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Capa B+: Entrevista exclusiva com a atriz Cris Vianna

Com mais de 20 anos de carreira, a atriz soma trabalhos de sucesso na TV, streaming e cinema. "Gosto de papéis que trazem desafios, que me tirem da zona de conforto".

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Cris Vianna é um fenômeno desde cedo. Aos 13 anos, começou a carreira como modelo, desfilando em países da Europa, América e Oceania. Depois, investiu na carreira de atriz, tendo sua estreia na novela “América” (2005) da Globo, na qual viveu a dançarina Drica.

O sucesso foi tanto que emendou trabalhos na mesma emissora: “Sinhá Moça”, “O Profeta”, ”Duas Caras”, “Paraíso”, “Tempos Modernos”, “Fina Estampa”, “Salve Jorge”, “Império”, “A Regra do Jogo”,  “O Tempo não para”, entre outros. 

No streaming, Cris está na série policial “Arcanjo Renegado”, como Maíra, presidente da Alerj. Hoje, a história de enorme sucesso já se encaminha para a quarta temporada. Na série musical infanto-juvenil, “Vicky e a Musa”, ela interpreta Fafá, mãe da protagonista. Ambas as produções são da Globoplay. 

Além disso, marcou presença em mais duas séries: “Beijo Adolescente”, da HBO MAX, no qual vive a professora Palmira, e “A História Delas” do STAR + como a personagem Marta.

No cinema, a atriz esteve no filme “A Última Parada 174”, dirigido por Bruno Barreto. Além disso, foi uma das vencedoras do Troféu Raça Negra 2010 na categoria Melhor Atriz de Cinema por seu papel em “Besouro”. Outros longas que estão em seu currículo são “O Segredo de Davi”, “Me Tira da Mira” e “Abestalhados 2”. 

Cris Vianna também é cantora! Ingressou em um grupo musical, o Black Voices, que durou três anos, e seguiu na carreira artística. Em 2021, ela participou do reality “The Masked Singer Brasil”, da Globo, ficando em 3º lugar com a fantasia de arara. Sua participação rendeu elogios dos jurados e do público.

“Foi uma mistura de sensações. Conhecer esse lugar que eu nunca tinha experimentado, foi um desafio. Ao mesmo tempo tem a vontade de estar no palco, de me apresentar. Tive uma resposta muito positiva”, afirma. 

Hoje, aos 46 anos, Cris soma mais de 20 anos de uma carreira diversificada e repleta de sucessos.
Entre março e outubro, a artista esteve na novela das 7 da TV Globo, “Família é Tudo”. Marcando seu primeiro papel cômico, Cris viveu Lulu Mancini, uma mulher exuberante, vaidosa, segura e conhecida por ser ex-Miss Brasil. “Sou muito grata ao Daniel Ortiz, autor, e Fred Mayrink, diretor, pela oportunidade. Foi uma experiência enriquecedora viver uma personagem leve e com várias camadas, guardo comigo muitas memórias incríveis dessa jornada. Encerrar esse ciclo com o carinho do público e da equipe me enche de felicidade”, comenta Cris. 

A atriz Cris Vianna é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno ela fala sobre trabalho, carreira e projetos futuros.

A atriz Cris Vianna é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Guilherme Lima - Diagramação: Dennis Felipe

CE - Nesses 20 anos de carreira, sua presença marcante em papéis fortes e em diferentes formatos de produções audiovisuais chama a atenção. O que mais te atrai na hora de escolher um novo personagem? 
CV -
 O que mais me atrai nessa escolha é a possibilidade de crescimento pessoal e profissional que o personagem pode me proporcionar. Gosto de papéis que trazem desafios, que me tirem da zona de conforto e me fazem refletir sobre a sociedade.

Além disso, me preocupo muito com a mensagem que a história está passando e o impacto que terá no público. Eu busco sempre me conectar com personagens que me permitam explorar diferentes facetas da minha atuação. 

CE - Você participou de grandes produções na TV e no cinema, como os longas “A Última Parada 174”, “O Besouro” e as novelas “Fina Estampa”, “Salve Jorge”, “Império”, “A Regra do Jogo” e a mais recente “Família é Tudo”. Existe algum papel que tenha deixado uma marca mais profunda em você?
CV -
Foram muitos personagens bacanas que tive a oportunidade de viver nesses anos. É difícil destacar um marco porque acredito que todos têm uma importância na minha trajetória. Mas posso citar a Maíra da série “Arcanjo Renegado”, do Globoplay.

