Cidades

CAMPO GRANDE

Unimed rejeita atendimento a crianças autistas e vira alvo do MPE

Plano de saúde teria suspendido tratamento ABA em ambiente escolar, além de não autorizar novos tratamentos

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Pela suspeita de suspender irregularmente o chamado tratamento ABA (Applied Behavior Analysis no inglês, ou Análise Aplicada ao Comportamento na tradução) em ambiente escolar e não autorizar novos tratamentos, o plano de saúde Unimed Campo Grande entrou recentemente na mira do Ministério Público de Mato Grosso do Sul. 

No fim do mês de fevereiro foram compiladas as considerações, com a instauração de inquérito tornada pública na segunda semana de março para apurar essa eventual irregularidade junto ao plano de saúde de negar direito legal previsto sob alegação de Resolução contrária à Lei regulamentadora. 

Segundo o Ministério Público, a Promotoria de Justiça foi noticiada de que a Unimed estaria suspendendo o tratamento em ambiente escolar e não autorizando novos, oficiando o sistema de cooperativas e dando o prazo de 15 dias para prestar informações. 

Entre as considerações listadas, o Promotor de Justiça, Antonio André David Medeiros, destacou uma série de legislações (como a nº 14.454, de 21 de setembro de 2022, que altera texto de 1998) que estabelecem os critérios de cobertura e exclusão de planos de saúde privados. 

"Considerando aporte jurisprudencial favorável ao entendimento de que o rol de procedimentos  constantes na RN n° 465/2021 de cobertura obrigatória para os planos de saúde são exemplificativos e, portanto, fica evidente a omissão por parte da empresa contratada e seu ulterior dano à parte contratante", complementa o Promotor em instauração do inquérito. 

Cancelamentos

Recusas e cancelamentos em planos de saúde são assuntos que se estendem há tempos, principalmente para pacientes diagnosticados com Transtorno de Espectro Autista (TEA) que recorrem ao chamado tratamento ABA. 

Há cerca de oito anos, a própria Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul (Cassems) foi condenada a cobrir o tratamento ABA de uma criança autista de apenas dois anos. 

Desde então, esses cancelamentos de contratos pelos mais variados planos de saúde coletivos passaram se tornar frequentes e, motivada pela ampla cobertura midiática, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) emitiu nota em 20 de maio do ano passado, indicando as diretrizes de contratação e rescisão dos planos de saúde e exclusão de usuários.

Conforme estabelecido no texto, entre outros pontos, é proibida a "prática de seleção de riscos". 

"Ou seja, nenhum beneficiário pode ser impedido de adquirir plano de saúde em função da sua condição de saúde ou idade, não pode ter sua cobertura negada por qualquer condição e, também, não pode haver exclusão de clientes pelas operadoras por esses mesmos motivos", expõe a ANS. 

Tratamento ABA

Terapia multidisciplinar e intensa, o tratamento ABA é considerado efetivo no tratamento da pessoa autista, por promover principalmente a aprendizagem e autonomia da criança. 

Cada sessão é adaptada para desenvolver cada paciente específico, podendo contar tratamentos com: 

  • Terapia Ocupacional com Integração Sensorial, Psicoterapia, 
  • Equoterapia,
  • Fonoaudiologia,
  • Musicoterapia, etc.

A Agência frisa que a RN 469/2021 garantiu aos portadores de TEA acesso a número ilimitado de sessões com psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, o que se somou à cobertura ilimitada que já era assegurada para as sessões com fisioterapeutas.

Justamente por ser personalizada, a chamada terapia ABA pode ser aplicada não somente em clínicas, mas também em casa e no ambiente escolar.

O que diz a Unimed

A Unimed Campo Grande foi procurada para comentar a respeito da instauração do inquérito, bem como o volume de pacientes atendimentos pelo tratamento ABA e, abaixo, você confere na íntegra o posicionamento repassado por parte da Instituição: 

"Informamos que temos como princípio seguir todas as regulamentações e determinações da Agência Nacional de Saúde Suplementar, incluindo o rol de procedimentos cobertos. 

A cobertura do atendimento ABA se restringe ao ambiente terapêutico, conforme o parecer da ANS, sendo o acompanhamento escolar uma obrigação do Estado.  

Destacamos que não fomos notificados sobre o inquérito em questão, e, em relação ao número de atendimentos, temos como política não repassar essas informações".

**(Matéria atualizada para acréscimo de posicionamento da Unimed)

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Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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