Polícia

MILÍCIA ARMADA

Preso há 1 mês, Jamil Name coleciona decisões negativas na Justiça

Pecuarista foi preso em operação contra formação de grupo de extermínio em Mato Grosso do Sul

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Contrariando a própria previsão de que seria solto no dia seguinte a sua prisão, que ocorreu no dia 27 de setembro deste ano, o empresário e pecuarista Jamil Name e seu filho, Jamil Name Filho, completaram um mês na cadeia. Os dois, e os policiais Márcio Cavalcante da Silva e Vladenilson Daniel Olmedo (aposentado) estão custodiados no Presídio Federal de Campo Grande e aguardam transferência para a penitenciária de Mossoró.

Ao longo deste mês a defesa dos Name já tentou o habeas corpus deles duas vezes, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) e no Superior Tribunal Federal (STF), onde ambos os pedidos foram negados. Na esfera superior, a defesa também pedia que, caso não fosse concedido a soltura, que a prisão preventiva do pai pudesse ser cumprida em sua casa, o que novamente foi negado.

Recentemente houve outro pedido de prisão domiciliar, que também foi recusado. Dessa vez a juíza de direito May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande é quem assinou a decisão alegando que Name tem poder para corromper financeiramente pessoas e continuar com os trabalhos da organização criminosa. A defesa, porém, alega que seu cliente tem “graves problemas de saúde”.

Entretanto, em sua decisão a magistrada declarou que não há comprovação nos autos de que Name está “extremamente debilitado” em decorrência das doenças apontadas, “tampouco de que o tratamento necessário seja inviável no estabelecimento prisional”, diz parte do documento.

A defesa, porém, declarou que está preparando novo documento para recorrer da decisão, que deve ser protocolado até a terça-feira (29). Conforme o advogado Renê Siufi, que defende Name, esse tempo passado no presídio tem surpreendido o grupo. “Achávamos que, pelo menos, o pai (Jamil Name) já teria saído por conta da idade avançada e dos problemas de saúde comprovados”, declarou.

Atualmente os quatro participantes da suposta milícia que estão no Presídio Federal foram colocados no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) pelo prazo de até 360 dias. Com a medida, nenhum dos quatro tem contato com outro detento ou mesmo com agentes do presídio.

Esse foi motivo para a defesa alegar que Name não receberia a assistência necessária, já que eles alegam que o empresário necessita de “ajuda para tudo”, citando até uma “síndrome do idoso frágil”, o que não convenceu o judiciário.

“ATÉ AMANHÔ

No momento da prisão, conforme documento do Ministério Público Federal (MPMS), Jamil Name teria se despedido de sua esposa, a ex-vereadora Tereza Name, com um “até amanhã”. Para o órgão, isso revelou “a certeza de que seria solto em 24h. E fez isso para realçar o seu poder político e econômico aos presentes, com nítido viés intimidatório”.

O documento contendo a descrição foi anexado às provas encontradas em busca e apreensão feita na casa do empresário, no bojo da operação Omertà, deflagrada por Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e Delegacia Especializada de Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras).

Além da certeza da soltura, o Ministério Público também cita que durante o tempo que passou no Centro de Triagem, em Campo Grande, Name já articulava um plano para matar o delegado do Garras Fábio Peró, que estava à frente da operação.

“Eles tinham muita gente na mão, mas acredito que agora estamos caminhando para que a Justiça seja feita. Além de provas robustas, há muita pressão da imprensa e da população, que tem apoiado a operação”, comentou um membro da força-tarefa que trabalha no caso, mas que preferiu não se identificar.

À reportagem, a fonte afirma que “do pobre ao rico” a força-tarefa tem recebido elogios pelas prisões. “Nunca ninguém quis mexer nesse vespeiro, mas agora estamos encontrando muita gente que queria falar, mesmo que informalmente”, contou.

MOSSORÓ

Apontado como o líder de organização criminosa suspeita de vários crimes de pistolagem ocorridos nos últimos anos, em Campo Grande, Jamil Name está fazendo de tudo para não ser levado para uma cela de isolamento do Presídio Federal de Mossoró (RN), onde já teve o pedido de transferência autorizado e deve permanecer por, pelo menos 60 dias.

Apesar da mudança para o Rio Grande do Norte já ter sido autorizada há mais de uma semana, os detentos seguem em Campo Grande e não foi divulgada previsão para que a transferência ocorra. Enquanto isso a defesa tenta esgotar suas chances no judiciário para barrar a viagem.

OMERTÀ

As denúncias de envolvimento de Name e Name Filho em crimes começaram em maio deste ano, após a apreensão de um arsenal em poder do guarda municipal Marcelo Rios (detido no Presídio Federal de Campo Grande). No dia 27 de setembro, o Gaeco realizou a Operação Omertà e prendeu, além dos Name, outros quatro guardas municipais e cinco policiais (sendo um federal), apontando também o envolvimento de um advogado.

Os assassinatos de, pelo menos, três pessoas estariam relacionados a um grupo de extermínio sob investigação: do policial militar reformado Ilson Martins Figueiredo, em 11 de junho do ano passado; do ex-segurança Orlando da Silva Fernandes, em 26 de outubro de 2018; e do estudante Matheus Xavier, em abril deste ano. Omertà, conforme o Gaeco, é um termo italiano que se fundamenta em um forte sentido de família e no silêncio.

