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Combate a travessia de veículos para a Bolívia gera confronto com BOPE e duas mortes

Escalada da violência resultou, nos 4 meses de 2023, o total de 40 mortes em confrontos policiais

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Os crimes envolvendo roubo e furto de veículos, com o esquema de atravessá-los para a Bolívia por meio de Corumbá alcançou novo patamar de violência. Confrontos entre suspeitos e equipe do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, registrados desde a segunda-feira (24), no Pantanal, resultaram na morte de duas pessoas investigadas.

Na madrugada de terça-feira (25), Christian Bastos de Oliveira, 27 anos, morreu após tentar fugir do BOPE e revidar abordagem. Nesta sexta-feira (28), Gian Carlos Amarillo do Nascimento, 29 anos, morreu na Santa Casa de Corumbá, depois de ter sido baleado.

Com essas duas mortes em confrontos policiais, entre janeiro e 28 de abril de 2023 a Polícia de MS matou 40 pessoas durante ações de ronda ostensiva e operações. Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS (Sejusp) divulgados pelo Correio do Estado em 26 de abril mostram que 2023 é disparadamente o ano mais letal.

Em 2021, por exemplo, foram 45 mortes ao longo de 365 dias. Em 2020, foram 26 casos. Por enquanto, o recorde total pertence a 2019, quando foram registradas 58 mortes. Isso equivale a um óbito a cada 6,3 dias. 

Esse acompanhamento do BOPE sobre casos envolvendo a travessia ilegal para a Bolívia de veículos roubados e furtados no Brasil começou depois de uma denúncia. Conforme apurado, Christian Bastos, Gian Carlos e uma terceira pessoa - os dois primeiros são moradores de Corumbá - estavam com duas caminhonetes atoladas em estrada de terra no Pantanal da Nhecolândia, na segunda-feira (24). A região é isolada e os homens procuraram ajuda em propriedades rurais próximas.

Como essa área não costuma ter trânsito comum de pessoas que não atuam com pecuária ou trabalham nas propriedades rurais da região, houve suspeita com relação à presença dos homens desconhecidos e houve comunicação às autoridades. As Polícias Militar e Civil de Mato Grosso do Sul já vêm conduzindo investigações contra criminosos que atuam na entrega ilegal de veículos no país vizinho e equipe do BOPE foi destacada para acompanhar esse caso envolvendo os três homens.

Os policiais militares fizeram o deslocamento de Campo Grande para o Pantanal em aeronave, além de apoio terrestre. Na primeira abordagem, que ocorreu na segunda-feira (24) à tarde, os três suspeitos reagiram e Christian Bastos foi baleado, enquanto os outros dois fugiram.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também foi acionada para prestar apoio e o suspeito foi trazido para Corumbá, mas morreu antes de dar entrada na Santa Casa, durante a madrugada de terça-feira (25).

O suspeito que morreu primeiro nesses confrontos responde a ações penais que estão no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e datam do ano passado. Também respondia à denúncia de envolvimento com o tráfico de drogas conduzido pelo Ministério Público Federal (MPF), datado de 2016.

Na lista de ações judiciais, consta também lesão corporal de 2019 e com tramitação no Tribunal de Justiça de MS, em Campo Grande, bem como pelo mesmo tipo de crime na Comarca de Corumbá, em 2019.

Com a fuga de dois homens, a equipe do BOPE permaneceu na região do Pantanal e passou a realizar rondas em diferentes estradas que cortam a região da Nhecolândia. Nesta sexta-feira (28), eles foram encontrados dentro de uma área de fazenda e houve novo confronto. Nessa ocorrência, Gian Carlos acabou baleado e foi trazido para a Santa Casa de Corumbá, ferido. Morreu depois de ter dado entrada no hospital. 

Conforme a reportagem apurou com autoridades que atuam em Corumbá, Gian Carlos portava uma pistola de modelo importado e que não é facilmente encontrada no Brasil. As armas de Gian e de Christian foram apreendidas e encaminhadas para a Perícia Criminal realizar exames de balística.

