Cidades

Desobediência?

Prefeitura de Campo Grande despreza ordem judicial há 2 anos

Decisões transitadas em julgado para fornecer fraldas para idosos e deficientes pobres desde 2022 não foram cumpridas; há outras 856 decisões em processos judiciais

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Passados dois anos de sentença da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivo e Individuais Homogêneos de Campo Grande, que determinou que a prefeitura da Capital fornecesse fraldas juvenis e geriátricas para pessoas em situação de vulnerabilidade, com renda de até dois salários mínimos, a decisão, já transitada em julgado, ainda não foi cumprida e gerou centenas de ações individuais pedindo os artigos. 

O desprezo da Prefeitura de Campo Grande pelas decisões do Poder Judiciário, em primeira  e segunda instância, levou a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, autora da ação civil pública que deu origem à sentença, a ingressar com um novo pedido, dentro de um processo de execução da sentença, determinando o cumprimento da decisão com urgência, e pedindo a aplicação imediata das multas que somam R$ 565 mil pode descumprimento das decisões confirmadas pela primeira e segunda instâncias.

A defensoria, neste mesmo pedido, ainda pede aregularização do fornecimento das fraldas para idosos e pessoas portadoras de deficiência e a abertura de visto dos autos ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para que apure a prática do crime de desobediência da gestão de Adriane Lopes (PP), bem como de possível ato de improbidade administrativa. 

Desde que a primeira liminar foi deferida pela Justiça, em 8 de dezembro de 2022, além do descumprimento da decisão judicial, ocorreram outras 856 condenações do município em processos em que os indivíduos vulneráveis ajuizaram o pedido das fraldas.

Destas 856 condenações, 93 ocorreram de novembro do ano passado até agora, quando houve a decisão favorável no pedido específico da Defensoria em uma ação de cumprimento de sentença, de decisão que já havia transitado em julgado. 

O descumprimento da primeira sentença resultou em uma condenação de R$ 100 mil, recurso que foi o limite estabelecido pelo juízo para a multa diária de R$ 5 mil pelo primeiro descumprimento da decisão. 

Os outros R$ 465 mil em multa decorrem da aplicação da multa por descumprir a decisão da Justiça na ação em que a Defensoria pediu o cumprimento da sentença e teve êxito. Nesta segunda vez, a multa era de R$ 5 mil diária. 

"O descumprimento de ordens judiciais e o não fornecimento dos meios para a manutenção/restauração da saúde conforme garantias constitucionais, não se encontram dentro dos limites do poder discricionário do gestor público, devendo-se perceber que o comportamento renitente e obstinado da representante do Município de Campo Grande tem trazido imensos prejuízos aos jurisdicionados e ao erário público", argumenta a defensora pública Eni Maria Sezerino Diniz, que assina a petição solicitando urgência ao Judiciário e denunciando o desprezo do município ao cumprimento das ordens. 

A defensora ainda argumenta:

 "Resta inconteste que além de não cumprir a determinação judicial, o Executado ainda agiu ativamente para restringir o acesso ao direito declarado na decisão judicial em favor dos usuários da rede pública municipal de saúde, ao impor a absurda restrição que apenas beneficiários do BPC e do Bolsa-Família poderiam ter acesso administrativo ao fornecimento de fraldas".

Durante todo o ano passado, mães de crianças autistas e de portadores de deficiência, algumas beneficiárias da medida, promoveram vários protestos, alguns, inclusive durante a campanha de reeleição da prefeita. 

A prefeitura de Campo Grande foi procurada para responder sobre o pedido ajuizado pela Defensoria Pública. Até a publicação da reportagem, a resposta não havia sido enviada. O espaço segue aberto. 

