Estatal fechou 2024 com lucro líquido de R$ 90,6 milhões, o que é 31% maior que em 2023, mas menor que os R$ 96,9 milhões de 2021
Balanço anual divulgado nesta quarta-feira (16) mostra que o lucro líquido da Sanesul aumentou 31% no ano passado na comparação com o ano anterior, passando de R$ 69,1 milhões para R$ 90,5 milhões. Porém, é 74,2% menor que os R$ 350,7 milhões obtidos pela Águas Guariroba em Campo Grande no ano passado.
Os dados da Sanesul mostram nos últimos quatro anos a empresa está literalmente patinando, Em 2021, primeiro ano da Parceria Público Privada (PPP) para conseguir investimentos na coleta e tratamento de esgoto, o lucro líquido foi de R$ 96,4 milhões.
Quatro anos depois e com inflação acumulada da ordem de 25%, o lucro nominal da estatal que atende 68 cidades e 63 distritos do interior do Estado, é menor que naquele ano. Se a comparação com 2019, a situação é parecida. Naquele ano o lucro foi de R$ 83 milhões. De lá para cá aumento 9%, sendo a inflação é de 39%.
Para efeito de comparação, em 2021 a Águas Guariroba, que atua somente em Campo Grande, fechou com lucro líquido de R$ 227,1 milhões. De lá para cá o lucro cresceu 54,4%, chegando aos R$ 350,7 milhões em 2024.
MOTIVOS
Uma das explicações para a diferença no lucro entre as duas empresas so mesmo setor é o montante gasto com a folha de pagamento. Enquanto que a Águas Guariroba informa ter desembolsado R$ 44,1 milhões no ano passado, a Sanesul mostrou em seu balanço que os 1.334 colaboradores exigiram desembolso de R$ 128 milhões no ano passado.
Mas, a principal explicação para esta discrepância nos lucros é a diferença nas tarifas, que em Campo Grande são quase 60% maiores que nos municípios atendidos pela Sanesul.
No interior do Estado, onde a Sanesul atua, uma família que consome até dez mil litros de água por mês paga R$ 5,54 por metro cúbico de água e R$ 2,74 por metro cúbico de esgoto, caso haja coleta e tratamento. Isso equivale a uma conta de R$ 82,80 por mês.
Em Campo Grande, para esta mesma faixa de consumo, o metro cúbico de água (mil litros) está tabelado em R$ 7,68 e a tarifa de esgoto, em R$ 5,38. No fim do mês a conta chega a R$ 130,60. Ou seja, os consumidores de Campo Grande pagam 57,7% a mais que no interior.
Uma terceira explicação para o fato de os lucros da estatal andarem para trás, levando em consideração a inflação, são os altos valores desembolsados para pagamento de juros relativos a financiamentos. Somente no ano passado foram R$ 36 milhões, de acordo com os dados oficiais divulgados nesta quarta-feira.
EMPRÉSTIMOS
Mesmo assim, a estatal está disposta a aumentar seu endividamento em mais de meio bilhão de reais. De acordo com o balanço anual. “No ano de 2024, 6 cartas consultas foram cadastradas, totalizando R$ 264,7 em 10 municípios e 8 distritos. Sendo 4 cartas consultas referentes a financiamentos pelo BNDES e FCO (R$ 141,1 milhoões) e 2 como recurso não oneroso pela ITAIPU e FOCEM (R$ 123,6 milhões)”, diz o texto.
Além disso, “por modalidade, há 4 cartas consultas no valor total de R$ 154,1 milhões para sistema de abastecimento de água, e 2 cartas consultas para esgotamento sanitário no valor total de R$ 110,6 milhões”. Somando os valores, os prováveis empréstimos chegam a quase R$ 530 milhões.
No ano passado, coforme o balanço, a Sanesul fez investimentos de R$ 202 milhões, sendo a maior parte, de R$ 121 milhões, em redes de coleta e estações de tratamento de esgoto, apesar de haver uma Parceria Público Privada que foi contratada para acelerar os investimentos em redes de esgoto.
Embora ainda esteja longe de atingir a meta de 90% de cobertura na coleta e tratamento de esgoto, no ano passado a Sanesul faturou R$ 180,8 milhões com as tarifas de esgoto, o que representou incremento de 17,70% na comparação com 2023.
Segundo a estatal, foram 765 quilômetros de novas redes coletoras em 2024, chegando 6,43 mil quilômetros no total. Cerca de 57 novos imóveis foram atendidos, chegando a mais de 357 mil imóveis que podem estar conectados.