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"Sempre que vem chuva, ficamos aterrorizados", diz morador de favela de Campo Grande

Diego Vinícius, da Favela do Mandela, descreve o drama do temporal desta quinta, e de outros temporais, que inunda os barracos e trazem animais e insetos

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“Foi por volta das 17h. Estava lá fora. Quando entrei, o vento bateu e começou a levantar as coisas.” O relato de Hanna Carolina (23) e Diego Vinícius (36), ilustra a situação vivenciada por ambos junto das filhas Camila Flor (5) e Jasmyne Luíza, de apenas 1 ano de idade, na Comunidade do Mandela, região do Coronel Antonino, durante as chuvas e ventanias desta quinta-feira (20), em Campo Grande.

Cardíaca, Hanna Carolina teve de ser medicada após o barraco em que mora ser atingido pelas fortes chuvas. Ao Correio do Estado, a dona de casa disse que o desespero das filhas em relação às chuvas desencadeou o mal-estar sentido por ela no momento das chuvas. “Fiquei muito nervosa. O desespero das minhas filhas fez com que eu me desesperasse mais”, disse. Natural de Corumbá, Hanna Carolina e Diego Vinícius vivem há dois anos no barraco mais alto da comunidade, que atualmente conta com 420 moradores, destes  220 são crianças.

Com raios e ventos a 83 quilômetros por hora, os campo-grandenses foram surpreendidos com uma tempestade na tarde desta quinta-feira. De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, a chuva chegou a 46 mm, na região da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Aparecida Gonçalves, porção de maior volume de chuva no período em Campo Grande.

No Jardim Itamaracá, uma árvore caiu em cima de três carros. Esta foi apenas uma das 27 ocorrências de quedas de árvores registradas pelo Corpo de Bombeiros Militar em Campo Grande. Entretanto, pelo menos 40 árvores caíram em veículos, casas ou fiação elétrica.

Foram registradas 18 ocorrências, entre acidentes e transtornos no trânsito, pessoas que passaram mal por conta da intensidade da chuva e uma outra pessoa que ficou presa em um elevador por conta da queda de energia.

“Arrumei os estragos ontem junto de um vizinho. A nossa casa é a mais alta da comunidade, primeira área a ser atingida tanto pela chuva como pelos ventos. A camada (chuva) que vem de cima leva tudo. Tivemos que segurar o barraco”, destacou Diego. 

Medo

Liberado de suas funções na Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul (Ceasa-MS), Diego Vinicius segue em casa nesta sexta-feira (21) para ajudar a esposa e as filhas, segundo ele, “a se prepararem” para a próxima chuva, que deve ocorrer nas próximas horas.

“Sempre que forma uma nuvem no céu, ficamos aterrorizados. As chuvas molham tudo aqui dentro, vivemos em contato muitas vezes como lacraias, escorpiões, cobras”, disse. Para além dos perrengues dentro de casa, o ambiente da família é cercado por galhos de árvores, entulhos e lama, objetos que já são parte do cenário da comunidade. 

“Nos abrigamos na parte mais baixa da casa, e quando a chuva aperta de verdade, vou para a casa de vizinhos e meu marido fica para tentar proteger alguma coisa”, relatou Hanna Carolina. Segundo Diego Vinícius, para além do rádio e dos televisores, as informações sobre as próximas chuvas sempre circulam entre os moradores, seja pelo tradicional boca a boca, seja por meio do grupo da comunidade em um aplicativo de mensagens. O morador disse utilizar o apoio da Guarda Civil para se atentar a eventuais chuvas e temporais.

Os estragos da última noite levaram entulhos de árvores à casa do repositor de mercado, Lúcio Martins (39). O trabalhador vive junto dos gêmeos Bruno e Vinícius Argilar, de oito anos, filhos dele com Andréia Argilar. A mãe da família, não falou à reportagem pois estava em serviço, em um hotel da capital. A casa da família, responsável pela horta da comunidade, foi danificada na noite passada, entretanto, os reparos foram realizados junto do auxílio de outros moradores.

Comunidade

Mãe solo de três filhos, é Greiciele Ferreira (28) a responsável pela comunidade. Ela representa 183 famílias, e as 420 pessoas que residem no Mandela. Segundo ela, a comunidade tem mais de 220 crianças. 
Além de Greiciele, outras seis mulheres representam o local nas funções de tesoureira, secretária, recebem os donativos que chegam à comunidade e prestam contas de tudo que é recebido para a comunidade.