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BOLETIM MENSAL

Campo Grande fecha fevereiro com chuva abaixo da média em certas regiões

Três Lagoas, Dourados, Ponta Porã, Corumbá e Coxim também apresentaram bom volume de precipitação, mas fecharam com chuvas abaixo ou próximas da média

03/03/2025 10h15

Das três estações no Inmet, chuva em Campo Grande ficou acima da média em fevereiro

Das três estações no Inmet, chuva em Campo Grande ficou acima da média em fevereiro Foto: Gerson Oliveira

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Mesmo com chuvas constantes, fevereiro ainda fechou com precipitação abaixo da média histórica em algumas regiões de Campo Grande e nos municípios de Três Lagoas, Dourados, Ponta Porã, Corumbá e Coxim.

Segundo levantamento do Correio do Estado, baseando-se em dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), três estações na capital sul-mato-grossense registraram números divergentes. 

Na região oeste da cidade, a precipitação alcançou 116,8 mm. Já na UPA Universitário e na Vila Santa Luzia (Centro), ambas catalogaram chuvas acima da média histórica (176 mm), 226,2 mm e 248,6 mm, respectivamente.

Partindo para o interior do estado, Dourados foi uma das únicas - considerando as maiores - que fechou fevereiro com chuva acima da média histórica. Na estação D3374, que fica na região central do município, registrou 135 mm de chuva, pouco a mais do que o rotineiro no mês, que é de 130,8 mm.

Enquanto isso, Três Lagoas apresentou números preocupantes. A cidade que faz divisa com o estado de São Paulo também tem dois registros diferentes: 3 mm (Centro) e 77,2 (UPA São Carlos). A média histórica do município é de 167,1 mm, ou seja, ambas as estações ficaram bem abaixo da marca neste mês.

Já Coxim, cidade no Norte do estado pantaneiro, obteve um acumulado de 147,6 mm, na estação próxima ao 47º Batalhão de Infantaria, abaixo da média histórica, que é de 212 mm.

Ademais, as cidades fronteiriças Corumbá e Ponta Porã também ficaram abaixo da média histórica, que é de 134,3 mm e 221,6 mm, respectivamente.

O município que faz fronteira com a Bolívia registrou duas marcas diferentes, mas próximas: 95,6 mm (E.M. Luiz Fernandes) e 120,8 mm (Centro). Já na que faz divisa com o Paraguai, também houve dois registros distintos: 66,2 (A703) e 135,2 mm (Ferroviária I).

Março e abril: previsão

As chuvas no trimestre entre fevereiro e abril de 2025 devem ficar abaixo da média histórica em Mato Grosso do Sul, enquanto as temperaturas devem alcançar marcas acima da média. A tendência meteorológica para os próximos três meses foi compilada pelos técnicos do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), órgão do Governo de Mato Grosso do Sul vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

O estudo aponta para um cenário de mudanças climáticas seguindo o que se observa nos últimos anos, com períodos mais longos de estiagem e ondas de calor intenso. As chuvas devem variar entre 400 a 500 mm em grande parte do estado, com exceção das regiões leste/nordeste e oeste, onde a média deve ser entre 300 a 400 mm.

Já as temperaturas médias devem variar entre 24°C a 26°C, com ligeira elevação na região noroeste (26°C a 28°C), enquanto nas regiões sul e sudeste devem ficar entre 22°C a 24°C.

Segundo o levantamento, apenas um dos municípios de Mato Grosso do Sul deve ter chuva acima da média no período: Bataguassu, onde deve chover 33,5% acima da média.

Saiba

O Inmet emitiu um alerta amarelo de chuvas intensas para 617 municípios brasileiros, incluindo 30 de Mato Grosso do Sul. O aviso coloca como risco potencial para chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, além de ventos intensos (40-60 km/h). É previsto que este alerta dure até às 18h deste domingo (2).

