Cidades

INTERDIÇÃO PARCIAL

Reforma da ponte no Rio Paraguai vai consumir até R$ 6 milhões

Previsão inicial da Agesul era gastar R$ 1,1 milhão. Empresa que faturava R$ 2,6 milhões por mês com pedágio para fazer manutenção entregou a ponte com avarias

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Com o trânsito em meia pista desde o dia 21 de março, as obras de reforma da ponte sobre o Rio Paraguai, na BR-262, a cerca de 70 quilômetros da cidade de Corumbá, vão consumir até seis milhões de reais, conforme estimativa do secretário de Infraestrutura e Logística, Hélio Peluffo Filho. Inicialmente, a estimativa era gastar R$ 1,1 milhão. 

O governo estadual chegou a abrir licitação para contratar empresa para fazer os reparos, mas no último dia 19 publicou no Diário Oficial que ninguém se interessou. 

Agora, conforme informação do secretário durante entrevista ao vivo em uma TV no começo da manhã desta quarta-feira (28), a própria administração fará os reparos emergenciais em até 60 dias e o custo deve ficar entre três e seis milhões de reais. 

Em março, a previsão era de que os reparos seriam concluídos em até 90 dias. Esse prazo se esgotou e agora o tráfego deve seguir em meia pista por mais dois meses, conforme estimativa do secretário. 

Durante quase 14 anos, até setembro do ano passado, a concessionária Porto Morrinho cobrou pedágio na ponte e em contrapartida a empresa teria de fazer manutenção da estrutura com parte deste dinheiro. O restante deveria ser destinado ao pagamento do financiamento contraído do Fonplata pelo governo estadual (R$ 23 milhões) para construir a ponte, que foi inaugurada em abril de 2001. 

Mesmo com a interrupção da cobrança em setembro do ano passado, o contrato com a Porto Morrinho vigorou até 15 de maio deste ano. Neste período, ela até fez algumas reformas, mas, de acordo com a assessoria da Agesul, a obra emergencial de recuperação das lajes em balanço ficou de fora.

Foi emitido parecer jurídico indicando que as patologias (defeitos) que necessitam de recuperação estariam fora do escopo do contrato do Estado com a concessionária Porto Morrinho, informou a assessoria da Agesul em maio deste ano, logo após o encerramento do contrato com a empresa.

No ano passado, o pedágio na ponte, de R$ 14,10 para carro de passeio ou eixo de veículo de carga, rendeu R$ 2,6 milhões por mês, em média, para a Porto Morrinho. No ano anterior, o faturamento médio mensal ficou em R$ 2,3 milhões. 

Em 2021, conforme os dados oficiais, 622 mil veículos pagaram pedágio na ponte. Grande parte deste fluxo é de caminhões transportando minério, cerca de 200 por dia. A maior parte destes veículos têm nove eixos e por isso deixavam R$ 126,9 na ida e o mesmo valor na volta.  

CONTRADIÇÕES

No dia 26 de maio, o diretor-presidente da Agência Estadual de Regulação (Agems), Carlos Alberto de Assis, que era o responsável pela regulação do contrato e definição dos valores das tarifas de pedágio na ponte chegou a afirmar que as reformas seriam bancadas pela concessionária Porto Morrinho. 

Ao ser questionado do porquê de o governo estadual estar bancando a reforma de uma ponte na qual existia cobrança de pedágio justamente para fazer a manutenção da estrutura, ele firmou que “a pessoa está mal informada. A ponte do Rio Paraguai ela é federal, é do Dnit. Então, quem vai fazer a obra e está dentro de um contrato ainda não é a Agesul. Quem vai fazer é o governo federal através do Dnit e dentro de um contrato da empresa que estava lá. A empresa é que vai pagar pra entregar o contrato de acordo com o que foi combinado. Por isso que existe a regulação”, afirmou durante evento que trouxe a Campo Grande o presidente da Agência Brasileira de Regulação. 

Algumas semanas antes dessas declarações, no dia 2 de março, a Agems chegou a publicar um edital elevando de R$ 14,10 para R$ 15,90 o valor da taxa de pedágio, dando a entender que a cobrança seria retomada. 

No mesmo dia, porém, Carlos Alberto Assis se apressou em esclarecer que a publicação do reajuste de 12,77% era apenas de uma questão formal de contrato, já que o contrato com a Porto Morrinho acabaria somente em 15 de maio.

