No início da oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Campo Grande desta segunda-feira (12), que investiga irregularidades no serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus no transporte público na capital, o vereador Dr. Livio (União) apresentou uma denúncia anônima vinda de um servidor de dentro da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos).
Segundo a denúncia, as pesquisas feitas na Agência são falsas e manipuladas, para que sempre seja visto um resultado positivo sobre o funcionamento do transporte público.
“As recentes pesquisas divulgadas pela Autoria da Arquiteta, que tratam da qualidade e satisfação do transporte coletivo na cidade de Campo Grande, contém dados falsificados. Os números apresentados nos relatórios foram deliberadamente inflados, com o objetivo de criar uma imagem positiva do serviço prestado, que está muito aquém da realidade vivenciada diariamente pela população” , diz o e-mail da denúncia e complementa dizendo que “os resultados foram manipulados para apresentar um número significativamente maior de respostas positivas, quando, na verdade, os dados brutos indicaram altos índices de insatisfação e críticas recorrentes”.
Em 2024, foi divulgada no Diário Oficial a publicação do Remid (Relatório dos Índices de Monitoramento) por exigência do TCE-MS a fim de regulamentar o plano de auditoria técnico-operacional da Agetran.
O documento avaliou como ‘ótimo’ ou ‘excelente’ critérios como conforto e qualidade da frota utilizada pela população da capital. Em agosto, foram classificados como ‘excelentes’ critérios como pontualidade, qualidade e manutenção da frota.
O documento traz informações do mês de agosto, setembro e outubro de 2024 juntamente com uma tabela de referência onde nenhum índice foi considerado regular ou insuficiente, o que contradiz com as reclamações dos usuários do transporte público que, frequentemente, se queixam de superlotação, falta de acessibilidade, atrasos e estrutura precária.
A denúncia continua dizendo que a adulteração dos dados configura uma violação grave dos princípios da administração pública como a moralidade, a legalidade e a transparência.
“Ressalto que esta prática, além de desrespeitar os usuários do transporte público, compromete o planejamento de políticas públicas, prejudica a fiscalização correta dos contratos com as empresas concessionárias e mascara a real necessidade de melhorias urgentes do sistema”, finaliza.
Após a leitura do documento, o vereador Dr. Lívio ressaltou que a “manipulação de dados apenas agrava as desconfianças da população e fere os princípios democráticos de prestação de contas que devem nortear qualquer órgão público”.
Denúncias
Até o momento, foram apresentadas 485 denúncias, sendo 415 mensagens recebidas via WhatsApp, 32 formulários preenchidos, 35 e-mails enviados, duas ligações telefônicas e uma denúncia realizada de forma presencial.
Os dados mostram o engajamento da população campo-grandense com os trabalhos da CPI, juntamente com a insatisfação dos mesmos e preocupação com a qualidade do transporte coletivo, utilizado por grande parte dos cidadãos da cidade.


