A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (6), operação para desarticular organização criminosa que tinha como líder o ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho.
Conhecido como Pablo Escobar Brasileiro, Carvalho era um dos maiores narcotraficantes do mundo e foi preso no dia 21 de junho, em Budapeste, na Hungria.
Nas operações de hoje, os policiais cumpriram ao todo 19 mandados de prisão temporária e 49 de busca e apreensão contra a quadrilha, que atuava no tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e contrabando.
São duas operações, denominadas Catrapo e The Fallen.
Na Catrapo, os mandados foram cumpridos em endereços dos investigados nos estados de Mato Grosso, São Paulo, Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas, Paraná, Rondônia, Tocantins, Pernambuco e Bahia.
Conforme a Polícia Federal, durante as investigações, foi identificado que a organização criminosa se utilizava de aviões para transportar cocaína adquirida no Peru e na Bolívia para a Europa, utilizando o estado do Mato Grosso como entreposto.
No período, duas toneladas de cocaína foram interceptadas e a polícia identificou R$ 40 milhões em patrimônio da quadrilha.
Já na Operação The Fallen, as investigações tiveram início em 2020, após a importação suspeita de peças de aeronaves portuguesas por uma empresa de Recife (PE), com entrada no Brasil através do porto de Itajaí (SC).
Apurações constataram que havia um esquema de contrabando de peças de aeronaves para o Brasil para a utilização por narcotraficantes na região de fronteira.
A estratégia de lavagem de dinheiro montada pelo grupo criminoso consistia na utilização de empresas de fachada para movimentar o dinheiro no território nacional.
Também eram usadas empresas com sede no exterior para viabilizar a compra de aeronaves fora do Brasil.
Estas empresas também serviam à quadrilha e eram cedidas para outros grupos criminosos.
Ex-major
O ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) Sérgio Roberto de Carvalho, foi preso no fim de junho em Budapeste, na Hungria.
Carvalho movimentou R$ 2,25 bilhões entre os anos de 2018 e 2020, com exportações de 45 toneladas de cocaína à Europa, conforme a Polícia Federal.
Após desaparecer de Campo Grande em 2016 e iniciar o processo de logística internacional para o tráfico de drogas, Carvalho foi inserido na lista da Interpol em 2018.
O megatraficante, que foi expulso da PMMS em março de 2018 e condenado a 15 anos de prisão por tráfico de drogas, estava com um passaporte mexicano falso e era procurado pelas polícias do Brasil e da Europa.
Em nota, a Polícia Federal relatou que a prisão de Carvalho foi realizada em cooperação internacional com outras agências estrangeiras.
A prisão do ex-major foi realizada após investigações desenvolvidas no âmbito da Operação Enterprise, deflagrada pela Polícia Federal em 2020, que culminou na expedição de mandados de prisão para Carvalho e outros investigados, bem como na apreensão de mais de R$ 500 milhões da organização criminosa da qual ele era líder.
Histórico
O ex-major ingressou na Polícia Militar de Mato Grosso do Sul no fim da década de 1980 como comandante do Batalhão Militar de Amambai, área de fronteira do Estado com o Paraguai.
Na década de 1990, Carvalho já estava envolvido com atos ilícitos, como o contrabando de pneus. Anos depois, o ex-major foi pego contrabandeando uísque.
Em 1997, Carvalho já transportava cocaína da Colômbia e da Bolívia até o interior de São Paulo. No mesmo ano, o ex-major foi transferido para a reserva remunerada da Polícia Militar de MS.
No ano seguinte, foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo tráfico de 237 quilos de cocaína.
Após um longo processo e perda de seu posto e patente, sua aposentadoria foi suspensa em 2010. No entanto, em 2016, conseguiu reaver na Justiça o benefício de R$ 9,5 mil mensais.
Em 2019, o narcotraficante foi novamente condenado, desta vez a 15 anos e três meses de prisão, por usar laranjas em empresas de fachada para movimentar R$ 60 milhões.
O ex-policial militar também foi condenado, em 2008, a 15 anos de prisão por tráfico de drogas. No Brasil, o Porto de Paranaguá (PR) era o preferido da quadrilha de Carvalho para as remessas de drogas ao Velho Continente.
No território europeu, os integrantes da organização criminosa escolhiam com maior frequência o Porto de Antuérpia, na Bélgica, e depois o de Roterdã, na Holanda.
Em janeiro deste ano, o ex-major também passou a ser investigado, na Europa, por fraudar um atestado de óbito.




