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Comportamento

Aos 24 anos, os músicos Ana Maria e Pedro decidiram percorrer cidades do País em uma van amarela

Ana Maria e Pedro, do Duo Vozmecê, viajaram de van para se apresentar em outros estados

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Há experiências que costumamos observar de longe, mas que sonhamos vivê-las em algum período da vida, como viajar o mundo, ter uma família ou seguir determinada carreira. Aos 24 anos, Ana Maria Schneider e Pedro Paulo de Souza Fattori decidiram que não iriam mais esperar para colocar um plano em andamento. No fim de dezembro, os dois colocaram o motorhome amarelo deles na estrada para poder disseminar a música do Vozmecê, duo que mistura MPB, forró e rock alternativo e que eles têm desde 2019.  

“Iniciamos essa viagem no fim de dezembro, na época, nós estávamos no Paraná. Decidimos realizar essa viagem por muitas questões, uma delas é entender como funcionaria a arte de rua em outros estados e em outras cidades do Brasil, queríamos ver como funcionava, ganhar experiência e ver como que as pessoas recebiam em diferentes áreas do território brasileiro. Outro motivo também foi a experiência contemplativa e a experiência de vida”, explica Ana Maria.

A viagem, que foi totalmente sustentada pela música, levou o casal a percorrer os estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. “Queríamos ver se conseguiríamos suprir todos os perrengues só fazendo nossa arte de rua. Para mim, foi uma questão muito forte de conhecimento, de viver uma juventude autêntica e intensa e poder aprender coisas que a gente só vê acontecendo com os outros e a gente sempre fica só na vontade de fazer e nunca faz”, pontua a cantora.

Segundo Pedro, o público foi um dos pontos altos da viagem. Como as cidades visitadas estão na rota do turismo, os dois descobriram uma recepção diferente por onde passavam. “O público foi uma coisa bem legal, principalmente nas cidades mais turísticas, porque as pessoas vão no intuito de ter um momento de lazer, e a nossa presença com a música lá só fortalece mais esse momento. Tanto gostaram que contribuíram de diversas maneiras com o nosso trabalho. Se não fosse essa boa recepção do público nós nem teríamos ido tão longe com essa viagem, porque nós vivemos da contribuição deles”, ressalta o artista.

Apesar da recepção, Ana Maria explica que o número de turistas foi reduzido em virtude da pandemia do coronavírus. “A gente percebeu que diminuiu drasticamente o número de turistas e o movimento na rua, nas cidades, conversando com os próprios moradores, com as próprias pessoas que vivem do movimento do turismo. Desde que iniciamos essa viagem fazendo apresentações na rua, muitas vezes nós tivemos esses dilemas éticos e morais, de pensar se seria uma situação adequada para estarmos fazendo aquilo. A única conclusão que nós tínhamos é que precisamos disso como qualquer outro trabalhador brasileiro, que mesmo na pandemia precisa sobreviver”, ressalta. “Nós somos brasileiros, somos músicos e precisamos sobreviver de alguma maneira. Nós na rua fomos uma consequência do descaso do governo, que não nos orientou com algum auxílio, orientação para nós”, complementa a artista.  

Já de volta a Campo Grande, Ana Maria e Pedro ainda buscam formas de se manter, principalmente com a piora no número de casos de coronavírus e o aumento das restrições para diminuir o contágio. “A gente decidiu voltar por vários motivos, nós fazemos faculdade, a Ana faz Filosofia e Música e eu faço mestrado em Letras. O outro motivo é que esse período de apresentações na rua é bem demarcado pela alta temporada de turismo no País, que é uma coisa que permite a gente trabalhar com um desempenho maior. Com o fim da temporada, isso influencia diretamente na renda que a gente faz”, frisa.

Com apresentações desmarcadas, o duo ainda teve de lidar com uma multa adquirida em Ilhabela, São Paulo. “A gente teve essa infelicidade de chegar em Campo Grande e encontrar essa multa no valor de R$ 8 mil, em Ilhabela. Ninguém nos avisou que nós não poderíamos entrar na cidade com a van. Ninguém nos abordou, fomos de balsa lá, ficamos mais de uma semana e ninguém nos avisou”, ressalta. A ideia é recorrer e, enquanto isso, arrecadar fundos por meio da música.  

Quem quiser acompanhar o trabalho do duo pode acessar a página deles pelo Instagram: @vozmece.

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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