Deputado federal eleito por Mato Grosso do Sul com o maior número de votos nestas eleições, Marcos Pollon (PL) é o entrevistado desta semana do Correio do Estado.
Em sua estreia na política, Pollon teve 103.111 votos e tomará posse na Câmara dos Deputados em 2023.
Aliado da família Bolsonaro e presidente da associação nacional movimento Proarmas, o deputado eleito falou sobre como vai ser sua atuação em Brasília (DF) e garantiu que fará parte da oposição ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o deputado, com o número de parlamentares que serão opositores a Lula, o Congresso Nacional pode ter a maior oposição ao governo da história.
“Nós temos hoje uma oposição consolidada, uma oposição forte que tem como se sagrar a maior e mais forte oposição da história da República, e, se Deus quiser, seremos muito bem conduzidos pela liderança do partido para atuar nesse sentido. De forma democrática, de forma ordeira, dentro das quatro linhas, mas representando uma oposição bem estruturada, bem-feita e inteligente”, declarou.
Marcos Pollon
Nascido em Dourados, Marcos Pollon tem 41 anos, é formado em Direito e tem especialização em agronegócio. Desde 2003, é professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Em 2005, fundou a Academia de Direito Processual e o Instituto Conservador de Mato Grosso do Sul. Também é presidente do Proarmas.
Confira a entrevista.
O senhor foi o deputado mais bem votado em sua estreia na política. Já tem alguns projetos que pretende apresentar na Câmara dos Deputados?
Sim, nós já construímos diversos projetos. Inclusive, durante a minha atuação como ativista e como militante de direitos e garantias fundamentais, eu já auxiliei muitos deputados e senadores a redigirem projetos que defendem direitos individuais e garantias fundamentais, e nós já temos outros tantos nesse sentido, que protejam os direitos fundamentais do artigo 5º da Constituição e limitem o poder do Estado e aumentem as proteções do cidadão.
Sua bancada, do PL, tornou-se uma das maiores em Brasília. Acha que isso vai facilitar o trabalho dos parlamentares da legenda?
Certamente o tamanho da bancada facilita o trabalho. Não vai ser um trabalho simples, não vai ser um trabalho fácil. A política é algo que se faz conversando, é a arte do possível.
No entanto, nós temos hoje uma oposição consolidada, uma oposição forte que tem como se sagrar a maior e mais forte oposição da história da República, e, se Deus quiser, seremos muito bem conduzidos pela liderança do partido para atuar nesse sentido. De forma democrática, de forma ordeira, dentro das quatro linhas, mas representando uma oposição bem estruturada, bem-feita e inteligente.
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições tem causado uma série de manifestações de eleitores de Bolsonaro nas ruas e nas estradas. Como o senhor vê esses manifestos? E os pedidos por intervenção militar que acontecem em alguns desses locais?
Como o próprio presidente disse, as manifestações pacíficas são bem-vindas. Nós nos diferenciamos dos nossos opositores da esquerda porque primamos pelo respeito à lei e à ordem, então, toda a manifestação que for pacífica e ordeira e que esteja dentro do direito constitucional de se manifestar é bem-vinda, parafraseando a declaração do presidente.
O que os eleitores podem esperar do seu mandato? Pensa em ajudar o governador eleito Eduardo Riedel?
O que os eleitores devem esperar é coerência, fidelidade ao presidente Jair Messias Bolsonaro e uma oposição forte contra a esquerda, para que não destrua o País. Trabalhar em prol do Brasil e em prol de Mato Grosso do Sul.
Não é segredo para ninguém que eu apoiei o Contar, mas a eleição estadual acabou, o governador é o Riedel e nós atuaremos para proteger e prestigiar a população de Mato Grosso do Sul, em prol de Mato Grosso do Sul e de todos os cidadãos do nosso Estado, que merecem um bom governo, merecem esse cuidado e exigem que os deputados federais atuem para proteger o cidadão, para prestigiar o cidadão.
O senhor tem formação ligada ao agronegócio, tem algum projeto relacionado ao segmento para apresentar em Brasília?
Sim, o agronegócio é a grande locomotiva que puxa o Brasil para frente, e Mato Grosso do Sul se destaca nacional e internacionalmente nesse sentido. Então, nós temos diversos projetos, já estamos em contato com a Frente Parlamentar da Agropecuária, a FPA, diversos projetos que nós temos e que já existem no sentido de melhorar, no nosso Estado, a infraestrutura, a capacidade de escoamento, a criação de multimodais de escoamento de produção, uma tributação mais racional.
Uma tributação mais justa precisa ser repensada, e o retorno desses tributos para o setor, que contribui fortemente para todo o País, tem que ser protegido. A nossa ministra, agora senadora, Tereza Cristina fez um trabalho espetacular enquanto ministra da Agricultura, razão pela qual a gente se espelha no trabalho dela para que fortaleçamos ainda mais o agro de Mato Grosso do Sul.
O clube de tiro Golden Boar está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento com o crime organizado. Você tem fotos com o presidente deste clube nas redes sociais do Golden Boar. Você conhecia o histórico desse clube?
Eu tenho fotos com o presidente de praticamente todos os clubes de Mato Grosso do Sul, porque essa é a minha base de apoio, e também com todos os lojistas. É impossível você conhecer o histórico, a vida pregressa de mais de 100 mil pessoas.
Agora, o que eu acredito é o seguinte, eu sempre fui muito duro e muito assertivo no fato de que nós somos pessoas respeitadoras da lei e quem comete crime deve ser punido. O fato é que, encerradas as investigações e verificado que houve descumprimento da lei, eu sou o primeiro a defender o cumprimento da lei, como é o meu histórico.