Greicielle Ferreira, lider comunitária / Gerson Oliveira

“Ajudamos as famílias com moradia, reforços escolares, cestas básicas, cobertores, lonas, idas à assistência social e buscamos colaboradores pois a comunidade conta com um número grande de pessoas”, disse Greiciele Ferreira. 

De acordo com a líder comunitária, as 183 famílias que vivem na comunidade são compostas por pelo menos quatro pessoas, e podem chegar a famílias de até nove integrantes. Segundo relato de moradora, a comunidade, em sua maioria é composta por “guerreiras”, termo utilizado na comunidade para se referir a grande quantidade de mães solo no espaço.

Segundo Greice, as doações recebidas pela comunidade são eventuais, e as famílias não contam com um repasse fixo mensal de donativos. “Digamos que 183 cestas básicas mensais ajudariam muito os moradores, uma para cada família”, disse ao Correio do Estado. Segundo a líder, os moradores necessitam de madeirites, lonas, telhas e alimento. 

Serviço

Os interessados em doar qualquer tipo de produto, cobertores, lonas, colchões, devem buscar Greiciele Ferreira, líder da comunidade, por meio do (67) 9 9346-7696

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sem transporte coletivo

Donos de ônibus atribuem greve a dívida de R$ 39 milhões da prefeitura

Consórcio Guaicurus afirmou que os salários dos motoristas só serão pagos caso o poder público repasse o valor

15/12/2025 10h15

Garagens amanheceram cheias de ônibus

Garagens amanheceram cheias de ônibus MARCELO VICTOR

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Campo Grande está sem ônibus nesta segunda-feira (15). Terminais amanheceram fechados, pontos vazios e garagens cheias. Os motoristas estão em greve por tempo indeterminado. Está é a segunda vez no ano que o transporte coletivo para na Capital.

A greve ocorre por falta de pagamento: os motoristas do Consórcio Guaicurus estão sem salário há 10 dias. Com isso, reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

O Consórcio Guaicurus, prestador do serviço de transporte coletivo urbano em Campo Grande (MS), afirmou que está sem dinheiro para pagar a folha salarial, 13º salário e custos operacionais básicos (combustível, manutenção da frota e encargos).

De acordo com o Consórcio, a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) deve R$ 39 milhões à empresa desde 2022 e que os salários dos motoristas só serão pagos caso o poder público repasse o valor.

“O atraso e o pagamento parcial não decorrem de má gestão, mas sim da inadimplência reiterada do Município de Campo Grande/MS no repasse do subsídio financeiro contratualmente instituído no quarto termo aditivo previsto. O valor devido pelo Poder Concedente, apenas no período compreendido desde 2022, quando foi designada a tarifa técnica no quarto termo aditivo do contrato de concessão, já soma um subsídio superior a R$ 39 milhões ainda não repassados ao Consórcio. A dificuldade financeira é uma consequência direta da quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão pelo Poder Concedente. O pagamento da complementação do salário de novembro, do adiantamento de dezembro de 2025 (vencível em 20/12/2025) e da segunda parcela do 13º salário está condicionado à regularização desses repasses públicos”, explicou o Consórcio Guaicurus por meio de nota enviada à imprensa.

 O Correio do Estado entrou em contato com a PMCG pessoalmente e via e-mail, mas, até o fechamento desta reportagem, não foi respondido. O espaço segue aberto para resposta.

GREVE POR TEMPO INDETERMINADO

Campo Grande amanheceu sem ônibus nesta segunda-feira (15). Esta é a segunda vez no ano em que o transporte coletivo para na Capital.

Os terminais Morenão, Julio de Castilho, Bandeirantes, Nova Bahia, Moreninhas, Aero Rancho, Guaicurus, General Osório e Hércules Maymone amanheceram fechados sem nenhuma "alma viva". Em contrapartida, as garagens amanheceram lotadas de ônibus estacionados. 

O transporte coletivo está em greve por tempo indeterminado e deixou usuários “na mão” em pleno início de semana. A greve foi alertada antecipadamente, estava prevista e não pegou passageiros de surpresa.

