grupo. “Mor. Vou sacar e leva ai e pega um pouco com vc ta (sic). Do trem [nome que eles deram à droga furtada]”, afirmou Ronaldo em uma mensagem via WhatsApp à companheira. 

Foi nesta fase do plano que entraram Marcos Aurélio da Silva Carrelo, o Fal, e Gisele dos Santos Galdino, ambos residentes em Campo Grande. Foram eles que fizeram alguns pagamentos aos “ladrões” de cocaína da delegacia. Gisele transferiu R$ 4.070,00 à Mary Stella, enquanto Marcos Aurélio transferiu R$ 43.587,15 à advogada. 

Foram apurados recebimentos e promessas de pagamento de aproximadamente R$ 308 mil. Apenas Ronaldo, o executor do plano, cobrou R$ 100 mil para cada invasão. A denúncia ainda não informa se os três tabletes que usou para pagar seu carro estão nesta contabilidade. 

Kleyton de Souza Silva teria recebido mais R$ 50 mil por ter ajudado Ronaldo na segunda invasão. Mário Márcio Duarte Navarro e Alex Sander dos Santos dividiram R$ 23 mil. Os depoimentos indicam que o delegado pode ter recebido mais dinheiro, além dos R$ 35 mil em espécie. 

Éder, Mary Stella, Ronaldo, Kleyton, Mário Márcio, Alex Sander, Marcos Aurélio e Gisele foram denunciados por tráfico e peculato. 

Operação Uxoris

Denúncia de ex-esposa desencadeou operação contra lavagem de dinheiro e contrabando

Mulher descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome, feitos pelo ex-marido, e acionou a PF

03/12/2025 11h30

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade MARCELO VICTOR

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Operação Uxoris, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) nesta quarta-feira (3), surgiu a partir da denúncia da ex-esposa de um dos integrantes da organização criminosa, que utilizava os documentos pessoais dela para abrir pessoas jurídicas (PJs), sem autorização, para praticar delitos.

A partir disso, ela descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome e acionou a PF. Em posse das informações, PF e RFB iniciaram as investigações há dois anos e desencadearam a Operação Uxoris, cujo nome faz referência a essa situação conjugal.

"A investigação começou a partir de uma denúncia apresentada pela ex-esposa, de um dos integrantes do grupo criminoso, ela comunicou a Polícia Federal a utilização de seus documentos pessoais para abertura de pessoas juridicas que estariam sendo utilizadas para a pratica desses delitos, gerando passivos tributarios, sem autorização dessa senhora. A partir disso, a Polícia Federal iniciou as investigações da Operação Uxoris, em referencia justamente a essa outorga conjugal”, detalhou o chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade.

OPERAÇÃO UXORIS

Efetivo de 70 servidores, sendo 50 policiais federais e 20 agentes da Receita Federal, alocados em 12 viaturas, deflagram a Operação Uxoris, na manhã desta quarta-feira (3), em Mato Grosso do Sul e São Paulo (SP).

Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito em Campo Grande (MS) e um em Osasco (SP). Na Capital sul-mato-grossense, os mandados foram cumpridos no Centro, bairro Universitário, Vila Nhá-Nhá, entre outros locais.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Esses produtos - eletrônicos, brinquedos, utensílios domésticos e acessórios eletrônicos- eram vendidos em lojas online (marketplace) e lojas físicas, todas localizadas em Campo Grande (MS). As mercadorias eram distribuídas em todo o território nacional.

Os itens são oriundos de vários países e entraram no País através da fronteira Brasil/Paraguai.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões. Wellington da Silva Cruz, policial militar, é um dos integrantes do grupo criminoso.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O grupo criminoso utilizava a modalidade de pagamento “dólar-cabo”, que é um sistema informal de transferência de dinheiro para o exterior.

Em vez de enviar o dinheiro fisicamente, a pessoa no Brasil paga em reais a um "doleiro", que então garante que a mesma quantia seja entregue em dólares em uma conta no exterior. Essa operação é frequentemente utilizado em atividades ilícitas e considerada crime de evasão de divisas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o delegado da PF, Anezio Rosa de Andrade, os crimes desencadeiam em concorrência desleal, que é é algo que prejudica os comerciantes que pagam os devidos impostos.

“Um comerciante que faz o pagamento formal, que tem a sua empresa regularizada, muito dificilmente consegue concorrer com outras empresas, com outros comerciantes, que não atuam da mesma forma. Então, o nosso objetivo também, além de combater a questão aduaneira e tributária, é também fortalecer a concorrência lícita dentro do território nacional”, explicou.

Operação Uxoris

PF e Receita desmantelam esquema de contrabando de mercadorias ilegais

Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande (MS) e Osasco (SP)

03/12/2025 08h15

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Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) cumpriram nove mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (3), durante a Operação Uxoris, em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Na Capital sul-mato-grossense, os mandados supostamente foram cumpridos nos altos da avenida Afonso Pena e bairro Universitário.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Conforme apurado pela reportagem, os produtos eram distribuídos em todo o território nacional, por meio de vendas online (marketplace) e através de lojas físicas localizadas em Campo Grande (MS).

De acordo com a PF, o grupo criminoso utilizava a modalidade conhecida como dólar-cabo para efetuar pagamentos das mercadorias, realizando remessas ilegais de valores ao exterior mediante compensações financeiras irregulares.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

CONTRABANDO E DESCAMINHO

Contrabando e descaminho são crimes relacionados à importação e exportação de mercadorias. Contrabando é a importação ou exportação de mercadorias proibidas.

Descaminho é à importação ou exportação de mercadorias lícitas sem o pagamento dos tributos devidos. A principal diferença reside na natureza da mercadoria: no contrabando, a mercadoria é proibida; no descaminho, a mercadoria é legal, mas o tributo não é pago.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontam que 68 ocorrências de contrabando e 56 de descaminho foram registradas, entre 1º de janeiro e 27 de novembro de 2025, em Mato Grosso do Sul.

Em relação ao descaminho, 0 ocorreu em janeiro, 11 em fevereiro, 2 em março, 5 em abril, 5 em maio, 2 em junho, 5 em julho, 9 em agosto, 4 em setembro, 11 em outubro e 2 em novembro.

Em relação ao contrabando, 2 ocorreram em janeiro, 8 em fevereiro, 4 em março, 2 em abril, 9 em maio, 9 em junho, 5 em julho, 8 em agosto, 4 em setembro, 13 em outubro e 4 em novembro.

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