 

apagar das luzes

MP devassa contratos milionários da iluminação pública em Campo Grande

Conforme o Ministério Público, que cumpre 14 mandados, foram constatados superfaturamentos que superam os R$ 62 milhões em Campo Grande

19/12/2025 09h10

Um dos alvos da operação do Gecoc é a  Empresa Construtora B&C Ltda, na Vila Bandeirantes

Um dos alvos da operação do Gecoc é a Empresa Construtora B&C Ltda, na Vila Bandeirantes Marcelo Victor

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul desencadeou uma operação na manhã desta sexta-feira (19) para desmantelar um suposto esquema de desvio de recursos públicos nos milionários contratos para manutenção e ampliação dos serviços de iluminação pública em Campo Grande. 

Conforme a assessoria do Ministério Público, a  “Operação Apagar das Luzes”, tem como objetivo o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande e Balneário Piçarras/SC. A operação conta com o apoio operacional dos Grupos Especiais de Repressão ao Crime Organizado (Gaecos) dos Estados de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

Ainda de acordo com a assessoria, "as investigações indicam a ocorrência de reiteradas fraudes nos processos licitatórios, bem como nos contratos firmados para a execução do serviço de manutenção do sistema de iluminação pública de Campo Grande, já tendo sido identificado superfaturamento superior a R$ 62 milhões".
 
Levantamentos também trouxeram à tona o envolvimento das empresas contratadas com servidores públicos da Capital. A investigação atinge contratos em vigência, firmados em 2024 e objeto de aditivos.

Um dos alvos da operação é a Empresa Construtora B&C Ltda, com sede na Avenida Joaquim Dornelas, na região da Vila Bandeirantes, em Campo Grande. A empresa tem pelo menos seis contratos com a prefeitura que juntos somam quase R$ 32 milhões. 

Três destes contratos são para manutenção do sistema de iluminação das regiões  do Segredo (R$ 2,11 milhões), Lagoa (R$ 2,8 milhões ano)  e Imbirussu (R$ 2,7 milhões ano). Os outros três são para instalação de novas luminárias de led em avenidas como Lúdio Coelho (R$ 8,87 milhões) e José Barbosa Rodrigues (R$ 6,75 milhões). A empresa também foi contratada para instalar novas luminária no Parque Soter (8,48 milhões). 

Todos os contratos foram assinados em meados de 2024 e em março do ano passado, nove meses depois da assinatura, receberam reajuste da ordem de 25%. Os aumentos foram concedidos em pleno período de restrição de gastos que havia sido declarada pela prefeita Adriane Lopes (PP)

Os reajustes revelaram que, apesar da crise financeira, no setor de iluminação há fartura. Dados da Secretaria de Finanças (Sefin) mostram que, em 2024, a tarifa de iluminação pública aumentou em 28,2% na comparação com o ano anterior. 

Em 2023, os moradores de Campo Grande pagaram R$ 153,46 milhões à prefeitura de Campo Grande por meio da conta de energia elétrica, ante R$ 196,86 milhões pagos no ano passado. Em 2025 o crescimento foi um pouco menor, pois o consumo de energia caiu em torno de 8%, o que foi consequência da redução do calor. 

Na manhã desta sexta-feira, integrantes do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), do Ministério Público, cumpriram mandados na sede da empresa B&C, na Secretaria de Obras Públicas e na sede da prefeitura de Campo Grande.

(Matéria alterada às 10 horas para acréscimo de informações)

CAMPO GRANDE

Ônibus voltam a circular após fim da maior greve em 31 anos

Em junho de 1994 ocorreu a greve de ônibus mais duradoura na cidade, quando o transporte público ficou parado por 4 dias

19/12/2025 08h00

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meio

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meio Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A greve dos motoristas de ônibus chegou ao fim na tarde de ontem em Campo Grande, após três dias e meio desde o início da paralisação. Esta se tornou a maior interrupção do serviço já feita na Capital desde junho de 1994, quando o serviço ficou parado por quatro dias.

Na tarde de ontem, horas depois de o governo do Estado anunciar a antecipação do repasse de R$ 3,3 milhões de janeiro para que fosse paga a folha salarial de novembro, o Consórcio Guaicurus e trabalhadores se reuniram novamente na tentativa de oficializar o fim da paralisação e discutir os últimos ajustes, sob mediação do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT24) César Palumbo Fernandes, que foi responsável pelas decisões judiciais recentes envolvendo o caso.

Reuniram-se Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTU-CG), Themis de Oliveira, diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, e Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg).

Com cerca de duas horas de duração, a audiência terminou com final feliz para as partes. Após a assinatura da homologação da decisão, Demétrio Freitas confirmou o fim da greve e disse que a parte atrasada referente ao salário de novembro foi depositada, permitindo que os serviços fossem retomados de forma gradual durante o restante do dia.