As pessoas que dependem do transporte coletivo tiveram que recorrer a caronas, transporte por aplicativo, táxi ou bicicleta para chegar ao trabalho na manhã desta segunda-feira (15).

A greve ocorre por falta de pagamento: os motoristas do Consórcio Guaicurus estão sem salário há 10 dias. Com isso, reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

DECISÃO JUDICIAL

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou, em decisão judicial, que 70% dos motoristas trabalhem durante a paralisação, sob multa diária de R$ 20 mil.

A decisão foi desrespeitada, pois 100% dos motoristas estão em casa e declararam greve nesta segunda-feira (15).

Desembargador Federal do Trabalho, César Palumbo, intimou o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano para que cumpra com urgência a decisão judicial em questão.

Audiência de conciliação, entre TRT e sindicato, será realizada nesta terça-feira (16), às 15h45min, na sede no tribunal.

Veja a decisão judicial na íntegra:

Garagens amanheceram cheias de ônibus

INTERIOR

Anel Viário amanhece fechado após retomada de protestos em MS

Novo bloqueio parcial da rodovia MS-156 foi retomado ontem (14) em Dourados

15/12/2025 10h05

Carros de passeio e automóveis mais leves podem desviar ainda na Planacon, já veículos de carga devem retornar pela BR-163

Carros de passeio e automóveis mais leves podem desviar ainda na Planacon, já veículos de carga devem retornar pela BR-163 Reprodução/DouradosNews/ClaraMedeiros

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Após uma breve liberação do trecho entre o fim da tarde de sexta-feira (12), um novo bloqueio parcial da rodovia MS-156 foi retomado ontem (14) em Dourados, com a interrupção em protesto mantendo a via fechada ainda nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (15). 

Carros de passeio e automóveis mais leves podem desviar ainda na Planacon, já veículos de carga devem retornar pela BR-163Trecho perto do Auto Posto Litro foi bloqueado e exige desvio. Reproduçção

O cuidado dos motoristas que trafegam pela rodovia precisou ser redobrado ainda no domingo (14), como bem acompanha o portal local Dourados News, quando um trecho do Anel Viário voltou a ser parcialmente interditado por indígenas em protesto. 

Nas proximidades do posto de gasolina Litro, em trecho que fica localizado próximo à Avenida Guaicurus, os indígenas reacenderam o protesto para levantar a discussão a respeito do Marco Temporal, após sustentações orais recentes de quatro casos sobre o assunto no Supremo Tribunal Federal (STF).

Além desse motivo, a retomada dos bloqueios colocou na lista de pautas a situação envolvendo Magno de Souza, preso desde a tarde de sábado (13), acusado de estupro contra uma jovem de 21 anos em um caso que segue em sigilo. Sem a liberação do ex-candidato a governador, as lideranças pautaram o tema entre as reivindicações. 

Desvio

Importante reforçar a presença constante da Polícia Militar Rodoviária (BPMRv) durante todo o momento, empregada tanto para sinalização e monitoramento da situação, mas também com orientações aos motoristas, já que opcionalmente pode ser preferível seguir por caminhos que desviem do trecho em protesto. 

Ou seja, quem segue pela MS-156 em motocicletas ou qualquer veículo mais leve, pode optar por realizar o desvio ainda pela Planacon, ao invés de contornar pela direita e seguir pela rodovia. 

Em outras palavras, no trecho próximo à construtora é possível cortar em direção ao centro da cidade e, só depois, entrar no acesso da BR-163 ou mesmo seguir na MS-156, em trecho que vai de Itaporã a Dourados e segue com fluxo normal. 

Diferente dos carros menos, os veículos de carga e caminhões estão sendo orientados a retornar para a BR-163, de pode-se seguir rumo ao sul do Estado, em direção a Ponta Porã, Naviraí e para o Paraná, por exemplo. 

Mesmo que os bloqueios tenham começado na quinta-feira (11), logo na primeira noite de protestos houve uma liberação para a passagem de carretas, o que demonstra a colaboração dos manifestantes. 

Reivindica a posse de uma área de retomada onde, atualmente, vivem aproximadamente 300 famílias, o pedido por essa faixa de terra vêm sendo feito há quase uma década. 

 

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