Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) apontam que 434 pessoas morreram em confronto com agentes de Estado, nos últimos 10 anos, entre 2013 e 2023, em Mato Grosso do Sul.
Os dados apontam que o perfil dos mortos é na maioria de homens e jovens, com idade entre 15 a 29 anos. Não há informações regionais sobre cor e classe social.
Dos mortos em confronto:
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382 são homens – 88%
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6 são mulheres – 1,3%
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46 não tiveram o sexo divulgado – 10%
Com relação à idade:
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24 são adolescentes (12 a 18 anos) – 5,5%
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216 são jovens (15 a 29 anos) – 49,7%
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142 são adultos (18 a 40 anos) – 32,7%
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15 são idosos (a partir de 60 anos) – 3%
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37 não tiveram a faixa etária divulgada – 8%
Já com relação ao número de mortes em confronto com a polícia por ano, os dados apontam que:
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0 ocorreu em 2013
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3 ocorreram em 2014
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15 ocorreram em 2015
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33 ocorreram em 2016
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39 ocorreram em 2017
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66 ocorreram em 2018
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70 ocorreram em 2019
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30 ocorreram em 2020
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49 ocorreram em 2021
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51 ocorreram em 2022
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78 ocorreram até setembro de 2023 – (8 em janeiro, 18 em fevereiro, 5 em março, 19 em abril, 10 em maio, 5 em junho, 7 em julho, 5 em agosto e 1 em setembro)
A reportagem solicitou à Sejusp dados referentes ao perfil étnico e socioeconômico, mas a Secretaria informou que não possui estes números.
O confronto entre forças de segurança governamentais e grupos armados ocorrem em situações de abordagem policial, roubos, flagrantes de tráfico de drogas, policiamento ostensivo em bairros, entre outras ocorrências.
As armas de fogo utilizadas pelos autores e apreendidas pelos policiais, geralmente, são pistola .40 e revólver calibre 38.
O armamento utilizado pela Polícia Militar, atualmente, é a pistola .40 e pela Polícia Civil pistola Glock 9mm.
De acordo com a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, mortes registradas em confronto policial são classificadas como homicídio decorrente de oposição à intervenção policial.
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirmou, em 26 de abril de 2023, que as mortes por intervenção policial são reflexo do aumento do crime organizado e o deslocamento das facções da fronteira MS/Paraguai/Bolívia para o centro do Estado.
"A segurança pública de Mato Grosso do Sul vai continuar atenta, mantendo o ambiente de segurança para que o Estado tenha essa garantia de desenvolvimento com tranquilidade. E a polícia vai agir sempre em reação a esses movimentos, principalmente do crime organizado", disse Riedel.
Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado em 19 de junho de 2023, o secretário da Sejusp, Antônio Carlos Videira, afirmou que mortes em confronto ocorrem porque o policial defende a sociedade de criminosos que não respeitam o Estado.
“Se um criminoso ataca um policial fardado, imagina o que ele faz com o cidadão comum. Nós estamos preocupados em defender a sociedade e defender os nossos policiais de bandidos que desafiam o estado, desafiam a sociedade, desafiam o cidadão. Ele tem que ser preso e se para ele ser preso, ele reagir, infelizmente acaba vindo a óbito”, disse.
O Correio do Estado entrou em contato com a Sejusp na terça-feira (5) e quarta-feira (6), através de email e mensagem, para comentar os números, mas, até o fechamento desta reportagem, não foi respondido.
Além disso, também tentou contato o secretário da Sejusp, Antônio Carlos Videira, por meio de ligação, para avaliar os dados, mas não foi atendido até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para resposta.
POLICIAS MORTOS
Dois policiais civis da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos (Derf) foram mortos, em 9 de junho de 2020, no centro de Campo Grande.
Antônio Marcos Roque da Silva, de 39 anos e Jorge Silva dos Santos, de 50 anos, foram executados pelas costas por bandidos que estavam dentro da viatura, durante transporte de presos.
Não houve registro de morte de policiais civis e militares em confrontos em 2021, 2022 e 2023. No entanto, há quatro casos de suicídio de policiais da ativa, sendo dois da Polícia Militar e dois da Polícia Civil.