Cidades

ENTREVISTA ESPECIAL 124 ANOS

"Solicitamos um novo plano de mobilidade urbana"

A prefeita de Campo Grande deixa a discrição de lado e mostra seus planos para a cidade, na área de transporte, de economia e negócios e turismo

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Há 1 ano e meio como chefe do Poder Executivo de Campo Grande, e agora no Partido Progressista, a prefeita Adriane Lopes, mostra firmeza com os planos para a cidade.

Vice do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) durante cinco anos e meio, Adriane manteve uma postura discreta durante o ano passado, período em que ele se candidatou ao governo de Mato Grosso do Sul e foi derrotado. Agora, a prefeita mostra que tem planos para o futuro.

Em entrevista para o Correio do Estado, a prefeita traz informações reveladoras: a de que encomendou um novo plano de mobilidade urbana para a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), a de que pretende capacitar quase 10 mil jovens para aproveitar as oportunidades que virão com a rota bioceânica.

Aliás, assim como o governo de Mato Grosso do Sul, Adriane Lopes aposta no turismo de eventos e na logística, para atrair mais investimentos para a Capital. Confira a entrevista. 

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Prefeita, depois de aproximadamente 1 ano e meio na chefia do Poder Executivo, qual o foco da administração?

A gente tem falado de Campo Grande. Nosso projeto prioritário é desenvolvimento econômico. Nós abraçamos esse eixo e estamos buscando trabalhar agora, dentro da possibilidade da Rota Bioceânica.

Estamos projetando Campo Grande para Mato Grosso do Sul, para o Brasil, e por que não para o mundo? Na última Expogrande, por exemplo, o Guilherme Bumlai (presidente da Acrissul) me procurou para retomar a Expogrande. Já havia uns cinco anos que não tínhamos a Expogrande.

Veio a pandemia, e também havia problemas judiciais. Ele me disse que seria preciso retomar, e que havia algumas dificuldades. Disse que o que fosse necessário da parte do município cuidaríamos, e que a parte técnica e jurídica seria com eles. Os dois lados conseguiram.

Foram 10 dias, convidamos todos os países da América do Sul, e fomos surpreendidos com oito países visitando a Expogrande na época. Além de vizinhos sul-americanos, também vieram países europeus. As boas notícias, sobre o que viemos declaramos sobre a nossa cidade começou a acontecer. 

Como avançaram estas relações com os outros países? Foram para um novo patamar?

Sim, há o caso do Chile, que inaugurou aqui em Campo Grande o primeiro escritório internacional na cidade. Porque o poder público é um facilitador: conecta as pessoas, e as coisas acontecem.

Nosso papel sempre é o de facilitar os negócios, mostrar os dados de nossa Capital, apresentar Campo Grande e seu potencial, e aí as tratativas vão acontecer. 

Isso aconteceu depois que abrimos o escritório internacional da prefeitura no edifício The Place. E depois disso, após visitas de vários países, a província de Taparacá, no Chile, que está em uma das pontas da Rota Bioceânica, demonstrou interesse pela cidade, e se estabeleceu aqui. 

Como vai a relação com o Paraguai, um de nossos vizinhos?

Também estivemos com o presidente do Paraguai há pouco mais de 15 dias, Santiago Peña, e ele disse que tem bastante interesse em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul, e ele disse que tem interesse de estar aqui no festival da carne. 

Como está trabalhando em outras áreas?

Estamos projetando Campo Grande para o setor do turismo, onde há um potencial muito forte, sobretudo para o setor de eventos. A cidade tem um potencial muito grande para isso.

O que precisamos é projetar mais a cidade e comunicar isso para o restante do país e do mundo. Quando passou a pandemia, por exemplo, o meu marido, deputado Lídio, organizou um evento para a União Nacional das Assembleia Legislativas (Unale), da qual ele era presidente, aqui na Capital.

As pessoas tinham tradição em procurar capitais com litoral. Recebemos na ocasião mais de 1,2 mil pessoas, em um primeiro evento pós-pandemia. No evento anterior, em Salvador (BA), foram levados equipamentos de São Paulo para a Bahia.

Na época, para nós, só faltou o Centro de Convenções. O espaço foi o Bosque Expo, e isso porque os espaços que temos disponíveis hoje, como Rubens Gil e Aquário, estavam em obras. Ou seja, para eventos, aqui tem tudo.

Para fortalecer a área de eventos, quais as ações que estão sendo feitas?

Para o aniversário da Capital estamos lançando a primeira pista internacional de Motocross, já pensando em eventos. O primeiro lançando o primeiro parque turístico de Campo Grande, que será na Cachoeira do Céuzinho.

E olha, nós precisamos que os turistas passem pelo menos um final de semana ou mais de um dia em nossa Capital. O Bioparque, estamos juntos com o governador Eduardo Riedel para potencializar a vinda de turistas. 