Ela é uma mulher forte, determinada e inflexível, chegando à presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Tem a Marisa de “Última parada 174” no cinema. Dagmar da novela das 21h, “Fina Estampa”. Marta da série “A História Delas” que estreamos esse ano, que também adoro. Tenho lindos presentes da minha carreira, sou muito grata por cada uma delas.

CE - Cris, você já transitou entre novelas, séries, peças e filmes. Qual formato te desafia mais como atriz? Por quê?
CV -
 Essa pergunta eu confesso que é bem difícil de responder… rsrsr. Eu realmente gosto muito de tudo que eu faço e dos três pilares de possibilidades de atuação, que são teatro, cinema e TV. Mas, acho que o palco do teatro é ao vivo, o termômetro do público, é naquele momento que, errando ou não, você tem que resolver na hora, isso é bem desafiador. Eu amo!

CE - Recentemente, você viveu a Lulu Mancini na novela “Família é Tudo”, sua primeira personagem cômica, como foi esse processo? O que mais vai sentir falta nessa experiência?
CV -
 Foi uma experiência enriquecedora viver uma personagem leve e com várias camadas. Lulu é muito divertida e solar, me identifiquei muito com a alegria dela.

Foi um processo de aprendizado, em que trabalhei muito a naturalidade e o ritmo cômico, tanto na fala quanto nas expressões. Sou muito grata ao Daniel Ortiz, autor, e Fred Mayrink, diretor, pela oportunidade. Vou sentir falta da energia do set e do clima descontraído que a Lulu trazia. Guardarei comigo muitas memórias incríveis dessa jornada. 

Cris Vianna na SPFW que aconteceu semana passada em SP - Divulgação

CE - A questão racial tem sido cada vez mais discutida no meio audiovisual. Como você percebe essa evolução?
CV -
 Nos últimos tempos, o debate sobre a representatividade na TV, no cinema e no streaming tem ganhado mais força, por isso, acredito que, depois de tanto tempo de luta, as coisas estão mudando, mas, mesmo assim, ainda vejo um país que precisa evoluir, ainda vejo um Brasil preconceituoso. Essa luta não é de hoje e vai continuar, mas sou otimista. Acredito que já conquistamos, sim, espaço e notoriedade, mas sinto falta de mais pessoas pretas em papéis de destaque, tanto na frente das câmeras quanto nos bastidores em altos cargos.

CE - Na sua visão, quais mudanças você gostaria de ver no mercado do entretenimento brasileiro nos próximos anos?
CV -
Eu sou cheia de sonhos e esperanças! Acredito na possibilidade futura de muitas novas histórias sendo contadas. Histórias com inclusão de pessoas diversas. Assuntos sobre raça, classe, gênero, gordofobia, xenofobia, assuntos que dialoguem com o mundo e com o povo, que as pessoas se vejam e assim fortaleçam sua estima. Assuntos que façam as pessoas, não só refletirem sobre um mundo melhor, mas que também consigam se divertir com uma boa história e se apaixonar sempre pela arte que, pra mim, é fundamental na nossa educação.

CE - A moda sempre fez parte da sua trajetória, sobretudo na sua fase como modelo. Quais tendências você acha que mais representam o seu estilo pessoal atualmente?
CV -
 Para mim, moda é sobre expressão. Meu estilo é bem variado, gosto tanto do clássico moderno, da mulher sexy com elegância e da floral praiana, depende do meu estado de espírito, e é assim que escolho meus looks. 

CE - Em setembro, você esteve pela primeira vez na Semana de Moda de Paris. Como foi essa experiência de mergulhar no cenário da moda internacional? O que mais te marcou nesse evento?
CV - 
Estar em Paris, no coração da moda, foi uma experiência enriquecedora. Estar rodeada de tanta criatividade e talento, em um ambiente que respira moda, foi inspirador.

O que mais me marcou foi a diversidade de estilos e a forma como a moda pode ser uma forma poderosa de expressão. Além disso, a energia das passarelas e a interação com os profissionais da indústria foram momentos únicos. Essa experiência me fez sentir ainda mais conectada com a moda e a importância de ser autêntica na minha expressão pessoal. 

Na SPFW, estive presente no desfile da “Meninos Rei” no dia 16/10. Foi muito bacana me reencontrar com a Cris modelo para uma marca tão querida. A moda é representatividade! 