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FAUNA PROTEGIDA

Tamanduás 'órfãos do fogo' estão perto de serem reintegrados à natureza

Após meses de recuperação, animais deixaram o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) rumo ao Instituto Tamanduá, em Aquidauana

03/03/2025 09h15

Três tamanduás - dois bandeiras e um mirim - estão mais perto de voltarem a seus habitats naturais

Três tamanduás - dois bandeiras e um mirim - estão mais perto de voltarem a seus habitats naturais Reprodução/Imasul

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Parte do projeto "Órfãos do Fogo", três tamanduás - dois bandeiras e um mirim - estão mais perto de voltarem a seus habitats naturais, depois de meses sob cuidados no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) em Campo Grande. 

Após passarem pelos cuidados do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), ainda na última semana, os três tamanduás foram levados ao Instituto Tamanduá, em Aquidauana, uma viagem de aproximadamente 145 km. 

Levados por equipes de veterinários e biólogos do Hospital Ayty, esse deve ser o último passo antes das três espécimes voltarem ao habitat natural, consistindo em um processo de adaptação, conforme o Imasul em nota. 

Jordana Toqueto é veterinária e acompanhou os três tamanduás em tratamento, destacando que a reabilitação não se resume a cuidados médicos, já que há um foco para que, mesmo em unidade médica especializada, eles mantivessem comportamentos naturais que são fundamentais para a sobrevivência. 

"Buscamos cupinzeiros na mata e os oferecemos aos tamanduás para que eles mantivessem o instinto de procurar alimento. Esse tipo de adaptação é essencial para que possam se alimentar sozinhos no futuro", afirma Jordana. 

Ela complementa dizendo que os tamanduás passaram por exames detalhados e, no Instituto Tamanduá, devem reaprender a sobreviver por conta própria antes da soltura em definitivo. 

Órfãos do fogo

O projeto batizado de "Órfãos do Fogo"  resgata não apenas animais que sofreram com as queimadas, mas também vítimas de atropelamentos e demais ameaças, como um dos três tamanduás, um da espécie bandeira encontrado sozinho sem sua  mãe, às margens de uma rodovia em Miranda. 

Já o segundo tamanduá-bandeira deu entrada no CRAS em novembro de 2024, diante de suspeita de uma doença grave chamada de "cinomose", que é altamente contagiosa e costuma afetar cães e ser fatal para os animais. 

Porém, o Imasul confirma que exames realizados no animal descartaram essa possibilidade e, sem a infecção, o espécime foi liberado para seguir rumo à última etapa antes da reintrodução. 

Já o mirim que faz parte do grupo foi achado na Capital de Mato Grosso do Sul, localizado por agentes da Polícia Militar Ambiental em um estado mais comprometedor do que os demais tamanduás. 

Diante desse estado, frágil e desorientado, foi necessária uma reabilitação cuidadosa para possibilitar a ação de reintrodução que, segundo o diretor-presidente do Imasul, André Borges, reflete o compromisso do Estado na proteção da fauna. 

"O projeto Órfãos do Fogo é essencial para garantir que esses animais, vítimas de tragédias ambientais, possam ter uma nova chance na natureza. A parceria entre o Imasul e o Instituto Tamanduá reforça nosso compromisso com a biodiversidade", cita. 

Frentes de trabalho

A gestora do CRAS e do Hospital Ayty, Aline Duarte, frisa como o trabalho conjunto das instituições é importante para a reintrodução das espécies na natureza. 

Como bem abordado pelo Correio do Estado, o Hospital Ayty atendeu quase 3 mil animais resgatados em Mato Grosso do Sul no período de aproximadamente um ano desde sua criação, em 14 de setembro de 2023. 

"No Hospital, eles receberam todos os cuidados necessários para a recuperação da saúde e fortalecimento físico, mas no Instituto Tamanduá eles terão a chance de desenvolver habilidades essenciais para a sobrevivência", comenta Aline.

Nessa "força-tarefa" de proteção animal, cabe destacar o trabalho de algumas instituições, como do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), além dos esforços de agentes do Corpo de Bombeiros e PMA. 
**(Com assessoria)
 

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