As autoridades policiais locais apontaram que Gian Carlos era foragido da Justiça, mas os casos que responde estão, aparentemente, em segredo de justiça e não foi possível identificar inquéritos e ações que ele responde.

Ambos os suspeitos mortos foram submetidos à necrópsia no Instituto Médico Legal (IML) de Corumbá e laudos que vão indicar as causas da morte vão ser liberados em até 30 dias.

Há dois inquéritos abertos na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá com relação aos confrontos policiais e a morte dos dois homens. As investigações foram relatadas com os crimes de receptação, porte ilegal de arma de fogo, homicídio simples na forma tentada e homicídio decorrente de oposição à intervenção policial.

Conforme apurado, policiais do BOPE permanecem no Pantanal e buscam o terceiro suspeito envolvido na localização das caminhonetes que estavam atoladas perto de fazenda na Nhecolândia.

Essa ocorrência em andamento foi inserida no âmbito da Operação Hórus, do Ministério da Justiça, que tem atividades ocorrendo em outras partes de Mato Grosso do Sul e envolvendo também unidades da Polícia Civil.

Esquema de venda ilegal de carros na Bolívia

A travessia para o país vizinho de veículos furtados e roubados no Brasil é um tipo de crime que ocorre há mais de uma década. No ano passado, uma quadrilha que tinha o comando em Guarulhos (SP) e ramificação em Corumbá, foi presa pela Polícia Civil em setembro.

Somente essa organização criminosa atravessou para a Bolívia ao menos 200 carros no período de 12 meses, entre 2021 e 2022. Foram movimentados, conforme investigação policial, mais de R$ 6 milhões só por essa quadrilha que foi desmantelada.

Os carros escolhidos são principalmente SUVs e caminhonetes. Para conseguir chegar em Puerto Suárez e Puerto Quijarro, na Bolívia, a organização criminosa contava com “olheiros” na fronteira para indicar melhor horário para atravessar os veículos.

Também havia “batedores” para dar suporte aos “olheiros”. Uma outra divisão contava com “atravessadores”, que em geral são os motoristas que conhecem vicinais na fronteira para tentar despistar das autoridades.

Enquanto no Brasil esses veículos valem mais de R$ 100 mil, na Bolívia eram comercializados por valores entre R$ 30 mil e R$ 60 mil. Quem aceitava trazer o carro de regiões metropolitanas, chegavam a receber entre R$ 2 mil e R$ 4 mil por viagem. 

Na Bolívia, existe uma unidade especializada para tentar recuperar veículos roubados e furtados no Brasil. A Diprove tem delegacia em Puerto Suárez, que fica a 25 km de Corumbá, e em 2021 conseguiu identificar e devolver 70 veículos. Os donos desses carros eram de Mato Grosso do Sul, São Paulo e até Amazonas.

Carros roubados e furtados no Brasil são levados ilegalmente para Puerto Quijarro e Puerto Suarez, na Bolívia - crédito: RODOLFO CÉSAR

Operação Uxoris

Denúncia de ex-esposa desencadeou operação contra lavagem de dinheiro e contrabando

Mulher descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome, feitos pelo ex-marido, e acionou a PF

03/12/2025 11h30

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade MARCELO VICTOR

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Operação Uxoris, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) nesta quarta-feira (3), surgiu a partir da denúncia da ex-esposa de um dos integrantes da organização criminosa, que utilizava os documentos pessoais dela para abrir pessoas jurídicas (PJs), sem autorização, para praticar delitos.

A partir disso, ela descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome e acionou a PF. Em posse das informações, PF e RFB iniciaram as investigações há dois anos e desencadearam a Operação Uxoris, cujo nome faz referência a essa situação conjugal.

"A investigação começou a partir de uma denúncia apresentada pela ex-esposa, de um dos integrantes do grupo criminoso, ela comunicou a Polícia Federal a utilização de seus documentos pessoais para abertura de pessoas juridicas que estariam sendo utilizadas para a pratica desses delitos, gerando passivos tributarios, sem autorização dessa senhora. A partir disso, a Polícia Federal iniciou as investigações da Operação Uxoris, em referencia justamente a essa outorga conjugal”, detalhou o chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade.

