Cidades

Caos e superlotação

Prefeito "mais louco do Brasil" se revolta com Secretaria de Saúde de MS

Juliano Ferro (PSDB), publicou desabafo contra órgão do governo de Mato Grosso do Sul, e cobrou repasse milionário para hospital de Ivinhema

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O prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), publicou desabafo nas redes sociais, cobrando publicamente um repasse de R$ 4,5 milhões pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MS) para que ele possa, nas palavras dele, “tocar” o hospital Regional de Ivinhema. 

O prefeito da cidade do interior de Mato Grosso do Sul, que autodeclara “o mais louco do Brasil” e tem quase 1 milhão de seguidores no Instagram e 20 milhões de usuários por mês em suas publicações, disse estar “revoltado” com o abandono e o caos na saúde em seu município. 

De pé, na porta do Hospital Municipal de Ivinhema, Ferro não poupou palavras para culpar a Secretaria de Estado de Saúde pela situação dramática de pacientes que aguardam por vagas e por um repasse financeiro de R$ 4,5 milhões que, segundo ele, está atrasado desde fevereiro de 2025 e ameaça o funcionamento da unidade.

“Chegou a um ponto que não tem como eu não falar mais”, declarou o prefeito, afirmando que sua atitude reflete a realidade de diversas outras cidades do estado. “Eu recebi ligação de mais de 20 prefeitos dizendo que estão com a mesma situação que Ivinhema. É que as pessoas às vezes não querem levar a sua cara e não querem se expor, mas eu não vou ficar apanhando da população por uma atribuição que não é do município”, afirmou o prefeito. 

O prefeito personifica sua revolta em casos concretos. Em uma live publicada em sua conta no Instagram, ele entrou no hospital, caminhou pelos corredores, e mostrou o drama dos pacientes. 
Um deles está internado há 17 dias internados, tem 85 anos de idade, e aguarda por uma cirurgia na bacia. “Como que não é de alta complexidade um senhor de 85 anos com a bacia quebrada dentro do hospital, a ponto de pegar uma infecção?”, questionou Ferro.

Outra senhora internada com o fêmur quebrado, aguarda há dias por uma vaga que não chega. Um caso anterior, mencionado pelo prefeito, em que um paciente aguardou por 35 dias até conseguir uma transferência.

Superlotação

A situação no Hospital Municipal de Ivinhema não é recente. Relatos de abril de 2025 já apontavam para a superlotação da unidade e o “congestionamento na central de vagas em todo o estado”, indicando uma crise sistêmica que se arrasta há meses.

O ponto mais crítico da denúncia de Ferro é o financeiro. Ele afirma aguardar desde fevereiro um repasse estadual de R$ 4,5 milhões, essencial para a manutenção do hospital. 

“Nós já estamos entrando no mês de julho e esse recurso não foi pago. Eu já estou ficando sem orçamento e estou vendo a hora de não termos mais dinheiro para tocar o Hospital Municipal”, alertou.

A denúncia de longas esperas encontra eco em documentos oficiais. No início de junho de 2025, uma portaria do Ministério da Saúde (GM/MS n. 7.061) reconheceu a “situação de urgência em Saúde pública em razão da manutenção prolongada do tempo de espera para procedimentos especializados eletivos”, validando a queixa central do prefeito.

Enquanto a realidade em Ivinhema se mostra caótica, o Governo do Estado tem divulgado números do programa “MS Saúde – Mais Saúde, Menos Fila”. Em abril, o governo comemorou a marca de 2,6 mil cirurgias ortopédicas realizadas pelo programa, e em maio, a iniciativa celebrava mais de 87 mil atendimentos totais.

A discrepância entre os dados macro do estado e a realidade micro dos municípios levanta a questão sobre a eficácia e a capilaridade desses programas. A crise parece ser também financeira em outras frentes, como visto em março de 2025, quando o governo estadual precisou destinar R$ 25 milhões para enfrentar a crise financeira da Santa Casa de Campo Grande, o maior hospital do estado.