        Cris Vianna - Divulgação

CE - Qual foi o maior desafio que você enfrentou ao longo da sua trajetória e como ele impactou sua visão da profissão?
CV -
 Não foi fácil caminhar para realizar o sonho de ser atriz, mesmo antes de ir para o Rio de Janeiro para estudar, até começar a fazer os testes. Passei por diversos desafios e isso me ensinou a ser ainda mais persistente. Conquisto meu espaço aos poucos. Levo até hoje a necessidade de estudar e me aprimorar sempre. Eu amo o que faço! 

CE - Existe algum projeto ou papel que você ainda sonha em realizar, seja no teatro, cinema ou TV?
CV - 
Sim, ainda tem muita coisa que sonho em realizar! Tem muitos papéis ainda para explorar! Muitas mulheres que ainda posso representar, adoro essa certeza! Tenho vontade de fazer uma personagem de uma mulher inconsequente. Adoraria também fazer uma gêmea, deve ser sensacional! Uma vilã também, nunca fiz. E acho que me caberia muito bem. Rsrsrsr

CE - As gravações da 4ª temporada da série “Arcanjo Renegado” do Globoplay estão prestes a começar. O que você pode nos contar sobre as expectativas para essa nova fase da série?
CV - 
Estou ansiosa para voltar a interpretar a Maíra, uma mulher forte e determinada. É uma oportunidade de aprofundar ainda mais a trajetória dela e explorar novos desafios. Nós temos um time incrível de roteiristas e diretores que estão empenhados em entregar uma temporada de alta qualidade para os fãs da série! O público pode esperar muitas surpresas e emoções. 

CE - Olhando para sua carreira, há algum conselho que você daria para jovens artistas negros e negras que estão começando agora?
CV -
 Meu conselho é que nunca deixem de acreditar em si mesmo e no seu talento. A jornada é desafiadora, mas a autenticidade e a determinação são suas maiores aliadas. Busquem sempre aprender, ler e descobrir seus ídolos. Se aprimorar seja através de cursos, workshops ou experiências práticas. Estudar é essencial! Usem suas vozes para contar histórias e ocupar espaços que tradicionalmente foram negados. Vocês têm o poder de inspirar e mudar narrativas. 

CE - Para você, como foi o ano de 2024? Quais são os planos para o futuro?
CV -
 O ano de 2024 tem sido muito especial para mim. Ele começou com novos desafios e oportunidades. Cada projeto trouxe aprendizados valiosos e a chance de explorar diferentes facetas da minha atuação. Para o futuro, espero continuar essa trajetória de crescimento. Estou ansiosa para o início das gravações da 4ª temporada da série “Arcanjo Renegado” e tenho o filme “Maldito Benefício” que rodamos no final do ano passado e foi produzindo pelo Antônio Fagundes. Estou feliz por ter feito a novela “Família é Tudo”, adorei! E quero continuar me desafiando e me divertindo na minha profissão!

MÚSICA REGIONAL

Márcio de Camillo canta músicas de Geraldo Rocca em seu novo trabalho

Os dois me levam de volta ao Litoral Central, definição cunhada por Geraldo Roca para traduzir um pedaço de Brasil onde a água doce domina uma vastidão de terra que, supõe-se, um dia foi mar

01/04/2025 10h00

"O punhal afiado da poesia de Geraldo Roca corta manso na voz de Márcio de Camillo, sem perder o fio, nem a capacidade aguda de ferir de morte o senso comum" Foto: Divulgação/Márcio de Camillo

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Recebo mensagem de Márcio de Camillo me avisando sobre seu novo trabalho. “Márcio de Camillo canta Geraldo Roca”. Um show ao vivo que virou disco e já está disponível nas plataformas digitais.

Aproveito a estrada entre a minha casa e o trabalho para ouvir o disco. Ouvir Roca na voz de Camillo é quase um delírio. Uma surpresa, uma saudade imensa, muitas lembranças. Os dois me levam de volta ao Litoral Central, definição cunhada por Geraldo Roca para traduzir um pedaço de Brasil onde a água doce domina uma vastidão de terra que, supõe-se, um dia foi mar.

A praia pantanal me serve de ponte para unir, em mar aberto imaginário, o Rio de Janeiro – lugar de nascimento – ao coração do Brasil, onde Geraldo Roca se fez e se desfez desse plano. Seu coração, irrigado por sangue pantaneiro, fazia dos campos alagados, das fronteiras paraguaia e boliviana seu berço metafísico. E foi assim sempre.

Talvez isso também sirva pra explicar por que a passagem meteórica dele por aqui tenha início figurado e fim real nestas plagas, onde aprendemos desde cedo a sonhar em Guarany e poemar em Manoelês.

