Obras que poderiam evitar ou minimizar as enchentes em Campo Grande seguem paralisadas por falta de recursos da Prefeitura de Campo Grande.
Um dos principais projetos a serem executados está no Córrego Segredo, onde, desde 2018, havia a previsão de construção de barragens que evitassem o transbordamento das águas na região.
Essa medida, de acordo com o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese, é estudada porque, segundo ele, um novo projeto executivo deverá ser elaborado para aquela região.
O secretário ainda contou que a gestão já conseguiu recursos para fazer os projetos da contenção, mas ainda tem de viabilizar recursos para obra em si.
“A solução é a construção de barragens acima da rotatória. Está sendo feito o projeto, e depois vem a fase de captação de recursos dessas barragens. Ali, a solução encontrada é essa, porque essas barragens fazem uma regulação e, no pico da chuva, retêm a água e vão soltando aos poucos”, explicou Fiorese ao Correio do Estado nesta semana.
No projeto anterior, de acordo com o próprio secretário em matéria publicada pelo Correio do Estado em outubro de 2020, eram precisos investimentos de R$ 120 milhões para a construção de barragens ao longo dos córregos Prosa e Segredo.
Entretanto, agora, Fiorese afirmou que não será mais necessário a implantação das barragens ao longo do Prosa, já que bacias de contenção de água pluvial estão sendo implantadas na região.
As obras ao qual o secretário se refere são o piscinão que está em fase de construção na nascente do Córrego Réveillon, localizado entre as avenidas Mato Grosso e Hiroshima, e as obras que o governo do Estado realizou no Córrego Joaquim Português, ambos são afluentes do Prosa.
As obras em andamento no Córrego Réveillon darão capacidade para reter 34 milhões de litros e fazem parte do Complexo Mata do Jacinto etapa A.
É uma intervenção necessária para evitar o assoreamento dos lagos do Parque das Nações Indígenas ao retardar a chegada destas águas pluviais aos córregos Prosa e Sóter, que quando transbordam em dias de chuva intensa provocam enchente na região próxima à do shopping.
“O princípio de todas elas [obras] são a regulação de vasão [da água], controlar os picos de vasão, os métodos construtivos que variam de local para local. As enchentes seriam menos graves, dizer que não haveriam enchentes é difícil saber, porque foi uma chuva acima do normal [a registrada nessa quarta-feira], choveu em um dia mais de 60% do esperado para o mês”, explicou Fiorese.
Além dessas obras, também foram feitas duas bacias de contenção de água da chuva, uma na Vila Nasser e outra no Nova Lima.
No Nova Lima, a construção faz parte do Complexo José Tavares e a bacia de contenção deveria evitar que toda a água pluvial acumulasse nos córregos Prosa e Segredo, fazendo-os transbordar, o que causa os alagamentos na região da Avenida Rachid Neder.
A bacia também tem como objetivo ajudar a conter a erosão no Parque Estadual Mata do Segredo.
No caso das obras na Vila Nasser, a construção foi feita no Córrego Imbirussu.
A piscina de contenção de águas pluviais foi construída em uma área de 5 mil metros quadrados, com capacidade para reter 10 mil metros cúbicos de água da chuva.
Ela deveria evitar que as águas pluviais enchessem o córrego e causassem alagamentos nos arredores do Bairro Popular, região oeste de Campo Grande.
Entretanto, mesmo com essas obras feitas na cidade pela prefeitura, elas não foram capazes de conter a quantidade de água durante a chuva de quarta-feira (4).
Em 12 horas naquele dia, o acumulado ultrapassou os 160 milímetros de chuva. Segundo Fiorese, porém, não se pode levar como parâmetro a última chuva, por ela ter sido muito acima do esperado.
“Não se pode tomar essa chuva de quarta-feira como referência. Há décadas não caía uma chuva dessas. Se você pegar as outras chuvas antes dessa, não teve uma situação assim [alagamentos e os estragos]”, afirmou o secretário.
A chuva de quarta-feira alagou diversas ruas de Campo Grande, como a Avenida Rachid Neder, a Avenida Euler de Azevedo, entre tantas outras. A calçada e a barragem do Lago do Amor foram derrubados pela força da água.
No Noroeste e Nova Lima tiveram problemas estruturais com a abertura de crateras. E no Parque das Nações Indígenas o Lago Maior transbordou, além de ter recebido acúmulo de sujeira vinda dos córregos acima.
Já na Vila Nasser, a enxurrada que derrubou o muro de uma casa e levou móveis e eletrodomésticos.
Saiba: Para Rudi Fiorese, o problema da casa na Vila Nasser não foi o transbordamento da bacia de contenção na região e, sim, uma construção que está sendo feita no fundo dela, diferentemente do que diz as proprietárias da casa. O secretário afirmou ainda que a tubulação da região não estava entupida.