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'Desafio é tornar permanentes as quedas nos índices de criminalidade', diz Moro

'Desafio é tornar permanentes as quedas nos índices de criminalidade', diz Moro

ESTADÃO CONTEÚDO

11/10/2019 - 13h55
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, voltou a defender o recuo nos crimes ocorridos no Brasil desde o início da sua gestão, citando estatísticas oficiais que revelam queda "significativa" entre os principais tipos de ações criminosas. "Crime cresceu nos últimos 20 anos mesmo em períodos de boa situação econômica. Impunidade segue sendo um grande problema. Grande desafio é tornar permanentes as quedas nos índices de criminalidade. Os números remanescentes ainda são muito ruins", ponderou Moro.

As declarações foram feitas em painel de abertura no segundo dia do Fórum de Investimentos Brasil 2019. O evento, realizado em São Paulo, é organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

O ministro atribuiu a queda na criminalidade a uma série de iniciativas tomadas pelo governo federal, entre eles a criação do banco nacional de perfis genéticos. "O banco genético servirá para cruzamento de dados nas investigações de crimes. Não é uma invenção tupiniquim. Estados Unidos têm banco de dados com cerca de 12 milhões de perfis. No Reino Unido, são 6 milhões", argumentou Moro.

O ex-juiz também defendeu uma atuação mais presente do governo federal junto aos entes estaduais no combate à criminalidade. "O governo federal não pode ignorar criminalidade na rua, que é responsabilidade da Polícia Militar. Estamos montando força tarefa federal, estadual e municipal em cidades mais violentas", observou o ministro.

Fim da Lava Jato

O ministro da Justiça admitiu que a Lava Jato acabará em algum momento, porque tem "começo, meio e fim" e "nada dura para sempre". Para ele, o que está em jogo não é a operação em si, mas, sim, o combate à corrupção como um todo, que, na sua visão, tem de ser tratado como uma questão institucional, uma missão do País, e não de uma de uma força-tarefa. "Meu trabalho na Lava Jato acabou, mas permaneço firme nas minhas crenças", disse.

A declaração de Moro foi dada no fórum, após o tema ser levantado por um participante da plateia. Moro falava sobre iniciativa para o combate aos crimes cibernéticos, quando uma pessoa perguntou em voz alta: "e a Lava Jato?". Moro acenou para que a pessoa aguardasse um pouco e, alguns minutos depois, o ministro começou a falar sobre a operação, embora já tivesse feito alguns comentários sobre o tema durante o seu discurso.

"Existem grandes desafios que são permanentes, tanto no avanço contra a corrupção como contra a criminalidade. (Podem achar) que não é tarefa do governo federal, que cabe à Lava Jato, mas temos de avançar de forma institucional, como País, contra a corrupção, contra a criminalidade, que ajuda no ambiente de negócios", afirmou o ministro.

Moro, então, começou a discorrer sobre direitos humanos, mas, de repente, voltou a falar sobre a Lava Jato, ao afirmar que "precisamos resgatar a autoestima dos brasileiros". Ele já havia dito no seu discurso que as conquistas da Lava Jato foram boas para resgatar a autoestima do brasileiro. Dessa vez, ele contou de uma pessoa que o encontrou na rua e disse que estava desiludido, mas que a Lava Jato o fez recuperar sua autoestima.

"O que está em jogo não é a Lava Jato, é uma força-tarefa que tem começo, meio e fim, nada dura para sempre, mas não podemos retroceder nesses avanços, virar de costas e incorporar certos discursos, que não fazem sentido", afirmou. "Há analistas que dizem que a Lava Jato é culpada por problemas econômicos. Ah, pelo amor de Deus. É a velha história de culpar o policial por descobrir o cadáver do assassinato", disse.

Apesar de ter exaltado a Lava Jato, Moro ressaltou em seguida que seu trabalho na operação "acabou", mas que ele permanece "firme nas crenças que tinha no passado". "Precisamos avançar e não retroceder, é um grande desafio, que não pode ser encarado só quando o governo age sozinho, precisamos de apoio de outras instituições e igualmente da sociedade", disse. "Este é o meu compromisso, estaremos lá sempre, é meu lema no Ministério", disse o ministro, aplaudido pela plateia.

Moro é recorrentemente citado como potencial candidato à Presidência da República. Ele ganhou notoriedade por ter sido juiz em primeira instância da Lava Jato. Logo após a vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial, em 2018, foi convidado para assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Desde então, tem tocado uma agenda de combate à corrupção e à criminalidade violenta, simbolizada pelo pacote anticrime, que tramita no Congresso.