Os carros passam por mim em alta velocidade. Eu ouço Camillo cantando Roca. E me transmuto. O punhal afiado da poesia de Geraldo Roca corta manso na voz de Márcio de Camillo, sem perder o fio, nem a capacidade aguda de ferir de morte o senso comum. Não, Geraldo não cabe em uma única caixinha. E Márcio sabe disso. 

Às vezes, ele encarna um bardo. Um Dylan pantaneiro em letras incomuns, longas e lisérgicas. Em outras, reúne numa só figura a essência folk de Crosby, Still, Nash & Young. Mas nesse universo BeatFolkPolkaRock há espaço para a mansidão de um Caymmi fronteiriço, para a sutileza urbana de um Jobim. Geraldo, como eu disse, não cabe numa caixinha.

E tudo isso se transforma em mais, muito mais, na homenagem à altura dos arranjos, das violas, da flauta, do celo reunidos por Márcio de Camillo nesse show que vira disco e que se torna eterno de agora em diante. Pra gente não se esquecer. Nunca. 

Quando Geraldo Roca decidiu sair de cena, fechar as portas desse mundo, que já lhe arreliara o suficiente, era muito cedo pra isso. Foi o que todos pensamos. Mas ele era dono de seus próprios rumos. Sua poesia e sua música seguem aqui. Pra nossa sorte, a desassossegar nossos ouvidos e almas. Agora, mais ainda, na voz também infinita de Márcio de Camillo. 

P.S.: Márcio. A foto da capa é uma obra de arte. É você nele... É ele em você. Uma fusão, uma incorporação. Cara... que disco!!!

Brasília, 25/3/2025

"Souber ler a música de fronteira"

O cantor, compositor e instrumentista Márcio de Camillo estreou o show “Do Litoral Central do Brasil: Márcio de Camillo Canta Geraldo Roca”, no Teatro Glauce Rocha, no dia 24 de setembro de 2024. Com direção de Luiz André Cherubini, o show é uma homenagem ao “cantautor” Geraldo Roca, falecido em 2015, considerado um dos principais compositores da música regional de Mato Grosso do Sul.

Roca é autor, em parceria com Paulo Simões, da música “Trem do Pantanal”, sucesso na voz de Almir Sater. Considerado maldito por seus pares, era chamado de príncipe por Arrigo Barnabé. Sua produção musical pode ser considerada pequena, se tomarmos como referência a quantidade de composições e discografia, mas analisada a fundo, perceberemos um artista de voz potente e marcante, com composições inspiradas e profundas.

São polcas, rocks, chamamés, guarânias e até baladas, e Márcio de Camilo, amigo e admirador de Roca, aprofundou-se na pesquisa para definir o repertório como “uma panorâmica deste artista reverenciado, cantado e gravado por amigos que, assim como ele, fizeram parte da ‘geração de ouro’ da música pantaneira sul-mato-grossense: Paulo Simões, Alzira E, Geraldo Espíndola, Tetê Espíndola, Almir Sater, entre muitos outros”, como afirma Camillo.

“Além de um músico que eu admirava muito, não só como compositor, mas como violonista, violeiro e cantor, Roca influenciou muito a música da minha geração”, conta o músico. “Além disso, ele era meu vizinho, morava em frente à minha casa. A gente saía para jantar, para conversar, éramos amigos. Conheço a obra dele e vejo a obra dele na minha, compusemos uma canção juntos, em parceria com outros compositores, chamada ‘Hermanos Irmãos’”, relembra Camillo.

“Também dividimos uma faixa no CD ‘Gerações MS’ chamada ‘Lá Vem Você de Novo’. Roca é referência e pedra fundamental na construção da moderna música sul-mato-grossense. Ele soube ler a música de fronteira, mesclando elementos do rock, do pop, do folk, criando um estilo único. Ele é um verdadeiro representante do folk brasileiro”, conta.

A arte visual do show, com fotos feitas por Lauro Medeiros, foi baseada no álbum “Veneno Light”, que Geraldo Roca lançou em 2006. A foto principal de divulgação do show faz referência direta à capa deste álbum, cuja foto original é assinada pelo cineasta Cândido Fonseca. (Da Redação)

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Curiosidades

1º de abril: verdades sobre a origem do Dia da Mentira

Existem várias versões sobre o surgimento da data onde é "permitido" pregar peças

01/04/2025 07h00

1º de abril, dia da Mentira

1º de abril, dia da Mentira pathdoc / Shutterstock.com

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Mentir é um ato provavelmente tão antigo que podemos considerá-lo milenar. No entanto, o Dia da Mentira passou a ser celebrado oficialmente em 1º de abril a partir da instituição do Calendário Gregoriano, no século 16, em substituição ao Calendário Juliano, determinado no Concílio de Trento (o conselho ecumênico da Igreja Católica), na Itália.  