“Com essa garantia de pagamento, eu vou convocar todos os trabalhadores para que retornem ao trabalho imediatamente, e amanhã [sexta-feira] volta à normalidade. Sabendo que todos os trabalhadores vão receber, que era o que a gente queria, a greve com certeza vai ser suspensa”, reforçou o presidente do STTU-CG.

Sobre a multa prevista na decisão judicial, que acumula valor de R$ 520 mil desde segunda-feira, Demétrio disse que ainda segue, mas o desembargador prometeu que haverá uma nova rodada de conversas para determinar se será paga ou retirada. Porém, garantiu que os motoristas não serão penalizados pelos dias parados.

Mesmo com a decisão sendo oficializada no fim da tarde, o presidente do sindicato garantiu que os ônibus já voltariam a circular no mesmo dia. Como prometido, às 17h51min saiu o primeiro coletivo da garagem do Consórcio Guaicurus em direção a um dos terminais.

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meioOs ônibus voltaram a pegar passageiros na noite de ontem, após três dias inteiros sem nenhum carro em circulação na Capital - Gerson Oliveira/Correio do Estado

Pelo lado do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira destacou o empenho do poder público para que se conseguisse o valor necessário para quitar os vencimentos.

Além da antecipação anunciada pelo governador Eduardo Riedel (PP), o diretor-presidente da empresa disse que conseguiu cerca de R$ 1,5 milhão com a ajuda de acionistas, o que vai contribuir pagar o 13º e o adiantamento salarial (vale) até hoje.

“Foi um esforço conjunto para acharmos uma solução, que foi encontrada. A greve já foi encerrada e, a partir de agora, voltamos à normalidade na cidade. Eu acho que era isso o importante para se conseguir nessa audiência”, disse Oliveira ao fim do debate entre as partes.

É esperado que hoje volte a circular toda a frota de ônibus desde o primeiro horário, às 4h30min.

HISTÓRICO

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meioFeito por Denis Felipe com IA

A maior greve do transporte coletivo começou no dia 17 de junho de 1994, quando cerca de 1,5 mil motoristas pararam a frota de ônibus de Campo Grande pedindo melhores condições salariais.

Assim como ocorreu desta vez, o prefeito da época, Juvêncio da Fonseca, criticou a paralisação total e, inclusive, conseguiu uma liminar para que 45% da frota voltasse a circular, mas sem cumprimento por parte da classe.

Como noticiado pelo Correio do Estado na época, há 31 anos, mais de 270 mil campo-grandenses foram afetados pela greve.

“Na periferia, os trabalhadores apelaram para a carona, lotação e táxis. No Centro, o movimento foi baixo e o clima era de um sábado à tarde. Os hospitais temem pelos pacientes caso a greve perdure”, trouxe a edição impressa do dia 18 de junho de 1994.

Quatro dias depois, no dia 21 de junho, os ônibus voltaram a circular normalmente, após os empresários do transporte público garantirem uma estabilidade de 40 dias para a classe, sem desconto dos dias parados, semelhante ao acordo firmado ontem na audiência de conciliação.

Curiosamente, quatro meses depois, em outubro de 1994, outra greve foi realizada pelos motoristas de ônibus. No dia 25, cerca de 310 mil campo-grandenses ficaram sem transporte coletivo, já que os funcionários (chamados de rodoviários na época) estavam pedindo reposição salarial de 20% e o cumprimento de algumas conquistas trabalhistas.

Porém, três dias depois, a Justiça determinou que o serviço voltasse à atividade, sob multa diária de R$ 10 mil. Ao contrário do acontecido agora e em junho daquele mesmo ano, os motoristas não peitaram a decisão e decidiram decretar a retomada dos trabalhos.

Além disso, os dias parados foram descontados do salário e uma multa de R$ 20 mil foi aplicada ao sindicato, por ter desrespeitado duas decisões anteriores.

A última greve do transporte público havia acontecido em novembro de 2021, quando motoristas pediram aumento salarial. Porém, no mesmo dia em que foi iniciada a paralisação, o problema foi resolvido, após uma reunião no TRT24 que terminou em acordo, garantindo, assim, a retomada das atividades em poucas horas.

*SAIBA

A greve e o sindicato não representam apenas os motoristas, mas também todos os trabalhadores envolvidos, como os empregados na parte administrativa e mecânicos do consórcio, totalizando 1,1 mil funcionários.

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