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A lógica de ser ser pai ou mãe em tempos modernos

A lógica de ser ser pai ou mãe em tempos modernos

bbc brasil

18/08/2011 - 21h30
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Qualquer pessoa que não tenha filhos e que já tenha observado de perto pais modernos, liberais e preocupados pode se deparar com uma experiência aterrorizante.

O cuidado e a atenção dispensados em detalhes da vida cotidiana da criança é assustador. Decidir o que ela comerá no jantar pode levar horas de uma cuidadosa negociação.

Todas as questões feitas pela criança são respondidas com uma atenção infinita – quanto tempo se demora para atravessar a Terra, de um extremo ao outro? De onde vem o vento? O que tem dentro de um átomo?


Os historiadores nos explicam que, em boa parte da história da humanidade, tais questões mal seriam consideradas. Havia uma grande chance de seu pequeno inquisidor estar morto antes da vida adulta, você poderia ter cinco ou seis criaturas do mesmo tamanho para colocar na cama todas as noites e, por isso, parecia lógico não investir muita energia nem emoção em fornecer respostas.


A infância era vista como uma fase fantasiosa essencialmente desconectada de qualquer determinante na vida adulta.


Esconde-esconde


Mas agora vivemos em uma sociedade e uma era em que predomina a máxima de que o sucesso ou o fracasso de um adulto está diretamente ligado à qualidade do tratamento que ele recebeu durante a infância.


Por trás das atividades familiares, das brincadeiras de esconde-esconde e dos passeios ao zoológico, as personalidades estão sendo construídas e é a partir disso que toda a força e criatividade dependerão para florescer. Lições emocionais que não são aprendidas de verdade na primeira infância nunca serão absorvidas – não sem caras e demoradas sessões de terapia.


As redes de TV estão cheias de pessoas que, aos prantos, evocam memórias de negligência ou falta de compreensão por parte de seus pais. Exemplos para nos lembrar que a maternidade ou a paternidade são tarefas em que não se pode errar. Um trabalho em que se precisa comparecer diariamente – nos momentos mais inocentes, nas tarefas escolares, nas brincadeiras com Lego – para assim preparar uma estrutura não menos sensível e poderosa do que a de um arranha-céu.


A impressão é a de que os que nos trouxeram ao mundo têm de apoiar e admirar suas crias sistematicamente.


Caso contrário, décadas depois, quando alguém nos disser ‘eu te amo’, não conseguiremos acreditar neles e vamos puni-los por demonstrar uma confiança em nós que nós mesmos não temos.


Carência


Caso contrário, vamos ser carentes de aprovação dos outros e nunca seremos capazes de fazer escolhas ousadas, por causa da nossa incapacidade de tolerar um momento em que ninguém está nos aplaudindo. Vamos ficar ansiosos por não termos sido amados de verdade há 30 ou 40 anos.


Isso pode parecer uma explicação absurda para o nosso desenvolvimento, mas sua base não é totalmente infundada. Porque afinal somos criaturas que desmaiam ou morrem por causa de um coágulo no sangue de meio milímetro de diâmetro.


A filosofia moderna sobre a infância torna tudo significativo. O Joãozinho não está apenas sendo irritante quando ele empilha as almofadas no chão e diz ser um marinheiro de um navio naufragado que pede ajuda para se salvar dos tubarões.


Ele está explorando ideias contrastantes de desamparo e resiliência, que anos depois vão o ajudar a superar uma rejeição amorosa ou a aproveitar oportunidades profissionais.
Pode parecer fraqueza ou excesso de paparico. Pode parecer decadente.


Para quem está de fora, especialmente se for de outra geração, pode ser nauseante observar todo esse zelo, essa paciência para perguntas, a urgência de se cuidar de cada machucadinho, o jeito de tratar crianças como se suas opiniões realmente importassem.

Apesar de excesso de zelo parecer fraqueza, há uma lógica pragmática em curso
Lógica


Mas apesar de tudo isso parecer fraqueza, há uma lógica pragmática em curso.
Assim como pais de todas as épocas e lugares, os pais de hoje querem a sobrevivência de seus filhos. A diferença é que eles agora operam com ideias bem diferentes sobre o significado de sobrevivência.


Hoje não é mais possível se desenvolver apenas aprendendo como ser obediente e praticando a antiga arte da submissão e da deferência. O que conta na nova economia são qualidades como confiança, criatividade e originalidade.


Esses são os equivalentes de hoje aos músculos na antiga Esparta ou às maneiras estoicas na Prússia de Frederico o Grande.


Não há falta de inteligência genuína. O que se precisa adicionar acima disso é uma mente que possa fazer conexão entre ideias, que consiga persuadir outros a comprar sua opinião, que seja capaz de lidar com grandes aspirações e plasticidade psicológica para lidar com a rejeição – e esse é o porquê de tanta paciência ser dispensada a desenhos de borboletas feitos por crianças, de tanta atenção com o menu do jantar, de tanto respeito com as opiniões dos pequenos.