O calendário Gregoriano divide o ano em quatro estações distribuídas ao longo de 12 meses, ou 365 dias, de acordo com o movimento da terra e estabelece o primeiro dia do ano em 1º de janeiro. 

Historiadores contam que, com a instituição do novo calendário pelo papa Gregório XIII, em 1582, parte da população francesa se revoltou contra a medida e se recusou a adotar o 1º de janeiro. Os resistentes à mudança sofriam zombarias pelo resto da população, que os convidavam a festas e comemorações inexistentes no dia 1º de abril. Eram chamados de “tolos de abril”, já que este é o mês que a Páscoa acaba ocorrendo na celebração católica, evento que, anteriormente, iniciava o ano. 

Desse modo, nascia a tradição de zombaria e pregação de peças nesse dia, como uma forma bem humorada de protestar contra novas mudanças. 

Já a Encyclopedia Britannica, do Reino Unido, defende que as verdadeiras origens do Dia da Mentira não são totalmente conhecidas, já que a data é próxima à data de festivais como a Hilária, da Roma Antiga, em 25 de março e a celebração de Holi na Índia, que termina em 31 de março, que podem ter influenciado esse marco. 

No Brasil, a tradição de pregar peças no Dia da Mentira foi introduzida no ano 1828, quando o jornal mineiro A Mentira resolveu fazer uma brincadeira “mentirosa” e trouxe, na sua primeira edição, a morte de Dom Pedro I na capa, sendo publicado justamente no dia 1º de abril. Porém, o monarca só viria faleceu anos depois, em 1834, em Portugal. 

Em todos os casos, a ideia central do Dia da Mentira é fazer alguém acreditar em algo que não é verdade, sendo “feito de bobo”. Hoje, é comum receber ou enviar mensagens com brincadeiras aos mais próximos para dizer que a pessoa “caiu no 1º de abril”. 

Quando se torna um problema clínico

Apesar de ser “permitido” nessa data, a mentira pode se tornar um hábito e comprometer e degradar relações sociais. Notícias falsas ou com dados manipulados, por exemplo, podem ser considerados fake news e são punidas legalmente. 

Para o psiquiatra Fernando Monteiro, existem vários níveis de análise para a questão da mentira. Para ele, mentira é dar alguma informação ou omitir alguma informação de forma deliberada para uma outra pessoa.

“Imagine, por exemplo, uma pessoa que fala que existe uma conspiração da máfia chinesa para matá-la. Se essa pessoa realmente acredita nisso, dizemos que ela está ‘delirando’. Mas se ela não acredita nisso de verdade, ela está ‘mentindo’.Agora, imagine uma pessoa que diga que o Sol é um planeta. Mas ela está dizendo isso pois não teve acesso às descobertas científicas atuais. Nesse caso, ela não está 'mentindo', ela só está 'equivocada'. Como nossa mente é limitada, podemos cometer erros não intencionais. E isso é diferente de 'mentir', comenta o médico.

Fernando continua dizendo que a mentira, assim como diversos comportamentos, faz parte do espectro normal do ser humano.

“Como diria o Dr. House, "todo mundo mente". Não que isso seja certo ou errado, mas é um fato”, afirma e complementa dizendo que devemos tomar cuidado para “não transformar em doença, aquilo que é apenas um comportamento humano.” 

No entanto, existe um ponto onde esse comportamento pode se tornar estranho e anormal, quando deixa de ser algo normal do ser humano e se torna algo “patológico”. O médico explica que, quando uma pessoa desenvolve uma perturbação clinicamente significativa, causando prejuízos na vida social, educacional, profissional, ela desenvolveu um transtorno ou doença mental. 

“Para a mentira alcançar níveis preocupantes do ponto de vista Psiquiátrico, dois fatores são fundamentais: 

  • A pessoa precisa ter uma perda do controle do comportamento. (Exemplo: ela não tem absolutamente nenhum motivo para mentir, mas o impulso de mentir é tão forte que ela o faz.)
  • O comportamento precisa estar afetando várias áreas da vida (relacional, profissional, educacional, etc)”, finaliza. 

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