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cascalhos de areia

Queijeiro "milionário" continua recebendo da prefeitura da Capital

Idoso disse em junho que fatura R$ 2,5 mil mensais com a venda de queijo, mas é "dono" de várias empresas e hoje recebeu mais R$ 69 mil

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Publicação de uma edição extra do diário oficial da prefeitura de Campo Grande desta quarta-feira (22) revela que as quatro principais empresas envolvidas no escândalo da operação Cascalhos de Areia receberam pouco mais de R$ 1,44 milhão relativo a serviços prestados somente em outubro. Até mesmo a empresa do queijeiro "milionário” Adir Paulino Fernandes, de 65 anos, aparece na relação. 

A operação do Ministério Público apontou supostas irregularidades nos contratos que superavam os R$ 300 milhões para aluguel de máquinas e manutenção de ruas sem asfalto em Campo Grande e foi deflagrada no dia 15 de junho.  

Entre os principais alvos da investigação estavam as empresas de André Luiz dos Santos, mais conhecido como André Patrola. Em outubro, uma delas foi contemplada com o repasse de R$ 425 mil, de acordo com o Diogrande desta quarta-feria (22), que cita centenas de outras liberações ao longo de 116 páginas. O dinheiro foi liberado com a rubrica de “outras obras e instalações”.

Outro alvo dos promotores foi a Engenex, oficialmente pertencente a Edcarlos Jesus Silva. Em três liberações, está recendo R$ 695 mil relativos a serviços prestados somente em outubro. 

Esse mesmo Edcarlos teve liberados outros R$ R$ 257,2 mil pela locação de máquinas feita pela empresa MS Brasil Comércio e Serviços, que, em tese, também é sua.

A operação Cascalhos de Areia revelou que Edcarlos é genro de Adir Paulino Fernandes, 65 anos, um vendedor de queijos que mora em Terenos e que por sua vez é proprietário de uma série de empresas que também têm contratos milionários com a prefeitura de Campo Grande.

Uma quarta empresa que teve pagamento liberado nesta quarta-feira foi a JR Comércio e Serviços, que está recebendo pouco mais de R$ 69 mil pela locação de máquinas. De acordo com o MPE, essa JR Comércio e Serviços pertence a Adir Paulino, o queijeiro que é sogro de Edcarlos.

Em junho, quando chegou a ser detido por posse ilegal de arma, o idoso declarou ao Ministério Público que faturava em torno de R$ 2,5 mil por mês com a venda de queijos na região de Terenos e não sabia que era proprietário de empresas que faturaram R$ 224 milhões desde 2017 em serviços prestados à prefeitura da Capital. 

E estas liberações são somente mais uma evidência de que a operação Cascalhos de Areia, que ainda está em andamento, está sendo ignorada pela administração pública. No começo de novembro, por exemplo, duas das principais empreiteiras envolvidas no caso voltaram a vencer disputa milionária para locação de máquinas à prefeitura de Campo Grande.

Juntas, elas abocanharam a metade dos 16 lotes de um pregão eletrônico que prevê desembolso de até R$ 31.238.134,92 por ano em “locação de máquinas pesadas, caminhões, veículos leves e equipamentos para execução de serviços.”

A empresa de André Luis dos Santos,  venceu a disputa em dois dos 16 lotes e foi escolhido para locar duas motoniveladoras e uma carreta prancha. Por ano, vai faturar R$ 1,64 milhão caso os equipamentos sejam efetivamente utilizados. 

Outro escolhido foi Edcarlos Jesus da Silva. Ele saiu vencedor em seis dos oito lotes para locação de 22 caminhões basculantes e caminhões pipa, oito caminhonetes e duas mini-retroescavadeiras. O edital previa que ele poderia faturar até R$ 21 milhões por ano, mas para vencer o pregão eletrônico ofereceu preços cerca de 20% menores que o teto estipulado pelo licitante. 

Então, caso realmente empreste seus equipamentos à municipalidade, vai faturar em torno de R$ 17 milhões somente com este contrato,.

TUDO NORMAL

As investigações da Cascalhos de Areia ainda estão em andamento e, a princípio, as empresas que entraram na mira do MPE, como JR Comércio e Serviços, a MS Brasil e a André L. dos Santos Ltda, continuam legalmente aptas à prestação de serviços ao poder público. O curioso, porém, é que a operação do dia 15 de junho foi iniciada justamente porque denúncias apontavam fraude nas licitações. 

“André Luiz dos Santos venceu essa licitação em processo fraudado para beneficiar sua empresa. Contrataram apenas uma pá-carregadeira por uma semana, para que o fiscal tirasse fotos dos serviços. Estamos cansados de nos submeter a esse sujeito na prefeitura municipal, pois nos obrigam a fraudar licitação, já que a ordem vem de cima”, dizem trechos da denúncia anônima de servidores da prefeitura que desencadearam a Cascalhos de Areia. 