Nunca passei a mão na cabeça de bandido, nunca apoiei bandido, o fato é que todos merecem uma investigação justa, um processo justo, e que a justiça seja feita. Uma vez verificado que há crime, a punição tem de ser o mais severa possível, mesmo porque, quando um colecionador, atirador e caçador [CAC] comete um crime, ou quando um dono de loja comete um crime, ou quando um presidente de clube comete um crime, esse crime acaba respingando em toda a categoria.
Então, o mais interessado em que não haja crimes nesta categoria sou eu, porque esse tipo de coisa, uma vez verificada a veracidade desses fatos, afeta toda a pauta nacional, prejudica os quase 3 mil clubes que existem no Brasil, prejudica os quase 1 milhão de CACs que existem no Brasil, então, nosso posicionamento sempre foi pelo respeito à lei. Abominamos qualquer tipo de criminoso, por essa razão eu votei no Bolsonaro, porque eu abomino criminoso, e me mantenho assim, sempre fui assim, e todas as pessoas que me conhecem sabem disso.
Como aumentar o controle dos clubes de tiro para impedir que pessoas ligadas ao crime organizado não obtenham registros de CAC?
Na verdade, o controle é muito rigoroso. Para você obter o registro no Exército, você não pode ter nenhum crime na sua ficha, você tem de passar por exame psicotécnico, exame de tiro, tem de ter residência fixa, ocupação lícita, então, é uma aferição muito dura.
O que temos de observar é se os órgãos estão tendo acesso a todas as informações necessárias, eu acredito que estão, e manter a fiscalização. Tanto é eficaz que o fato de encontrar pessoas que estão cometendo irregularidades é uma prova de que a fiscalização funciona, mas a repressão, a apreensão, a eventual busca apreensão ou prisão de pessoas que estão descumprindo a lei é justamente a prova de que a fiscalização é dura e funciona.
Você é favorável à caça de animais silvestres do Pantanal? Por quê?
Não, eu não sou favorável à caça de animais silvestres porque não existe uma estrutura ainda no Brasil que viabilize isso de forma a gerar emprego, renda e proteção ambiental como existe na África, precisamos evoluir muito nisso.
Na África, os animais não estão extintos porque a caça é muito bem regulamentada, a gente está muito longe disso, então, eu não apoio a caça ou o abate de animais silvestres. Agora, acho fundamental a manutenção do manejo racional e humanizado do javali.
O javali é vetor de febre aftosa, o javali destrói as plantações e representa risco aos suinocultores, porque pode passar doenças, representa risco à pecuária, porque pode passar doenças, representa risco à agricultura, porque destrói lavouras. Além disso, o javali destrói a flora, ele destrói nascentes, ele arrasa com nascentes chafurdando ali, acaba fazendo a destruição de nascentes, ele destrói a fauna nativa.
O javali acaba atacando, porque ele é onívoro, acaba atacando filhotes de outras espécies. Das aves que nós temos no Pantanal, que fazem ninho no solo, ele é um predador que não tem controle natural, então eu acredito que medidas mais eficazes para o incentivo dos manejadores de javali, como isenção de imposto para aquisição de equipamentos eficazes e principalmente os calibres restritos, que são necessários para o abate de javali, têm de ser adotadas pelo nosso estado e pelo País.
Você é favorável a algumas medidas propostas pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que também foram propostas por Jair Bolsonaro, como o auxílio de R$ 600 e um salário mínimo com aumento real? Se o governo federal propuser, você vota a favor?
A grande diferença é entre as proposições do Lula e do Bolsonaro. Não é simplesmente manter um auxílio em R$ 600, não é simplesmente fazer um aumento real do salário. A grande diferença é que o Bolsonaro fez isso dentro de um cenário muito difícil, com pandemia, com guerra, com a economia global sofrendo muito.
Ele conseguiu fazer isso porque nós temos no governo Bolsonaro uma política de austeridade muito presente.
Então, o resultado final é fruto de toda uma engrenagem que construiu aquela pergunta mais importante, que é: de onde vem o recurso? A diferença do Lula é que ele não pretende ter essa política de austeridade, então, para ele, não interessa como vai fazer, a resposta dele mesmo é fazendo. E como é esse fazendo dele? É estourando o teto de gasto, acabando com a responsabilidade fiscal e já aumentando o rombo de R$ 200 bilhões no Orçamento.
E a gente sabe que esse dinheiro não é só para atender as suas promessas de campanha, mas, sim, para auxiliar os seus amigos que destruíram a economia de seus países, como Argentina, Venezuela, Nicarágua e outras ditaduras que têm pelo Brasil aqui.
Então, não se trata simplesmente de aumentar ou não o salário, aumentar ou não o auxílio, trata-se de saber de onde ele vai tirar o dinheiro.
É evidente que, se ele conseguir realizar essas promessas de campanha sem estourar o teto de gastos ou respeitando o Orçamento, todo mundo vai votar a favor. O grande problema é que ele não pretende fazer isso, ele pretende arrombar o Orçamento, meter um prejuízo de R$ 200 bilhões, o que em última análise acaba gerando inflação e diminuindo o poder de compra. Aí você aumenta o salário para o valor que for, mas o dinheiro já não vale mais nada. Então, é justamente isso que a gente quer combater.
Aquela inflação que vivíamos na época do Collor, do Sarney, que poucas pessoas se recordam, mas eu me lembro muito bem, e é justamente essa política de estourar teto de gastos, de não ter responsabilidade fiscal, que pode trazer este voto.
Então, se ele conseguir fazer com responsabilidade fiscal e sem estourar o teto de gastos, ninguém se opõe, mesmo porque a oposição da direita não é igual à oposição do PT, que é contra o Brasil. A gente quer um Brasil melhor, quer as pessoas protegidas, e a maior crueldade que pode ser feita com o cidadão é a volta da inflação, isso nós não vamos admitir.



