É deveras conhecida a saga de Aquiles, guerreiro de fibra inquebrantável, porém vulnerável em razão de seu calcanhar exposto a qualquer adversidade. Pois é, lembrei-me da figura mitológica de Aquiles quando há poucos dias assistia a uma sessão do Senado da República e de sua tribuna falava o senador João Faustino Ferreira Neto (PSDB, RN) sobre a atualidade política de nosso país, destacando de sua oração dois pontos focais: a educação e uma assembleia nacional revisora. Com muita propriedade, assinalou o senador “enquanto existirem analfabetos, pessoas que leem e não sabem o que estão lendo; que têm um diploma sem perspectiva de inserção no mercado de trabalho; que não sabem escrever; que frequentam ou frequentaram uma escola do faz de conta. Enquanto os jovens de todas as cidades estiverem ausentes de uma escola de qualidade, o Brasil será um país pobre, continuará sendo um país para privilegiados. A luta atual é mudar essa realidade”.
Acentuou ainda o senador João Faustino que “ a nação brasileira anseia urgente por reformas no seu sistema político, tributário e eleitoral. Entendo que essas reformas só serão possíveis através da convocação de uma assembleia nacional revisora da nossa Constituição, preservando-se as cláusulas pétreas de nossa Carta Magna e todas as garantias sociais existentes, tornado-a enxuta”.
Por aplaudir com minha integral concordância com o teor do pronunciamento do nobre senador potiguar, me permiti ressaltar dois de seus trechos assinalados entre aspas. Ainda agora, a ONU destaca o Brasil como um dos países com maior disparidade quanto ao nível de vida de seu povo, situando-se inclusive nas Américas apenas acima do Haiti e da Bolívia. Uma vergonha, para todos nós! E por quê? Por que o índice de escolaridade de nossa população é baixíssimo e de inferior qualidade.
Todas as proclamadas reformas, tributária, política e eleitoral, decantadas quase todos os dias pelas chamadas grandes lideranças nacionais, a começar pelo atual presidente Luiz Inácio, tem sido apenas para “inglês ver”... , pois se realmente a quisessem, tanto o atual presidente como o seu antecessor Fernando Henrique a teriam realizado, pois força política e parlamentar a tinham e a tem. Simplesmente, a deixaram pra lá!
Sempre entendi que das reformas, a prioritária é a da política, por que esta ensejaria a mudança de nossos costumes, tornando-os mais hígidos, responsáveis e condutores da educação política do povo, o qual teria oportunidade de conscientizar-se de seu dever de cidadania. Sobretudo permitiria extirpar do cenário político essa babilônia de partidos e partidecos, sem eira, sem beira, sem escrúpulos, que banalizam as eleições, haja vista o conspurco de alianças espúrias, numa verdadeira bacanal a escandalizar até os extremos dos inferninhos...
Essa a saga de nossa República, senões que a tornam vulnerável, como foi o calcanhar do épico Aquiles. Este não teve a o ensejo de precatar-se, mas a nossa República a tem. Tudo dependerá do nosso futuro presidente (que almejo seja José Serra) e do Congresso Nacional renovado com representantes da estatura cívica do senador João Faustino.
Ruben Figueiró de Oliveira, suplente de senador.