E, além de vencer parte do pregão eletrônico para locação de máquinas,  no começo de outubro a empresa de André Patrola recebeu aval da prefeitura para participar de três licitações para manutenção de estradas rurais em Campo Grande. Caso vença as disputas, receberá R$ 9,6 milhões por ano. 

Antes disso, no dia 11 de setembro, quase dois meses após a eclosão do escândalo, a prefeitura da Capital reajustou um dos contratos que estão sob investigação dos promotores, elevando o valor anual de R$ 4.150.988,28 para 5.188.016,69, acrescentando R$ 1.037.028,41, o que corresponde a um reajuste de 24,98% do valor do contrato.  

No dia seguinte, a Diogrande informou que dois contratos com a empresa Engenex, teoricamaente pertencente a Edcarlos Jesus Silva, também tiveram seus valores elevados em 25%, o que significa um acréscimo superior a R$ 1,44 milhão pelo patrolamento de ruas em duas regiões da Capital. 

A operação Cascalhos de Areia veio à tona depois de denúncia anônima de servidores municipais apontando que a empresa de André Patrola, além de outras três, seriam uma espécie de laranjal e que, na realidade, pertenceriam a um grupo de políticos. E, para piorar, estariam recebendo os pagamentos sem a prestação dos serviços de manutenção das ruas sem asfalto na periferia de Campo Grande. 

No dia 15 de junho foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e tanto endereços ligados a Patrola quanto a Edcarlos foram alvos da operação, que investiga  “possível organização criminosa estabelecida para a prática de crimes de peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro”, conforme nota publicada pelo MPE naquele dia. 
 

Crise na saúde

"Empurra-empurra" entre gestores pode deixar população sem atendimento médico

O CRM afirmou que, além da Santa Casa, outras casas de saúde sofrem com escassez total de medicamentos e materiais e especialidades médicas têm data para parar devido à crise

23/12/2025 18h15

Santa Casa de Campo Grande

Santa Casa de Campo Grande FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O Conselho Regional de Medicina (CRM) em Mato Grosso do Sul afirmou que algumas especialidades médicas devem paralisar suas atividades na Santa Casa devido à falta de materiais, medicamentos e a falta de recebimento de salários há meses. 

A situação crítica foi confirmada pelo vice-presidente Dr. Flávio Freitas Barbosa nesta terça-feira (23). 

Segundo o médico, o “empurra-empurra” entre os órgãos gestores sobre a responsabilidade da Santa Casa, assim como de toda a crise na saúde municipal, só deve ser cessada através da Justiça, e tem causado prejuízos aos pacientes, bem como desistência de profissionais.

“A saúde do paciente não está em discussão, está vaga. Além de tudo, o maior dever do médico é promover saúde para o seu paciente, e isso está ausente do cenário discutido, há somente falas com acusações de ambos os lados. A gente precisa fazer isso porque, quem vai ser responsabilizado quando realmente acontecer de as pessoas sofrerem por desassistência médica? É a Secretaria Estadual de Saúde? É a Secretaria Municipal? É a própria instituição?”, indagou o Dr. Flávio. 

De acordo com uma nota emitida pelo CRM-MS, já foram realizadas vistorias em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Centros Regionais de Saúde (CRSs), sendo constatados baixos estoques e, em diversos casos, a completa ausência de medicamentos básicos indispensáveis ao funcionamento dos plantões de urgência. 

Além disso, também estavam escassos insumos fundamentais como luvas, lençóis, cânulas e outros materiais primordiais para a segurança tanto do paciente como dos profissionais. 

Somado a isso, o Conselho ressaltou o decreto emitido pela Prefeitura Municipal que reduzia pela metade a gratificação dos servidores de saúde no período do final do ano. 

“A medida fragiliza as condições de trabalho, desestimula a permanência de profissionais na rede pública e compromete diretamente a qualidade da assistência prestada à população”. 

Assim, algumas especialidades médicas da Santa Casa têm data para paralisar as atividades. 

  • Urologia tem notificação datada para o dia 29 de dezembro de 2025; 
  • A Ortopedia deve parar em 02 de janeiro de 2026; 
  • Cirurgias Pediátricas, Vascular e Geral estão datadas para o dia 07 de janeiro de 2026, que já operam com grandes limitações com risco de interrupção total antes da data; 
  • A Anestesiologia já está parcialmente parada, agravando a capacidade operacional da Santa Casa de Campo Grande. 

O vice-presidente do CRM ainda afirmou que o Conselho já havia alertado o Ministério Público sobre os impactos da crise que a instituição vinha enfrentando através dos resultados das vistorias e denúncias. 

