A polinização animal contribuiu, em média, com 13,1% do valor da produção agrícola e extrativista de Mato Grosso do Sul deste ano, é o que diz o estudo experimental “Contribuição dos Polinizadores para as Produções Agrícola e Extrativista do Brasil 1981-2023”, divulgado hoje (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Junto do recorte deste ano, o levantamento elencou dados de 42 anos de produção, investigou a quantidade, a área colhida e o valor da produção de cultivos que possuem diferentes níveis de dependência da ação de polinizadores animais, como abelhas, borboletas, besouros, morcegos, e outros animais, destacando suas variações temporais, regionais e municipais.
Esse processo pode ser mediado por agentes como a água, o vento e a gravidade (polinização abiótica), ou realizado por animais (polinização biótica). No centro-oeste, destaque da polinização se deu nas produções de soja, algodão, feijão, tomate e melancia.
Dentre os 35 produtos que têm produção relevante no estado, 57,1% dependem, em algum grau, da polinização animal, sendo que esse impacto é mais expressivo nas culturas permanentes, que apresentam maior dependência desse processo. A polinização consiste na transferência do pólen entre as partes masculinas e femininas das flores, viabilizando fertilização e reprodução, através da produção de frutos e sementes.
O levantamento utilizou dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) e da Produção da Extração Vegetal e Silvicultura (PEVS).
O índice foi calculado por meio da ponderação do valor de produção de cada produto, por seu grau de dependência de polinização, e reflete a distribuição dos produtos dependentes de polinização e sua participação no valor total de produção em cada recorte geográfico. Quanto maior esse indicador, maior a contribuição estimada da polinização animal.
“Futuras análises incorporando estimativas da oferta de polinizadores em função das características das paisagens permitirão avançar nas estimativas do valor desse serviço no âmbito do Sistema de Contas Econômicas Ambientais”, explica Leonardo Bergamini, analista da Coordenação de Meio Ambiente do IBGE, responsável pelo estudo.
Cabe destacar que o indicador de contribuição dos polinizadores no valor da produção representa a participação das culturas dependentes de polinização animal em relação ao total produzido, levando em conta os diferentes graus de dependência de polinização de cada espécie de planta.
Os produtos de culturas temporárias são os principais determinantes dos padrões observados para o estado, pois ocupam maior porção da área colhida, superando as produções permanente e extrativista combinadas.
No entanto, uma parte considerável dos produtos temporários independe de polinização animal, como por exemplo a cana-de-açúcar e o milho. “A polinização influencia consideravelmente o valor da produção agrícola e extrativista do país. O aumento da dependência dos cultivos em relação a esse processo, no entanto, contrasta com a redução das populações de polinizadores. Existem várias ameaças às espécies polinizadoras, como perda de habitat, uso intensivo de pesticidas, doenças, mudanças climáticas, espécies invasoras etc. Superar esses desafios exige investimentos em pesquisa e estratégias que garantam a continuidade desse serviço”, explicou Leonardo.
Soja
Principal cultura temporária do país e no estado, soja mostra dependência modesta da polinização Embora os valores médios de contribuição da polinização para o valor da produção tenham sido, em geral, de 10% a 20%, existem diferenças, dependendo da composição das culturas predominantes em cada região. A soja, por exemplo, apareceu entre os cinco principais produtos com dependência de polinizadores em todas as regiões brasileiras. Mesmo com dependência modesta dos polinizadores, devido ao volume produzido e valor de produção, a expansão da soja para além de suas áreas tradicionais de cultivo, no sul do Brasil, teve duas consequências: por um lado, contribuiu para o aumento da área ocupada por culturas que dependem de polinizadores e, por outro, substituiu cultivos com maior dependência desses agentes, reduzindo a participação de produtos associados à polinização animal, especialmente aqueles de menor valor comercial.
Cabe destacar que a polinização animal é essencial para aumentar a produção agrícola, pois ela facilita a reprodução das plantas, resultando em maior produção de frutos, sementes e, consequentemente, maior rendimento nas lavouras.
- Aumento da fertilização das flores: A polinização animal ocorre quando insetos, como abelhas, borboletas e moscas, ou até animais maiores, como pássaros e morcegos, transferem o pólen de uma flor para outra. Esse processo é crucial para que a planta consiga se reproduzir. Ao aumentar a taxa de polinização, a planta tem uma chance maior de fertilizar seus óvulos, resultando em frutos e sementes.
- Maior diversidade genética: A polinização cruzada (entre plantas de diferentes indivíduos) promove maior diversidade genética nas plantas. Isso não só aumenta a resiliência das culturas, tornando-as mais resistentes a doenças e mudanças climáticas, mas também pode melhorar a qualidade dos frutos.
- Aumento de rendimento e qualidade: Com a polinização eficiente, as plantas tendem a produzir mais frutos e sementes, além de terem uma melhor qualidade. Em algumas culturas, como frutas (maçãs, melões, abóboras), a presença de polinizadores está diretamente ligada ao aumento do tamanho e da aparência dos frutos.
- Redução de perdas: Muitas culturas dependem exclusivamente da polinização animal para garantir a produção. Sem esses polinizadores, a produção de muitas plantas pode ser significativamente reduzida, o que impactaria diretamente na produtividade agrícola.
- Benefícios para a agricultura sustentável: Ao contar com a polinização natural, os agricultores podem reduzir a necessidade de intervenções artificiais, como o uso de hormônios ou polinizadores mecânicos. Isso favorece a sustentabilidade da produção, diminuindo o impacto ambiental.