Estive em São Paulo na sexta-feira passada, em um evento, e quando contei em um evento, que Campo Grande é uma das capitais mais seguras do País, as pessoas se assustaram, de uma forma positiva.

Quando eu conto que Campo Grande tem o menor índice de desemprego do país, as pessoas nos olham com outro olha. Somos uma das “Capitais Árvore” do mundo. 

O que você pode dizer sobre o Parque Tecnológico, que será inaugurado durante as comemorações de aniversário? 

É uma iniciativa que vem para mudar a economia local, transformar a nossa matriz econômica. De que forma? Lá, pequenas, grandes e médias empresas vão buscar, juntas, soluções, e se para ampliarem seus negócios.

O ambiente irá propiciar e fomentar a existência de startups, onde serão trazidas discussões novas para problemas antigos, por meio da inovação tecnológica. 

Estivemos visitando parques tecnológicos em todo o Brasil, tentando entender qual a vocação de nossa Capital, e descobrir o que mais poderia ser explorado.

Descobrimos que o agronegócio, a logística, seriam caminhos interessantes. A Rota Bioceânica está aí, e Campo Grande já é hoje o coração da América do Sul, e poderá gerar muito desenvolvimento para região central do Brasil em várias frentes: economia criativa, logística, agronegócio, entre outros.

{Perfil}
Adriane Lopes

Adriane Barbosa Nogueira Lopes assumiu a Prefeitura de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, em 4 de abril de 2022. Antes, foi vice-prefeita em duas gestões, de 2017 a 2022.
É casada com o deputado estadual Lídio Lopes e tem dois filhos: Matheus e Bruno.
A prefeita Adriane é formada em Direito e Teologia,
pós-graduada em Administração Pública e Gerência de Cidades.
e Políticas Sociais

"O objetivo é capacitar quase 10 mil jovens. Todos os cursos serão voltados para a Rota Bioceânica: espanhol, operador de drone, empilhadora. Os cursos serão oferecidos na Sejuv"

"Solicitamos uma modenização para a Agetran, um novo plano de Mobilidade Urbana. Queremos monitorar o transporte coletivo de nossa cidade, do ponto de vista da tecnologia e da informação". 

Como Campo Grande está planejando explorar a Rota Bioceânica?

Não se trata apenas de uma rota. É um corredor de 20 milhões de pessoas vivendo nele, e certamente surgirão inúmeras possibilidades.

Então, o que estamos trabalhando? Temos de buscar entender os nossos polos empresariais e como eles estão funcionando.

Também buscamos agora implementar os polos nesse estudo, e já estamos enxergando uma possibilidade de ampliá-los, sempre fortalecendo os empresários que já estão na Capital, mas também projetando a cidade para atrair mais investimentos.

Há exemplos de investimentos vindos de fora?

Sim, no ramo imobiliário. Temos recebido vários investidores de outros estados, tendo em vista os lançamentos do mercado.

Acredito inclusive que a qualidade de vida de Campo Grande tem atraído muitos moradores de bom poder aquisitivo.

Como está o planejamento logístico para a Capital?

As equipes da Planurb já está em discussão para o futuro da cidade, como nessa discussão da BR-163. Nossa equipe técnica já esteve em Brasília, e entedemos que para Campo Grande, o mais viável seria mudar o traçado da BR-163, e a rodovia já tornou-se um limitador da cidade.

O que temos buscado a mais? Já protocolamos em Brasília, a intenção da reativação da ferrovia, até para podermos ativar o nosso terminal intermodal. E temos o desafio de Receita Federal, que é para implantar uma aduana.

Melhorar a questão aduaneira. Nesta visita que fizemos com o presidente do Paraguai, foi para discutir com ele, antes mesmo de ele assumir a presidência do Paraguai, que também está interessado. 

Há trabalho em outras áreas visando estas novas possibilidades de negócios?

Estamos capacitando nossa mão de obra. Quando se fala de desenvolvimento, precisamos de mão de obra especializada. Estamos buscando a parceria com Fiems, Sistema S, Sebrae, com governo do Estado, para capacitar.

Lançamos há mais de 1 mês, 80 cursos, incluindo espanhol, já preparando estes jovens para daqui dois anos. 
 
São cursos gratuitos?

Sim. Todos coordenados pela Secretaria de Juventude. O objetivo é capacitar quase 10 mil jovens. Todos os cursos voltados para a Rota Bioceânica: espanhol, operador de drone, empilhadora.

Os cursos serão oferecidos na Sejuv, no Shopping Marrakesh. Investimentos de 1,98 milhão. Parceria da prefeitura com a iniciativa privada. 

Sobre a mobilidade urbana e o transporte coletivo? Existem novos planos?

Sim, solicitamos uma modenização para a Agetran, um novo plano de Mobilidade Urbana. Queremos monitorar o transporte de nossa cidade.

Estivemos em cidades em que o transporte é monitorado, do ponto de vista da tecnologia e da inovação. E pretendemos trazer para a cidade o que existe de mais moderno na área de mobilidade urbana. 

 

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Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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