OPERAÇÃO UXORIS

Efetivo de 70 servidores, sendo 50 policiais federais e 20 agentes da Receita Federal, alocados em 12 viaturas, deflagram a Operação Uxoris, na manhã desta quarta-feira (3), em Mato Grosso do Sul e São Paulo (SP).

Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito em Campo Grande (MS) e um em Osasco (SP). Na Capital sul-mato-grossense, os mandados foram cumpridos no Centro, bairro Universitário, Vila Nhá-Nhá, entre outros locais.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Esses produtos - eletrônicos, brinquedos, utensílios domésticos e acessórios eletrônicos- eram vendidos em lojas online (marketplace) e lojas físicas, todas localizadas em Campo Grande (MS). As mercadorias eram distribuídas em todo o território nacional.

Os itens são oriundos de vários países e entraram no País através da fronteira Brasil/Paraguai.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões. Wellington da Silva Cruz, policial militar, é um dos integrantes do grupo criminoso.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O grupo criminoso utilizava a modalidade de pagamento “dólar-cabo”, que é um sistema informal de transferência de dinheiro para o exterior.

Em vez de enviar o dinheiro fisicamente, a pessoa no Brasil paga em reais a um "doleiro", que então garante que a mesma quantia seja entregue em dólares em uma conta no exterior. Essa operação é frequentemente utilizado em atividades ilícitas e considerada crime de evasão de divisas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o delegado da PF, Anezio Rosa de Andrade, os crimes desencadeiam em concorrência desleal, que é é algo que prejudica os comerciantes que pagam os devidos impostos.

“Um comerciante que faz o pagamento formal, que tem a sua empresa regularizada, muito dificilmente consegue concorrer com outras empresas, com outros comerciantes, que não atuam da mesma forma. Então, o nosso objetivo também, além de combater a questão aduaneira e tributária, é também fortalecer a concorrência lícita dentro do território nacional”, explicou.

Operação Uxoris

PF e Receita desmantelam esquema de contrabando de mercadorias ilegais

Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande (MS) e Osasco (SP)

03/12/2025 08h15

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Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) cumpriram nove mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (3), durante a Operação Uxoris, em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Na Capital sul-mato-grossense, os mandados supostamente foram cumpridos nos altos da avenida Afonso Pena e bairro Universitário.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Conforme apurado pela reportagem, os produtos eram distribuídos em todo o território nacional, por meio de vendas online (marketplace) e através de lojas físicas localizadas em Campo Grande (MS).

De acordo com a PF, o grupo criminoso utilizava a modalidade conhecida como dólar-cabo para efetuar pagamentos das mercadorias, realizando remessas ilegais de valores ao exterior mediante compensações financeiras irregulares.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

CONTRABANDO E DESCAMINHO

Contrabando e descaminho são crimes relacionados à importação e exportação de mercadorias. Contrabando é a importação ou exportação de mercadorias proibidas.

Descaminho é à importação ou exportação de mercadorias lícitas sem o pagamento dos tributos devidos. A principal diferença reside na natureza da mercadoria: no contrabando, a mercadoria é proibida; no descaminho, a mercadoria é legal, mas o tributo não é pago.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontam que 68 ocorrências de contrabando e 56 de descaminho foram registradas, entre 1º de janeiro e 27 de novembro de 2025, em Mato Grosso do Sul.

Em relação ao descaminho, 0 ocorreu em janeiro, 11 em fevereiro, 2 em março, 5 em abril, 5 em maio, 2 em junho, 5 em julho, 9 em agosto, 4 em setembro, 11 em outubro e 2 em novembro.

Em relação ao contrabando, 2 ocorreram em janeiro, 8 em fevereiro, 4 em março, 2 em abril, 9 em maio, 9 em junho, 5 em julho, 8 em agosto, 4 em setembro, 13 em outubro e 4 em novembro.

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