Para o prefeito Juliano Ferro, a responsabilidade é clara. “Você pede vaga para Dourados, fala que não é de alta complexidade. Você pede para Nova Andradina, não tem material. Estão deixando a desejar na saúde do estado”, concluiu, antes de prometer continuar a lutar. “Se ninguém tem coragem de falar, eu vou falar.”

 

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Cidadania

Mutirão de DNA gratuito auxilia no reconhecimento de paternidade em MS

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul vai realizar, no dia 16 de agosto, o projeto "Meu Pai Tem Nome", que ajuda no reconhecimento parental de crianças, adolescentes e adultos

16/07/2025 17h22

Crédito: Agência Gov

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Em mais uma edição do projeto nacional “Meu Pai Tem Nome”, que ocorre no dia 16 de agosto, a população que procurar o serviço receberá ajuda para o reconhecimento dos vínculos parentais, garantindo o direito à cidadania.

Em outras localidades, o serviço será oferecido de forma virtual. Sobre a importância da ação, o defensor público Marcelo Marinho explicou que a ideia é reconhecer os vínculos parentais.

“O objetivo é promover o reconhecimento de paternidade e maternidade, ampliando o acesso à cidadania e aos direitos fundamentais de crianças, adolescentes e adultos que ainda não possuem o nome de um dos pais em seus registros”, pontuou.

Atendimento


A iniciativa é organizada pelo Núcleo, em parceria com o Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege), e promoverá a ação presencial nos seguintes municípios:

  • Campo Grande
  • Dourados
  • Três Lagoas
  • Corumbá

Em outras cidades do interior do Estado, a ação será realizada de forma virtual.

Em Campo Grande, a previsão é de que a população seja atendida na sede do Núcleo de Direito de Família e Sucessões (Nufam), localizado na Rua Arthur Jorge, 779, Centro.

Nos demais municípios com atendimento presencial, os serviços serão ofertados nas unidades participantes da Defensoria Pública em cada comarca.

Durante o atendimento, serão oferecidos gratuitamente os seguintes serviços:

  • Reconhecimento de paternidade ou maternidade (inclusive socioafetiva e homoafetiva);
  • Investigação de vínculo parental;
  • Coleta para exames de DNA, quando necessário.

Parceria


Esta edição contará com o apoio do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (IALF), da Polícia Científica de Mato Grosso do Sul, para a realização dos exames de DNA, que serão totalmente gratuitos para quem procurar atendimento.

Para o coordenador-geral de Perícias da Polícia Científica, José de Anchiêta Souza Silva, a parceria reforça o compromisso com a cidadania:

“É uma satisfação para a Polícia Científica de Mato Grosso do Sul contribuir com essa importante iniciativa da Defensoria Pública. Por meio da ciência forense, buscamos garantir que o exame pericial seja um instrumento de cidadania e justiça, promovendo o reconhecimento de direitos e ajudando a construir histórias familiares com segurança e responsabilidade.”

O Instituto de Análises Laboratoriais Forenses é uma das unidades que integram a estrutura da Polícia Científica de MS, responsável por exames laboratoriais e perícias em apoio à investigação criminal.

Como participar?


Os interessados em participar do projeto “Meu Pai Tem Nome” devem se inscrever por meio do formulário online, clicando aqui.

Serviço

 

  • Mutirão "Meu Pai Tem Nome"
  • Data: 16 de agosto
  • Horário: Das 8h às 12h

Locais

  • Rua Arthur Jorge, 779, Centro, Campo Grande
  • Rua Alfredo Justino, 1108, Praça Justiça, Três Lagoas
  • Rua Luís Feitosa Rodrigues, 2094, Nossa Senhora de Fátima, Corumbá

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Investigação

Entenda por que Donald Trump quer investigar 'prática desleal' do Pix

Governo estadunidense decidiu abrir uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais

16/07/2025 17h00

Governo estadunidense decidiu abrir uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais

Governo estadunidense decidiu abrir uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais Foto: Divulgação

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O sistema de transferências instantâneas brasileiro, o Pix, entrou no radar do governo dos Estados Unidos, que decidiu abrir uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira (15) pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR sigla em inglês), a pedido do presidente norte-americano Donald Trump.

“Por orientação do presidente Trump, estou iniciando uma investigação com base na Seção 301 sobre os ataques do Brasil contra empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA”, declarou o representante comercial Jamieson Greer.

