Campo Grande tem muitas cores, seja o rosa dos ipês – floridos especialmente neste 26 de agosto –, o laranja do pôr do sol ou até mesmo o amarelo das araras-canindés, que cortam o céu todos os dias.
A beleza da natureza, que casa perfeitamente com a cidade, é inspiração para diversos artistas, que veem a Cidade Morena com outros olhos.
A artista plástica Camila Kipper está diretamente relacionada ao abstracionismo, mas isso não significa que não há Campo Grande em suas obras.
“Eu moro em Campo Grande há 26 anos, ela é minha cidade de coração”, afirma. Camila conta que nasceu no Rio de Janeiro, mas morou durante anos no Acre, onde estabeleceu uma relação próxima com a natureza.
Na Cidade Morena, ela criou os filhos, de 23 e 18 anos, e descobriu uma paixão pelo município.
“Minha carreira artística começou na cidade, minha graduação a nível superior foi em outra área completamente diferente, mas foi aqui que eu comecei a me desviar para as artes”, ressalta.
“Eu sou muito embasbacada com essa beleza que a gente tem aqui, essa natureza pujante, você está em plena Avenida Afonso Pena e de repente é arrebatada por um rasante de duas araras na sua frente”, complementa.
Embora o trabalho de Camila não seja uma representação fiel da realidade, a natureza está presente.
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“Sou uma artista abstrata, mas meu trabalho tem uma referência muito forte daqui. Como diz uma amiga minha que é professora: ‘Camila, seus trabalhos são flores sem ser, são raízes sem ser raízes, são animais sem ser animais, vejo no seu trabalho a natureza muito presente, embora não tenha representação de fato’”, pontua.
Quem também vê beleza na cidade é a artista plástica Beatriz Meneghini, que, por meio da aquarela, registrou a arquitetura de vários pontos culturais e históricos da cidade. Nas suas obras há fachadas como a da Igreja Perpétuo Socorro, a do Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (Marco) e a da Igreja São Benedito.
“A gente retrata por meio de desenhos o dia a dia da cidade, e para retratar o dia a dia da cidade nada melhor do que ressaltar os monumentos”, explica Beatriz, que também é arquiteta e urbanista.
“Campo Grande é uma inspiração para a gente, além de ser uma bela cidade, a gente pode desenhar nos locais, podemos ir in loco, então gostamos muito de retratar a cidade, ela é uma inspiração para nós”, frisa.
Apesar do carinho, Beatriz nasceu no Rio Grande do Sul, mas mora há 35 anos na Cidade Morena. “Sou campo-grandense de coração”, define.
Esse amor pela capital sul-mato-grossense está presente na exposição Campo Grande em Traços e Cores, que reúne 17 autores com trabalhos realizados com diversos materiais e técnicas.
A mostra é uma realização do grupo Urban Sketchers, formado por profissionais e por estudantes das mais variadas profissões que se reúnem para fazer desenhos de observação da cidade.
Artesanato
A artesã Iza Olmos Rodrigues de Lima, 42 anos, é outra artista apaixonada por Campo Grande. Ela retratou esse carinho em quebra-cabeças, em parceria com a artista visual Amanda Mamede.
“Fui criada na [Rua] Barão do Rio Branco. Meu pai tinha a Banca dos Pracinhas, ao lado do Bar do Zé. Eu morava no prédio da esquina da banca. A Amanda Mamede criou umas imagens retratando a Praça Ary Coelho e a Rua 14 de Julho, com capivaras, daí a Grow fez um quebra-cabeça com a imagem e as pessoas perguntaram se estava à venda. Saiu na imprensa e tive mais de 50 encomendas de quebra-cabeça, aí procurei uma gráfica que fazia por um preço menor”.
As peças agora estão à venda na Casa do Artesão. Segundo ela, o artesanato foi uma forma de homenagear a cidade.
“Ninguém reproduz uma rua, uma praça, sem ter tanta paixão pelo lugar. Quero agradecer pelas lembranças, por tudo que passei. Futuramente penso em fazer caderninhos e vou fazer outras artes retratando outras regiões da cidade. As pessoas me pedem o Parque das Nações, algo com Manoel de Barros, com outros animais, como onça, tuiuiú, arara”, pontua.
Outra artesã que incluiu Campo Grande em suas obras foi Betty Marques, que atua há 40 anos na área. No início, ela investia em onças de madeira, mas agora criou a Frida Kahlo campo-grandense, que tem detalhes em flores de ipês.
“Eu nasci em Ponta Porã, vim para Campo Grande para estudar e aqui fiquei. Campo Grande é uma cidade em que o povo é feliz. As pessoas estão sempre sorrindo, é uma alegria nata. Eu sou alegre, gosto muito de cor, e isso tudo aqui, a arte, a Casa do Artesão, é muito colorido”, completa.
Serviço – As obras de Camila Kipper podem ser vistas na exposição Raízes de Luz, no projeto Arte no Paço, na Prefeitura Municipal. A mostra gratuita fica no hall do segundo piso do Paço Municipal e segue aberta até o dia 02 de setembro.
O trabalho de Beatriz pode ser conferido na exposição Campo Grande em Traços e Cores, localizada na Galeria de Vidro, que vai até 1º de setembro. A entrada é gratuita.