Mundo problemático


Essas preocupações podem parecer maneiras de tentar conter um pânico imensurável em relação à audácia de se ter colocado uma criança nesse mundo problemático.


Contando que as crianças estejam na cama às 19h15, aprendam a amarrar o cadarço e sempre digam “obrigado”, a esperança oculta é a de que nós possamos miraculosamente evitar ter de provar um gole da xícara do arrependimento humano.


A natureza desproporcional das preocupações de pais modernos surgem no início de cada dia letivo, quando 20 ou 30 adultos se reúnem em uma sala de aula para dar adeus a suas preciosas proles.


Para quem está de fora é evidente que a vida por si só não vai fazer jus às esperanças depositadas nos ombros dessas crianças – não vai evitar divórcios, câncer de próstata, vícios, depressões mesmo se eles ganharem estrelas douradas.


As crianças podem até dominar a álgebra, desenhar amebas, escrever belas histórias sobre as férias e memorizar as capitais do mundo, de Wellington a La Paz. Ainda assim, nada pode ser feito para protegê-las dessa série de problemas.


Nem mesmo estudar mandarim nos fins de semana, praticar violino ou jogar xadrez vai resolver. Tanta coisa pode dar certo e ainda assim acabar sendo desfeita por falhas inevitáveis de nosso próprio temperamento e do ambiente que nos rodeia, um pensamento perturbador que tanto o sistema educacional quanto os pais tentam evitar.


Isso, no entanto, não é argumento para desistir. Parece que não conseguimos, de forma espontânea, nos sentir suficientemente importantes para nós mesmos, suficientemente dignos de conduzir nossa figura absurda pelos labirintos da vida, a não ser que em algum momento nós tenhamos sido privilegiados o suficiente para desenvolver um sentimento de que outra pessoa se importava de forma ilimitada e desmedida conosco.

ALERTA PARA A EXAUSTÃO

A síndrome do dezembro perfeito

16/12/2025 11h30

Divulgação / Renata Carelli

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Dezembro traz dois fenômenos digitais que podem afetar o bem-estar: as retrospectivas de um ano supostamente perfeito e a pressão estética pelo chamado corpo de verão. O que deveria servir de inspiração tem se tornado gatilho de ansiedade para quem tenta conciliar o esporte com uma rotina de trabalho exaustiva.

O canal Atleta de Fim de Semana, criado pela produtora audiovisual Renata Carelli para servir de guia a uma prática mais saudável do esporte amador, defende que a matemática dessa comparação é injusta.

O erro comum do amador é comparar sua vida integral, que inclui boletos, trânsito, cansaço e limitações, com os melhores momentos editados de influenciadores ou atletas que vivem da imagem.

A vida é complexa demais para caber em um post. Quando nos comparamos com a retrospectiva de alguém, ignoramos o contexto, como a rede de apoio, o tempo livre e os recursos financeiros.

Essa busca por uma estética ou performance irreal no fim do ano gera uma sensação de fracasso, mesmo para quem teve um ano vitorioso dentro de suas possibilidades.

Para virar a chave em 2026, o Atleta de Fim de Semana sugere trocar a meta do corpo de verão pelo corpo funcional. A ideia é valorizar o corpo não pela aparência na praia, mas pela capacidade de viver experiências, aguentar a rotina e gerar disposição.

Confira três dicas que Renata considera essenciais para sobreviver ao fim de ano sem culpa.

NÃO DESISTIR

Não desistir é a verdadeira medalha: no mundo amador, a consistência vale mais que intensidade. Se você teve um ano difícil no trabalho e, mesmo assim, conseguiu treinar duas vezes na semana, isso é uma vitória.

O importante é celebrar o fato de não ter voltado ao sedentarismo, sem se comparar com quem treinou todos os dias.

FILTRE O FEED

Filtre o feed e a mente. Nesta época, o algoritmo privilegia corpos expostos e grandes feitos. Se isso gera ansiedade, a recomendação é prática: silencie perfis que despertam a sensação de insuficiência. O esporte deve ser sua válvula de escape para o stress, não mais uma fonte dele.

REDEFINA O SUCESSO

Redefina o sucesso para 2026: ao fazer as resoluções de Ano-Novo, evite metas baseadas apenas em estética, como perder peso a qualquer custo, ou em números de terceiros.

Trace metas de comportamento, como priorizar o sono ou se exercitar para ter energia para a família. Quando o objetivo é funcional, a pressão diminui e a longevidade no esporte aumenta.

