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'Vice-ministro' insinua participação de policiais em confronto com morte indígena

Vicente Vilharva, de 36 anos, teria sido morto por tiros com munição legal, com a suspeita de dois outros indígenas feridos nos ataques

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Em um dos quatro ofícios encaminhados ainda na tarde de ontem (16), após mais um conflito por terras resultar na morte de indígenas, o vice-ministro dos povos originários, Eloy Terena, insinua que supostamente agentes de segurança do estado de Mato Grosso do Sul podem estar envolvidos no ataque com vítima fatal em Iguatemi. 

Distante aproximadamente 412 quilômetros de Campo Grande, um indígena foi encontrado morto e teria sido assassinado com um tiro na nuca, como bem acompanha o Correio do Estado, após um ataque contra o grupo de povos originários que organizavam a retomada Pyelito Kue, na Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I. 

Ainda na noite de ontem (16), Eloy Terena, Secretário-Executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) desde janeiro de 2023, encaminhou um total de quatro ofícios através da Pasta, destinados para: 

  • Ao Secretário-Executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública | Manoel Carlos de Almeida Neto;
  • Ao Diretor-Geral da Polícia Federal (DGPF) | Andrei Augusto Passos Rodrigues;
  • Ao Procurador-Chefe do Ministério Público Federal | Luiz Eduardo Camargo Outeiro Hernandes;
  • À Procuradora da República do Ministério Público Federal | Karine Suzan Hoffstaeter Boeto;
  • Ao Secretário-Executivo de Estado de Justiça e Segurança Pública de MS | Wagner Ferreira da Silva; e
  • Ao Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul | Antonio Carlos Videira

Justamente neste último, Eloy Terena pede informações para o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública se, na ocasião de confronto, "havia o emprego de efetivo das forças de segurança do estado na região". 

Isso porque, segundo notícias ainda sem confirmação que teriam chegado ao vice-ministro dos povos indígenas, "na situação descrita teria havido participação de agentes de segurança do estado de Mato Grosso do Sul, o que certamente representa uma grande preocupação tendo em vista a gravidade do caso". 

Entenda

Ainda no começo de outubro, Guaranis e Kaiowás realizaram a retomada de uma área da Fazenda Cachoeira, sobreposta à Terra Indígena e próxima vizinha à aldeia de Pyelito Kue, que desde 2015 ocupa 100 hectares da Fazenda Cambará – também sobreposta à TI delimitada com 41,5 mil hectares, em 2013.

Conforme detalhado pelo secretário, essa TI em questão  trata-se de uma área de 41,5 mil hectares em disputa, sendo palco inclusive de uma segunda morte contabilizada pela polícia, de vítima ainda não identificada.

"Atualmente, a comunidade aguarda a finalização do processo demarcatório em uma área de aproximadamente 90 hectares. Ressalto, como já sabido, que esse território é historicamente marcado por intensos conflitos fundiários e por registros de ataques à comunidade indígena e seus integrantes". cita Eloy. 

Motivados também pelo enfrentamento ao uso irregular de agrotóxicos, que são despejados no solo por meio de pulverização de defensivos agrícolas, os povos originários já teriam sido vítimas de pelo menos quatro ataques à retomada que avançou  sobre parte do território ancestral incidente sobre a Fazenda Cachoeira. 

"O contexto de conflitos fundiários na região, vale mencionar que fazendeiros tem se utilizado de pistoleiros como forma de ameaça e efetiva violência contra os indígenas especialmente quando o judiciário não dá lastro para reintegração de posse", complementa Eloy. 

Ele frisa que no caso dessa comunidade de Pyelito Kue, atualmente não há decisão judicial que embase uso da força estatal para qualquer tipo de medida de reintegração", levantada assim a possibilidade de que pistoleiros tenham ido ao local a mando de terceiros para, mais uma vez, fazer com que os indígenas saíssem do território ancestral delimitado desde 2013. 

"No caso do assassinato ocorrido em 16/11/2025, segundo informações preliminares de servidores da FUNAI e do MPI, além da escuta de membros da comunidade, o ataque à comunidade se iniciou logo pela madrugada do domingo (por volta das 04h), de maneira que é possível ouvir uma série de disparos, entre armas de fogo e rojões (fogos de artifício), o que posteriormente se confirma com a lesão aos indígenas". 

Até o momento, foi identificada a morte por tiros com munição legal (considerando o que se observa de vídeos e fotos compartilhados com o ofício) de Vicente Vilharva, de 36 anos, com a suspeita de dois outros indígenas feridos nos ataques.

Abaixo, você confere na íntegra o posicionamento emitido pelo MPI sobre o assassinato de indígena Guarani Kaiowá na comunidade de Pyelito Kue, município de Iguatemi (MS): 

"O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) manifesta profundo pesar pela morte do indígena Guarani Kaiowá na comunidade de Pyelito Kue, município de Iguatemi (MS), após ataques de pistoleiros, em contexto de recente retomada realizada nos dias anteriores.

