Melhoria no foco dos estudantes e na socialização dentro do ambiente escolar são os principais motivos elencados para avaliar de maneira positiva a implementação da proibição do uso dos celulares nas escolas sul-mato-grossenses.
A execução da Lei Federal nº 15.100/2025, sancionada no dia 13 de janeiro, segundo a Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande (Semed) e a Secretaria de Estado de Educação (SED), está surtindo efeito positivo, conseguindo minimizar as distrações dos estudantes, garantindo, assim, um ambiente mais disciplinado e focado no aprendizado.
Analisando a implementação da lei neste primeiro semestre escolar, o titular da SED, Hélio Queiroz Daher, declarou ao Correio do Estado que a avaliação de professores, alunos e familiares até o momento é positiva.
“A gente já observou que há uma melhora no desempenho e na proficiência dos nossos estudantes, que estão entregando mais, além da análise de socialização, que era um objetivo nosso, para que os alunos se afastassem das telas para socializarem mais entre eles”, declarou.
Hélio Daher também adiantou que a SED está concluindo uma pesquisa nas escolas que compara o desempenho dos estudantes antes e depois da proibição do uso do celular.
“O feedback de boa parte dos estudantes está sendo positivo, estão nos dizendo que se sentem melhor na escola agora, tendo mais tempo de interagir com os colegas. Professores, diretores e familiares também estão aprovando a mudança”, acrescentou Daher.
Em nota, a Semed também informou que os relatos das escolas encaminhados para a secretaria indicam melhorias dentro do ambiente escolar.
“Ainda em fase de observação, os relatos das escolas indicam melhorias no foco dos estudantes, maior participação nas aulas e mais interação entre os colegas”.
A Semed acrescentou que, além da implementação da proibição, as unidades escolares municipais vêm desenvolvendo atividades de conscientização com os alunos e suas famílias, por meio de campanhas, palestras e rodas de conversa sobre o uso responsável da tecnologia.
ALUNOS E PROFESSORES
Foto: Gerson OliveiraA reportagem do Correio do Estado esteve presente na Escola Estadual Amando de Oliveira para ouvir a opinião dos estudantes do Ensino Médio e Fundamental sobre os benefícios e os malefícios da proibição do uso do celular na escola.
Para a estudante Manoela Ferreira Pacheco, de 13 anos, a proibição não trouxe grandes mudanças no comportamento dos alunos na sala de aula.
“Eu não acho que mudou muito, continuou a mesma coisa com ou sem celular, os colegas continuam com a bagunça, sem prestar atenção na aula”, disse Manoela.
A estudante também relatou que antes da proibição era possível usar o celular para fazer pesquisas dentro da sala de aula, para sanar dúvidas sobre determinados assuntos que estavam sendo explicados.
“Antes da proibição, a gente usava bastante o celular para pesquisar algumas coisas que estávamos em dúvida, informações que, às vezes, o professor não sabia responder na hora”, exemplificou.
Isadora Lopes, de 13 anos, elencou para reportagem as vantagens e as desvantagens observadas por ela neste primeiro semestre de implementação da lei.
“A vantagem que percebi é a atenção nas aulas, porque alguns alunos ficavam mexendo no celular escondido, perdendo a atenção. Mas também têm muitas desvantagens, por exemplo, não vi melhora na socialização, os alunos que ficavam na deles usando o celular agora só ficam quietos, sem fazer nada”, disse.
A estudante do Ensino Fundamental também observou que a proibição do uso do celular nos intervalos mais atrapalha do que ajuda os alunos.
“Quando preciso comprar alguma coisa na cantina com o Pix, preciso pedir autorização para usar o celular só para isso, o tio da cantina perdeu alguns clientes por conta desta mudança. Se eu tivesse feito esta lei, seria proibido só durante as aulas, nos intervalos, eu liberaria”, opinou Isadora.
Na opinião de Leonardo Sartori, de 16 anos, que é aluno do Ensino Médio, apesar do foco dos estudantes ter melhorado, a impossibilidade de usar o celular como fonte de consulta em atividades escolares atrapalha.
“Em termos de concentração, melhorou [a proibição do celular], mas algumas atividades que precisavam do celular não dá mais para fazer. Acabou limitando neste sentido”, disse Sartori.
Os professores da rede pública de Mato Grosso do Sul também relatam que a aplicação da lei nas escolas vem surtindo efeito na melhoria da concentração dos estudantes.
Ao Correio do Estado, o presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, destacou as mudanças observadas com a proibição dos celulares.
“O primeiro impacto da proibição é positivo, em aspectos como a concentração dos alunos na aulas, porque eles têm demonstrado um desempenho melhor e, no momento dos intervalos, as crianças estão mais sociáveis entre elas”, descreveu Jaime.
Sobre a importância da socialização, o professor também destacou que algumas situações na escola, como o bullying, diminuirão com a proibição do celular.
“Observamos também que houve diminuição no bullying, que era feito muitas vezes por meio das redes sociais e aplicativos”, enfatizou.
Saiba
De acordo com o texto da Lei nº 15.100/2025, que proibiu o uso do celular nas escolas, ainda é permitida a utilização da tecnologia em situações pedagógicas ou didáticas, desde que orientada pelos professores.