SAÚDE NO VERÃO

Entenda os efeitos das ondas de calor em mulheres que estão na menopausa

Temperaturas elevadas intensificam ondas de calor e desconfortos da fase marcada pela queda dos níveis hormonais e alterações no organismo da mulher; ginecologista orienta como amenizar os efeitos para enfrentar o verão com mais conforto

16/12/2025 09h00

Temperaturas elevadas intensificam ondas de calor e desconfortos comuns durante essa fase da vida da mulher

Temperaturas elevadas intensificam ondas de calor e desconfortos comuns durante essa fase da vida da mulher Foto: Divulgação/Freepik

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A menopausa é um processo natural da vida feminina que marca o fim do período reprodutivo, geralmente entre os 45 anos e os 50 anos. A queda dos níveis hormonais, especialmente de estrogênio, provoca uma série de alterações físicas e emocionais, como ondas de calor, insônia, ressecamento da pele, secura vaginal, depressão, variações de humor, ganho de peso, diminuição da libido e sensação de fraqueza.

Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, muitos desses sintomas tendem a se intensificar. Isso ocorre porque o calor externo potencializa os mecanismos internos de termorregulação, tornando as ondas de calor mais frequentes, intensas e prolongadas.

Segundo a ginecologista Loreta Canivilo, essa combinação pode prejudicar o bem-estar e a qualidade de vida de mulheres que já convivem com os efeitos da menopausa.

“A elevação da temperatura no verão atua diretamente sobre o centro regulador de calor no cérebro, que já está mais sensível durante a menopausa. Por isso, os episódios de fogachos podem se tornar mais desconfortáveis”, explica Loreta Canivilo. Os fogachos são ondas de calor súbitas e intensas no rosto, no pescoço e no peito.

ALIVIANDO OS SINTOMAS

Apesar do desconforto, algumas atitudes simples podem reduzir os impactos da menopausa durante os dias mais quentes.

> Utilizar roupas leves e de tecidos naturais;
Hidratar-se constantemente;
Praticar atividades físicas regulares;
> Priorizar alimentos naturais e ricos em nutrientes;
> Reduzir o consumo de cafeína, bebidas alcoólicas e comidas muito picantes.

METABOLISMO

De acordo com Loreta Canivilo, essas medidas ajudam a estabilizar a temperatura corporal, a melhorar o humor e a favorecer o equilíbrio metabólico.

“Pequenas mudanças na rotina geram grandes resultados. A alimentação adequada e a hidratação, por exemplo, têm impacto direto na redução das ondas de calor e da irritabilidade”, reforça a médica.

TRATAMENTOS E REPOSIÇÃO

Em casos nos quais os sintomas são mais intensos, a reposição hormonal pode ser uma alternativa eficaz. O tratamento, porém, deve ser sempre conduzido com acompanhamento médico criterioso.

Os principais hormônios utilizados são estrogênio e progesterona, mas a testosterona também pode ser indicada em situações específicas, assim como versões modernas da terapia, incluindo o uso de gestrinona.

CADA UMA É UMA

“Cada mulher vive a menopausa de maneira única e nem todas as mulheres podem fazer reposição hormonal. Por isso, antes de iniciar qualquer reposição é indispensável realizar uma avaliação completa, levando em conta histórico médico, exames atualizados e necessidades individuais”, orienta a médica Loreta Canivilo.

A médica reforça que, quando bem indicada e acompanhada, a reposição hormonal reduz significativamente os desconfortos, melhora o sono, aumenta a libido e contribui para o bem-estar geral da paciente.

“Menopower”

(Rita Lee/Mathilda Kovak)

Vestida para matar em pleno climatério
A velha senhora só vai ficar mocinha no cemitério
Chega de derramamento de sangue
Cinquentona adolescente
Quem disse que útero é mangue
Progesterona urgente

Menopower pra quem foge às regras
Menomale, quando roça e esfrega
Menopower pra quem nunca se entrega
Melancólicas, vocês são piegas

Haja fogacho pra queimar essa bruxa em idade média
Em mulher não se pode confiar com menos
de mil anos de enciclopédia
O “chico” é tão incoerente
Ah, me deixa tiririca ao chegar
O “chico” quando vem é absorvente
E quando falta só rezando pra baixar

Menopower!
Pra quem foge às regras
Menomale quando roça e ah, ah, ah, ah
Menopower!
Pra quem nunca se entrega
Melancólicas, você são piegas

Tampax, tabelinha, ora pílulas, ora DIU
Diafragma, camisinha, vão pra mãe que não pariu
Chega do creme de aveia da véia perereca da vizinha
Chega do bom caldo e da “sustância” da galinha

Yeah, yeah yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah

Menopower!
Pra quem foge às regras
Menomale, quando roça e esfrega
Menopower!
Pra quem nunca se entrega
Melancólicas, você são piegas.

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