A equipe do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/MPI) do MPI, juntamente com a Funai, atua na situação, acionou os órgãos de Segurança Pública responsáveis e acompanha as ações dos órgãos do Governo Federal.

O MPI reforça a necessidade de uma investigação rigorosa e uma ação conjunta para combater os grupos de pistoleiros que atuam na região. Ressalta, ainda, a importância de políticas que fortaleçam a proteção dos indígenas e de seus territórios.

No dia 3 de novembro, por meio de uma força-tarefa, o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) instituíram um Grupo de Trabalho Técnico (GTT) com foco na elaboração de subsídios técnicos para a mediação de conflitos fundiários envolvendo os povos indígenas no sul do estado de Mato Grosso do Sul, incluindo a realização de levantamentos e estudos sobre áreas públicas e privadas.

O GTT vem realizando reuniões semanais para debater soluções concretas e promover a resolução definitiva dos conflitos, que têm os indígenas como principais vítimas.

As retomadas dos indígenas Guarani Kaiowá na região se intensificaram nos últimos meses com o objetivo de frear a pulverização de agrotóxicos, que vem causando adoecimento e gerando insegurança hídrica e alimentar.

É inaceitável que indígenas continuem perdendo suas vidas por defender seus territórios. A morte de mais um indígena Guarani Kaiowá acontece ao mesmo tempo em que o mundo discute e visualiza a importância dos povos indígenas para a mitigação climática debatida na COP30, infelizmente evidenciando que não existe trégua na perseguição aos corpos dos defensores do clima.

O MPI se solidariza com a família, amigos e com toda a comunidade Guarani Kaiowá".

 

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Anvisa proíbe produtos à base de alulose, um tipo de adoçante; entenda

Substância pode ser encontrada naturalmente em alguns alimentos, como figo e uva

23/12/2025 22h00

Divulgação: Anvisa

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Na última segunda-feira, 22, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou no Diário Oficial da União uma resolução que proíbe a comercialização, a distribuição, a importação, a propaganda e o uso de todos os lotes de produtos à base de alulose da empresa Sainte Marie Importação e Exportação.

A medida foi adotada porque a alulose não consta na lista de substâncias autorizadas pela Anvisa para uso como adoçante ou ingrediente alimentar no Brasil.

O que é a alulose

Segundo Tarcila Campos, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a alulose pode ser encontrada naturalmente em alguns alimentos, como figo e uva. Trata-se de um tipo de açúcar semelhante à frutose, mas com diferenças químicas capazes de reduzir sua absorção pelo organismo.

"O mecanismo de ação é semelhante ao de outros adoçantes. Ela tem baixo valor calórico e estudos indicam pouco impacto sobre a glicose e a resposta insulínica", explica. Daí por que passou a ser vista como alternativa ao açúcar comum.

"Há estudos que indicam um certo grau de segurança no consumo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Food and Drug Administration (FDA, agência semelhante à Anvisa) autoriza seu uso com base em estudos toxicológicos e clínicos", afirma a especialista.

No Brasil, no entanto, não houve processo de regularização do ingrediente. "Talvez o produto não tenha sido submetido à aprovação ou não atendeu aos requisitos exigidos pela Anvisa para liberação", esclarece.

A Anvisa informa que alimentos ou ingredientes sem histórico de consumo no País são classificados como novos e, por isso, devem passar pela avaliação da agência. Para isso, a empresa interessada precisa apresentar documentação técnico-científica para análise.

"Nessa avaliação, a Anvisa verifica se o processo de fabricação do novo alimento ou ingrediente não introduz ou concentra substâncias que possam causar danos à saúde e se a indicação de consumo respeita níveis considerados seguros", diz a agência.

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Inscrição para o Sisu começa em janeiro; veja datas

A partir de 2026, o Sisu passará a considerar o resultado das três últimas edições do Enem

23/12/2025 21h00

JUCA VARELLA/AGÊNCIA BRASIL

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O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta terça-feira, 23, o edital do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), com o cronograma e os critérios do processo seletivo de 2026.

As inscrições vão de 9 a 23 de janeiro de 2026 e serão realizadas exclusivamente pelo Portal Único de Acesso ao Ensino Superior. Cada candidato poderá se inscrever em até duas opções de curso.

Uma mudança importante é que, a partir de 2026, o Sisu passará a considerar o resultado das três últimas edições do Enem. Segundo o MEC, a seleção terá como referência a nota da edição do exame que resultar na melhor média ponderada de acordo com a opção de curso, desde que o participante não tenha sido treineiro.

O resultado da chamada regular será divulgado no dia 29 de janeiro e a matrícula nas instituições começará em 2 de fevereiro. Só candidatos que tenham concluído o ensino médio podem concorrer a uma vaga e ingressar nos cursos superiores, conforme o edital.

Maior edição do Sisu

Segundo o governo federal, a edição é a maior da história do Sisu em quantidade de instituições participantes, com oferta de 274,8 mil vagas em 136 instituições públicas do País.

Na seleção do início do ano, serão ofertadas vagas em cursos que iniciam as aulas tanto no primeiro quanto no segundo semestre de 2026.

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