Apesar das alegações, o documento divulgado pelo USTR não apresenta evidências específicas que sustentem as acusações contra o Pix ou outras políticas brasileiras. Segundo o órgão, o Brasil vem impondo restrições ao acesso de exportadores norte-americanos ao mercado local há décadas. As investigações têm como base  a seção 301 da legislação comercial norte-americana, que prevê a adoção de medidas retaliações comerciais como instrumento unilateral de pressão para a abertura de mercados às exportações e aos investimentos externos norte- americanos.

O que é a Seção 301?

A Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA de 1974 permite que o governo norte-americano investigue e adote medidas unilaterais — como tarifas e barreiras comerciais — contra países cujas práticas sejam consideradas:

  • Injustificadas, irrazoáveis ou discriminatórias;
  • Violadoras de acordos internacionais;
  • Restritivas ao comércio com os Estados Unidos.

Caso negociações bilaterais falhem, os EUA podem adotar sanções, desde que autorizadas ou não contestadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Já houve sanção?

A Seção 301 já foi utilizada em disputas comerciais com a China durante o governo Trump, principalmente por alegações de roubo de propriedade intelectual e subsídios industriais. Também foi aplicada contra a União Europeia, em casos envolvendo agricultura e aviação.

O Brasil já enfrentou investigações semelhantes no passado, em temas como propriedade intelectual, etanol e agricultura, mas esta é a primeira vez que o Pix entra no foco de uma ação comercial desse tipo.

O que pode estar em jogo?

Ainda que o governo americano não tenha detalhado os motivos específicos, possíveis alvos de investigação incluem:

  • Barreiras ao investimento de empresas de tecnologia dos EUA;
  • Regras que limitem o acesso a serviços digitais estrangeiros;
  • Políticas industriais consideradas discriminatórias;
  • Restrições a empresas de redes sociais americanas;
  • Alegações de que o Pix pode favorecer o ecossistema nacional em detrimento de plataformas de pagamento estrangeiras.

A investigação marca mais um episódio da política comercial agressiva defendida por Trump, que voltou a adotar medidas protecionistas diante do avanço de soluções digitais desenvolvidas fora dos EUA.

Quais países que já sofreram sanções dos Estados Unidos?

1. Japão

Motivo: Nos anos 1980, a Seção 301 foi usada para pressionar o Japão a abrir seus mercados para mais produtos americanos. Na época, os EUA estavam preocupados com as barreiras comerciais e com o desequilíbrio no comércio bilateral.

Ação: Isso levou a negociações e à implementação de algumas reformas no Japão para aumentar o acesso ao seu mercado para produtos dos EUA.

2. União Europeia (UE)

Motivo: Em 2004, os Estados Unidos usaram a Seção 301 contra a União Europeia devido a subsídios que a UE concedia à Airbus, que os EUA consideravam como práticas comerciais desleais. Os EUA alegaram que esses subsídios prejudicavam as empresas americanas, como a Boeing.

Ação: Como resposta, os EUA impuseram tarifas sobre produtos da UE. A disputa foi resolvida, em parte, através da Organização Mundial do Comércio (OMC).

3. Índia

Motivo: Em 2018, os Estados Unidos usaram a Seção 301 para investigar as práticas comerciais da Índia, incluindo as barreiras ao comércio de produtos de TI e medicamentos, além de exigências de licenciamento forçado de software.

Ação: Os EUA estavam preocupados com as políticas da Índia que supostamente prejudicavam os direitos de propriedade intelectual de empresas americanas. No entanto, a disputa não resultou em uma ação tão agressiva como as tomadas contra a China.

4. China

Motivo: Em 2018, a Seção 301 foi usada contra a China devido a alegações de que o país estava praticando roubo de propriedade intelectual e forçando empresas americanas a transferir tecnologia como uma condição para fazer negócios na China. As preocupações também incluíam práticas de subsídios governamentais que distorciam o comércio e favoreciam as empresas chinesas.

Ação: O governo dos EUA impôs tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses, o que resultou em uma guerra comercial. A China retaliou com tarifas sobre produtos dos EUA.

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