Operação Uxoris

Denúncia de ex-esposa desencadeou operação contra lavagem de dinheiro e contrabando

Mulher descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome, feitos pelo ex-marido, e acionou a PF

03/12/2025 11h30

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade MARCELO VICTOR

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Operação Uxoris, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) nesta quarta-feira (3), surgiu a partir da denúncia da ex-esposa de um dos integrantes da organização criminosa, que utilizava os documentos pessoais dela para abrir pessoas jurídicas (PJs), sem autorização, para praticar delitos.

A partir disso, ela descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome e acionou a PF. Em posse das informações, PF e RFB iniciaram as investigações há dois anos e desencadearam a Operação Uxoris, cujo nome faz referência a essa situação conjugal.

"A investigação começou a partir de uma denúncia apresentada pela ex-esposa, de um dos integrantes do grupo criminoso, ela comunicou a Polícia Federal a utilização de seus documentos pessoais para abertura de pessoas juridicas que estariam sendo utilizadas para a pratica desses delitos, gerando passivos tributarios, sem autorização dessa senhora. A partir disso, a Polícia Federal iniciou as investigações da Operação Uxoris, em referencia justamente a essa outorga conjugal”, detalhou o chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade.

OPERAÇÃO UXORIS

Efetivo de 70 servidores, sendo 50 policiais federais e 20 agentes da Receita Federal, alocados em 12 viaturas, deflagram a Operação Uxoris, na manhã desta quarta-feira (3), em Mato Grosso do Sul e São Paulo (SP).

Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito em Campo Grande (MS) e um em Osasco (SP). Na Capital sul-mato-grossense, os mandados foram cumpridos no Centro, bairro Universitário, Vila Nhá-Nhá, entre outros locais.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Esses produtos - eletrônicos, brinquedos, utensílios domésticos e acessórios eletrônicos- eram vendidos em lojas online (marketplace) e lojas físicas, todas localizadas em Campo Grande (MS). As mercadorias eram distribuídas em todo o território nacional.

Os itens são oriundos de vários países e entraram no País através da fronteira Brasil/Paraguai.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões. Wellington da Silva Cruz, policial militar, é um dos integrantes do grupo criminoso.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O grupo criminoso utilizava a modalidade de pagamento “dólar-cabo”, que é um sistema informal de transferência de dinheiro para o exterior.

Em vez de enviar o dinheiro fisicamente, a pessoa no Brasil paga em reais a um "doleiro", que então garante que a mesma quantia seja entregue em dólares em uma conta no exterior. Essa operação é frequentemente utilizado em atividades ilícitas e considerada crime de evasão de divisas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o delegado da PF, Anezio Rosa de Andrade, os crimes desencadeiam em concorrência desleal, que é é algo que prejudica os comerciantes que pagam os devidos impostos.

“Um comerciante que faz o pagamento formal, que tem a sua empresa regularizada, muito dificilmente consegue concorrer com outras empresas, com outros comerciantes, que não atuam da mesma forma. Então, o nosso objetivo também, além de combater a questão aduaneira e tributária, é também fortalecer a concorrência lícita dentro do território nacional”, explicou.

Operação Uxoris

PF e Receita desmantelam esquema de contrabando de mercadorias ilegais

Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande (MS) e Osasco (SP)

03/12/2025 08h15

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Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) cumpriram nove mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (3), durante a Operação Uxoris, em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Na Capital sul-mato-grossense, os mandados supostamente foram cumpridos nos altos da avenida Afonso Pena e bairro Universitário.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Conforme apurado pela reportagem, os produtos eram distribuídos em todo o território nacional, por meio de vendas online (marketplace) e através de lojas físicas localizadas em Campo Grande (MS).

De acordo com a PF, o grupo criminoso utilizava a modalidade conhecida como dólar-cabo para efetuar pagamentos das mercadorias, realizando remessas ilegais de valores ao exterior mediante compensações financeiras irregulares.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

CONTRABANDO E DESCAMINHO

Contrabando e descaminho são crimes relacionados à importação e exportação de mercadorias. Contrabando é a importação ou exportação de mercadorias proibidas.

Descaminho é à importação ou exportação de mercadorias lícitas sem o pagamento dos tributos devidos. A principal diferença reside na natureza da mercadoria: no contrabando, a mercadoria é proibida; no descaminho, a mercadoria é legal, mas o tributo não é pago.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontam que 68 ocorrências de contrabando e 56 de descaminho foram registradas, entre 1º de janeiro e 27 de novembro de 2025, em Mato Grosso do Sul.

Em relação ao descaminho, 0 ocorreu em janeiro, 11 em fevereiro, 2 em março, 5 em abril, 5 em maio, 2 em junho, 5 em julho, 9 em agosto, 4 em setembro, 11 em outubro e 2 em novembro.

Em relação ao contrabando, 2 ocorreram em janeiro, 8 em fevereiro, 4 em março, 2 em abril, 9 em maio, 9 em junho, 5 em julho, 8 em agosto, 4 em setembro, 13 em outubro e 4 em novembro.

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