Operação Uxoris

Denúncia de ex-esposa desencadeou operação contra lavagem de dinheiro e contrabando

Mulher descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome, feitos pelo ex-marido, e acionou a PF

03/12/2025 11h30

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade MARCELO VICTOR

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Operação Uxoris, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) nesta quarta-feira (3), surgiu a partir da denúncia da ex-esposa de um dos integrantes da organização criminosa, que utilizava os documentos pessoais dela para abrir pessoas jurídicas (PJs), sem autorização, para praticar delitos.

A partir disso, ela descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome e acionou a PF. Em posse das informações, PF e RFB iniciaram as investigações há dois anos e desencadearam a Operação Uxoris, cujo nome faz referência a essa situação conjugal.

"A investigação começou a partir de uma denúncia apresentada pela ex-esposa, de um dos integrantes do grupo criminoso, ela comunicou a Polícia Federal a utilização de seus documentos pessoais para abertura de pessoas juridicas que estariam sendo utilizadas para a pratica desses delitos, gerando passivos tributarios, sem autorização dessa senhora. A partir disso, a Polícia Federal iniciou as investigações da Operação Uxoris, em referencia justamente a essa outorga conjugal”, detalhou o chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade.

OPERAÇÃO UXORIS

Efetivo de 70 servidores, sendo 50 policiais federais e 20 agentes da Receita Federal, alocados em 12 viaturas, deflagram a Operação Uxoris, na manhã desta quarta-feira (3), em Mato Grosso do Sul e São Paulo (SP).

Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito em Campo Grande (MS) e um em Osasco (SP). Na Capital sul-mato-grossense, os mandados foram cumpridos no Centro, bairro Universitário, Vila Nhá-Nhá, entre outros locais.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Esses produtos - eletrônicos, brinquedos, utensílios domésticos e acessórios eletrônicos- eram vendidos em lojas online (marketplace) e lojas físicas, todas localizadas em Campo Grande (MS). As mercadorias eram distribuídas em todo o território nacional.

Os itens são oriundos de vários países e entraram no País através da fronteira Brasil/Paraguai.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões. Wellington da Silva Cruz, policial militar, é um dos integrantes do grupo criminoso.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O grupo criminoso utilizava a modalidade de pagamento “dólar-cabo”, que é um sistema informal de transferência de dinheiro para o exterior.

Em vez de enviar o dinheiro fisicamente, a pessoa no Brasil paga em reais a um "doleiro", que então garante que a mesma quantia seja entregue em dólares em uma conta no exterior. Essa operação é frequentemente utilizado em atividades ilícitas e considerada crime de evasão de divisas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o delegado da PF, Anezio Rosa de Andrade, os crimes desencadeiam em concorrência desleal, que é é algo que prejudica os comerciantes que pagam os devidos impostos.

“Um comerciante que faz o pagamento formal, que tem a sua empresa regularizada, muito dificilmente consegue concorrer com outras empresas, com outros comerciantes, que não atuam da mesma forma. Então, o nosso objetivo também, além de combater a questão aduaneira e tributária, é também fortalecer a concorrência lícita dentro do território nacional”, explicou.

Operação Uxoris

PF e Receita desmantelam esquema de contrabando de mercadorias ilegais

Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande (MS) e Osasco (SP)

03/12/2025 08h15

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Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) cumpriram nove mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (3), durante a Operação Uxoris, em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Na Capital sul-mato-grossense, os mandados supostamente foram cumpridos nos altos da avenida Afonso Pena e bairro Universitário.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Conforme apurado pela reportagem, os produtos eram distribuídos em todo o território nacional, por meio de vendas online (marketplace) e através de lojas físicas localizadas em Campo Grande (MS).

De acordo com a PF, o grupo criminoso utilizava a modalidade conhecida como dólar-cabo para efetuar pagamentos das mercadorias, realizando remessas ilegais de valores ao exterior mediante compensações financeiras irregulares.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

CONTRABANDO E DESCAMINHO

Contrabando e descaminho são crimes relacionados à importação e exportação de mercadorias. Contrabando é a importação ou exportação de mercadorias proibidas.

Descaminho é à importação ou exportação de mercadorias lícitas sem o pagamento dos tributos devidos. A principal diferença reside na natureza da mercadoria: no contrabando, a mercadoria é proibida; no descaminho, a mercadoria é legal, mas o tributo não é pago.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontam que 68 ocorrências de contrabando e 56 de descaminho foram registradas, entre 1º de janeiro e 27 de novembro de 2025, em Mato Grosso do Sul.

Em relação ao descaminho, 0 ocorreu em janeiro, 11 em fevereiro, 2 em março, 5 em abril, 5 em maio, 2 em junho, 5 em julho, 9 em agosto, 4 em setembro, 11 em outubro e 2 em novembro.

Em relação ao contrabando, 2 ocorreram em janeiro, 8 em fevereiro, 4 em março, 2 em abril, 9 em maio, 9 em junho, 5 em julho, 8 em agosto, 4 em setembro, 13 em outubro e 4 em novembro.

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