“As vistorias feitas por esse Conselho são todas transparentes e foram encaminhadas a que, de fato, deveria ter o conhecimento, que é o Ministério Público. Esse momento crucial, esse momento de agora, foi alertado ao longo do período. Nossa preocupação é com o bem estar das pessoas, que tem sido precarizado, neste momento, pelo maior hospital do Estado, tanto em atendimento dos profissionais, que já registraram desistência de certas atividades nas próximas semanas, como em questões internas, como falta de leitos e de material de trabalho. É uma situação preocupante para todos nós”. 

Santa Casa de Campo GrandeDr. Flávio Freitas Barbosa em coletiva nesta terça-feira (23) / Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

GREVE

Para o CRM, caso a greve seja realmente instaurada na instituição, recai ao Sindicato dos Médicos a aceitação ou não do movimento. No entanto, o pedido de greve pela Instituição foi recebido com estranheza pelos órgãos. 

“A greve é o último cenário a ser avaliado. Mas, diante da situação colocada, deve ser avaliada por quem está na base, sempre ressaltando que é uma manifestação pessoal e não pode ser usada como opção política. A greve tem que ser usada como opção de reivindicação do trabalhador, constituída em lei, quando as condições de mudança não são atendidas. Não pode, por exemplo, um médico estar a seis meses sem receber, sem décimo terceiro”, avaliou o médico. 

A estranheza se deu ao fato de que, na última segunda-feira (22), o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed/MS) recebeu ofícios da Santa Casa sugerindo a deflagração de uma greve pela categoria médica, o que implicaria na paralisação completa do oferecimento dos serviços à população. 

A medida foi vista pelo Sindicato como uma tentativa de “lockout”, que é a paralisação total das atividades para exercer pressão, o que é proibido pela legislação brasileira. 

"Este sindicato se propôs a reunir a categoria para discutir o parcelamento proposto. Contudo, antes mesmo da decisão dos médicos, a Santa Casa sinalizou favoravelmente a uma greve que sequer havia sido discutida. Questionamos qual a real intenção por trás dessa conduta", pontuou em nota o presidente do Sinmed, Dr. Marcelo Santana.

Assim, o corpo jurídico do Sindicato pediu a imediata intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT) nas negociações, assim como o pedido judicial pelo pagamento do 13º salário em atraso, responsabilização dos gestores da Santa Casa e a realização de uma audiência de conciliação. 

A paralisação parcial das atividades dos enfermeiros e serviços administrativos da Santa Casa segue em andamento pelo segundo dia consecutivo. 

boletim epidemiológico

Com duas novas vítimas, número de mortes por dengue chega a 20 em MS

Boletim aponta que foram confirmados 8.430 casos da doença no ano e há nove mortes em investigação no Estado

23/12/2025 18h00

MS soma 20 mortes por dengue no ano

MS soma 20 mortes por dengue no ano Divulgação

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Mato Grosso do Sul chegou ao número de 20 mortes por dengue neste ano, após a confirmação de dois novos óbito pela doença nest semana.

Conforme boletim epidemiológico divulgado nessa segunda-feira (22) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), as duas mortes ocorreram em maio e junho, respectivamente, mas a confirmação de que a causa foi dengue ocorreu no dia 22 de dezembro.

As vítimas eram mulheres, sendo uma de 64 anos, moradora de Iguatemi, e uma de 76 anos, de Antônio João. Ambas tinham comorbidades.

Além destas vítimas, as outras 18 mortes por dengue ocorridas de janeiro a dezembro ocorreram nos municípios de Inocência, Três Lagoas, Nova Andradina, Aquidauana, Dourados, Ponta Porã, Coxim, Paranhos, Itaquiraí, Água Clara, Miranda, Aparecida do Taboado, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande.

Entre as vítimas, nove delas possuíam algum tipo de comorbidade. Com relação às idades, apenas uma era adolescente, de 12 anos, enquanto todas as demais eram maiores de 24 anos.

Atualmente, há nove mortes em investigação para saber se foram em decorrência da dengue no Estado.

De janeiro até essa segunda-feira, Mato Grosso do Sul já registrou 14.171 casos prováveis de dengue, com 8.430 confirmados.

Nos últimos 14 dias, Itaquiraí, Ribas do Rio Pardo, Jardim, Chapadão do Sul, Maracaju, Aquidauana e Ponta Porã registraram incidência baixa de casos confirmados para a doença.

Em todo o ano passado, foram confirmados 16.229 casos de dengue, com 32 mortes pela doença em Mato Grosso do Sul.

MS soma 20 mortes por dengue no ano

Vacinação

Ainda conforme o boletim, 201.633 doses da vacina contra a dengue foram aplicadas na população alvo neste ano.

Ao todo, Mato Grosso do Sul já recebeu do Ministério da Saúde 241.030 doses do imunizante. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre as doses.

A vacinação contra a dengue é recomendada para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, 11 meses e 29 dias de idade, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, dentro do quadro de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos de idade.

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