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PANDEMIA

Seis em cada dez que tiveram Covid continuam com sintomas três meses após infecção, diz estudo

Taxa vai para 72% considerando os indivíduos que não estavam vacinados no momento em que contraíram o vírus

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Uma pesquisa brasileira apontou que 58,5% dos pacientes com Covid continuam a apresentar sintomas três meses após o quadro de infecção aguda, dos quais 69% afirmam que ainda não estão recuperados da Covid longa.

A taxa vai para 72% considerando os indivíduos que não estavam vacinados no momento em que contraíram o vírus.

Os dados são da Rede de Pesquisa Solidária, que inclui cientistas de diversas instituições brasileiras, incluindo USP, UnB (Universidade de Brasília) e a Fiocruz Brasília.

De acordo com o estudo, os sintomas de Covid longa podem aparecer tanto naqueles que tiveram quadro grave quanto em quem teve infecção leve ou assintomática: enquanto 94% dos respondentes com Covid longa buscaram atendimento hospitalar durante a fase aguda da doença, os outros 6% reportaram quadro leve.

As sequelas registradas da doença foram múltiplas e afetaram diversos órgãos e sistemas no corpo. Entre os sintomas mais frequentes estão ansiedade (80%), perda de memória (78%), dor (77%), falta de atenção (75%), fadiga (73%), queda de cabelo (71%), alterações de sono (70%), alterações de humor (62%) e dor nas articulações (59%).

A nota alerta, ainda, para 81% dos respondentes terem procurado algum serviço de saúde já para tratar os sintomas persistentes, mas a falta de orientação dos profissionais de saúde sobre sequelas da Covid dificultam o diagnóstico e tratamento adequados.

A pesquisa foi feita por meio eletrônico entre 14 de março e 14 de abril de 2022. Ao final, 1.728 adultos com 18 anos ou mais responderam à pesquisa, dos quais 1.230 tiveram diagnóstico positivo para Covid confirmado por exame do tipo RT-PCR.

Das pessoas com testes positivos, 720 (58,5%) afirmaram ter sintomas persistentes e, entre esses, 496 (69%) ainda não se recuperaram das sequelas. A maioria dos respondentes (84%) era do sexo feminino e apresentava 25 a 40 anos (40%).

Segundo a pesquisadora da Fiocruz Brasília Erica Tatiane da Silva, a maior incidência de sintomas relacionados aos problemas mentais e físicos em uma população economicamente ativa demonstra como as sequelas pós-Covid podem afetar as atividades do dia a dia.

"A grande questão é que não temos com muita clareza as causas e fatores associados à Covid longa, e pela nossa pesquisa observamos um impacto grande nas atividades de trabalho e estudo sem a orientação adequada aos pacientes", diz.

Silva lembra ainda que os efeitos da Covid longa são diversos e não podem ficar apenas em uma especialidade médica, sendo necessária uma avaliação para cada queixa de sintoma, sejam eles neurológicos, pneumológicos ou cardiológicos.

"Mas é importante ressaltar que os sintomas podem aparecer em ambos os sexos, em qualquer grupo etário e independentemente da gravidade da doença, porque mesmo casos leves têm reportado sintomas de pós-Covid", afirma Silva.

A nota ressalta que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), de 10% a 20% das pessoas com Covid podem desenvolver quadro de Covid longa, o que no Brasil pode representar de 2,8 milhões a 5,6 milhões. No entanto, não há diretrizes ou orientações mais específicas do Ministério da Saúde sobre tal quadro.

Para Michelle Fernandez, pesquisadora e professora do Instituto de Ciência Política da UnB, faltou "empenho energético" por parte do governo brasileiro no que diz respeito às orientações sobre Covid longa. "Percebemos que houve pouca preocupação por parte do governo para pensar na Covid longa, houve apenas uma diretriz de novembro de 2021 olhando para a condução da doença do ponto de vista clínico."

A nota reflete que, assim como em outras áreas, houve falhas na condução federal para as orientações sobre Covid longa.

"O ministério poderia ter agido para orientar os profissionais de saúde nos postos sobre o atendimento de pessoas com sintomas de Covid longa, e isso poderia ser feito no âmbito da atenção primária à saúde", diz.

VACINAÇÃO
Segundo a nota, a incidência era maior naqueles não vacinados, reforçando o que já foi encontrado em outros estudos, incluindo um brasileiro que apontou que a quarta dose protege contra sintomas pós-Covid.
Outras pesquisas apontam para maior incidência de sequelas da Covid em mulheres, em pessoas que tiveram necessidade de ventilação mecânica e naqueles com quadro mais agravado durante a fase aguda.

"Sem dúvidas é importante conscientizar neste momento uma campanha forte e massiva em relação à vacinação, pois, apesar de não ter estudos conclusivos ainda, já há indícios de que a vacina ajuda não só na proteção de quadro grave e morte mas no pós-Covid", diz Fernandez.

Com estudos apontando queda na aceitação vacinal no país, os cientistas dizem que o novo governo, alinhado a uma campanha de incentivo à imunização, deveria focar também as orientações sobre Covid longa. "Campanhas de conscientização são importantes para de fato conduzirem as pessoas a se vacinar, estimular a vacinação", completa.

A pesquisa analisou publicações do Ministério da Saúde sobre Covid longa até o final de dezembro de 2022, ainda sob a gestão do governo Bolsonaro (PL).

A pasta da saúde, já na nova gestão de Lula (PT), disse que trabalha com estimativas de prevalência dos sintomas mais frequentes de Covid longa por meio do acompanhamento de pesquisas clínicas.

Disse, também, que o acompanhamento das pessoas nessa condição é realizado nos serviços de Atenção Primária, e os registros nos sistemas são realizados por meio de classificações específicas (CID U09.9 e U10.9).
O ministério reforça a importância da vacinação, incluindo todas as doses de reforço indicadas, para garantir a máxima proteção contra casos graves e Covid longa.

PRINCIPAIS SINTOMAS REPORTADOS
- Ansiedade (80%)
- Perda de memória (78%)
- Dor (77%)
- Falta de atenção (75%)
- Fadiga (73%)
- Queda de cabelo (71%)
- Alterações de sono (70%)
- Alterações de humor (62%)
- Indisposição (60%)
- Dor nas articulações (59%)

baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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